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O mistério de “África Brasil” (e de Jorge Ben)

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O mistério de "África Brasil" (e de Jorge Ben) em livro

O disco África Brasil, de Jorge Ben, lançado em 1976, lamentavelmente nunca foi reeditado com faixas bônus ou gravações ao vivo da época. É uma das coisas que faltam para completar o álbum de figurinhas de uma das obras mais significativas da história da música popular brasileira, porque o LP de Jorge ganhou recentemente uma biografia contando não apenas histórias sobre os bastidores e sobre as músicas, como também, no mesmo livro, uma radiografia bem interessante da vida do cantor naquele período.

África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver, escrito pela jornalista carioca Kamille Viola (que passou por redações como as de O Dia e O Globo, e é colaboradora do portal UOL, da Trip e outros veículos) saiu pela coleção Discos da Música Brasileira e, além de mostrar a origem do disco que tem faixas como Xica da Silva, A história de Jorge e Umbabarauma (Ponta de lança africano), traz informações raras sobre a família do cantor, sobre suas relações com a música africana (que ouvia em casa, com os pais) e até um dos maiores mistérios em torno do cantor: sua data de nascimento. Kamille localizou uma certidão que registra seu nascimento em 22 de março de 1939 (“Jorge Lima de Menezes, filho de Augusto Lima de Menezes e Sebastiana Lima de Menezes”, diz o texto). Daqui a alguns dias, o autor de Taj Mahal estará com 82 anos e, a julgar por suas aparições ao vivo até março de 2020, terá vitalidade de garoto.

O livro sai por enquanto apenas em edição digital – Kamille espera pelo fim da pandemia, quando a publicação vai ganhar noite de autógrafos e lançamento em formato físico. Conversamos um pouco com ela sobre como foi fazer um livro em que um dos maiores desafios era fazer o principal personagem falar (Jorge, como se sabe, é um dos entrevistados mais ariscos). Além de documentar histórias sobre um dos períodos mais luminosos da história da música brasileira, em que Jorge trocou definitivamente o violão pela guitarra e se preparava para dar passos ambiciosos, já que em breve ele viveria uma fase de enorme popularidade na Som Livre, com discos como A banda do Zé Pretinho (1978).

POP FANTASMA: O projeto original era de uma biografia, não era? Como foi a transformação em uma biografia sobre África Brasil?
KAMILLE VIOLA: Na verdade foi um convite. O livro faz parte de uma coleção das edições Sesc e o Lauro Lisboa, que é o organizador dessa coleção, sabia que eu era tinha essa ligação com a obra do Jorge, e que eu tinha tentado fazer essa biografia. Eu brinco que o livro me escolheu, porque o Lauro veio e propôs escrever sobre o África Brasil.

Kamille e o disco de Jorge, África Brasil (Daniela Dacorso/Divulgação)

O quanto você acha que o Brasil perde pelo fato do Jorge ser um cara meio avesso a entrevistas? Eu acho que não é tanto pelas entrevistas… O Brasil perdeu mais durante os anos em que a gente precisava de autorização do artista para escrever sobre ele. Acho que isso deixou muitas lacunas. Agora resta à gente tentar preencher algumas delas. Aí tem também a pandemia, o mercado editorial já estava complicado, tem uma série de obstáculos que talvez não permitam ser tão rápido o preenchimento dessas lacunas.

Mas o Jorge já tá com 81 anos, não tá mais a fim de falar, eu também entendo isso. Ele é um artista que já está mais velho e pensa que já falou o que estava a fim de falar, não quer falar mais. Acabou virando uma daquelas lendas: “Ah, o Jorge Ben não fala, né? Todo mundo queria falar com ele”. Mas tem muito material de pesquisa. Se formos em periódicos antigos, conseguimos achar boas entrevistas dele. Claro que seria maravilhoso ter tido mais tempo com ele, ele não respondeu todas as minhas dúvidas. Mas é um direito. Ele já tem muitas horas de entrevistas.

Sim, digo isso porque rola uma certa incompreensão do trabalho dele. O Max de Castro até fala que muita gente dizia que o Jorge Ben nunca tinha feito uma música triste e que ele tinha encontrado várias coisas melancólicas no trabalho dele… Não sei se falta o próprio Jorge falar mais do trabalho dele. Sim, essa frase (de que Jorge nunca tinha feito uma música triste) é do Caetano Veloso. E não é verdade, o Jorge em entrevistas antigas fala dessa coisa de compor em tom menor. E isso já dá uma tristeza. Eu acho que o Jorge não está a fim de desvendar isso. Ele não quer explicar como criou o som que criou, por exemplo. Ele tem um senso de preservação da família muito grande. Ele tem poucas fotos da família, o Gabriel tem um pouco mais porque ele é DJ, e circulou pela noite do Rio e SP. Mas é um direito que ele tem, faz parte da aura do mito. Não é à toa que ele se identifica com os alquimistas, porque os alquimistas eram cercados de mistérios.

Como foi se aproximar dele no decorrer do processo? Essa aproximação eu conto um pouco na introdução do livro: um dia eu estava cobrindo um desfile da Gisele Bündchen e calhou de eu sentar do lado do Jorge.

Puxei um papo e nessa época, apesar de ele morar fora, ele sempre manteve apartamento aqui. Ele vinha todo ano pra fazer show, passar férias. Teve um período em que sempre eu esbarrava com ele. Depois soube que ele ia com frequência no Corujão da Poesia, e fui algumas vezes atrás dele. Nesse tempo tive a ideia da biografia, falamos com ele, ele não disse nem que sim nem que não, mas ele era sempre muito solícito quando encontrava a gente (no caso, a Kamille e a Karla Prado, ex-editora do jornal O Dia, que faziam um blog juntas). Ele era simpático. Jorge não gosta de dar entrevista, mas se você entrevistá-lo, ele vai ser simpático. A não ser que você faça uma pergunta que o ofenda.

Ele já sabia nossos nomes, mas nunca foi um contato fácil. Cheguei a ter os telefones da casa e do celular. A funcionária da casa dele já me reconhecia quando eu ligava, mas eu dei sorte dele atender e consegui falar umas duas vezes, mas isso em muito tempo, dois, três anos. Sempre foi difícil, aliás mesmo entre as pessoas que eu entrevistei para o livro, é raro haver alguém íntimo do Jorge. As duas pessoas mais íntimas que entrevistei foram Gilberto Gil e Dadi (baixista da gravação original de Jorge da Capadócia e integrante de A Cor do Som). Dadi é afilhado de casamento do Jorge, já o conhecia desde novinho. A irmã do Dadi namorava o Paulinho Tapajós, que produziu discos dele, inclusive o A tábua de esmeralda (1974), e depois casou com ele. Dos artistas mais novos que eu entrevistei, alguns tocaram com ele, Marcelo D2 é parça do Gabriel, filho dele. Mas ninguém é íntimo do Jorge. Ele é uma pessoa reservada.

E depois que a família dele disse que não tinha interesse na biografia, eu acabei não ficando mais atrás do homem assim, né? Quando voltei a fazer o livro, fiquei: “Será que ele lembra de mim?” Porque tinham muitos anos já. Quando o abordei em 2019 na saída de um show, ele não me reconheceu. Também foi tudo muito rápido, não deu muito para explicar quem eu era. Ele encontrava comigo e com a Karla e perguntava da gente uma pra outra, temos um monte de fotos com ele. Mas nunca foi fácil.

Tinha conseguido marcar uma entrevista com ele pelo O Dia em 2011 mas ele topou porque tinha essa relação comigo e Karla. Lembro que fui almoçar com Jorge no Copacabana Palace porque ele já se hospedava lá às vezes. Não ficava lá por longos períodos, mas quando tinha um show no Circo Voador, em vez de voltar para a casa dele na Barra da Tijuca, ele se hospedava no Copa. Mas quando eu estava fazendo o livro, me dei conta de que tinha voltado à estaca zero.

Mas o Jorge acabou sendo bastante elucidativo pro livro, não? Ele já tinha me falado coisas em off, informalmente. Uma outra vez eu fiz essa matéria com ele e fui com a Karla pro Corujão da Poesia, sabíamos que ele estaria lá. E foi a vez em que ele deu uma entrevista pra Trip, a gente viu a foto de capa sendo feita. Isso foi lá pra 4h30 da manhã, depois a gente foi com ele para a padaria Rio-Lisboa (Leblon) e ficou conversando. Deu para conhecer um pouco da personalidade dele, um pouco do que ele mostra.

Você diria que a imagem que você tinha dele mudou, depois da pesquisa para o livro? Não mudou radicalmente, mas fui descobrindo histórias curiosas. Eu fui descobrindo coisas impressionantes da grandiosidade dele como artista, soube que ele foi recebido de limusine quando foi gravar o disco com Chris Blackwell (presidente da Island Records), esse tipo de coisa. Soube que em 1969 só nos EUA Mas que nada tinha sido regravada 47 vezes. Tudo isso só mostrou que ele é grandioso. Fui achando cada vez mais elementos de grandiosidade na carreira dele.

Aliás, eu nunca tinha me dado conta de que Tábua, Solta o pavão (1975) e África Brasil (1976) formavam uma trilogia e que os três discos têm elementos de alquimia. A censura não se incomodava com isso? Que eu tenha encontrado, não. Era uma fase que tinha uma coisa de Era de Aquárius, Raul lançou Gita, Tim Maia lançou o Racional (dois discos de 1974). As pessoas viam mais como uma coisa pitoresca do que como algo que chegava a incomodar. Charles Anjo 45 incomodava muito mais. Falar de questões raciais, discordar do mito da democracia racial, incomodava muito mais. O Jorge não chegou a ter muitos problemas com a ditadura. Ele era até considerado por alguns como despolitizado.

Ele tinha essa fama de “ah, ele é alienado”. As coisas eram muito polarizadas. Mas era preciso alguma sensibilidade para entender que ele não era alienado. Ele falava de questões raciais e estava a frente do tempo dele nesse sentido. Já havia movimentos negros lutando por direitos no Brasil. Mas o Jorge sendo um artista famoso ganhava outra dimensão. Isso era poderoso, tanto que o Mano Brown fala que ele influenciou demais. Não era comum você ligar o rádio e escutar músicas exaltando personagens negros. Quando tinha, era com uma visão estereotipada da mulher negra como objeto sexual. E Jorge falava da mulher negra de forma amorosa, afetuosa, fez música pra mãe dele.

Jorge me contou uma vez informalmente que o Andre Midani (ex-diretor da Philips e da Warner) precisou explicar na censura sobre aquela música Porque é proibido pisar na grama. Porque tem uma hora em que ele fala de uma carta para o amigo Big Joney, que está morando no exterior. A censura encarou isso como uma possível referência aos exilados políticos. Mas acabou não dando em nada, não deu em coisas mais sérias. Se ele ficasse falando… A censura tinha isso, ela implicava com as musicas mais panfletárias, e o Jorge não era panfletário. Mas ele estava falando coisas que tinham tudo a ver com demandas de movimentos políticos. Coisas que tinham a ver com a luta pelos direitos civis, daí a censura implicava com coisas como Charles Anjo 45, que aí até a gravadora se autocensurou e não lançou o compacto que o Caetano tinha gravado dessa música, com medo dos militares acharem que era uma provocação…

Você está fazendo a biografia do Martinho da Vila e tanto ele quanto o Jorge têm uma característica muito legal: eles são dois grandes repórteres além de serem grandes letristas. As letras deles falam muito da realidade, do que eles vivem no momento, do que estão vendo. O que você vê de comum entre eles? Acho que têm semelhanças mesmo – e eles têm até idades próximas. Martinho nasceu no interior, os dois são de origem pobre, famílias negras. E têm muitas semelhanças porque eles cresceram em contextos de cultura negra muito forte em casa, de cultura afro-brasileira muito forte. O Martinho foi morar numa favela na qual havia muita gente do interior do Rio, e não é à toa que ele foi fazer pesquisa de outros ritmos além do samba, como ciranda, tradição da Folia de Reis. Porque tinha as pessoas de fora da cidade do Rio e as pessoas de outros estados, e isso fazia parte do dia a dia dele na favela onde ele cresceu.

O Jorge conta em entrevistas antigas que seu pai o levou no jongo, que o pai dele escutava a música negra nordestina, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro. Ele não falava muito disso, ele dizia que não se aprofundava na questão de religiões de matriz africana porque havia muito preconceito. Eu achei matérias sensacionalistas falando: “Ele faz musica de macumba!” E ele acho que ele ficava falando, “eu respeito mas não sigo”, mas há indícios de que ele frequentou terreiros de alguma forma, mesmo que não tenha seguido a religião. A música que ele ouvia em casa era muito herdeira da música de terreiro. No caso do Martinho também, ele gravou pontos de umbanda, mas no caso do Jorge, Mas que nada tem seu primeiro verso tirado de uma música tradicional de candomblé.

Essa coisa de eles serem cronistas, é verdade e é uma coisa bem característica da cultura negra. É o que a gente vê no funk ate hoje, “ah, a gente fala da nossa realidade”. A cultura negra fala da realidade que as pessoas estão vivendo, ela se exalta – no sentido de se elogiar. O bonito e revolucionário é o alcance que o Jorge conseguiu, desde o primeiro compacto ele já estourou, vendeu centenas de milhares de cópias de discos logo que surgiu, botando palavras em iorubá, botando palavras com referencia à cultura negra… E isso num país que negava que existisse racismo, que colocava o branco como padrão de tudo que era bonito, culto e merecia elogio. Isso é muito importante e o que o Jorge fez é muito revolucionário.

Eu estou vendo aquela série Hip Hop evolution, e lá diz que o primeiro rap que se tem noticia com crítica social é The message, de 1982, do Grandmaster Five. 1982! Aí você pensa: Jorge, lá atrás, já estava fazendo crítica crítica social, exaltando a cultura negra, fazendo canto falado. Não que ele tenha inventado o canto falado, que está presente em diversos momentos da cultura negra. Mas ele foi precursor aqui no Brasil, pela forma como ele fez isso. Não é a toa que até hoje ele é muito sampleado por rappers no mundo inteiro.

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Confira as variações de capa de África Brasil no nosso Instagram

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

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Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

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A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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