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Cultura Pop

Relembrando Mati Klarwein

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Relembrando Mati Klarwein

“Houve um tempo em que sonhei com sexo e sonhei com drogas. Em breve estarei sonhando com a luz”, disse Mati Klarwein. De uns tempos para cá, a obra do cara que fez as capas de discos como Bitches brew, de Miles Davis, e Abraxas, do Santana, vem sendo bastante relembrada. O artista, conhecido por seu trabalho surrealista e psicodélico, e morto em 2002, ganhou até um artigo bem completinho da revista GQ no fim do ano passado, onde sua relação com o rock e com a cultura lisérgica do fim dos anos 1960 é esmiuçada.

Mati Klarwein, que já foi chamado por Andy Warhol de “o pintor desconhecido mais famoso do mundo”, nasceu em Hamburgo em 1932 e mudou-se cedo com a família para uma Palestina pré-Israel, para escapar dos nazistas. Seus pais se separaram quando ele tinha 16 anos e ele foi para Paris com a mãe. Foi criado numa salada de culturas (judaica, islâmica e cristã) e nos anos 1950, Klarwein chegou a acrescentar um “Abdul” a seu nome. Ainda na adolescência, estudou pintura e desenvolveu uma maneira bastante particular de fazer pinturas a óleo. Em 1964, por causa da pintura abaixo, Crucifixion, Klarwein foi atacado por um cara com um machado.

Relembrando Mati Klarwein

Klarwein foi fazendo amizade com músicos e se tornou próximo de nomes como Jimi Hendrix e Miles Davis – desenhou a capa de Bitches brew para este último e quase fez outra capa pra ele, mas rolaram boatos de que a mulher de Miles estava tendo um caso com Hendrix e Mati, amigo do guitarrista, pagou o pato sem ter nada a ver com a situação. Outra capa clássica foi a de Abraxas, do Santana, feita a partir de um quadro de Mati Klarwein de 1961, Annunciation.

Relembrando Mati Klarwein

Mesmo com tantas imagens oníricas em seu trabalho, ele (que foi muito amigo de Salvador Dalí) se irritava bastante quando era chamado de surrealista. Detalhe que Klarwein, apesar de ser um artista bastante associado à psicodelia, não costumava pintar doidão. O uso que ele fazia de drogas era mais inspiracional e recreativo.

“Seu trabalho, como sua vida, era uma colagem. Ele misturava imagens da cultura pop quase aleatoriamente, como um adolescente com um álbum de recortes (…). Em um álbum de recortes, as idéias geralmente parecem insolentes e banais, mas, usadas no meio da música, são extraordinariamente poderosas. Um de seus principais trabalhos é uma enorme pintura circular chamada Grain of sand (uma referência ao poema de William Blake Auguries of innocence), pintada entre 1963 e 1965, uma complexa mandala de corpos, mentes, alienígenas e flores, com camafeus de Ray Charles, Picasso, Roland Kirk, Brigitte Bardot, Marilyn Monroe, Sócrates e “uma Via Láctea de companheiros de brincadeira”. “Eu queria pintar uma imagem que você pudesse pendurar na parede de qualquer maneira, um universo rotativo sem altos ou baixos”, disse ele na época. “Era 1962 e eu tinha uma queda especial por Marilyn” (da matéria da GQ sobre Mati Klarwein)

Alguém fez o favor de subir pro YouTube um vídeo com vários quadros e frases de Klarwein. Olha aí.

O trabalho de Klarwein foi mudando muito com o passar dos anos. Na década de 1980, ele passou a se dedicar mais a pinturas de paisagens, mas sempre usando texturas florais psicodélicos. Numa dessas, uma pintura dele foi parar na capa de uma edição americana do disco Só não toca quem não quer, de Hermeto Pascoal (1988). Mati Klarwein morreu de câncer em 7 de março de 2002, após alguns anos morando numa ilha na Espanha.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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