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Radar: As Beattas, merlinsdds, Jup do Bairro, Molho Negro, Sessa

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Na foto, As Beattas

Rock, rap, MPB e existência: no Radar nacional de hoje, a estreia das Beattas, e os sons novos de merlinsdds, Jup do Bairro, Molho Negro e Sessa falam de sobrecarga de trabalho, sobrecarga existencial, desejos, sonhos, mudanças pessoais e outros temas que a gente vive 24 horas por dia. Ouça e passe adiante!

Texto: Ricardo Schott – Foto (As Beattas): Divulgação

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AS BEATTAS, “DONA DE CASA ROCK”. A dupla formada pela atriz e escritora Michelly Barros (voz e pandeirola) e Greco Blue (ex Os Azuis, Turba e A Última Gangue – guitarra e voz) une referências de Velvet Underground, All Seeing Dolls e Mazzy Star – só que joga tudo isso aí no colo de Mutantes (“com Rita Lee na formação”, explicam) e do Trio Esperança. A música é a mais simples possível: um casal, uma letra direta, uma melodia entre o rock e o blues, refrão que você sai cantando. Dona de casa rock, estreia das Beattas, fala do dia a dia da mulher que está cronicamente ocupada com as tarefas de casa – mas queria mesmo era ter tempo de dançar, tocar, cantar, se divertir e escutar música com o encarte do disco na mão. “É a realidade de tantas brasileiras”, dizem.

MERLINSDDS, “A ÚLTIMA CARTA QUE TE ESCREVI NÃO TIVE CORAGEM DE TE ENTREGAR”. Cria de Nova Iguaçu (RJ), Paulo Igor Merlin Lopes faz em seu projeto pessoal merlinsdds (assim mesmo, com minúsculas) um som que une slowcore, emo do meio-oeste dos Estados Unidos e experimentações musicais diversas – tudo com sotaque do Rio, e letras que falam “sobre amores que não deram certo, cidades em ruínas e monstros imaginários”. O EP A cidade é um grande abismo que quer nos engolir une poesia, trap, emo e algo que, lá no fundo, lembra O Rappa na tristonha A última carta. Uma música que fala sobre vários medos, inseguranças e desilusões – e sobre como é conviver com uma realidade que pode mudar a qualquer momento.

JUP DO BAIRRO, “E SE NÃO FOSSE O SONHO”. No dia 19 de outubro, todo mundo vai ficar conhecendo o Juízo final, primeiro álbum de Jup – que, só pelo que já foi revelado, promete um som explosivo e (enfim, note o nome do disco) apocalíptico. O funk E se não fosse o sonho une dança, experimentalismo e lutas diárias – contra a polícia, contra o destino, contra os padrões.

“É uma faixa que fala da urgência de sonhar e resistir, mesmo diante das dificuldades da vida. Foi o sonho que me moveu até aqui e continua me fazendo acreditar em mim e seguir minha trajetória. Pois se não fosse o sonho, eu não voltava”, sentencia Jup, que na música, faz seu rap entre batidões, samples e timbres sombrios.

MOLHO NEGRO, “FICAR MORTO VENDE”. “Um alarme tocando no fundo que você simplesmente não tem como desligar, o cheiro de fumaça num consultório que todo mundo ignora em conjunto, o mundo acabando sem ter muita coisa que a arte consiga fazer em relação a isso”, diz o cantor e guitarrista da banda paraense Molho Negro, João Lemos, sobre Ficar morto vende, novo single do grupo. Trata-se de um hard rock + punk sobre paralisia do sono, que abre os trabalhos do que será o quinto álbum da banda – previsto para breve pela Deck, e feito de maneira bem mais calma que os anteriores.

“Eu normalmente levo um tempo pra compor, e dessa vez tentei trabalhar o máximo que pude nas músicas, ter opções e mais opções para debater, refazer e decidir, então foi um processo diferente”, comentou João, que divide o grupo com Raony Pinheiro (baixo) e Antonio Fermentão (bateria).

SESSA, “NOME DE DEUS”. Artista do selo norte-americano Mexican Summer, o cantor e compositor paulistano Sessa lança em 7 de novembro seu novo álbum, Pequena vertigem de amor. Um disco marcado por heranças musicais de Erasmo Carlos, Hyldon e nomes do soul internacional como Shuggie Otis e Roy Ayers. O álbum surge de mudanças na maneira do cantor encarar a vida. “As músicas são uma mistura de crônicas pessoais e pequenas meditações sobre as mudanças da vida, de experimentar algo maior, em que você percebe a insignificância do seu tamanho diante do tempo e espaço”, conta ele.

Um bom exemplo é o clima calmo e psicodélico de Nome de deus, novo single, que tem participação do pianista Marcelo Maita, irmão mais novo do cantor e baterista de samba-jazz Amado Maita, morto em 2005. Uma canção cheia de balanço, mas que ao mesmo tempo fala de espiritualidade, individualidade e existência.

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Radar: Clara Bicho, Tontom, Seu Calixto, Miragaya, Tenório

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Clara Bicho - Foto: Pedro Patti / Divulgação

Atchim! Em meio a um baita resfriado, vamos devagar para o segundo Radar nacional da semana – agora são três vezes! – destacando o clipe retrô-moderninho de Clara Bicho, mas seguindo também com o pop brasileiro de Tontom, o rock’n roll de Seu Calixto e Miragaya, e o jazz indie do Tenório.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Clara Bicho): Pedro Patti / Divulgação

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CLARA BICHO, “TELEJORNAL ANIMAL”. Primeiro single da mineira Clara desde o EP Cores da TV (resenhado pela gente aqui), Telejornal animal é um easy listening ensolaradíssimo, com balanço lembrando Lincoln Olivetti e estileira dream pop nos vocais e nos teclados. Narrando um romance mediado pela TV, a letra fala em largar tudo e voar pra bem longe de tudo que causa estresse e aporrinhação.

Já o clipe, dirigido por Mariana Barbosa, traz a personagem Lua – um personagem imaginado por Clara, que ganhou fantoche feito por Laura Kind – apresentando um misto de telejornal com talk show no estilo do Johnny Carson. A cláusula de tempo é a dos anos 1960/1970: vestidões, roupas em clima psicodélico, gente fumando na plateia e até no palco. Ainda que Telejornal animal, a música, seja o mais 2025 possível.

TONTOM, “OLHA”. A carioca Tontom (Antonia Perissé) também lança o primeiro single após um EP – Mania 2000 saiu no ano passado e foi resenhado pela gente aqui. Olha, o novo compactinho dela, é uma ska-bossa com efeitos, ruídos e psicodelia no design sonoro. A letra, por sua vez, narra de maneira fofíssima o começo de uma paixão. “Eu escrevi o single enquanto conhecia meu namorado, fiz a melodia junto com o primeiro verso, e ao longo do tempo e dos acontecimentos, fui completando as lacunas vazias da melodia com a letra. É uma canção extremamente sincera e pessoal”, conta ela, que hoje está estudando música em Berlim, na Alemanha.

SEU CALIXTO, “LÁ FORA”. Essa banda de Salvador (BA) une referências como Clube da Esquina, Raul Seixas e Red Hot Chili Peppers – e, pode acreditar, você vai encontrar tudo isso misturado em Lá fora, novo single de Pedro Bulcão (voz), Seu Zé (guitarra), Gabriel Brandão (baixo) e David Bernardes (bateria). É uma música que une o senso melódico e as texturas imortalizadas por John Frusciante (guitarrista do RHCP) e uma poesia bem brasileira. Seu Zé, o guitarrista, conta que a música fala sobre aproveitar de maneira plena “a companhia de outra pessoa, uma conexão de almas que exclui o resto do mundo”. Já a ideia por trás da melodia é a de “traduzir um clima de que há tempo de sobra para aproveitar o momento, sem pressa”.

MIRAGAYA, “LOCKDOWN”. Autor de músicas para comerciais e trilhas, o guitarrista Ronaldo Miragaya deu um tempo nas bandas com vocalistas e decidiu montar um power trio instrumental com Vinícius Giffoni (baixo) e Dawton Mendes (bateria). O trabalho chegou ao disco, por intermédio do selo Caravela Records, e também à TV: o EP Ao vivo do Ipiranga sai nas plataformas e também virou especial do canal de TV Music Box Brazil. Lockdown, uma das mais significativas faixas do EP, dá uma cara blues-rock ao fecha-tudo da pandemia, trazendo o que Miragaya chama de “riffs e grooves coexistindo em harmonia”, além de inúmeros solos.

TENÓRIO, “PEDRA DO RIO NÃO SABE QUE MONTANHA É QUENTE”. Jazz caudaloso, progressivo e referenciado em Tigran Hamasyan, Amaro Freitas, Radiohead, Badbadnotgood e Porstishead. É a proposta do Tenório, projeto musical que acaba de estrear com seu primeiro single, Pedra do rio não sabe que montanha é quente. Uma música que passeia por vários ritmos, conduzida pelo piano e pelo design percussivo.

Na formação do Tenório, Filipe Consolini (piano), Henrique Meyer (guitarra), Victor José (baixo) e Felipe Marques (bateria). O grupo pretende lançar mais um single até o começo de dezembro, e o álbum inteiro do Tenório no ano que vem.

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Ouvimos: Lana Del Rabies – “Omnipotent fuck”

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Projeto solo de Sam An, Lana Del Rabies cria em Omnipotent fuck um noise demoníaco e visceral, mistura de ritual, grito e salvação pelo barulho.

RESENHA: Projeto solo de Sam An, Lana Del Rabies cria em Omnipotent fuck um noise demoníaco e visceral, mistura de ritual, grito e salvação pelo barulho.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Feral Crone Recordings
Lançamento: 7 de novembro de 2025

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Disquinho bom pra ouvir depois da meia-noite, esse. Lana Del Rabies não é uma banda – é o codinome usado pela musicista Samanta Angulo (que também reduz o nome verdadeiro para Sam An), de Los Angeles. Lana Del Rabies, além da zoação explícita com a cantora Lana Del Rey, é um projeto de noise extremo, demoníaco, feito para aterrorizar.

Omnipotent fuck, quarto disco de LDR, faz lembrar aquela velha história de quando Jimmy Page (Led Zeppelin) comprou a Boleskine House, que pertencia ao ocultista Aleister Crowley, e botou um amigo para tomar conta da mansão enquanto se ocupava dos afazeres do Led. O tal amigo não apenas se mudou para lá como também levou a família – e de noite, com a esposa no quarto trancado à chave, ouvia os rugidos de um suposto “animal selvagem” à solta nos corredores da casa.

Nas nove faixas de Omnipotent fuck, Lana une todo tipo de ruído maligno, de teclados ambient a percussões assustadoras – por sinal, num curioso espelho da trilha que o próprio Page fez para Lucifer rising, filme do cineasta do oculto Kenneth Anger. Soltando a voz, ela dá agudos, sussurra e também “é” esse animal selvagem, em tons guturais.

O disco abre com Tactical avoidance, uma porrada ambient satânica em que ela repete as palavras “isolamento” e “excesso”, ambas transformando-se em grito e em dor. Lá pelas tantas parece que um espírito maligno toma conta da faixa – espírito esse que se solta em Objective death e Consensual pain, faixa repleta de risadas que soam como algo ritualístico, e de gritos de dor.

O restante de Omnipotent fuck é basicamente o monstro da Boleskine House arranhando sua porta: Bedroom sores une “gritos”, “pecados” e a ordem “toque-me!” na letra, com direito a ruídos que lembram nada menos que (olha aí, ó) o interlúdio instrumental de Whole lotta love, do Led. Wisdom spit, a melhor do álbum, é tiro, porrada e obscenidade. Vulnerable package é totalmente desenvolvida nas sombras, com Lana berrando “estou prestes a ter a porra de um desmaio!”. Obedient master é post rock demoníaco e hipnótico.

No fim, a faixa-título recebe o ouvinte com um grito gutural, é trilhada no corredor da violência sonora, e tem tanto ruído que chega a doer no ouvido – encerrando c0m tudo rodando violentamente ao contrário. A salvação pelo barulho, pela vertigem e pelo esporro, ao alcance de um clique.

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Crítica

Ouvimos: Phil Lynott’s Grand Slam – “Orebro 1983”

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Registro raro de Phil Lynott com o Grand Slam em 1983 mostra o líder do Thin Lizzy flertando com punk, pós-punk e reggae, em show na Suécia - sem deixar o som de sua antiga banda de lado.

RESENHA: Registro raro de Phil Lynott com o Grand Slam em 1983 mostra o líder do Thin Lizzy flertando com punk, pós-punk e reggae, em show na Suécia – sem deixar o som de sua antiga banda de lado.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Cleopatra Records
Lançamento: 15 de agosto de 2025

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Com passagens por grupos de punk, pós-punk e new wave, o cantor, compositor, tecladista e guitarrista escocês Midge Ure nunca entendeu direito como é que ele foi parar justamente no Thin Lizzy, nomão do hard rock. Foi o que ele contou ao documentário Phil Lynott: Songs for while I’m away, sobre a história do líder da banda, que esteve em cartaz na edição 2021 do festival In-Edit. O fato é que o músico, que já estava até efetivado como vocalista no Ultravox, era amigo de Phil e foi chamado para ocupar guitarra e teclados no grupo entre 1979 e 1980, enquanto o grupo não arrumava um guitarrista fodão para o cargo.

Além de tocar no grupo nesse período, Midge também foi responsável por encher os ouvidos do amigo com novidades do synthpop, da música eletrônica e do pós-punk. Phil, que já andava interessadíssimo em punk rock, não apenas gostou do som, como também adotou essa sonoridade em várias músicas de seus trabalhos solo. Um pouco – mas só um pouco – disso vazou também para o Grand Slam, banda de curta duração que Phil montou em 1983 com dois ex-Thin Lizzy (Brian Downey, bateria, e John Sykes, guitarra solo) e outros músicos de sua banda solo.

O Grand Slam não conseguiu contrato com nenhuma gravadora e limitou-se a fazer turnês pela Europa durante um ano – mas deixou várias demos e gravações ao vivo, nas quais se percebe que o som de Phil já estava encharcado de referências do punk, às vezes soando como um Sex Pistols motorbiker ou como um Motörhead menos bravio, cabendo também referências de reggae em vários momentos. O repertório incluía os hits solo de Phil e alguns poucos sucessos do Thin Lizzy – Whiskey in the jar, a balada Sarah, feita para sua filha mais velha, e (às vezes) The boys are back in town – pintavam no set list.

Foi nesse clima que a turma foi fazer um show em Orebro, cidade na Suécia, em 1983 – show esse que já foi diversas vezes pirateado, e ganhou resgate em vinil pelo selo Cleopatra Records. Orebro 1983 começa pela faceta mais tecnopop fake de Phil (Yellow pearl, por sinal uma parceria com Midge), segue com a roqueiragem de Old town e insere mais dois hits do TL no setlist (A night in the life of a blues singer e Still in love with you). Parisienne walkways, hit solo do ex-Thin Lizzy Gary Moore (chamada pelo sem-filtro Lynott de “Parisienne blowjob”, “boquete parisiense”), vem em clima de bluesão com viradas de bateria – se você detesta o som daquelas baterias eletrônicas Simmons, que pegaram mais que praga de piolho em creche lá por 1983, nem encare.

O som de Orebro 1983 mostra também que o The Police era ou uma influência, ou uma sombra, ou uma matéria de bullying para Lynott. O hit Solo in soho tem aquele mesmo clima de “europeus se metendo a fazer reggae” do Police. King’s call, outra música solo, tem argamassa roquenrol e clima pós-punk-reggae – lembra o som do Herva Doce. Já The boys are back in town é aberta com uma zoação feroz com Every breath you take – a banda toca a introdução do hit do Police, Phil parece sacanear a voz de Sting e em seguida avisa que se trata “apenas de uma introdução musical”. Para matar as saudades do comandante Phil.

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