Lançamentos
Primeiro álbum do Little Quail and The Mad Birds é relançado em LP

Formada em 1988 por Gabriel Thomaz (Autoramas), Bacalhau (Ultraje a Rigor) e Zé Ovo, a banda brasiliense Little Quail & The Mad Birds lançou o primeiro álbum, Lírou Quêiol en de Méd Bârds, em 1994 pela Banguela Records, com produção de Carlos Eduardo Miranda. Nesta segunda (15) o conglomerado de selos Fuzz On Discos, que agrupa a Anomalia Distro, Melômano Discos e Neves Records, anunciou a reedição do álbum em LP.
Em vinil azul, Lírou Quêiol en de Méd Bârds ganhou um novo encarte, com fotos inéditas da banda e quatro faixas bônus – Sex song e Pump up the bird (Pâmp ap de bârd), músicas que vinham como bônus apenas na versão do disco em CD, e Lembranças de uma saudade e 1,2,3,4 (Aerobic version), que eram as faixas escondidas do formato. As primeiras cópias também virão com um exclusivo slipmat de feltro para toca discos. Você pode comprar sua cópia aqui.
“Esse foi um disco que marcou época e chegou a ser lançado em vinil assim que saiu. Essa prensagem inicial passou a alcançar um valor muito alto. Agora as pessoas terão acesso ao disco a um preço justo e com edição de luxo”, diz Gabriel Thomaz, que conta também sobre a representação do disco na sua carreira. “Foi meu primeiro álbum, tocou bastante, teve música no número 1 na MTV. Tocamos esse repertório por muitos anos até conseguirmos lançá-lo. O Little Quail foi uma banda que tocava pesado as influências dos anos 50 e 60. Viajamos muito e desbravamos o cenário brasileiro”.
O disco no Spotify tá aqui:
Crítica
Ouvimos: Deradoorian – “Ready for heaven”

RESENHA: Deradoorian mistura política, dor e experimentação em Ready for heaven, disco que une folk, psicodelia, jazz e pop com alma e ousadia.
“Teríamos todos esses rótulos de identidade pelos quais temos que viver se não vivêssemos em um mundo capitalista?”, disse Angel Deradoorian num comunicado de imprensa sobre seu novo álbum, Ready for heaven. Um disco que, segundo ela, fala sobre luta mental, sobre como viver num mundo que caga deliberadamente para tudo em nome do dinheiro – e que escolhe, para emoldurar os versos, um design musical estiloso, acessível, mas com alma experimental.
A ex-integrante do Dirty Projectors levou os assuntos do disco para as esferas política e pessoal, já que o próprio som de Ready for heaven desafia definições o tempo todo. Tem algo que soa folk, mas folk como os discos de Suzanne Vega e PJ Harvey. Tem algo meio indie pop, mas não como o indie pop comum. Sons texturizados e inorgânicos, mas absolutamente humanos, tomam conta das faixas, como em Storm in my brain, Any ohter world (essa, soando como um móbile com várias peças se movimentando cada uma de um jeito) e no tom psicodélico e tribal de Digital gravestone. Evocações de Laurie Anderson surgem aqui e ali, e a voz de Nico parece ser homenageada em algumas faixas.
Em Ready for heaven, surge uma tentativa (bem sucedida, aliás) de pôr veneno numa faixa com ares de disco music – a sexy No no yes yes, que soa como um disco de Yoko Ono produzido e dirigido por Giorgio Moroder. Brota também uma faixa nostálgica que lembra antigos hits nacionais cantados em inglês, Set me free, só que com um curioso clima renascentista – embora pareça às vezes que vai entrar uma declamação, no estilo de Tell me once again (Light Reflections).
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Golden teacher tem clima afrojazz e Purgatory of consciousness soa como o purgatório do título, com sons de várias percussões, vozes e teclados ressoando como várias abas abertas – só depois a música vai ganhando um ritmo. E Deradoorian encerra o disco fazendo jazz do inferno e das profundezas, numa faixa sintomaticamente chamada Hell island – cuja letra fecha o ciclo com otimismo, em tempos de nuvens sombrias: “eu conheço o outro lado do espírito agora / eu sei que nos levantaremos mais uma vez”. Ready for heaven soa na maior parte do tempo como um chamamento no estilo “me sinto pronta, e você?”, tanto musicalmente quanto nas letras.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Fire Records
Lançamento: 9 de maio de 2025.
Crítica
Ouvimos: Yuno – “Blest”

RESENHA: Yuno estreia com Blest, disco que mistura indie pop, soul, reggae e hip hop com vibe de trilha de vídeo de skate e espírito inventivo.
Nascido em Nova York e criado na Flórida, filho de pais jamaicanos que viveram no Reino Unido, Yuno tem uma visão-missão-valores bem curiosa em relação à música: quando está bolando uma canção, ele sempre se pergunta: “o que é preciso para essa música caber num vídeo de skate?” – ele pratica o esporte desde pequeno.
Daí, a resposta a essa provocação é justamente o que guia Blest, seu álbum de estreia.O disco é, em essência, indie pop – mas busca sair da curva o tempo todo. Há ecos da dance music dos anos 1990 na faixa-título, uma mistura de soul, reggae e Led Zeppelin na estradeira We belong (com slide guitar e um violão que remete a Your time is gonna come, do Led), além de soul e rock britânico em Blessed. Em Unfair, o destaque é um soul-rock noventista que abre com uma guitarra que lembra as bases de Pepeu Gomes – e funciona muito bem.
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A característica que marca as boas trilhas de vídeos de skate – variedade, fusão de estilos e uma produção sonora que muitas vezes flerta com o hip hop – aparece com naturalidade nas dez faixas do disco. Tem dream pop com sotaque inglês em Perfect pear e Fall apart, trap em True e Blitz! (que representam os momentos menos interessantes do disco), e uma ótima fusão de emo com hip hop em Worst of times.
Blest é um álbum que parece feito para o movimento – seja o das rodas do skate ou o das ideias que não param de girar na cabeça de Yuno.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Sub Pop
Lançamento: 16 de maio de 2025.
Crítica
Ouvimos: Dimy, “… eu sei que eu disse…”

RESENHA: Dimy estreia com …eu sei que eu disse…, disco lo-fi e psicodélico que transforma um pendrive perdido em crônicas musicais de amor e caos.
A história de …eu sei que eu disse…, primeiro álbum do Dimy, é pitoresca. Lucas Olivra, músico baiano, ex-integrate de bandas como Ricardo Elétrico, já tinha alguns dos riffs do disco prontos desde 2011. Só que em 2016, andando pela rua, esbarrou num pendrive perdido e resolveu ver o que tinha nele, e esbarrou com um monte de fotos e documentos que narravam o início e o fim de um relacionamento.
Lucas/Dimy nunca encontrou o dono do pendrive, mas decidiu juntar todas as histórias que viu no pendrive com os riffs que já vinha compondo no violão de nylon. Basicamente, o material do Dimy consiste em pérolas bizarras do lo-fi, do jazz psicodélico e do antipop – ainda que o violão de Lucas dê uma amaciada nas canções – e certo clima desencantado herdado do emo.
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Os títulos das canções soam como trechos de cartas, diários e tweets desencontrados: Nove da manhã, o Exorcista, uma ressaca da desgraça é a primeira faixa, Vejo flores em você é a segunda, e por aí vai. Alguns trechos de letras são inacreditáveis: “de hoje a oito é o seu aniversário / e eu fui convidado / garrafas espalhadas pela casa / e eu não consigo enxergar / você toda vomitada / cheia de cachaça / dormindo na mesa”, “você puxou uma calcinha da mochila / Yasmin deu falta enquanto a mesa ria / fugimos do bar enganados fomos pra igreja / minha amiga armou pra nos converter / o jovem pastor cheirava na bíblia”.
As melodias abrem com um clima quase MPBístico dado pelo violão de Lucas e prosseguem com mudanças rítmicas e vocais falados, às vezes ríspidos – quase sempre lembrando Fred Zero Quatro, do Mundo Livre s/a. Inverno, valorizada pelos metais e pelas cordas, é a canção mais próxima de um blueprint emo, no disco, enquanto Nove da manhã… abre o disco soando como várias abas sonoras abertas. Como o disco é uma linha do tempo, do amor ao nada, o encerramento é com a tristeza sem fim de A guerra fria (“e pra você / mil desculpas / mil desculpas / por tudo”).
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7,5
Gravadora: Fazenda Elétrica
Lançamento: 4 de abril de 2025
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