Cultura Pop
Peraí, Wild Planet, do B-52s, fez aniversário e não falamos nada?

Tá vendo o vídeo abaixo? Ele marca a primeira vez em que o B-52s tocou em Idaho, um dos 50 estados dos EUA. E exibe o momento em que a banda tocou… Private Idaho, primeiro single do seu segundo disco, Wild planet, cujo aniversário de 41 anos foi nesta sexta (27).
O show rolou no dia 13 de setembro de 2011 (ok, o que explica a qualidade do vídeo, já que os celulares na época não eram a mesma maravilha dos dias de hoje) no Eagle River Pavillon, em Boise, a capital e a cidade mais populosa do estado. Até então a banda não havia se apresentado por lá e não havia tocado a canção no próprio estado que lhe dá nome.
Private Idaho, vale citar, não é vista pela banda como uma paródia da região – muito embora seja uma brincadeira com algumas situações que envolvem a história do estado. A origem do nome “Idaho”, por exemplo, permaneceu inexplicada por vários anos – ao que consta, é derivada de expressões indígenas. Fred Schneider, cantor do B-52s e criador do título da faixa, diz que se sentiu atraído pelos mistérios que envolvem a região, e pelos comportamentos dos moradores.
“Sei que é um estado lindo, mas sei que também há muitos direitistas malucos e tudo mais aquela coisa. A música é sobre todas as coisas diferentes”, contou. Na letra, o narrador pede para um personagem sair de um estado bem particular de estresse e paranoia.
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Seja como for, com shows em Idaho ou não, Private Idaho marcou muitos fãs do B-52s (inclusive no Brasil) e apresentou muita gente ao som do grupo, por ter sido um dos principais sucessos de Wild planet – um álbum que fez bastante sucesso, deu um disco de ouro para a banda, e imortalizou músicas como Party out of bounds, Devil in my car e Give me back my man. Também deu prosseguimento à mania do B-52s com viagens a outros planetas. Afinal era um álbum chamado “planeta selvagem”, com uma música chamada 53 miles west of Venus.
O período anterior a Wild planet foi bem louco na vida do B-52s. Kate Pierson, Cindy Wilson, Ricky Wilson, Fred Schneider e Keith Strickland, crias de Athens, na Georgia, estavam doidos para se mudar logo para Nova York. Conseguiram, mas tiveram a ideia de morar todos juntos numa casa em Mahopac, um subúrbio novaiorquino, distante 76 quilômetros da cidade que nunca dorme. Você já leu sobre isso no POP FANTASMA.
Entre ensaios que duravam o dia inteiro e festas de arromba, a banda compôs e ensaiou Wild planet por lá. A vida comunitária do B-52s durou até bastante tempo (foram três anos), apesar da estranha sensação de que estavam todos num exílio, e não morando juntos. Também foi tempo suficiente para as diferenças musicais começarem a aflorar na banda, e para o B-52s começar a se desentender com o empresário, o novaiorquino Gary Kurfirst (também empresário de Ramones e Talking Heads).
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Um dos maiores dilemas de qualquer artista é a chamada “crise do segundo disco”, especialmente quando o primeiro disco foi bem e a gravadora cobra uma sequência matadora. Pois bem, o B-52s começou após Wild planet uma espécie de “crise do terceiro disco”, que durou mais tempo do que se imaginava.
A banda lançou um EP de remixes, Party mix, em 1981, e prosseguiu entrando em estúdio com David Byrne (Talking Heads) na produção, para produzir um material que deveria ser um LP, mas que virou outro EP, o bom Mesopotamia (1982). Você já leu sobre esse disco no POP FANTASMA.
Whammy, de fato o terceiro verdadeiro disco do B-52s, saiu só em 1983, após alguns períodos em estúdio e algumas mudanças na banda, com Strickland e Ricky Wilson passando a tocar todos os instrumentos e os outros integrantes cuidando apenas dos vocais.
Mesmo com tantas mudanças e porradas sérias ao longo dos anos 1980 – como a morte de Ricky Wilson, vitimado por complicações da aids em 1985 – o B-52s continuou na luta e encerrou a década com um disco mais “maduro”, Cosmic thing (1989). Foi nessa época, com o single Love shack, que eles encararam pela primeira vez o Hot 100 da Billboard. Estranhamente, nem mesmo com Private Idaho e outros hits da antiga, isso aconteceu. Mas Wild planet permanece até hoje como o auge da new wave de festa do B-52s. Ouça no volume máximo.
Ah, sim: em 1991, Gus Van Sant lançou o filme My own private Idaho (Garotos de programa, no Brasil), com River Phoenix e Keanu Reeves. Pediu ao B-52s para usar o nome da música no título e a banda liberou. Ela só não foi parar na trilha sonora.
Mais sobre Wild planet aqui.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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