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Crítica

Ouvimos: My Morning Jacket, “Is”

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Ouvimos: My Morning Jacket, “Is”

Quando surgiu, o My Morning Jacket tinha um diferencial enorme: mais do que serem uma banda de alt-country, eram uma banda country e de rock sulista que evocava bandas como Joy Division e Velvet Underground, e parecia saber o que eram termos como indie rock, shoegaze, post-rock. A sonoridade do grupo foi sendo desenvolvida até chegar a discos excelentes como It still moves (2003) e Z (2005). Há quem venha tacando pedra nos discos recentes deles e, de fato, o som do MMJ andou ultimamente alternando músicas boas e momentos de tédio absoluto – o disco epônimo de 2021 é um ótimo exemplo dessa “alternância”.

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Is, o novo disco, sofre se comparado a Z e até a The waterfall (2015), mas é o melhor disco recente do My Morning Jacket, alternando (olha aí de novo) temas de indie country com coisas que soam mais radiofônicas e acessíveis. A abertura com Out in the ocean parece BASTANTE com Coldplay e isso talvez assuste alguns fãs antigos. Algumas músicas tranquilizam: faixas como Half a lifetime, Squid ink e Half for it soam como uma cápsula do rock dos anos 1970 – rock funkeado no estilo de bandas como James Gang – jogada numa argamassa country e indie. Não que sejam músicas “de peso” – só o lado cool do rock pauleira setentista é recordado.

Para destacar: a ótima Everyday magic é soft rock de respeito, levado adiante por golpes de piano Wurlitzer, e por um beat lembrando Fleetwood Mac e Supertramp, com refrão forjado na estileira power pop. Beginning from the ending é uma balada de violão com letra existencialista e tom de soul viajante. Lemme know tem batidinha seca e sixties, e chega a lembrar The Jam.

Particularmente, acho que o mais problemático no disco está na rédea solta para a criação de canções que soam eminentemente radiofônicas – nada contra, mas são momentos em que uma certa esquisitice que havia no som do My Morning Jacket some de uma hora para a outra. Rola no reggaezinho romântico I can hear your love, na popíssima e meio r&b Time waited e até num bluesão de FM, River road. No fim, é o famoso “não é ruim, mas não sei se recomendaria…” (ainda mais se Is for o primeiro disco do My Morning Jacket que você vai escutar).

Nota: 7
Gravadora: ATO Records
Lançamento: 21 de março de 2025.

Crítica

Ouvimos: John Fogerty – “Legacy: The Creedence Clearwater Revival years (John’s version)”

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John Fogerty, aos 80 anos, recupera direitos das músicas de sua ex-banda Creedence Clearwater Revival e relança vinte clássicos em versões idênticas às originais.

RESENHA: John Fogerty, aos 80 anos, recupera direitos das músicas de sua ex-banda Creedence Clearwater Revival e relança vinte clássicos em versões idênticas às originais.

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Aos 80 anos, John Fogerty, ex-vocalista, guitarrista, compositor e déspota do Creedence Clearwater Revival, conseguiu ganhar finalmente todos os direitos sobre suas composições da época do grupo – sim, porque todos os hits autorais da banda foram compostos por ele. Para comemorar, o músico decidiu regravar 20 canções do CCR na base da “versão do John”.

Na prática, são substituições, e não versões. Em Legacy: The Creedence Clearwater Revival years (John’s version) Fogerty revisitou canções como Have you ever seen the rain, Born on the bayou, Proud Mary, Lodi, Who’ll stop the rain, Green river e Fortunate son em leituras quase 100% iguais aos originais – em timbres, arranjos, detalhes e até gritos e uivos. Facilita o fato da voz de John estar igualzinha a antigamente. Detalhe: até no Bandcamp as músicas novas estão – visão, o cara tem.

  • Ouvimos: The Doobie Brothers – Walk this road
  • Ouvimos: Faces – Faces at the BBC: Complete BBC concert and session recordings 1970-1973

Alguma diferença do original? Bom, Long as I can see the light teve uma pequena mudança de tom, Have you ever seen the rain teve mudanças discretas nas linhas vocais do refrão, e de modo geral todas as músicas ganharam mais peso na bateria e nas guitarras – mas praticamente tudo soa como os originais dos anos 1960 e 1970 remixados ou remasterizados.

De modo geral, não é um lançamento dos mais úteis para fãs antigos – serve mais como um demarcador de independência, já que John oferece aos fãs as versões gravadas por ele. O complicado é entender como se comportar diante de um lançamento que reembala o material oldies e apenas isso. Acaba tendo mais graça ouvir os antigos álbuns do Creedence.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: Concord
Lançamento: 22 de agosto de 2025

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Crítica

Ouvimos: Thistle. – “It’s nice to see you, stranger” (EP)

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Thistle., da Inglaterra, une grunge e shoegaze em It’s nice to see you, stranger, EP coeso que ecoa Nirvana, Dinosaur Jr e My Bloody Valentine.

RESENHA: Thistle., da Inglaterra, une grunge e shoegaze em It’s nice to see you, stranger, EP coeso que ecoa Nirvana, Dinosaur Jr e My Bloody Valentine.

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Vindo de Northhampton, Inglaterra, o Thistle. (sim, existe um ponto após o nome do grupo) tem uma onda grunge + shoegaze séria no seu som – a ponto de, numa audição inicial, ser possível imaginar que a banda vem dos cafundós dos Estados Unidos. Num papo com a newsletter First Revival, eles citam o Nirvana como sua banda grunge favorita, e um dos integrantes diz não ter se entusiasmado especialmente com o shoegaze quando descobriu o estilo.

Um outro detalhe sobre o EP It’s nice to see you, stranger é que o grupo precisou de quase um ano para gravá-lo, já que cada integrante tem seu trabalho e ninguém pediu folgas. “Por isso é que ele é um EP, e não um álbum”, afirmam. Soa estranho descobrir isso, já que as cinco faixas do disco têm peso, coesão e emanações que vão de Nirvana e Dinosaur Jr a Idlewild e The Cure. Cobble/mind funde barulho, melodia e vocais doces, enterrados na música. A faixa-título volta aos anos 1990 e faz lembrar My Bloody Valentine e Sonic Youth. Fleur rouge abusa da beleza triste, com guitarras melódicas e passagens bem ruidosas, do meio para o fim.

No final, o Thistle. adere a um punk repleto de guitarras emparedadas e sensações turvas, em Holy hill, e faz a melhor fusão grungegaze do EP, com Wishing coin. Ouça.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Venn Records
Lançamento: 4 de julho de 2025.

  • Ouvimos: Water From Your Eyes – It’s a beautiful place
  • Ouvimos: Superchunk – Songs in the key of yikes

 

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Crítica

Ouvimos: Camaelônica – “Eletrotropical”

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Camaleônica mistura samba, rock, macumba e psicodelia em Eletrotropical, disco pesado e cheio de invocações.

RESENHA: Camaleônica mistura samba, rock, macumba e psicodelia em Eletrotropical, disco pesado e cheio de invocações.

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“Rock, macumba e samba”, trio de referências que embandeira o som do Camaleônica, pode querer dizer muita coisa – pode afirmar inclusive que a banda apenas revisita sons dos anos 1990 (Planet Hemp, Chico Science, O Rappa) e mais nada. Eletrotropical, primeiro disco de Felipe Dantas e Fernando Reis – os dois do grupo-dupla – faz qualquer ideia preconcebida cair por terra quando se percebe que a vocação do grupo é para um experimentalismo que faz tudo soar bem palpável e pesado no som deles.

A música de Felipe e Fernando soa mais como um retropicalismo pesado e turbinado, que une samba, umbanda e rock psicodélico na faixa-título, além de jazz, rock e afrosambas em Capoeira. Rola uma mescla de samba, reggae e grunge em Maravilhoso e Caprichoso. Nessa última, a percussão é forte e os tambores são tocados com raiva. E falando nisso, Língua e revolta é axé, MPB e ódio pulsando contra apagamentos históricos (“quem é você pra me dizer aqui / que eu não sou ninguém?”).

Muito de Eletrotropical são invocações – canções em que melodia, letra, percussão e indignação (e guitarras) unem-se quase numa mesma massa. No samba psicodélico e pesado de Boa noite, por exemplo, coaches, big techs e exploradores do trabalho alheio são cozidos no mesmo caldeirão a partir de raízes e histórias (“toda malandragem será perdoada/ tudo que delira, toda vadiagem”). Geral abre com vocal solitário pedindo “muita luz, saúde e axé pra geral”, e vai seguindo com tristeza herdada do blues, guitarras e percussões.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Fliperama Lab
Lançamento: 27 de junho de 2025.

  • Ouvimos: Vandal – Vidah (EP)
  • Ouvimos: Jangada Pirata – Sal de casa

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