Crítica
Ouvimos: Bedridden, “Moths strapped to each other’s back”

O site Stereogum achou o nome dessa banda do Brooklyn uma merda e deixou isso bem claro num texto recente: “Sei que a maioria dos bons nomes de bandas já foram escolhidos, mas vocês provavelmente poderiam escolher uma palavra aleatória do dicionário que seria mais empolgante do que essa. Quem quer comprar uma camiseta que diz ‘bedridden’ (acamado, em português)?”. Maldade da grossa …
Do alto de um ótimo primeiro álbum, este Moths strapped to each other’s back, Jack Riley, vocalista e guitarrista do Bedridden, não está nem aí: disse à newsletter First Revival que o nome surgiu de quando ele ficou sem ter onde morar e passou um tempo fazendo couchsurfing (enfim, na verdade ele nem sequer teve como ficar preso a cama alguma). E quanto ao som, o Bedridden traz de volta o som de grupos como o Smashing Pumpkins dos anos 1990, o Foo Fighters do começo e até bandas hoje infelizmente pouco lembradas como Heatmiser (o grupo que revelou Elliott Smith). E mistura isso tudo com o idioma do emo e do pós-hardcore.
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Moths investe em ritmos quebrados, composições ágeis, vocais tranquilos e melodias angustiadas, como em Gummy, Etch (lembrando o SP da época de Siamese dream), Chainsaw, o punk de arena Heaven’s leg e Bonehead – essa última, soando como um emo apaixonado por Soundgarden e Helmet. As guitarras são ótimas, beiram eventualmente o shoegaze, e ganham marcação cerrada com o baixo e a bateria.
Em meio a várias lembranças de como o pós-grunge realmente deveria ter sido (a tríade Mainstage, Snare e Uno é bem isso), há outros diferenciais, como em Philadelphia, get me through – com início leve e sombrio e contexto mais pós-punk do que punk, até que algo explode. E o final com Ring size, quase uma balada folk, só que em compasso ternário e tocada na guitarrra. Todo o repertório de Moths é uma explosão emocional, mas essa é a mais bonita do disco. Ouça.
Nota: 9
Gravadora: Julia’s War Recordings
Lançamento: 11 de abril de 2025.
Crítica
Ouvimos: Zara Larsson – “Midnight sun”

RESENHA: Zara Larsson lança Midnight sun, disco pop dançante e divertido, com batidões de funk, hyperpop e ecos dos anos 1990.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Sommer House/Epic
Lançamento: 26 de setembro de 2025
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Lá fora, muita gente se referiu a Midnight sun, quinto álbum da sueca Zara Larsson, como um disco “vibrante” e como uma enorme mudança em sua carreira de poucos discos (1, o primeirão, saiu em 2014). Faz sentido: em termos de (vá lá) persona pop, Zara entrega canções de pop eletrônico hipnótico com letras “de boa”. Por mais que até haja experimentações sonoras aqui e ali, o conceito parece ser apenas o de fazer música para dançar, diversão sem culpa e nada mais do que isso.
Midnight sun, aliás, tem um clima que soa mais rueiro do que propriamente noturno. Ainda que ela faça a crônica da diversão dance da Europa em Eurosummer – que na real é uma dance music barata com aquele velho riff de gaiteiro já surgido em várias outras faixas dançantes – chamam mais atenção os batidões de funk em músicas como The ambition e Hot & sexy. Essa última, por sinal, uma boa recordação da dance music dos anos 1990, com vocal rápido e beat acelerado. Blue moon e a faixa-título chamam a atenção pela felicidade pop de arena, Crush é dance music feliz – e tudo isso desce bem. Já Girl’s girl tem um beat meio latino que soa meio banal, o que acaba desvalorizando uma letra que fala sobre relacionamentos confusos e desejos mais confusos ainda.
- Ouvimos: Taylor Swift – The life of a showgirl
Um momento bem legal em Midnight sun é Pretty ugly, música na qual Zara se esforça para convencer todo mundo da sua vontade de sair pelas ruas arrumando encrenca e subindo nas mesas em festas. Mas faz isso unindo batidões herdados da house music e clima de cheerleader, algo que Gwen Stefani fazia há anos e hoje não faz mais. Puss puss, que encerra o álbum, é hyperpop para explicar para todo mundo o que é hyperpop: refrão que você tem certeza que cita alguma coisa (mas você não se recorda o que é), pop que não precisa de muito para viciar o/a ouvinte, uma verdadeira chuva de detalhes sonoros que provavelmente vão colocá-la na lista de melhores canções pop de 2025 de muita gente.
Em plena era do disco pop como manifesto conceitual, Zara Larsson decidiu fazer de Midnight sun um disco para divertir e dançar. Nem tudo dá certo nele, mas o que dá certo, dá muito certo.
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Crítica
Ouvimos: S.E.I.S.M.I.C. – “Ologism”

RESENHA: Em Ologism, o trio neozelandês S.E.I.S.M.I.C. faz stoner rock espacial que mistura Hawkwind, Sabbath, MC5 e psicodelia à la Doors.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 6 de outubro de 2025
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Banda cujo nome torna bastante difícil a tarefa de buscá-la nas plataformas digitais, o trio neozelandês S.E.I.S.M.I.C. faz um stoner rock espacial que paga tributo tanto a Hawkwind e Black Sabbath quanto a MC5. Ologism, novo álbum, abre bem rápido com a faixa-título, bem punk e curtinha – e ganha um aspecto de blues rock lascado com The demon, que vem em seguida, com alterações rítmicas em torno do estilo. M.A.C. é quase um Aerosmith + Queen espacial, com vocais bacanas e certa vibe de arena na sonoridade – sem deixar de lado o estilo comum do grupo.
Side quest, cercada por solos distorcidos e vocais bastante melódicos e sombrios, é o lado progressivo-hard do grupo, lembrando bandas como Masters Of Reality e Porcupine Tree. Sons garageiros e bastante pesados surgem em Brain rot e Magic seagull. Já Evil eye e Sands of time são invadidas por um clima psicodélico, que lembra The Doors e Steppenwolf. No final, X-ray vision retoma o corredor punk iniciado na abertura de Ologism.
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Crítica
Ouvimos: Beau Anderson – “Soundtrack of letting go” (EP)

RESENHA: Beau Anderson mistura stoner, metal alternativo e glam rock em um EP intenso, com peso, ironia e boas melodias.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 24 de outubro de 2025
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Ex-integrante de bandas como Seven Year Witch e The Twotakes , o norte-americano Beau Anderson consegue fazer uma mescla, digamos, sui generis em seu EP solo de estreia, Soundtrack of letting go. Boa parte do material une estilos como stoner rock, metal alternativo e… glam rock. A cada momento do disco um desses estilos para para a frente e os outros dois ficam como uma espécie de recado, de subtexto.
Fix it, na abertura, tem algo de stoner e de bandas como Suede no som. O clipe, excelente, mostra Beau caindo no papo de um vendedor televisivo esperto (interpretado por seu ex-colega de banda Aaron Langford) e acumula vários frascos de um cola-tudo supostamente milagroso chamado Fix It. Know by now, por sua vez, já vai para o lado do glam rock com pauleira, enquanto Standing still, aberta com um clima meio blues, meio garageiro, soa um pouco como um Audioslave menos pesado.
- Ouvimos: Bush – I beat loneliness
Dá para dizer que Beau tem em seu som muito do lado bom do Bush – e não só isso: climas lembrando Placebo e o já citado Suede vão surgindo, às vezes, em alguns segundos das faixas. As if é bem nessa onda, mas Beau tem um lado mais indie, até mais oitentista na abordagem de voz e de estrutura de composição e de arranjo – um lado, por sinal, que não deixa o som se transformar num pastiche de metal alternativo, ou algo do tipo.
Já Talk talk talk e 505 encerram Soundtrack of letting go focando em peso e guitarra, e unindo todos os elementos do disco em prol de um som intenso, com letras sufocantes (além da doideira de Fix it, Beau fala de morte, amores cagados, dores de cabeça do dia a dia, etc).
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