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Crítica

Ouvimos: 9-Volt Velvet, “Nude beaches”

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Ouvimos: 9-Volt Velvet, "Nude beaches"
  • Nude beaches é o primeiro álbum da banda texana 9-Volt Velvet, formada por Mark Cross (vocal, guitarra, baixo, teclado, percussão), Donnie Robertson (bateria, percussão, teclado) e Kevin Robinson (guitarra, baixo, teclado, vocal). O álbum foi gravado numa imersão de três semanas num estúdio em Dallas.
  • A banda tem influências assumidas de grupos como The Cure, Sonic Youth, Swervedriver, The Jesus & Mary Chain, DIIV e The Velvet Underground. O repertório do disco tem até uma regravação do Jesus, Blues from a gun (lançada originalmente no disco Automatic, de 1989).
  • O disco sai junto com um single de vinil de tiragem limitada com Riptide no lado A e Hey candy no lado B.

O 9-Volt Velvet trabalha numa área parecida com a do Jesus and Mary Chain e a do Black Rebel Motorcycle Club – referências mais encontráveis no som deles. Além de uma coisa ou outra ligada a uma matriz comum das bandas mais incômodas do mundo, o Velvet Underground (note o nome do grupo).

Não chega a ser uma banda das mais originais, mas diverte: as canções são ruidosas, sussurradas (muitas vezes mal dá para entender as letras) e a sonoridade varia entre shoegaze, surf music e pós-punk. Músicas como Tropicalia, Riptide e Brainwaves abrem com distorções e microfonias. No caso da segunda, vem na sequência um riff de baixo lembrando Joy Division e Gang Of Four – o uso ágil do instrumento, como no rock de Manchester dos anos 1970/1980, marca basicamente todo o álbum.

Na versão do disco que foi para o Bandcamp do grupo, surge Blues from a gun, música de 1989 do Jesus and Mary Chain, em duas releituras: uma delas mais ruidosa, a outra mais tranquila. O repertório autoral do grupo, por sua vez, soa como uma ida noturna e chapada à praia, em canções como Hurricane brain, a já citada Riptide e Floating away, canções mais tranquilas como Storm (Where’s my sunny day) e sons rápidos com cara punk, como Beach ball e Blood sugar rush. A curiosidade é o tom quase metaleiro, lembrando Black Sabbath, de Hey candy.

Nota: 7,5
Gravadora: Shore Dive Records

Crítica

Ouvimos: Morcheeba – “Escape the chaos”

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Ouvimos: Morcheeba - "Escape the chaos"

RESENHA: Morcheeba retorna com Escape the chaos, disco que traz de volta a mistura de trip hop, soul, psicodelia e climas escapistas – sempre de olho no relaxamento do/da ouvinte.

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O Morcheeba já foi sinônimo de trip hop numa época em que o estilo ainda era novidade e não era usado como recurso por um número considerável de artistas do universo pop. Também foi uma das maiores responsáveis pela presença na imprensa musical brasileira do termo chill out, aquela coisa da música escapista, feita com valores bem diferentes do pop normal – com referências de hip hop, blues, psicodelia e coisas mais ou menos análogas.

Dá para dizer, sendo assim, que Escape the chaos, seu décimo-primeiro álbum – e terceiro disco depois que a banda virou uma dupla formada pela cantora Skye Edwards e o multi-instrumentista Ross Godfrey – é auto-explicativo. E é verdade: basicamente o Morcheeba volta fazendo altos investimentos na fórmula que consagrou a banda, em faixas como Call for love, a balada Far we come, o quase blues rock Elephant clouds, e a sexy Bleeding out. Além de Peace of me (com rap de Oscar Worldpeace e clima próximo do ambient) e do eletrorock We live and die, que chega a lembrar um pouco as guinadas pop do U2 nos anos 1990.

O Morcheeba chega a lembrar um pouco o soul brasleiro setentista na psicodélica Pareidolia, surge com uma balada em vibe britânica e sixties (Molten) e mostra uma faceta meio Joni Mitchell/meio bossa nova em Dead to me e na faixa-título. A ideia de Skye – cuja voz continua no mesmo tom tranquilo e aveludado – e Ross provavelmente foi fazer de Escape the chaos um momento de tranquilidade para antigos fãs. Conseguiram.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: 100%
Lançamento: 23 de maio de 2025.

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Ouvimos: Lido Pimienta – “La belleza”

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Ouvimos: Lido Pimienta - "La belleza"

RESENHA: Em La belleza, Lido Pimienta troca o pop por um réquiem visual e orquestral, com ares de cinema, teatro e paisagens sonoras latinas.

Ouvido hoje, Miss Colombia, disco de 2020 da cantora colombiana Lido Pimienta, já parecia revelar discretamente a sonoridade de La belleza, seu quarto álbum. As relações com o synthpop e o pop latino foram deixadas de lado em prol de uma sonoridade que é praticamente música clássica, cinema, teatro, elegia. Ao lado do produtor Owen Pallett, ela criou uma obra que soa como um réquiem sombrio e montanhês, com participações da Orquestra Filarmônica de Medellín e diversas intervenções percussivas e vocais.

Entre corais gregorianos e vibes cerimoniais, o disco se equilibra como uma espécie de obra “visual” – mas um visual que dispensa até mesmo um complemento de filme, ou de vídeo, porque são passagens musicais que ativam a imaginação do ouvinte. Como acontece no instrumental lírico e latino de Overturn, na cerimônia narrada de Ahora e no clima de topo de montanha de Quero que me beses, onde cordas e oboé sobrevoam como se sonorizassem uma paisagem coberta de poeira. Ares desérticos, com percussão arábica, tomam conta de El denbow del tiempo, e climas orientais surgem em Mango.

La belleza ganha ares de despedida conforme vai chegando perto do fim – destacando o clima cigano de Aun te quiero, a tristeza contida de Tengo que ir e a canção de guerra Busca la luz (“qué viva el Caribe / qué viva el Caribe /libre!”). Um disco curto, belo e que soa como uma só faixa, repleta de progressões.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Anti
Lançamento: 16 de maio de 2025.

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Ouvimos: Manco Capac – “Bom jantar” (EP)

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Ouvimos: Manco Capac - "Bom jantar" (EP)

RESENHA: Manco Capac mistura Beach Boys, psicodelia, climas progressivos e até doo wop em EP cheio de camadas.

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Essa banda carioca tem algo de Beach Boys, de Beatles, de psicodelia, de krautrock, e até de antigas trilhas de filmes – tudo ali junto e misturado, e dando a eles uma sonoridade bem diferente, o tipo da coisa que você escuta e já imagina a trabalheira para criar em estúdio.

Bom jantar, EP do Manco Capac – formado por Ricardo Lannes (vocais, guitarra, efeitos), Carlos Renan (vocais, mixagem ao vivo, efeitos, percussões de mão) e João Diégues (vocais, sampler, guitarra) – apresenta ainda inusitadas referências de doo wop na faixa-título, que encerra o disco. E surgem também por toda parte elementos do começo do rock progressivo – que parecem vir de uma época em que o estilo era mais zoeiro e livre (Moody Blues, Gilles, Gilles & Fripp, o início do Pink Floyd).

Curto (apenas três faixas, onze minutos), Bom jantar abre com a meditativa Entranhas, que soa como música de cinema, com musicalidade marítima e visual, repleta de efeitos especiais. Já Montanhas pt.2 é música atmosférica, feita para soar como se viesse do alto. Confira em disco e ao vivo – neste sábado (14), às 19h eles vão se apresentar ao lado da banda Pic-Nic e fazer um set acústico na Livaria Baratos da Ribeiro, em Botafogo (Rio).

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Independente
Lançamento: 23 de dezembro de 2024.

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