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Entrevista: Zak Tell (Clawfinger) fala sobre a história da banda, sucessos e polêmicas

A banda sueca Clawfinger é conhecida por suas letras diretas e ácidas, por sua sonoridade intensa e, principalmente, por ser uma das precursoras da fusão entre rap e metal. Formado em 1989 por quatro amigos com gostos musicais completamente distintos que trabalhavam em um hospital psiquiátrico em Estocolmo, lançaram seu álbum de estreia Deaf dumb blind em 1993, um estrondoso sucesso que tocou sem parar na MTV do mundo todo (inclusive daqui do Brasil) e colocou a banda de vez no mapa internacional.
Suas performances ao vivo são conhecidas por serem intensas e cheias de energia e, quem presenciou seus shows em São Paulo e no Rio de Janeiro no distante ano de 1995, há de concordar: O Clawfinger foi umas das primeiras bandas a tocar no festival Monsters of Rock e, mesmo encarando uma plateia de milhares de headbangers ávidos por Ozzy Osbourne, não se intimidaram e puseram todos para pular. Nesta entrevista exclusiva, o vocalista Zak Tell fala sobre sua trajetória, sucessos e suas experiências ao longo dos anos e também das várias polêmicas que os acompanham. Enjoy!
Primeiramente gostaria de dizer que vi o show do Clawfinger no Rio de Janeiro em 1995 e gostei muito. Que lembranças você tem dessa turnê no Brasil? Alguma chance de vermos vocês aqui de novo?
Nada além de boas lembranças, éramos um bando de jovens escandinavos que tiveram a chance de viajar para a América do Sul e tocar com alguns dos maiores nomes do hard rock e metal, então ficamos emocionados. Ficamos por aí por quase duas semanas e fizemos quatro shows de 30 minutos, então a gente teve tempo de sobra pra se divertir. Foi uma época louca, muito exótica para nós e uma experiência única na vida.
Nós pudemos conhecer os caras do Faith No More, Therapy?, Paradise Lost, Megadeth etc, sair, beber cerveja, ir a clubes e restaurantes, ver os pontos turísticos e fazer shows para grandes multidões de metalheads totalmente loucos da América do Sul, foi demais! As chances de nos encontrarmos novamente são mínimas e há algumas razões para isso. A primeira é que eu não acho que nossa base de fãs é grande o suficiente, o que significa que provavelmente não há nenhum promotor disposto a correr o risco de pagar todas as despesas da turnê para podermos ir até lá. Ainda assim, com isso dito, você NUNCA sabe, eu adoraria ir lá novamente, eu realmente adoraria!
O Clawfinger no começo era uma banda difícil de rotular, devido às várias influências musicais, mas com o tempo vocês se tornaram uma grande influência para várias bandas de nu metal. Como você vê isso?
Acho que ainda somos difíceis de rotular, nem mesmo nós sabemos exatamente o que somos ou como se chama a música que tocamos. Apenas gostamos de uma grande variedade de música, gostamos da forma como soamos e não sabemos fazer de outra forma, é isso que fazemos simplesmente porque somos as pessoas que somos e temos as influências que temos. Se outras bandas foram ou não influenciadas por nós, não faço ideia, mas talvez tenhamos e, se sim, isso é ótimo, é claro!
Mesmo sendo claramente contra o preconceito, várias de suas canções, como N* e The faggot in you foram mal interpretadas na época em que foram lançadas (NOTA: N* é a abreviatura de um termo em inglês para se referir de forma pejorativa aos afrodescendentes e faggot é um termo grosseiro para se referir a homossexuais e à comunidade LGBTQIA+ em geral). Você ainda tem problemas com essas músicas? Acha que seria possível gravá-las hoje em dia?
Algumas pessoas escolheram nos interpretar mal, mas no geral eu acho que a maioria das pessoas entendeu a mensagem. Era uma época muito diferente, não havia redes sociais, recebíamos nossas notícias nos jornais e na televisão e, embora as pessoas tivessem consciência política, ainda não havia uma cultura acordada. Era uma época mais simples de várias maneiras, mesmo que nada fosse realmente simples.
Hoje em dia optamos por não tocar mais N* nos shows, os tempos mudam e não vemos sentido em não mudar com eles também. O que nos daria o direito de continuar tocando a música quando o resto do mundo está se adaptando, não usando a palavra e está em muitos aspectos mais consciente do que costumava ser? Certamente é uma discussão complicada, pode-se argumentar que palavras são apenas palavras e que a música é de fato antirracista, mas a discussão é mais complexa do que isso, portanto temos que aceitar os fatos, sermos humildes e respeitarmos. Não temos vergonha disso e nenhuma desculpa precisa ser feita no que me diz respeito, sabemos o que defendemos. Mas sentimos que a música não se encaixa bem no clima de hoje e, para ser honesto, sempre foi uma aposta arriscada.
Temos sete discos lançados, então realmente não é um problema para nós. Estamos orgulhosos da música, mas há hora e lugar para tudo, e agora não é o lugar nem a hora! Quanto a The faggot in you, bem, nunca tivemos problemas com essa música e a letra não é tão carregada quanto N*. Poderíamos ter gravado essas músicas hoje, com certeza, mas elas teriam sido recebidas de maneira muito diferente e teria sido muito mais problemático, provavelmente, embora a intenção claramente não fosse essa!
Por falar na música N*, tem um vídeo no Youtube onde um rapaz afro-americano ouve a canção e no final se diz ofendido porque “garotos brancos estão tentando dizer aos negros o que eles devem achar certo ou errado”. Qual é a sua opinião sobre isso?
Você está falando sobre Vin e Sori. Eu vi o vídeo e achei que tocou em vários pontos realmente pertinentes, temos que respeitar o fato de que não viemos de um histórico que nos dá o direito de decidir o que é certo ou errado quando se trata desse tópico, mesmo que tenhamos liberdade de expressão para tal. Na verdade, eu os respondi, escrevi um comentário lá para eles. Acho que provavelmente é mais fácil se eu copiar aqui o que escrevi para eles, fique à vontade pra compartilhar (veja no fim do texto)
Mesmo fazendo shows, você não lançam disco novo desde 2007. Por quê? Há alguma chance de ouvir novas músicas em breve?
Bem, nós lançamos singles em 2018, 2019 e 2022, então música nova já rolou. No momento temos algumas novas músicas sendo feitas, mas lançar um LP não está nos nossos planos. Isso não quer dizer que nunca haverá um, mas recomendo às pessoas que não fiquem ansiosas por isso. Antigamente, a música era nosso trabalho em tempo integral e mesmo assim às vezes era difícil encontrar tempo e inspiração para fazer um álbum, hoje em dia vários de nós temos outros empregos em tempo integral, e alguns de nós moramos em outras cidades e países, o que torna tudo ainda mais difícil.
E outra, fazer um álbum hoje em dia não é o mesmo que costumava ser, é uma forma antiquada de consumir música com a qual nem todos se identificam mais. Além disso, não fazemos mais parte do jogo de negócios da música e, portanto, não precisamos seguir as velhas regras. Sempre que tivermos uma música que acharmos boa o suficiente, nós a lançaremos, simples assim.
O que você sabe sobre música brasileira (Sepultura não conta!)?
Não muito, exceto pela típica música instrumental, como a salsa, a bossa nova, a batucada do samba no carnaval e coisas assim. O problema é que, para mim, as letras são uma GRANDE parte da experiência que é ouvir uma música, então, quando não consigo entender o que está sendo dito, perco o interesse rapidamente na maioria das vezes. Ah, e sim, eu amo o Sepultura!
Zak, ouvi dizer que agora, quando não está em turnê, você trabalha em uma escola. Como conciliar coisas tão diferentes?
São apenas dois trabalhos diferentes em duas realidades diferentes, qual eu gosto mais? Música, é claro, mas ter os dois me faz apreciá-lo ainda mais. 30 anos depois, ainda tenho a sorte de bancar o rockstar de vez em quando, o que é um luxo que a maioria das pessoas não tem em suas vidas profissionais. Sim, às vezes eu posso estar cansado depois de um longo fim de semana fazendo shows e pode ser difícil de repente levantar às 06:50 de uma segunda-feira e pegar o metrô para trabalhar das 9 às 5, mas vale TOTALMENTE o sacrifício. Até hoje, tocar no palco com Clawfinger é o maior prazer que já experimentei e não mudaria isso por nada no mundo. E agora é mais divertido do que nunca!
Quais foram as coisas mais engraçadas e loucas que aconteceram durante todo esse tempo em turnê?
Nos 30 anos que tivemos até agora, houve tantas que é difícil até tentar escolher uma situação específica. Mas lembro que certa vez tocamos em um clube nos arredores de Venice e brigamos feio pouco antes do show, o que foi uma péssima ideia; todos nós subimos no palco com raiva e frustrados. Eu pulei o mais forte que pude para tentar quebrar o chão do palco e de repente consegui quebrá-lo e fiquei só com a cabeça aparecendo. Nesse ínterim, nosso guitarrista Bård matou uma garrafa de uísque e ficou completamente bêbado. Os outros integrantes ficaram tão constrangidos que destruíram os instrumentos e saíram do palco. O que aprendemos? Nunca ter discussões antes da hora do show!
Na sua opinião, quanta força tem a música? Até que ponto ela é capaz de mudar a vida das pessoas ou da sociedade?
A música tem um poder incrível, muito além do que nós às vezes percebemos. Se você olhar além da programação sem cerébro das rádios com as quais somos constantemente alimentados à força, há muita música poderosa e muito o que pensar, independentemente do tipo de música que você possa gostar. A música tem a capacidade de mudar a forma como as pessoas pensam, a capacidade de nos fazer chorar, rir e nos emocionar profundamente. Acho que somos particularmente receptivos na adolescência e no início dos 20 anos. Sim, no final das contas, nós, como indivíduos, temos que tomar as decisões que mudam a vida, mas definitivamente acho que a música pode ser o catalisador que nos leva a fazer essas mudanças.
Deixe uma mensagem final para todos os fãs brasileiros.
Não sou muito bom com mensagens motivacionais, portanto direi apenas que sou grato por todos os fãs que temos ao redor do mundo e por ainda estarmos aí tocando música 30 anos após o lançamento do nosso álbum de estreia, então obrigado a todos por esse suporte, vocês são legais pra caralho! Continuem sendo boas pessoas e sendo vocês mesmos, muito amor e respeito de todos nós do Clawfinger!
E essa é a resposta de Zak Tell para os autores daquele vídeo que você leu lá em cima
Só vim aqui para dar um alô e agradecer. Obrigado Vin e Sori por tentar entender de onde viemos, em vez de apenas nos criticar por causa do título das músicas, isso teria sido muito mais fácil. Escrevi a letra há 30 anos, quando era um jovem prestes a completar 21 anos. É uma droga, fui ingênuo e tentei morder mais do que podia mastigar, mas foi honesto e de coração, minha intenção nunca foi ser provocativo apenas para causar rebuliço ou ferir os sentimentos de alguém. Na verdade, eu concordo com você em relação ao primeiro verso, mesmo sabendo que em minha mente eu estava, mais do que qualquer coisa, fazendo um questionamento.
Soou maniqueísta e parece que estou tentando fazer uma declaração sobre algo sobre o qual não sei quase nada. Tentar encaixar um tópico tão complicado no formato de uma música de três minutos e meio é uma tarefa quase impossível para começar e eu me lembro de estar preocupado, pois reduzimos a faixa e removemos algumas linhas, tornando a letra um pouco menos clara em alguns lugares. De qualquer forma, é claro que nunca vou conseguir entender a complexidade da questão sendo um sueco rosado, mas, novamente, nunca afirmei que entendi de fato. Eu abordei o assunto de um ponto de vista pessoal, muito baseado no meu amor pelo movimento hip-hop, a era de ouro do rap e do Public Enemy em particular, a surra de Rodney King sendo o fator de ignição para a existência do letra em questão, essa merda honestamente me fez chorar.
Eu não sei se teria escrito da mesma maneira hoje, provavelmente não, então estou meio feliz por ter escrito naquela época. É estranho, foi infeliz, mas foi um pensamento honesto, ingênuo e sem filtro de um jovem que não sabia muito, mas tinha muito a dizer. Ainda tocamos a música, sim, porque não moramos nos EUA, nossos fãs sabem quem somos e a maioria deles nos segue desde o início dos anos 90; se estivéssemos tocando para novos ouvidos e fora do contexto, imagino que o reação seria muito diferente. Quanto a todos os comentários sobre sermos ‘politicamente corretos’ e ‘de esquerda’, bem, essas são suas palavras, mas se se preocupar com as pessoas e querer mudança e igualdade para todos faz de você um comunista, então acho que sou um, mesmo que seja apenas um nome. Nunca usei para mim. Por último, mas não menos importante, para todos os ‘odiadores’: se você não gosta da nossa música, você realmente não precisa ouvi-la; há muita música por aí, então vá e encontre a que te apetece, boa sorte!”
(Convém ressaltar que na época que os respondi, a banda ainda não havia optado por deixar de tocar a música!)
Lançamentos
Radar: Ain’t, Girlband!, Cuasi Maleable, Real Farmer, Love Ghost, Georgian, Victoria Staff

Temos novidades nesse feriado: o Radar internacional do Pop Fantasma não descansa, e enquanto você dá um tempo na loucura do dia a dia (fazemos votos de que você tenha conseguido fazer isso) tem sons de bandas como Ain’t, Georgian, Girlband! e muito mais. Ouça no volume máximo.
Texto: Ricardo Schott – Foto Ain’t: Divulgação
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AIN’T, “JUDE”. Banda do Sul de Londres, o Ain’t já havia lançado Pirouette em maio, e vem agora com Jude. O grupo flerta simultaneamente com o pós-punk e o grunge (ou seja: se você é fã de Pixies e Smashing Pumpkins, vai curtir), e faz lembrar os anos 1990, alternando tensão e suavidade.
Hanna Baker Darch, vocalista de voz poderosa, lembra que George Ellerby, o guitarrista do grupo, fez o riff principal e deu o nome à canção, “o que me lembrou de um pub chamado Jude the Obscure, onde fui com um amigo da universidade”. A letra tem versos como “seu sádico desgraçado / num amor pastoral / talvez você devesse ser / não tão obscuro”.
GEORGIAN, “LEARNING TO FORGET”. O tema do novo single do Georgian é aprender a lidar com o que sobra de um relacionamento que chegou ao fim – as tristezas, lembranças, coisas do tipo, além de todo o processo de superação que alguém tem que passar depois de tudo.
“Mesmo que você não queira as memórias e pequenas lembranças daquela pessoa, elas ainda acontecem”, conta Georgia McKiernan, que lidera a banda. O som é rock sombrio e mágico, com referências tanto de pós-punk quanto do folk. Já o clipe da faixa mostra a vida passando por Georgia, enquanto a tristeza da cantora do Georgian rola sem limites. Todo o vídeo foi rodado em Manchester, terra da banda.
GIRLBAND!, “HOT LOVE” / “TALK ME DOWN”. Ainda sem álbuns lançados (por enquanto…) o excelente trio britânico Girlband! gosta de surpreender – e de fuçar nas nostalgias dos anos 1980 e 1990, mas com tino pop próprio de 2025. Duas pérolas do trio formado por Georgie, Jada and Kay já estão nas plataformas. A mais recente é uma ótima versão de Hot love, do T. Rex, A anterior é Talk me down, single autoral, bastante pessoal e profundo, abordando saúde mental. “É de fato uma situação da vida real que aconteceu comigo e eu não consegui escrever sobre isso até anos depois”, conta Georgie. A melodia e o arranjo invadem a pequena área da new wave oitentista, com beleza e agilidade.
CUASI MALEABLE, “AGRIA PLEGARIA”. “Uma canção escura e etérea, com sintetizadores espaçosos, guitarras e uma letra que se move entre o desejo, o desgaste e a repetição”, diz o Cuasi Maleable, projeto-de-um-homem-só vindo da Argentina, sobre Agria plegaria. Uma canção que vai em câmera lenta e em tom quase espacial. E que em meio a vocais graves, e a toques de canção gótica, pergunta “você poderia me amar mais?”. As referências vão de Portishead ao argentino Gustavo Cerati, e a música “não é para agradar, é para conectar”.
REAL FARMER, “HARD TIMES”. Esses pós-punks holandeses aceleram o passo no EP RF II, e Hard times talvez seja o maior soco desse novo pacote: uma faixa urgente, raivosa e barulhenta na medida certa, com dois minutos de mensagem direta para quem já perdeu a fé no mundo (ou nunca teve). A batida torta parece saía de um porão suado em Rotterdam, e o clima é de caos controlado — punk afiado, ríspido, sem descuidar da forma. A banda segue a linha do disco anterior, Compare what’s there, mas agora com ainda mais ironia e sangue nos olhos.
LOVE GHOST feat SKINNER BROTHERS, “SCRAPBOOK”. Colaboração entre o LG e os Skinner Brothers, essa faixa leva o som do projeto liderado pelo músico Finnegan Bell para uma onda completamente emo – conectando, como diz o texto de lançamento, “as diferentes histórias e eventos da vida dos últimos anos – decepções e recomeços, vitórias e derrotas”. O Love Ghost já havia aparecido outras vezes aqui, mas dessa vez soa como sempre deveria ter soado.
VICTORIA STAFF, “I STILL THINK YOU MIGHT”. “Aprendi na universidade que, desde 1960, dois terços das músicas populares são sobre amor romântico, e 75% delas são tristes. Esta foi a única vez que usei meu diploma em neurociência desde que o obtive”, conta Victoria Staff, uma cantora de Toronto, Canadá, que acaba de lançar o single I still think you might. Uma canção simpática, meio folk, meio indie-pop, mas melancólica, que fala sobre um amor que acabou, e mesmo assim se recusa a desaparecer por completo. “É sobre como os relacionamentos são difíceis”, diz.
Notícias
Urgente!: As novas de Bar Italia, The Dirty Nil, Wednesday e The Hives – e Rockarioca

RESUMO: Bar italia lança Cowbella, com clipe doidão e turnê. The Dirty Nil ironiza a indústria no single Rock and roll band. Wednesday anuncia álbum Bleeds com single de tema sombrio. The Hives lança clipe em clima de HQ. Quinta (18) tem Rockarioca com Micah e Cidade Partida na Lapa.
Texto: Ricardo Schott – Foto Bar Italia: Bandcamp
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Depois de um tempo no silêncio, o Bar italia ressurge com Cowbella – música nova, clipe insano e anúncio de turnê pela Europa e América do Norte entre outubro e novembro. A faixa é a primeira desde o EP The tw*ts (2024) e traz o trio Nina Cristante, Jezmi Tarik Fehmi e Sam Fenton revezando nos vocais sobre uma base que soa como um encontro esquisito entre a agilidade do The Cars, o experimentalismo do Television e emanações do grunge.
O clipe da faixa, igualmente recém-lançado, parece uma doideira coletiva filmada de perto, com vários figurantes. Tudo isso enquanto a banda segue testando caminhos ao vivo…
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“Alguém mais está ficando rico / menos você”, avisa o The Dirty Nil em seu novo single, o pop-punk-grunge Rock and roll band – mais uma música que anuncia o álbum The lash, que sai dia 25 de julho. A letra da canção é bem irônica e serve como um aviso para novos músicos – ainda mais nesses tempos de plataformas digitais embolsando grana. Mas o vocalista Luke Bentham diz que mesmo com as perdas do dia a dia, ter feito essa canção lhe trouxe muitas alegrias.
“Não me lembro qual aspecto específico da indústria me irritou naquele dia, mas eu estava tão empolgado. Toquei a música inteira em 30 minutos e me senti melhor na hora”, conta. Apesar de estar saindo só agora, foi a primeira faixa composta para o álbum.
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A banda norte-americana de indie rock Wednesday anuncia o disco novo, Bleeds, para 19 de setembro, pela Dead Oceans. O disco, produzido por Alex Farrar (Indigo De Souza) em seu estúdio Drop of Sun (Asheville), traz na formação do grupo o quinteto Karly Hartzman (voz), Xandy Chelmis (lap steel, pedal steel), Alan Miller (bateria), Ethan Baechtold (baixo, piano) e Jake Lenderman (guitarra) – embora este último não esteja mais saindo em turnê com a banda.
No novo single, Wound up here (by holdin on), a banda embarca num indie rock denso e ruidoso, com guitarras afiadas e medidas. O título da faixa veio de um livro de poesias de um amigo de Karly – já a letra nasceu de um relato pesado de outro amigo, “que teve que tirar um corpo de um riacho na Virgínia Ocidental. Alguém se afogou, mas levou dias pra emergir por causa da correnteza”, diz ela. A faixa já tem clipe, dirigido por Joriel Cura.
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Tem disco novo dos Hives, The Hives Forever Forever The Hives, vindo aí – sai dia 29 de agosto via Play It Again Sam. E a banda decidiu abordar um tema bem louco em sua nova música, Paint a picture, que já ganhou até clipe em estilo HQ dirigido por Filip Nilsson e Henry Moore Selder. “É uma música sobre tentar convencer os outros, e a si mesmo, de que viver fora da sociedade é uma boa ideia. Esta faixa já era favorita dos fãs há tempos, entre os poucos sortudos que a ouviram nos shows”, comentou o grupo.
Paint a picture é um baita peso punk, aliás – os fãs já devem estar adorando. Em 2023, resenhamos o disco mais recente deles, The death of Randy Fitzsimmons.
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O amigo Pedro Serra, do coletivo Rockarioca, avisa que nessa quinta (19) vai rolar a 22ª edição do evento Rockarioca Convida, no La Esquina (Av Mem de Sá, 61, Lapa – Rio de Janeiro). E dessa vez, a Zona Oeste carioca vai estar no centro do palco: a cantora Micah, de Sepetiba, abre a noite comemorando sete anos de carreira e unindo MPB, psicodelia e rock setentista. Logo depois, vem o octeto Cidade Partida, de Campo Grande, com um som que mistura rock, cultura afro-brasileira e crítica social.
Micah toca às 20h30 e a Cidade às 21h30. A casa abre às 19h30 e depois dos dois shows, tem festa. Ingressos entre R$ 20 e R$ 40. E se você não conhece o som deles, a gente te ajuda.
Lançamentos
Radar: Memórias de Ontem, Applegate, 43duo, Almério, Pedro Bienemann, Dani Vallejo, Black Pantera

Antes do feriadão, tá aí uma lista para você fazer sua próxima playlist e conhecer o que uma turma nova anda fazendo – começando com o pós-punk do Memórias de Ontem, passando pelo som novo e hipnótico do Applegate, pela psicodelia do 43duo… Ponha no som do carro para os amigos ouvirem.
Texto: Ricardo Schott – Foto Memórias de Ontem: Divulgação.
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MEMÓRIAS DE ONTEM, “QUASE LÁ”. Essa banda mineira é rock triste feito em família – ou melhor, em famílias. O vocalista e guitarrista Gabriel Campos é irmão gêmeo da cantora e compositora Clara Bicho, que recentemente lançou o EP Cores da TV (resenhado pela gente aqui). No Memórias de Ontem, ele tem a companhia das irmãs gêmeas Camila Nolasco (baixo) e Alice Eskinazi (bateria).
O Memórias de Ontem que prepara um álbum de estreia para este ano, lançou recentemente o clipe da faixa Quase lá, uma canção que tem muito do indie rock britânico dos anos 1980 – mas que aponta levemente para estilos como grunge e metal em algumas passagens. Já a letra fala sobre aquela vibe de tentativa-e-erro que faz parte da idade adulta (“a gente ate tentou, mas / hoje não vai dar / enquanto eu não parar / a gente chega quase lá”, diz a letra).
APPLEGATE feat MARIA CLARA, “DESTEMPERADA”. A vibe da nova música da banda paulistana é um pouco diferente. O Applegate já tangenciou estilos como post rock em gravações anteriores, mas dessa vez tem uma onda bem trip hop no som do grupo – que pela primeira vez fez um feat, com a cantora Maria Clara Melchioretto, autora da letra de Destemperada.
A faixa nova do Applegate com Maria Clara surge a partir do projeto Atalhos Sonoros, uma iniciativa da Tratore que estabelece vínculos entre artistas de seu catálogo, artistas locais em ascensão e as Fábricas de Cultura do estado de São Paulo. A gravação de Destemperada rolou entre 20 e 22 de agosto de 2024 no estúdio da Fábrica de Cultura de Diadema (SP).
43DUO, “SAL E SINA”. Com clima marcial herdado do pós-punk, guitarra de surf music e um toque de ritmos brasileiros nos vocais e arranjos, Sal e sina é uma das faixas de Sã verdade, disco do 43duo, que já está nas plataformas. Composta como um indie rock psicodélico de código aberto, a faixa cresce em camadas, com efeitos e variações rítmicas que ecoam shows onde a música já era destaque antes mesmo de ser gravada. A letra, por sua vez, reflete aquela eterna busca humana pelo inalcançável – um assunto que todo mundo vive diariamente, e que foi colocado em forma de música e psicodelia por Luana Santana (bateria, teclados e voz) e Hugo Ubaldo (guitarra e voz), os dois do 43duo.
ALMÉRIO, “TUDO QUE É MAIS LINDO”. É MPB, com delicadeza e romantismo, mas tem emanações de Wild horses, clássico setentista dos Rolling Stones, marcado pelo clima de blues estradeiro, e por violões ligados ao country. Tudo que é mais lindo, faixa nova de Almério, tem cordas arranjadas pelo maestro Isaias Alexandre, convidado para unir “delicadeza e impacto, leveza e emoção”, conta Almério.
E de fato, o arranjo de orquestra ajudou a gerar uma canção de tirar o fôlego. “Cantar a simplicidade do amor é algo que me emociona, dizer que no meio desse caos, dessas cidades imensamente desordenadas, tem alguém pensando em você com carinho”, completa Almério.
PEDRO BIENEMANN, “NÃO TE FALTA NADA”. “É uma canção que brinca com a MPB clássica, o pop, o rock e a psicodelia, gêneros que eu exploro bastante neste novo trabalho”, diz Pedro, explicando ele próprio o som de seu novo single, Não te falta nada. E nós completamos: se você é fã de Luiz Melodia, Gal Costa, Sergio Sampaio… pode ouvir no volume máximo.
Trabalhando na junção de blues, rock, música brasileira e arranque existencial, Pedro faz a trilha sonora desses tempos de algoritmos, estímulos em excesso e positividade tóxica. O cantor e compositor, integrante do duo 131 (Lumanzin, parceira de dupla, faz os arranjos de cordas) lança em breve o álbum Ondas de choque e calor.
DANI VALLEJO, “ACABOU O CARISMA”. Sabe aquele momento em que a gente percebe que uma relação não vale o esforço que a gente deposita nela? Acontece com namoros, casamentos, amizades, e até com empregos. E é disso que fala a nova faixa de Dani Vallejo, que traz emanações de funk, rock e até da onda hyperpop.
“Muitas vezes me vi me doando e sendo tudo que a pessoa queria que eu fosse, só para mantê-la por perto, aceitando obrigações e exigências apenas para agradar. Um sentimento de que se eu não fizesse iria perder aquela pessoa, que eu considerava muito”, conta Dani. “Mas se te exige e te obriga, deixa ir. Na maioria das vezes é livramento”.
BLACK PANTERA, “UNFUCK THIS”. Em meio a shows internacionais, o Black Pantera, sempre com uma surpresa na manga para os fãs, solta Unfuck this, novo single com peso e urgência. A faixa, em inglês, cai dentro da onda punk + hardcore (que já é um som conhecido do grupo) e bate de frente com o apagamento das raízes negras do rock. É grito, denúncia e resistência em forma de riff. A música chega com cara de hino de turnê — e de recado direto ao mundo.
Detalhe: o grupo toca hoje (hoje!) e amanhã na França – a primeira noite no Leoff, “esquenta” gratuito do Hellfest, e a última no próprio Hellfest. Depois, fazem as malas e partem pro Rock Al Parque, em Bogotá, na Colômbia, onde tocam no sábado (21). “Para nós é um sonho estar nesses festivais, um passo muito importante para a banda. Fizemos um contato com eles oito anos atrás, quando estivemos na França pela primeira vez, e agora vamos tocar no mesmo dia do Korn, uma das nossas grandes referências”, comenta o baixista e vocalista Chaene da Gama.
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