Cultura Pop
Cut The Crap, o pior disco do Clash, reimaginado

É possível que, em algum momento, os fãs do Clash sejam obrigados a reavaliar o último disco da banda, Cut the crap (1985). Certo?
Não, errado: Cut the crap é uma bosta mesmo. Se você acha exagerado que alguém espume de ódio e tenha vontade de dar socos na parede de raiva ao ouvir uma música, faça o seguinte: pesquise toda a obra do Clash, deixe Cut the crap para ouvir por último e dê uma escutada em Dictator, a primeira faixa.
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As intenções de Joe Strummer (então único líder do grupo) podem ter sido as melhores possíveis ao criticar a política armamentista dos Estados Unidos nessa letra. Mas musicalmente, Dictator é uma gozolândia de confusão. E mostra bem o que viria nas próximas músicas. Isso porque Cut the crap tem mixagem medonha, guitarras horrorosas, melodias sem pé nem cabeça, batidas eletrônicas “modernas”, backing vocals no estilo “grito de torcida” (viraram moda no hardcore, mas ficaram horríveis no Clash). Claro, havia a originalidade das primeiras incursões de hip hop no punk, presentes no disco. Mas o disco é musicalmente troncho.
Cut the crap foi feito após a saída do co-líder Mick Jones, a entrada de novos músicos e a transformação do Clash em quinteto. Bernie Rhodes, produtor do Clash, fez todo o material ao lado de Strummer. Mas de fato, não era a melhor safra do músico. E o relacionamento com o produtor foi uma guerra de nervos.
Rhodes, que sequer sabia como se comunicar direito com os músicos, meteu vários sintetizadores no disco. Aliás, em quase todas as faixas, sequer há contribuições dos integrantes do Clash. O baixista Paul Simonon, que ainda era integrante da banda por aqueles tempos, aparece apenas em Do it now e mais poucas outras. O disco foi um fiasco e o projeto original de Strummer, de trazer de volta um Clash mais voltado às raízes punk, deu chabu.
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E a novidade é que um músico alemão chamado Gerald Manns, baixista e cantor da banda Mutant Proof, decidiu fazer um trabalho de total recriação de Cut the crap e recolocá-lo no YouTube, com a ideia de refazê-lo como se fosse um disco bom do Clash, das antigas. Como o disco foi todo gravado em Munique, Gerald ficava esperando que algum amigo técnico de som conseguisse gravações piratas dele, com os músicos da banda tocando as canções. Mas nunca conseguiu nada.
Só que, no ano passado, ele encontrou dois softwares que separavam os vocais de arquivos de som. Decidiu suprimir os vocais de Strummer e dar uma bela limpeza no som de Cut the crap. Ouviu vários bootlegs da banda feitos na época, e copiou a bateria batida por batida. Em seguida, reproduziu tudo num software que conseguia fazer sons de bateria como se fossem originais.
O músico comprou também uma guitarra Les Paul para soar mais parecido com o Clash. Aliás, ele ainda precisou regravar vários backing vocais. Isso porque o tal software que Gerald arrumou fez com que os tais “cânticos de torcida” gravados originalmente por Strummer ficaram com som totalmente zoado após a limpeza digital.
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“Especialmente em vários grupos do Facebook há muito ódio em relação à última formação do Clash”, escreveu Gerald. “Para mim, esse é o Cut the crap que eu esperava quando foi lançado em 1985. Sinta-se à vontade para espalhar essas gravações onde quiser, talvez dê uma luz melhor na última formação. Divirta-se!”.
Tá ai a playlist do disco.
Via Pedro Serra
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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