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Cultura Pop

Aquela vez em que sacanearam (muito) o Bill Nelson, do Be Bop DeLuxe

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Aquela vez em que sacanearam (muito) o Bill Nelson, do Be Bop De Luxe

Bill Nelson, vocalista, guitarrista e criador da banda Be Bop DeLuxe, é um cara inquieto, artisticamente falando. Montou o grupo, que tinha um pé no rock progressivo e outro no glam rock, em 1972, e gravou com ele um punhado de discos nos anos 1970.

Se você nunca escutou nada do Be Bop, tem muita gente (inclusive aqui no Brasil) que baba só de ouvir falar o nome da banda. Olha aí a bela Maid in heaven, do bonito disco Futurama, de 1975.

Nelson começou sua carreira solo até antes do Be Bop, em 1971, com o disco Northern dream. O álbum ganhou elogios do radialista John Peel e Bill foi considerado uma grande revelação da psicodelia na época. Já após o fim do Be Bop, mandou bala em estilos musicais como pós-punk, new wave, noise rock, música eletrônica e coisas experimentais.

Essa é Smiles, uma das mais bonitas do disco de estreia do cara.

Tanto trabalho não livrou o músico de viver vários dilemas em relação a uma questão drástica: royalties.

Nos anos 1980, Bill queixava-se de não receber um centavo de direitos autorais pelos álbuns do Be Bop, gravados para o antigo selo Harvest, da EMI. Isso acontecia apesar de os álbuns serem reeditados em vinil e CD o tempo todo. Por intermédio de um ex-agente que foi funcionário da EMI, Bill ouvia toda hora que a gravadora precisava recuperar royalties que haviam sido investidos no Be Bop DeLuxe, e que quando eles fossem recuperados, rolariam pagamentos.

Dois anúncios de discos do Be Bop de Luxe – Bill Nelson na guitarra e voz

Teve mais: a EMI lançou uma coletânea do Be Bop DeLuxe e uma caixa retrospectiva do selo Harvest – ambas autorizadas por Nelson, aconselhado por um amigo de que “a balança penderia” a seu favor e assim ele receberia o que lhe deviam. Nem assim o músico viu a cor do dinheiro.

Estava tudo tão estranho que Nelson pediu a seu empresário que fizesse contato com a EMI para ver o que estava acontecendo. Em dois anos, descobriria uma história bizarra: sim, a EMI estava fazendo pagamentos, mas para (e apenas isso) os três integrantes que dividiam o Be Bop De Luxe com ele na época do primeiro disco, Axe victim (1974). A formação com Bill, Nick Dew, Ian Parkin e Rob Bryan durou apenas um álbum, mas mesmo assim todos (segundo Nelson) estavam recebendo por relançamentos, coletâneas e discos nos quais eles sequer tocaram.

“Todos os outros álbuns foram gravados com músicos diferentes, sob um arranjo contratual diferente. Parecia que a primeira formação, que só gravou um disco, recebia pagamentos de royalties da EMI por todas as gravações do Be Bop DeLuxe, incluindo reedições, ou gravações nas quais não tinham participado. A coisa mais contundente sobre isso é que nenhum dos membros originais da banda disse: ‘Espere um minuto, estou recebendo dinheiro aqui por causa de uma música que eu nem gravei!'”, afirmou Bill Nelson.

A triste história (é MUITO triste mesmo) de Nelson você acha nesse texto aqui. Logo depois, mais uma vez segundo Nelson, a gravadora mudaria a história e diria que não estava fazendo pagamento nenhum a músico nenhum e que todo o dinheiro ia para uma empresa chamada “Be Bop De Luxe ltd.”, criada por um antigo empresário do grupo, e que nem existia mais (!).

Nelson preferiu não processar a EMI porque não teria como arcar com as custas de advogados. Também preferiu evitar o desgaste de ter que processar ex-amigos. Saiu da história deprimido, sozinho (seu casamento desfez-se no meio do rolo com a gravadora) e desiludido com o mercado fonográfico e alguns colegas.

Vida que segue, ele continua produzindo. Em 2016 saiu mais um lançamento, justamente uma sequência de seu primeiro disco solo, New Northern dream. Ao longo de sua carreira solo, Nelson criou gravadoras independentes, uma convenção de fãs (a Nelsonica, com direito a lançamentos exclusivos), novos grupos e projetos.

Uma das melhores iniciativas pós Be Bop de Nelson foi o Red Noise. Esse projeto new wave-art rock gravou o disco Sound-on-sound em 1979 pela mesma Harvest que o músico acusaria anos depois de dar-lhe um calote.

Teve mais um lançamento recente dele: uma caixa de 4 CDs (!) intitulada My secret studio vol.1, contendo gravações feitas entre 1988 e 1992. Por lá dá pra ver o quanto Nelson foi importante para solidificar gêneros como new wave e pós-punk. Aqui tem uma resenha dessa caixa.

E aqui você encontra uma seleção com algumas músicas de New northern dream. Tudo de bom para Bill Nelson.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

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No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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