Lançamentos
A Última Gangue: supergrupo indie carioca estreia com single

O release de lançamento de Infernália, single do supergrupo indie carioca A Última Gangue, diz que o grupo parece “um elenco caprichado de um filme cujos atores participam das filmagens buscando superar a própria atuação a cada cena”. Faz sentido, já que a banda é formada por músicos conhecidos da cena indie carioca dos últimos anos: Kadu Carlos (Second Come) na bateria, Luiz Gustavo (Lâmmia) no baixo, Bernar Gomma (Beach Combers) na guitarra e Greco Blue (Os Azuis) nos vocais. Na produção da faixa, Marcelo Callado.
O single tem peso de rock dos anos 1990, mas a melodia e o arranjo vão lá atrás e têm referências do glam rock dos anos 1970. Na letra, um conto de expiação de culpa e dos pecados. A banda tem show agendado para 5 de agosto no Audio Rebel, no Rio, dividindo o palco com Ladrão e Asfixia Social. O clipe da faixa, montado por Michelly Barros, sai nesta quarta (26).
Foto: Felipe Diniz/Divulgação
Lançamentos
Urgente!: Mercyland, antiga banda do baixista do Sugar, David Barbe, ganha compilação

O Sugar, banda que Bob Mould (ex-Hüsker Dü) teve nos anos 1990, voltou com single novo e shows novos – você leu sobre isso no Pop Fantasma na semana passada. Mas não é só isso: David Barbe, baixista do grupo, decidiu voltar ainda mais no passado e anuncia para 5 de dezembro uma compilação do Mercyland, trio punk/pós-punk que manteve em Athens, Georgia, mais ou menos no mesmo período em que o Hüsker Dü se tornava uma locomotiva do punk norte-americano.
Mercyland, o disco, traz onze faixas gravadas num periodo de dois anos – outubro de 1985 e outubro de 1987. A sonoridade do grupo (cujo nome, literalmente “misericórdia” em português, veio de “uma conversa inútil e etílica numa madrugada”, segundo Barbe) tinha lá seus cruzamentos com a do Hüsker, e também com a da cena roqueira de Athens – lugar que, você deve saber, deu ao mundo o R.E.M. O som era “punk”, mas era um punk apaixonado pelos anos 1960, tanto que músicas do Who e dos Beatles rolaram no primeiro ensaio de Barbe (voz, baixo), Mark Kreig (guitarra) e Harry Joiner (bateria).
Enquanto ia fazendo shows, o Mercyland ia usando a grana dos cachês gravar demos – todas registradas no estúdio da lenda local John Keane, que existe até hoje. O som da banda passava pelo punk ágil (Amerigod), pelo pós-punk guerreiro (Black on black on black), por hinos guitarrísticos com emanações do Hüsker Dü (Ciderhead), hardcores (Can’t slow down to think) e estilos afins.
Lançamentos em tempo real do grupo foram poucos: dois singles (um deles com Black on black on black) e o álbum No feet on the cowling (1989). Bem antes do término, o Mercyland teve um hiato forçado quando, no fim de 1986, Mark foi estudar na Alemanha e Harry foi trabalhar em Porto Rico. Nessa época, Barbe decidiu montar um selo, cujo primeiro lançamento foi uma compilação em K7 de bandas de Athens – uma fita tão obscura que “hoje em dia nem está no Discogs!”, diz o músico. Mas pouco depois, ele retomou o grupo com Harry e o guitarrista Andrew Donaldson. Essa formação durou até Harry decidir que ia sair de vez do grupo, em 1991.
Com o fim do Mercyland, Barbe tocou em bandas como Sugar e Drive-By Truckers, montou um estúdio e tornou-se diretor do programa de music business da Universidade da Georgia – está no cargo até hoje. “Esta reedição não apenas resgata o trabalho pouco conhecido do Mercyland, mas o recoloca em destaque; ouvir essas músicas hoje revela o quanto Barbe e sua banda anteciparam o rock alternativo e o pós-punk que viriam depois”, diz o release.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação
Crítica
Ouvimos: Why Bother? – “Case studies”

RESENHA: Em Case studies, o Why Bother? mistura punk, garage e psicodelia suja em faixas que soam como pesadelos gravados numa garagem assombrada.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Feel It Records
Lançamento: 3 de outubro de 2025
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Quarteto de Mason City, Iowa, o Why Bother? não faz jus ao nome: ouvir o som deles lá pela madrugada pode cortar o sono de qualquer ser humano. Isso porque basicamente Terry (voz, synth, mellotron), Speck (guitarra, vocais), Pamela (baixo) e Paul (bateria) fazem punk e garage rock de terror, com inspirações mais do que evidentes em The Damned, Ramones e na primeiríssima fase de Alice Cooper – o disco de estreia de Alice, Pretties for you (1969), é bastante citado ao longo da audição desse Case studies, novo álbum do grupo.
- Ouvimos: Intercourse – How I fell in love with the void
Se o papo é meter medo, o Why Bother? vai em frente: o disco novo, segundo a própria banda, foi inspirado em experiências fora do corpo e projeção astral. “Você encontrará essas pistas inseridas nas gravações? Talvez…”, confundem os quatro. Seja como for, o grupo se comporta como uma banda de garagem dos anos 1960 que teve seu som enfiado numa garrafa e jogado no mar, logo na faixa de abertura, Helen’s father (Has no heart) e na vira-lata There she was.
Na sequência, eles invadem a área do punk setentista + garage rock em In between the distance, I take back e na parede de ecos e ruídos de Destruction by design. Já Feeding the birds parece gravada perto de uma ribanceira, com direito a ruídos aterradores de pássaros no final. O Why Bother? também cai dentro da psicodelia suja, entre Alice Cooper e Pink Floyd, na tribal e hipnótica Still remain/Back in sleep paralysis, que tem seis minutos. E faz praticamente só barulho em The past makes me sasd / Behold! The great war of 12 realms.
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Crítica
Ouvimos: Sunn O))) – “Eternity’s pillars b/w Raise the chalice & Reverential” (EP)

RESENHA: O Sunn O))) estreia na Sub Pop com o EP Eternity’s pillars b/w Raise the chalice & Reverential, três faixas longas e cerimoniais de drone e noise-rock espiritualizado.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Sub Pop
Lançamento: 14 de outubro de 2025
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Poderia ser só um single, mas o Sunn O))), trevoso como ele só, decidiu iniciar sua estadia na Sub Pop com um EP de três longas faixas. O grupo-dupla de Seattle, que faz som barulhento por vocação (metal, drone e noise-rock são nomeclaturas comuns quando se fala de seu som), abre Eternity’s pillars b/w Raise the chalice & Reverential com uma sinfonia de distorções e microfonias, orquestrada quase como se fossem vários violoncelos, na tal faixa Eternity’s pillars, de quase 14 minutos e poucas notas, ocupando todo o lado A. Ainda no “poderia”: poderia ser até um tema regido por um maestro e executado numa sala de concerto sombria, mas é noise-rock cerimonial e esfumaçado.
- Ouvimos: Snooper – Worldwide
Tem um lado jazz e espiritualista na primeira faixa do EP: Eternity’s pillar era o nome de um programa apresentado pela guru jazzística Alice Coltrane nos anos 1980, e que falava sobre viagens astrais, vida fora da matéria e outros assuntos afins – e o Sunn O))) conta que usou o nome (no plural) por causa da abordagem transcendental de Alice na música. Pouca coisa mais curtinhas (7 e 8 minutos, respectivamente), Raise the chalice e Reverential vão na mesma; homenageiam, respectivamente, o falecido vocalista de hardcore Ron Guardipee e “aqueles que vieram antes de nós com os fardos mais pesados”. Basicamente é a mesma sinfonia distorcida, com poucas variações, especial para quem gosta de ruído mântrico.
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