Connect with us

Cultura Pop

ZZ Top: cobras, búfalos e abutres no palco (!) em turnê

Published

on

ZZ Top: cobras, búfalos e abutres no palco (!) em turnê

Por turnês loucas dos anos 1970, todo mundo entende: groupies, drogas, farras, goró, overdose, equipamento roubado (acontecia muito), grana de cachê sumida (idem), mortes, armas, gente nervosa, etc. O ZZ Top, cujo baixista Dusty Hill despediu-se há poucos dias, levou isso a um patamar que…bom, difícil definir. Foi na turnê Worldwide Texas, em 1976, na qual levaram quase um zoológico inteiro para o palco e tiveram problemas que uma banda comum não teria.

O tal giro servia para divulgar o álbum Tejas (1976), com várias referências ao estado norte-americano – até mesmo o palco foi construído no formato do mapa do estado. Para aumentar o efeito “entendeu ou quer que eu desenhe?”, a banda decidiu levar um pouco mais do Texas para o povo, e levou para o palco nada menos que um búfalo, um boi Longhorn, várias cascavéis venenosas, algumas tarântulas e seis abutres (todos eles chamados de Oscar).

Para conseguir realizar essa total insanidade com um mínimo de aporrinhação aos bichos, o grupo de Dusty Hill, Billy Gibbons e Frank Beard decidiu antes bater um papinho com um adestrador de animais, Ralph Fisher, que na época estava trabalhando como toureiro em rodeios. Fisher, que nunca nem tinha ouvido falar do ZZ Top, adquiriu os animais, montou um centro de treinamento, pôs luzes perto dos bichos, estourou fogos de artifício, colocou música alta… “Qualquer coisa para simular o que poderia acontecer em um show”, contou Fisher à Loudersound.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Deep Purple e AC/DC saindo na porrada

O tal treinamento durou meses e, na estreia da tour, em 29 de maio de 1976 na Carolina do Norte, os bichos foram puxados por rampas. Gibbons e os colegas juram que tudo era acompanhado de perto por grupos de direitos dos animais – e de fato, a equipe gastou cerca de US$ 140.000 para manter os bichos em boas condições;. Era perigoso para os músicos também: se os abutres decidissem pular até onde os integrantes do ZZ Top estavam, com certeza daria merda e alguém poderia sair ferido.

Paralelamente, outras merdas aconteceram no meio da tour, como a ocasião em que o Aerosmith, abrindo uma das apresentações, quebrou tudo no camarim porque as toalhas da área deles eram de cor azul-clara (“nós pedimos azul-escuro”, reclamou o empresário). Nessa noite (que rolou no Three Rivers Stadium, em Pittsburgh) o público detestou o Aerosmith e provocou um chuva de latas e garrafas no palco, o que deixou vários feridos. Outro problema foi quando os cactos do palco começavam a murchar (para solucionar, a banda roubava cactos dos hotéis e substituía todos).

Aos trancos e barrancos, os espécimes humanos (como a turma do Aerosmith) causaram mais problemas durante a tour do que os animais. As cascavéis era consideradas as mais perigosas, e causavam irritação nos búfalos e bois – durante a turnê, elas não podiam ir no trailer de gado e seguiam com a equipe, numa caixa de ferramentas cheia de adesivos onde se lia “risco biológico”. Agora, em pior situação ficou mesmo foi o búfalo, durante um show em Fort Worth em 28 de novembro de 1976: o anel do focinho do animal foi arrancado, saiu (bastante) sangue, e ele foi direto para cima dos motoristas de limusines.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Quando redescobriram o Stillwater

Segundo um texto do site Cracked, em certa ocasião o animal, já bastante irritado com aquela animação toda, foi para cima dos tanques de cascavel. A equipe teve que lidar também com a época de hibernação das cascavéis e precisou deixar de fazer shows na Europa, Japão, Austrália e México por causa de restrições de quarentena para búfalos.

Se você quiser saber mais sobre essa turnê que, na boa, foi uma maluquice e uma irresponsabilidade (controlada) dos diabos (e que jamais aconteceria nos dias de hoje), tem aí imagens e entrevistas do ZZ Top falando sobre a tour, e da turma preparando palcos e descarregando animais. Dusty Hill e Billy Gibbons estão irreconhecíveis porque os dois músicos ainda não haviam adotado as barbas enormes. Ah, o giro do ZZ Top durou bastante: 29 de maio de 1976 a 31 de dezembro de 1977.

>>> POP FANTASMA PRA OUVIR: Mixtape Pop Fantasma e Pop Fantasma Documento
>>> Saiba como apoiar o POP FANTASMA aqui. O site é independente e financiado pelos leitores, e dá acesso gratuito a todos os textos e podcasts. Você define a quantia, mas sugerimos R$ 10 por mês.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Published

on

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Published

on

Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

4 discos

4 discos: Ace Frehley

Published

on

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

Continue Reading
Advertisement

Trending