Cultura Pop
The Greatest Shit: quando lançaram um disco pirata para sacanear fãs de Elvis Presley

Diz a lenda que muitos fãs roxos de Elvis Presley já compraram cópias de The greatest shit, coletânea dos piores momentos do Rei do Rock, só para tirá-lo do mercado, ou até para destruir o disco. O álbum foi lançado por volta de 1982 por um pirateiro chamado Richard. Por sinal, o mesmo que, pôs nas lojas um bootleg do Pink Floyd do qual a gente já falou, The dark side of the moo.

The greatest shit (uma brincadeira com as várias coletâneas de “greatest hits” do cantor) traz na capa uma foto de Elvis morto, no caixão. A imagem, ao que consta, foi clicada por um primo do cantor e vendida ao jornal National enquirer (daí a capa também ser uma paródia do veículo). O subtítulo do disco é “50 mil fãs de Elvis podem estar errados”, uma sacanagem com outra coletânea do artista, 50,000,000 Elvis fans can’t be wrong (1959). A piadinha gordofóbica abaixo da foto foi inserida pelo próprio selo.
O ~capricho~ de Richard, o pirateiro, era tanto que ele fez questão de criar um selo imitando o da RCA Victor para o álbum. The greatest shit saiu pelos selos Dog Vomit (referência ao cachorrinho da RCA) e RCA Victim, em edições diferentes.

O mais complexo para fãs de Elvis era que a fonte de The greatest shit foram gravações bastante criticadas do Rei do Rock. Richard, o pirateiro, caiu dentro de sobras de estúdio bem esquisitas. Entre elas, o famoso take abortado de Can’t help falling in love que é interrompido por um “oh, shit!”. Mas o grosso do disco é formado por músicas das trilhas dos filmes de Elvis.
Para quem não sabe: Elvis mantinha uma carreira paralela de ator, iniciada em 1956 com Ama-me com ternura. Não foi uma história de dois, três filmes, não. Em paralelo aos discos e shows (que começaram a ficar mais raros nos anos 1960), o cantor fazia um filme atrás do outro.
Só em 1967, ano de Sgt. Pepper’s (e ano-chave de psicodelia e da cultura hippie), foram três produções. Uma delas, Clambake (exibida nos cinemas brasileiros como O barco do amor) ele considerou seu pior filme. Era a história de Scott Hayward (Elvis, claro), um herdeiro da indústria do petróleo que levou a sério o “mas foi seu pai que te deu ou você trabalhou?”. E decidiu trocar de lugar com um instrutor de esqui aquático em um hotel da Flórida. O objetivo de Scott era mudar de vida e ver se as garotas gostavam dele por causa dele mesmo, ou por causa da grana do pai.
CENA DE “O BARCO DO AMOR”
Em 1968, saiu O bacana do volante, em que Elvis interpreta um piloto de carros de corrida da Nascar e faz par romântico com Nancy Sinatra.
“LET YOURSELF GO”
Elvis geralmente aproveitava esses filmes para lançar músicas novas, e as produções, de modo geral, faziam sucesso. Por acaso, algumas delas se davam melhor no circuito de drive-ins do que nas salas de exibição. Só que Elvis, que queria ter uma carreira cinematográfica “séria”, começou a ficar irritado com a qualidade de alguns dos filmes que fazia. Em seguida, passou a reclamar que estava sendo explorado por empresários e diretores.
O repertório de The greatest shit vai fundo no repertório dos filmes de Elvis Presley. Independente da qualidade dos filmes, eles traziam canções que, tiradas de contexto, não faziam sentido algum e soavam bem estranhas. Uma delas é Dominic, do faroeste Joe é muito vivo (1968), feita para um touro, Dominic, que não se interessa em cruzar com as fêmeas da fazenda (!). Em The greatest shit, essa música aparece com o título (errado) de Dominic, the impotent bull. Para tornar tudo mais estranho, Elvis aparece cantando essa música para duas garotas (!) no filme.
“DOMINIC”
Outro “clássico” de Elvis Presley dessa época é He’s your uncle, not your dad, de Speedway.
“HE’S YOUR UNCLE, NOT YOUR DAD”
Pera, tem coisa mais complicada: a balada Fort Lauderdale Chamber of Commerce (“câmara de comércio de Fort Lauderdale”). Essa é do filme Louco por garotas, de 1965.
“FORT LAUDERDALE CHAMBER OF COMERCE”
Pega The greatest shit aí, por sua conta e risco. Por sinal, o disco foi lançado até em CD.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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