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Série da National Geographic tem Sharon Van Etten, Kamasi Washington e Angel Olsen revendo sucessos do pop na trilha sonora

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Sharon Van Etten fez um cover de I don’t want to set the world on fire, sucesso da música norte-americana composto em 1938 por Bennie Benjamin, Eddie Durham, Sol Marcus e Eddie Seiler e gravado por vários artistas – a versão mais conhecida é a do grupo vocal pop norte-americano The Ink Spots em 1941. A releitura foi gravada para A small light, nova série da National Geographic e vai aparecer no terceiro episódio do programa. A novidade é que a versão dela apresenta um verso falado pelo ator Michael Imperioli (The Sopranos, The White Lotus).

Outra novidade é a trilha da série, repleta de nomes importantes relendo sucessos do pop. A small light já ganhou outras releituras em sua trilha: a versão de Danielle Haim de Till we mett again, hit de Doris Day, a versão de Kamasi Washington de Cheryl, de Charlie Parker, e a releitura de My reverie, sucesso gravado por nomes como Larry Clinton & His Orchestra e Patti Duggan.

A small light é baseada na história de Miep Gies (Bel Powley), holandesa de ascendência austríaca que ajudou a esconder Anne Frank e sua família dos nazistas, em seu sótão em Amsterdã. Este Haim, que faz a produção musical executiva, recrutou vários artistas para A small light: Songs From the limited series, que sai em 23 de maio. A trilha sonora inclui covers de Angel Olsen, Danielle Haim, Kamasi Washington, Weyes Blood, Moses Sumney e outros. Já no dia 19 de maio, a compositora Ariel Marx lançará sua trilha sonora original para a série.

Crítica

Ouvimos: Big Thief – “Double infinity”

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Em Double infinity, o Big Thief transforma confusão em encanto: um disco meditativo, emocional e cheio de surpresas sonoras e poéticas.

RESENHA: Em Double infinity, o Big Thief transforma confusão em encanto: um disco meditativo, emocional e cheio de surpresas sonoras e poéticas.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: 4AD
Lançamento: 5 de setembro de 2025

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Parece que o Big Thief já tem até um próximo disco feito depois desse novo Double infinity – ao Los Angeles Times, o fundador Buck Meek só avisou que “não será o que você esperam”, sem dar mais detalhes. Um modo de agir complexo para qualquer sistemão da música, mas algo tranquilo em se tratando do Big Chief, já que cada disco do grupo tem a tarefa de surpreender os fãs de alguma forma.

No caso de Double infinity, o próprio Big thief teria que dar um jeito de surpreender a si próprio. O baixista fundador Max Oleartchik saiu da banda no meio de 2024, e o grupo diz que, depois disso, fez uma média de “50 a 60 músicas” pensando num disco novo. Houve a ideia de Double infinity ser um disco de rock pesado – ideia essa descartada logo depois. A coisa começou a andar de verdade quando Adrianne Lenker, Buck Meek e James Krivchenia decidiram que além do trio, o disco teria várias participações.

Não foram participações no estilo “vários co-autores, inúmeros produtores”, vale dizer: Adrianne domina as composições e, quando ela não assina sozinha, escreve com Buck e James. Percussionistas, cantores, tecladistas e até o multinistrumentista Laraaji (cítara, piano, percussão, etc) surgem para aumentar a intensidade emocional de faixas como Incomprehensible, hino celestial que fala em envelhecimento, e em como as palavras moldam nossa visão ruim de nós mesmos e do mundo – a letra pede algo que parece ser o primeiro mandamento de uma banda independente: “deixe-me ser incompreensível”.

Curiosamente, a faixa Words, por sua vez, fala em necessidade de diálogo e compreensão, num dream pop cuja melodia parece soprar como o vento, mas que vai ganhando ruídos e psicodelia – a letra avisa que em certos momentos, palavras são “cansadas e tensas” e não adiantam nada, num clima bem descontente.

De modo geral o novo disco do Big Thief é mais um álbum de acolhimento, de (vá lá) meditação, do que uma criação surrealista – diria que quanto menos surreal e mais acolhedor ele soa, mais ele parece ter um propósito, e letra e música. O grupo faz um bittersweet bem bonito e dolorido em Los Angeles, faz dream pop com vocal forte em All night and all day (cujo beat, logo no começo, ameaça iniciar um maracatu) e emociona com o vocal de longo alcance e a letra naturalista da faixa-título. No fear é um pós-punk sensível, ligado ao folk, que vai crescendo no ouvido – com algo de Joy Division misturado, em meio aos sete minutos da faixa.

  • Ouvimos: Jonathan Richman – Only frozen sky anyway

Laraaji insere algo que lembra um aboio, em clima quase brasilianista, no soft rock Grandmother – uma música sobre a impermanência, as perdas, o que não estará mais aqui em pouco tempo, com uma frase surpreendentemente descontraída (“vamos transformar tudo em rock’n roll”). Happy with you segue uma fórmula comum no disco: soa como uma música eletrônica feita com percussões acusticas, trazendo elementos de The Cure e Siouxsie and The Banshees misturados no arranjo e na melodia. Uma música bem bonita, mas você pode acabar achando a repetição de frases da letra meio chatinha (porque às vezes é mesmo).

No fim, How could I have known soa nostálgica, ligada ao country, e simultaneamente tem algo de experimental, de esparso, de hipnótico. A letra também parece tentar hipnotizar todo mundo, num clima em que tudo parece vir de um sonho. Um bom fechamento para um disco em que até a confusão de conceitos parece ser um atrativo.

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Crítica

Ouvimos: Renegado – “MargeNow”

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Renegado mistura rap, funk e umbanda em MargeNow, disco potente sobre racismo, violência e resistência, sem abrir mão do amor e da ginga.

RESENHA: Renegado mistura rap, funk e umbanda em MargeNow, disco potente sobre racismo, violência e resistência, sem abrir mão do amor e da ginga.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 18 de julho de 2025

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O novo álbum do rapper mineiro Renegado já abre tenso, com a vinheta Margem e uma história de papo sobre futebol, seguida de assalto, tiros e morte. MargeNow parece que vai dar uma baixada no estresse quando chega a segunda faixa, 525, aberta com uma interpolação de Quem sabe isso quer dizer amor, sucesso de Lô Borges. A música é um soul que logo joga o/a ouvinte numa triste realidade em que “desde 1500 há mais invasão do que descobrimento”, formando uma ideia de país em que, além de verdadeiros cemitérios indígenas, há a memória de povos pretos sequestrados.

MargeNow é fundamentado na contação de histórias que poderiam estar apagadas, no tratamento de culturas como dados históricos, na valorização da revolta do oprimido. Tudo isso surge na coligação de umbanda, rap, funk e ritmos originários de Nada novo sob o sol, lembrando “acidentes” que não foram acidentes – como os 80 tiros do Caso Evaldo Rosa – e cunhando uma frase ótima: “no Brasil todo mundo tem sangue de preto / nas veias ou nas mãos”. Gira combina batidão, referências de Deixa a gira girar (Tincoãs) e som de guerra (“se nós não peitar, o que sobra pra nós é só funeral”, diz a letra).

  • Ouvimos: FBC – Assaltos & batidas

Renegado fala também de amor, hedonismo e sacanagem em MargeNow, como no reggae-rap-funk Lombradim, no raggamuffin Tobogã e a romântica e zen Beijo brisa. O rapper mineiro soa mais brilhante quando se torna mais combativo, como na porrada sonora e ideológica de Us manos da esquina (“proíbem a religião de preto / mas se é um branco fazendo apropriação ganha prêmio”), no som de guerra de Tinha que ser preto!, e nas memórias amargas da faixa-título, um samba-rap-jazz que une racismo e sequelas psicológicas. O rap-trap-funk Apenas business parte do “mama, just killed a man” de Bohemian rhapsody, do Queen, para falar de desunião, tiros e mortes, tudo patrocinado pelo poder.

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Crítica

Ouvimos: The Swell Season – “Forward”

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Depois de 15 anos, o Swell Season volta com Forward, um disco emotivo sobre tempo, perdas e recomeços, com folk belo e melancólico.

RESENHA: Depois de 15 anos, o Swell Season volta com Forward, um disco emotivo sobre tempo, perdas e recomeços, com folk belo e melancólico.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Secretly
Lançamento: 11 de julho de 2025

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Glen Hansard e Markéta Irglová, os dois do Swell Season, não lançavam discos juntos desde 2009 – e a carreira deles como dupla corria o risco de ter apenas dois álbuns. Pode ser que as vidas e desencontros pessoais tenham influenciado bastante em decisões tomadas pela banda. Num papo com o Huffington Post em 2011, Markéta falou sobre a separação/hiato por tempo indeterminado da dupla e contou também sobre eles terem mantido a amizade e a dupla de trabalho mesmo após a separação deles como casal. Revelou também que uma volta do Swell Season, por aqueles tempos, dependia bem mais de Glen do que dela. “Ele tem estado muito, muito ocupado desde que demos uma pausa na turnê”, contou.

Qualquer outra suposição a respeito do relacionamento dos dois é pura fofoca, claro – mas o Swell Season esperou até este ano para lançar um terceiro disco e retornar aos shows, ainda focando num folk mágico e embevecedor. Forward, o tal disco, mexe com uma noção de “daqui pra frente” que não deixa de sentir muito pelas mudanças causadas pelo tempo. Mesmo que abra com um ótimo folk que lembra bastante o estilo de Bruce Springsteen, Factory street bells, no qual Hansard canta para seu filho sobre ir ao trabalho, voltar para a casa e ouvir os sinos da fábrica tocando quando pai e filho estão juntos.

Esse momento de congelamento no tempo é seguido pela tristeza de People we used to be, balada de piano cantada por Markéta em que surgem versos como “não vou parar e só olhar a destruição de tudo que sonhei” e “as coisas já foram mais fáceis”. A deprê de Stuck in reverse, com metais, cordas e vocais rascantes de Glen, é a materialização desses desejos – tipo “voltar às coisas quando não eram tão duras” e coisas do tipo.

A partir daí você já percebeu que esse clima emotivo é um dos motores de Forward. I leave everything to you lembra a voz de Christine McVie no Fleetwood Mac, e lida com um clima solar, romântico, bonito e bem triste, com Markéta cantando coisas como “as coisas nunca são como imaginávamos” e “queria ter uma mente aberta em vez de deixar minhas emoções me cegarem”. O bittersweet mágico de Little sugar faz lembrar David Crosby. Pretty stories abre como uma valsa de amor (aliás de amor mal-sucedido) e depois se tona uma balada blues pesada e quase gospel sobre empoderamento pós-término.

Por acaso, a segunda metade de Forward se torna menos densa, e mais próxima do “daqui para a frente” preconizado pelo título. Great weight abre com metais que impressionam e ganha ar jazz-blues – depois se torna um blues-rock bem clássico, igualmente linkado com o jazz, com cordas e com certo ar de música francesa ou cigana. Já a balada Hundred words, no final, leva essa onda “positiva” e emocionada do disco para um lado meio cafona, que inclui algo parecido com um coral de crianças e uma letra que poderia ter sido gravada pela Xuxa no mesmo disco de Lua de cristal. Versos como “mantenha a fé / não feche o livro, continue lendo”, por sua vez, lembram coisa de pastor coach.

Resumindo: tem muita beleza em Forward. Tem também muita coisa que merecia uma edição na base do “diga isso sem dizer isso”, “mostre, não conte”. E tem momentos que merecem ser eternizados. Mesmo nesse desequilíbrio, o Swell Season sai da nova aventura valorizado.

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