Lançamentos
Rico Dalasam anuncia álbum com single sobre “os foras que recebi na vida”

A ideia de Espero ainda, música nova do cantor, compositor e rapper Rico Dalasam, é rimar “sobre os balanços que a vida dá quando se está sozinho”, como diz o comunicado de lançamento – e o cantor diz que ela vem como resposta aos “foras” acumulados pelo cantor na vida amorosa. É o primeiro single do próximo disco do artista, Escuro brilhante, que sai em junho e já tem um show de lançamento confirmado, no dia 21 de julho, em São Paulo.
“É uma letra muito sincera, talvez eu tenha escrito após um fora e aí, a partir disso, fui lembrando de todos os outros que já levei. Isso, então, foi impactando em uma série de camadas que existem em mim – inclusive, na forma como eu acabei me relacionando com as pessoas desde então”, explica o cantor. Ele diz que refletir sobre tudo isso gerou um novo Rico, como ele próprio afirma no refrão: “Dos foras que levei eu espero ainda, desejar ter alguém que também me siga”.
“É uma música que passa por muitas pessoas e tem múltiplas energias, e isso faz com que ela tenha uma possibilidade máxima”, finaliza. Espero ainda tem abertura de violão, tem produção de Dinho, LR beats, Mahal Pita e Chibatinha, e ganhou uma sonoridade bem mais acessível e pop do que o comum do repertório de Rico, tanto em letra quanto em música. O álbum terá patrocínio da Natura Musical.
Crítica
Ouvimos: Big Thief – “Double infinity”

RESENHA: Em Double infinity, o Big Thief transforma confusão em encanto: um disco meditativo, emocional e cheio de surpresas sonoras e poéticas.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: 4AD
Lançamento: 5 de setembro de 2025
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Parece que o Big Thief já tem até um próximo disco feito depois desse novo Double infinity – ao Los Angeles Times, o fundador Buck Meek só avisou que “não será o que você esperam”, sem dar mais detalhes. Um modo de agir complexo para qualquer sistemão da música, mas algo tranquilo em se tratando do Big Chief, já que cada disco do grupo tem a tarefa de surpreender os fãs de alguma forma.
No caso de Double infinity, o próprio Big thief teria que dar um jeito de surpreender a si próprio. O baixista fundador Max Oleartchik saiu da banda no meio de 2024, e o grupo diz que, depois disso, fez uma média de “50 a 60 músicas” pensando num disco novo. Houve a ideia de Double infinity ser um disco de rock pesado – ideia essa descartada logo depois. A coisa começou a andar de verdade quando Adrianne Lenker, Buck Meek e James Krivchenia decidiram que além do trio, o disco teria várias participações.
Não foram participações no estilo “vários co-autores, inúmeros produtores”, vale dizer: Adrianne domina as composições e, quando ela não assina sozinha, escreve com Buck e James. Percussionistas, cantores, tecladistas e até o multinistrumentista Laraaji (cítara, piano, percussão, etc) surgem para aumentar a intensidade emocional de faixas como Incomprehensible, hino celestial que fala em envelhecimento, e em como as palavras moldam nossa visão ruim de nós mesmos e do mundo – a letra pede algo que parece ser o primeiro mandamento de uma banda independente: “deixe-me ser incompreensível”.
Curiosamente, a faixa Words, por sua vez, fala em necessidade de diálogo e compreensão, num dream pop cuja melodia parece soprar como o vento, mas que vai ganhando ruídos e psicodelia – a letra avisa que em certos momentos, palavras são “cansadas e tensas” e não adiantam nada, num clima bem descontente.
De modo geral o novo disco do Big Thief é mais um álbum de acolhimento, de (vá lá) meditação, do que uma criação surrealista – diria que quanto menos surreal e mais acolhedor ele soa, mais ele parece ter um propósito, e letra e música. O grupo faz um bittersweet bem bonito e dolorido em Los Angeles, faz dream pop com vocal forte em All night and all day (cujo beat, logo no começo, ameaça iniciar um maracatu) e emociona com o vocal de longo alcance e a letra naturalista da faixa-título. No fear é um pós-punk sensível, ligado ao folk, que vai crescendo no ouvido – com algo de Joy Division misturado, em meio aos sete minutos da faixa.
- Ouvimos: Jonathan Richman – Only frozen sky anyway
Laraaji insere algo que lembra um aboio, em clima quase brasilianista, no soft rock Grandmother – uma música sobre a impermanência, as perdas, o que não estará mais aqui em pouco tempo, com uma frase surpreendentemente descontraída (“vamos transformar tudo em rock’n roll”). Happy with you segue uma fórmula comum no disco: soa como uma música eletrônica feita com percussões acusticas, trazendo elementos de The Cure e Siouxsie and The Banshees misturados no arranjo e na melodia. Uma música bem bonita, mas você pode acabar achando a repetição de frases da letra meio chatinha (porque às vezes é mesmo).
No fim, How could I have known soa nostálgica, ligada ao country, e simultaneamente tem algo de experimental, de esparso, de hipnótico. A letra também parece tentar hipnotizar todo mundo, num clima em que tudo parece vir de um sonho. Um bom fechamento para um disco em que até a confusão de conceitos parece ser um atrativo.
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Crítica
Ouvimos: Renegado – “MargeNow”

RESENHA: Renegado mistura rap, funk e umbanda em MargeNow, disco potente sobre racismo, violência e resistência, sem abrir mão do amor e da ginga.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 18 de julho de 2025
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O novo álbum do rapper mineiro Renegado já abre tenso, com a vinheta Margem e uma história de papo sobre futebol, seguida de assalto, tiros e morte. MargeNow parece que vai dar uma baixada no estresse quando chega a segunda faixa, 525, aberta com uma interpolação de Quem sabe isso quer dizer amor, sucesso de Lô Borges. A música é um soul que logo joga o/a ouvinte numa triste realidade em que “desde 1500 há mais invasão do que descobrimento”, formando uma ideia de país em que, além de verdadeiros cemitérios indígenas, há a memória de povos pretos sequestrados.
MargeNow é fundamentado na contação de histórias que poderiam estar apagadas, no tratamento de culturas como dados históricos, na valorização da revolta do oprimido. Tudo isso surge na coligação de umbanda, rap, funk e ritmos originários de Nada novo sob o sol, lembrando “acidentes” que não foram acidentes – como os 80 tiros do Caso Evaldo Rosa – e cunhando uma frase ótima: “no Brasil todo mundo tem sangue de preto / nas veias ou nas mãos”. Gira combina batidão, referências de Deixa a gira girar (Tincoãs) e som de guerra (“se nós não peitar, o que sobra pra nós é só funeral”, diz a letra).
- Ouvimos: FBC – Assaltos & batidas
Renegado fala também de amor, hedonismo e sacanagem em MargeNow, como no reggae-rap-funk Lombradim, no raggamuffin Tobogã e a romântica e zen Beijo brisa. O rapper mineiro soa mais brilhante quando se torna mais combativo, como na porrada sonora e ideológica de Us manos da esquina (“proíbem a religião de preto / mas se é um branco fazendo apropriação ganha prêmio”), no som de guerra de Tinha que ser preto!, e nas memórias amargas da faixa-título, um samba-rap-jazz que une racismo e sequelas psicológicas. O rap-trap-funk Apenas business parte do “mama, just killed a man” de Bohemian rhapsody, do Queen, para falar de desunião, tiros e mortes, tudo patrocinado pelo poder.
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Crítica
Ouvimos: The Swell Season – “Forward”

RESENHA: Depois de 15 anos, o Swell Season volta com Forward, um disco emotivo sobre tempo, perdas e recomeços, com folk belo e melancólico.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7,5
Gravadora: Secretly
Lançamento: 11 de julho de 2025
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Glen Hansard e Markéta Irglová, os dois do Swell Season, não lançavam discos juntos desde 2009 – e a carreira deles como dupla corria o risco de ter apenas dois álbuns. Pode ser que as vidas e desencontros pessoais tenham influenciado bastante em decisões tomadas pela banda. Num papo com o Huffington Post em 2011, Markéta falou sobre a separação/hiato por tempo indeterminado da dupla e contou também sobre eles terem mantido a amizade e a dupla de trabalho mesmo após a separação deles como casal. Revelou também que uma volta do Swell Season, por aqueles tempos, dependia bem mais de Glen do que dela. “Ele tem estado muito, muito ocupado desde que demos uma pausa na turnê”, contou.
Qualquer outra suposição a respeito do relacionamento dos dois é pura fofoca, claro – mas o Swell Season esperou até este ano para lançar um terceiro disco e retornar aos shows, ainda focando num folk mágico e embevecedor. Forward, o tal disco, mexe com uma noção de “daqui pra frente” que não deixa de sentir muito pelas mudanças causadas pelo tempo. Mesmo que abra com um ótimo folk que lembra bastante o estilo de Bruce Springsteen, Factory street bells, no qual Hansard canta para seu filho sobre ir ao trabalho, voltar para a casa e ouvir os sinos da fábrica tocando quando pai e filho estão juntos.
- Ouvimos: Wayne Snow – Snowdome
Esse momento de congelamento no tempo é seguido pela tristeza de People we used to be, balada de piano cantada por Markéta em que surgem versos como “não vou parar e só olhar a destruição de tudo que sonhei” e “as coisas já foram mais fáceis”. A deprê de Stuck in reverse, com metais, cordas e vocais rascantes de Glen, é a materialização desses desejos – tipo “voltar às coisas quando não eram tão duras” e coisas do tipo.
A partir daí você já percebeu que esse clima emotivo é um dos motores de Forward. I leave everything to you lembra a voz de Christine McVie no Fleetwood Mac, e lida com um clima solar, romântico, bonito e bem triste, com Markéta cantando coisas como “as coisas nunca são como imaginávamos” e “queria ter uma mente aberta em vez de deixar minhas emoções me cegarem”. O bittersweet mágico de Little sugar faz lembrar David Crosby. Pretty stories abre como uma valsa de amor (aliás de amor mal-sucedido) e depois se tona uma balada blues pesada e quase gospel sobre empoderamento pós-término.
Por acaso, a segunda metade de Forward se torna menos densa, e mais próxima do “daqui para a frente” preconizado pelo título. Great weight abre com metais que impressionam e ganha ar jazz-blues – depois se torna um blues-rock bem clássico, igualmente linkado com o jazz, com cordas e com certo ar de música francesa ou cigana. Já a balada Hundred words, no final, leva essa onda “positiva” e emocionada do disco para um lado meio cafona, que inclui algo parecido com um coral de crianças e uma letra que poderia ter sido gravada pela Xuxa no mesmo disco de Lua de cristal. Versos como “mantenha a fé / não feche o livro, continue lendo”, por sua vez, lembram coisa de pastor coach.
Resumindo: tem muita beleza em Forward. Tem também muita coisa que merecia uma edição na base do “diga isso sem dizer isso”, “mostre, não conte”. E tem momentos que merecem ser eternizados. Mesmo nesse desequilíbrio, o Swell Season sai da nova aventura valorizado.
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