Lançamentos
Radar: mais sete nomes independentes que conhecemos no Groover

O Pop Fantasma já tem perfil na plataforma Groover, em que artistas independentes podem mandar suas músicas para vários curadores – nós, inclusive. O time de artistas que vem procurando a gente é bem variado, mas por acaso (ou talvez não tão por acaso assim) tem uma turma enorme ligada a estilos como pós-punk, darkwave, eletrônico, punk, experimental, no wave e sons afins.
Abaixo, você fica conhecendo mais sete nomes que já passaram na nossa peneira e foram divulgados pela gente no site. Coloque nas suas playlists (foto: capa do single do [dK]).
[dK]. Um misterioso e produtivo projeto eletrônico italiano, formado por [prof] (guitarras, sintetizadores, arranjos), [dixan] (synths, arranjos) e [K] Dee Mitochondrial (voz, synths, arranjos), e que costuma compor “paisagens melancólicas perturbadas por nuvens granulares”. Lançarem recentemente o irônico single The worst song I’ve ever done – Nothing else to do, um pedido irônico de desculpas por terem composto uma música “fácil de fazer, com palavras simples”. Ouça aqui.
CAMELIA. Com um sonoridade que às vezes lembra o pop feito por mulheres nos anos 1990, às vezes se aproxima das novidades do dream pop, a marroquina Camelia tem 23 anos e compôs suas primeiras músicas à distância, com seus parceiros, usando o zoom. Seus primeiros singles saíram há pouco. Ouça I know that’s a lie, que fala sobre “um sentimento de confusão, traição e esforço assimétrico em amizades”, aqui.
WESTWELL. Dupla de pai e filho que faz um som bastante ligado ao pós-brit pop dos anos 2000 – aquela mesma cena que gerou Coldplay, Starsailor, Travis,etc. Uma dupla cujo potencial para fazer grudar canções acústicas nos ouvidos alheios é bem grande. Ouça Siren song aqui.
ME & MELANCHOLY. O projeto-de-um-homem-só de Peter Ehrling – cuja base é em Estocolmo, Suécia – já tem um álbum lançado, Under the cover of darkness (2023) com músicas com títulos animados como We are the people of the night, Isolation, I have seen evil e outras. Ouça A quiet place in the dark aqui.
SHRIVING DRAWERS. “Somos uma partícula solitária de cinzas de cremação inaladas dos corpos de heróis musicais. Preferimos contornar a indústria musical tóxica, mas ainda assim desejam encontrar um público heterogêneo que não tenha problemas de controle”, despistam. Saiu agora Antelope heaven, doo wop cantado com forte sotaque britânico, com letra satírica. Ouça aqui.
UBIQUITY MACHINE. O som dessa dupla norte-americana é dessas coisas que grudam no ouvido rapidamente. Eles já foram definidos por aí como “um filho dos Rolling Stones com os Smiths”, mas no EP novo, Romeo and Juliet, variam do power pop eletrônico da faixa-título ao tom meio sombrio e irônico, lembrando o Blur, de Met a boy. Ouça essa aqui.
ZORIN MORRIS. Músico norte-americano que faz tecnopop como se vivesse nos anos 1980, e na Inglaterra. Pelo menos é o som que ele apresenta em seu mais novo single, Treasure – aliás um som que poderia ter sido incluído num álbum do Human League ou do Erasure lá por 1987, e que basicamente fala de um amor que fica só no quase, e deixa marcas. Ouça aqui.
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Crítica
Ouvimos: Babymetal – “Metal forth”

RESENHA: Em Metal forth, o Babymetal mistura peso e pop: nu-metal, j-pop, rap e até soul, provando maturidade após 15 anos de carreira.
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Babymetal é heavy metal para não-metaleiros, você poderia dizer. Nem tanto, né? É um banda que vem da cultura asiática de criação de ídolos, é formada por meninas (que já são mulheres) e gerenciada por uma agência poderosa – a Amuse, que tem até escola de música. Mas dá pra dizer, sem medo de errar, que muita gente foi apresentada ao universo do som pesado por causa delas. Até porque o Babymetal é esperto o suficiente para agregar mumunhas pop, e estilos como r&b e rap, a um universo conhecido pelo radicalismo.
Você piscou o olho e o Babymetal já tem quinze anos, várias turnês e, curiosamente, um número de discos bem pequeno. Metal forth é o quarto álbum e funciona bem para metaleiros de ouvidos abertos e sem preconceitos. Dando um passeio pelas faixas: Ratatata tem ar de j-pop e k-pop, e une som pesado, rap e dance music. Song 3 é uma porrada que une vocais guturais (da parte dos convidados do Slaughter To Prevail) e vozes meio Alvin e os Esquilos. From me to you, na abertura, herda sonoridades do metal alternativo e da música pop – é som rápido, pesado, eletronificado.
Entre as surpresas de Metal forth, tem Sunset kiss, que deixa o Babymetal com uma cara de Spice Girls trabalhadas no couro e no preto. E My kiss, um nu-metal cuja introdução ameça uma chupada em Ratamahatta (hit do Sepultura com participação de Carlinhos Brown). Tom Morello põe energia em Metal!!!, que também traz emanações de Sepultura, mas une som pesado e soul. Já White flame, no final, aponta para vários lados: j-pop, emo, punk… encerrando com um solo de guitarra final que lembra Queen.
Quem ouvir Metal forth de mente aberta, vai descobrir que, com o tempo, o Babymetal foi se tornando um projeto bastante equilibrado – as integrantes cresceram e o mundo ao redor delas mudou bastante.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Capitol
Lançamento: 8 de agosto de 2025
Crítica
Ouvimos: Deb and The Mentals – “Old news” (EP)

RESENHA: Deb and The Mentals volta às raízes em Old news: punk, grunge e new wave com peso, energia e nostalgia.
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Com uma formação nova que traz Fi (NX Zero), na guitarra, Deb and The Mentals decidiu voltar ao começo num EP de nome sintomático, Old news. Deb Babilônia adota novamente as letras em inglês nas cinco faixas do disco – e a banda corresponde com um som voltado para uma confluência entre punk, grunge e new wave. A faixa de abertura Together again une anos 1980 e 1990, soando como Ramones na fase Mondo bizarro (1992). Suck me in, com um pouco mais de peso, tem muito de bandas como Generation X. A noventista To erase vai para a pequena área do punk + metal, com peso e intensidade.
O “lado B” de Old news tem um hardcore rápido, cavalar e acelerado, Burn it down, fechado com microfonias. Tem também a música mais bonita do disco, Runaway, união de punk e rock britânico oitentista, chegando a lembrar Smiths. Dying spark, por sua vez, chama atenção pela boa marcação de baixo e bateria, e pela linha do tempo sonora que vai dos anos 1970 aos 1990.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Algohits
Lançamento: 13 de agosto de 2025
- Ouvimos: Paira – EP01 (EP)
- Ouvimos: A Terra Vai Se Tornar Um Planeta Inabitável – Ident II dades (EP)
- Ouvimos: akaStefani e Elvi – Acabou a humanidade
Crítica
Ouvimos: Klisman – “CHTC”

RESENHA: Em CHTC, Klisman transforma o Centro Histórico de Salvador em rap visceral, misturando trap, afropop e relatos de vida dura.
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CHTC, título do disco de estreia do rapper baiano Klisman, é uma sigla para “Centro Histórico tá como?” – e uma lembrança do coração de Salvador, um conjunto de pontos turísticos que explicam a história da capital baiana (Pelourinho, Elevador Lacerda, Mercado Modelo), além de um entorno de dez bairros. Klisman cresceu por lá e levou tudo para seu som, que une mumunhas do trap, e um certo elemento de perigo vindo do rap, além de erros e acertos pessoais. O som une beats de trap, afropop e vibes latinas.
Klisman fala da vida como ela se apresentou não apenas para ele, mas para vários amigos seus. Reparação histórica entra na mente dos que são tidos como vilões, em versos como “se eu roubo esse gringo é reparação histórica / visão de cria não pega na ótica” e “poucos sabem o dilema que eu vivo / do tipo: como vender drogas e ser um bom filho? / como tirar vidas e criar meu filho?”. Caminho certo cria imagens musicais para retratar um dia a dia que exige posicionamento rápido (“são escolhas que mudam o caminho de casa”), o mesmo rolando na ameaça sonora de 25kg e na sagacidade de Proibido branco. O próximo é rap lento e climático que une ódio e tiração de onda.
Para quem for ouvir CHTC, o conselho é tentar entender tudo como um filme e não sair julgando: Klisman entrega todas as contradições de quem cresceu numa realidade bem distante do que a classe média enxerga como normal – e o normal ali são leis bem estranhas. Em Praia da Preguiça, aberta com sample de violão e flautas, e Pixadão de guerra, sonhos misturam-se com alfinetadas em trappers famosos e realidades de trincheira (“a emoção de ver o alemão sangrar / é a mesma de ver o irmão prosperar”). Ainda sou o mesmo vai para vários lados da violência urbana: “quantas mãe vai ter que chorar? / ele poderia ter um Grammy / mas ele tá na boca portando uma Glock”.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Nadamal
Lançamento: 22 de maio de 2025.
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