Connect with us

Lançamentos

Porno For Pyros: capa de single novo, “Agua”, tem detalhe que lembra trilha de novela

Published

on

Porno For Pyros: sacamos a referência da capa do single novo, "Agua"

Quem é vivo sempre aparece. Agora é a vez do Porno For Pyros, a banda de Perry Farrell (criador do festival Lollapalooza e da banda Jane’s Addiction) que retorna com seu primeiro lançamento em 26 anos. O grupo, que havia se reunido em 2022 como substituição ao próprio Jane’s Addiction no festival Welcome To Rockville, acaba de lançar uma nova música, Agua (título em português mesmo, sem acento).

Nós aqui do POP FANTASMA achamos que o autor da capa do single se inspirou, pelo menos na grafia do nome da faixa, e na referência aquática, na capa do disco Água viva – Temas internacionais da novela, lançado pela Continental em 1979. Um disco que por sinal, marcou época, já que se trata de uma versão cover (a capado disco explica isso) da trilha internacional da novela da Rede Globo Água viva, com todas as faixas regravadas pelo grupo paulistano Os Carbonos.

Na época, deu na revista SomTrês que a Continental havia lançado o disco como uma forma de protestar contra o relacionamento Rede Globo-Som Livre, já que a gravadora se beneficiava da estação para fazer bem mais propagandas de discos do que as outras gravadoras. A Som Livre, segundo a revista, publicou anúncios reclamando de “oficialização da pirataria”, moveu um processo contra a Continental e perdeu – até porque a Continental alegou que não havia feito pirataria nenhuma e que todas as covers haviam sido autorizadas pelas editoras musicais. Mas o disco não ficou muito tempo em catálogo. Boa parte da história do álbum cover de Água viva está no livro Pavões misteriosos, do jornalista André Barcinski, sobre lançamentos pop e populares dos anos 1970-1980.

Quanto ao Porno For Pyros, Agua não é nova: foi escrita para o segundo álbum da banda, God’s good urge (1996), e já havia circulado uma demo dela em 2014. Ela foi lançada como batedor para um EP que sai ano que vem, e vem com o anúncio de que Porno for Pyros formou uma parceria com a organização sem fins lucrativos Ocean, Surfrider Foundation. A canção tem o mesmo astral hippie de certas músicas de bandas como Black Crowes e Blind Melon.

“As pessoas que vivem aqui na Costa Oeste têm um lindo amor e paixão pelo Oceano Pacífico”, diz Farrell. “O oceano não parece que está bem, você não surfa direito. Você vai nadar nele e fica assustado. O pôr do sol é diferente. Estamos realmente estragando tudo. Temos que fazer algo sobre isso. Queria chamar a atenção para isso através do melhor megafone que conheço, que é a música”.

O PFP hoje é formado por Perry (voz), Stephen Perkins (bateria), Peter DiStefano (guitarra) e, além do EP e do single, vai fazer também uma turnê de despedida, com 16 datas confirmadas entre os dias 13 de fevereiro e 18 de março do ano que vem, percorrendo Estados Unidos e Canadá.

Lançamentos

Radar: Real Estate, The Dirty Nil, Snõõper, Ministry, Paul Weller, 61 OHMS, tudo junto

Published

on

Radar: Real Estate, The Dirty Nil, Snõõper, Ministry, Paul Weller, 61 OHMS, tudo junto

Felicidade é quando todas as bandas e artistas que a gente escolhe pro Radar têm nomes pequenos – e cabe todo mundo no título. Hoje tem Radar internacional, unindo novos e veteranos em torno da música nova – e, no caso do Ministry e do Paul Weller, do novo olhar sobre velhas canções. Divirta-se. Em tempo: esse texto era para trazer o clipe novo do Ministry, mas aparentemente ele foi censurado pelo YouTube (Foto Real Estate: Bandcamp).

Texto: Ricardo Schott

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
  • Mais Radar aqui.

REAL ESTATE, “EXACTLY NOTHING”. O Real Estate foi atrás das sobras e achou coisa boa: a coletânea The Wee Small hours: B-sides and other detritus 2011–2025 reúne lados B, faixas perdidas e outtakes desde o início da banda até o disco Daniel (2024). O nome do disco vem de uma música inédita feita nas sessões do terceiro álbum, Atlas (2013), e também acena pra um álbum clássico de Frank Sinatra. Uma raridade pra quem acompanha a banda de Nova Jersey desde o comecinho — ou pra quem quer descobrir as entrelinhas do som deles. Destaque para Exactly nothing, um B-side de 2012 que consegue ser ensolarada e misteriosa simultaneamente.

THE DIRTY NIL, “SPIDER DREAM”. The lash, quinto disco dessa banda punk canadense, tá marcado para sair no dia 25 de julho. Enquanto o álbum não chega às lojas, dois singles, Gallop of the hounds e este Spider dream, servem de vislumbre. A canção é uma balada soft, tranquila, mas trevosa.

Aliás, o cantor e guitarrista Luke Bentham disse que a inspiração da música foi um pesadelo – o tal “sonho de aranha”, do qual ele fala na letra, que tem versos como “ontem à noite eu sonhei que meu corpo estava coberto de picadas de aranha” e “o passado me parece um cemitério que visito todos os dias, faça chuva ou faça sol”. Outra inspiração foi o documentário Get back, sobre as internas do disco-filme Let it be, dos Beatles. “Me inspirei a usar acordes mais vibrantes do que costumo usar”, diz.

SNÕÕPER, “INCOGNITO”. Em 2010 surgiu uma ramificação do punk que logo ganhou a alcunha de eggpunk – na verdade era uma espécie de synthpunk, com herança direta de bandas como Devo e Sigue Sigue Sputnik e uso de teclados baratos. Essa banda de Nashville se considera parte dessa onda, recriando o punk e o hardcore a partir de baterias eletrônicas, teclados e um aparato de gravação que parece sempre disposto a distorcer o som.

Depois de um excelente disco de estreia, Super Snõõper, de 2023 (resenhado pela gente aqui), o grupo retorna com um EP exclusivo para o Bandcamp, Unknown caller – disco gravado em casa, com quatro faixas curtas. A zumbizante Crash out, single do EP, é bem legal – por sinal até o momento é a única que você vai encontrar nas plataformas mais conhecidas. Mas destacamos o clima caótico e intermitente da acelerada Incognito.

MINISTRY, “I’LL DO ANYTHING FOR YOU (SQUIRRELY VERSION)”. O novo clipe do Ministry, uma provocação explícita que chegou a circular pelo YouTube, foi retirado do ar sem qualquer explicação oficial. Quem teve a chance de ver, encontrou o sempre sombrio Al Jourgensen em um modo inusitado — e quase fofo. De terno rosa, marias-chiquinhas no cabelo, óculos em forma de coração e uma camiseta com os dizeres “Eu não sou adorável?”, ele revisita I’ll do anything for you, música da fase tecnopop da banda, regravada no bizarríssimo The squirrely years revisited – álbum dedicado a desenterrar o repertório inicial do Ministry, que ele sempre disse odiar (e que foi resenhado pela gente aqui). No vídeo, que agora só circula em alguns trechos (tem shorts no YouTube e este pedaço no Instagram da banda), há até uma montagem de Vladimir Putin e Donald Trump dividindo um espaguete, ao estilo de A Dama e o Vagabundo. Segue pelo menos o áudio.

PAUL WELLER, “LAWDY ROLLA”/”PINBALL”. Você já deve ter visto, mas não custa falar que vem aí mais um capítulo da trajetória de Paul Weller: o músico britânico anunciou o álbum Find El Dorado, só com releituras de canções que marcaram sua vida, com convidados como Robert Plant, Noel Gallagher, Hannah Peel. Tá previsto para 25 de julho e Weller fez versões de artistas como Richie Havens, Bee Gees e Kinks.

De nomes pouco conhecidos, tem a releitura de Lawdy rolla, música do The Guerrillas – um grupo de músicos de estúdio formado por feras como Manu Dibango (sax) e Slim Pezin (guitarra), que gravou essa “canção de trabalho” em clima jazzy num single de 1969. Essa e Pinball (single de estreia do cantor, apresentador e ator britânico Brian Protheroe) ganharam versões e já saíram como singles.

61 OHMS, “SIGN OF THE TIMES”. Essa banda californiana considera seu single mais recente algo entre “Radiohead, Coldplay antigo ou Muse com um toque moderno” – e faz sentido, mas tudo filtrado por um toque musical que vem lá dos anos 1990 e da paixão pela música-de-guitarra-e-ruído que as bandas da década tinham (entre elas o próprio Radiohead do disco Pablo honey, de 1993). Sign of the times ganhou também um clipe tão imersivo quanto a própria faixa.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Stereolab, “Instant holograms on metal film”

Published

on

Ouvimos: Stereolab, "Instant holograms on metal film"

RESENHA: Stereolab retorna com Instant holograms on metal film, disco visionário que mistura krautrock, bossa, soft rock e crítica social futurista.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Primeiro álbum do Stereolab desde 2010, Instant holograms on metal film só é inacreditável para quem não conhece esse grupo franco-britânico – que já tirou onda de profetas musicais do futuro, e hoje vê muita coisa imaginada por eles virar quase moda. O mundo conforme pensado pelo Stereolab em discos como a estreia Peng! (1992) era uma mescla de carros voadores e móveis estilosos dos anos 1960 – ou de homens com visual mod e mulheres de cabelo curto à Mia Farrow falando no celular e navegando na internet.

Era também uma mescla de influências que parecia encontrar o que havia de mais retrô no que havia de mais moderno, ou o contrário. O fato é que, em 2025, Lætitia Sadier e Timothy Gane podem só relaxar e zoar num universo imaginário em que computadores transmitem imagens falhadas de antigos VHS, e fitas K7 servem como portais para um novo mundo. Como no chacundum espacial de Aerial troubles, com vocais doces e melódicos e qualquer coisa que você ouviu em discos de bandas como Neu! e de produtores-artistas como Brian Eno.

É o que também rola na ensolarada e tecnológica Melodie is a wound, que durante boa parte de seus sete minutos é um soft rock. Só que misturado com detalhes de krautrock, e com uma letra que aponta o dedo para o cultivo ao ódio e à ignorância – com direito a teclados em clima de interferência no final. Climas quase progressivos tomam conta de Immortal hands, música na qual os vocais de Lætitia soam como os de Nico ou os de Yoko Ono. E Vermone F transistor opera no bom e velho cruzamento entre pop francês, bossa nova e rock sixties, típico do Stereolab.

Com uma hora de duração, Instant holograms vai para vários lados sem cansar, cabendo o pós-punk mágico e celestial – com batidinha quase tecnobrega – de Le coeur et la force, o Pink Floyd produzido por Giorgio Moroder de Electrified teenybop, a bossa eletrônica e espacial de Transmuted matter e o indie vintage de Esemplastic creeping eruption, música em que os instrumentos parecem falar, e em que o clima lembra o dos antigos discos de orquestras gravados no Brasil (como as pérolas da Orquestra Briamonte, nos anos 1960, que tinham tom futurista e elegante).

Entre climas viajantes e sombrios no final, o Stereolab vai do tecnopop de salão às experimentações eletrônicas nas duas partes de If you remember I forgot how to dream. Ambas são músicas com cara de sonho acordado, assim como o pop cheio de surpresas de Colour television. Uma música que, por causa do título, soa como o futuro visto do passado – mas cuja letra descortina uma distopia em que “toda a riqueza pode ser acumulada” e “os mesmos lideram, os outros ficam pra trás”. Um grupo visionário como sempre.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Duophonic / UHFWarp
Lançamento: 23 de maio de 2025.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Tagua Tagua, “Raio”

Published

on

Ouvimos: Tagua Tagua, "Raio"

RESENHA: Tagua Tagua mistura neo psicodelia e groove em Raio, disco solar com boogie, beats dançantes e vibe hipnótica de trilha de novela psicodélica.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

O Tagua Tagua, projeto do gaúcho Felipe Puperi, já era solar, psicodélico, embora bastante introvertido. Com Raio, terceiro disco, ele investe cada vez mais no encontro da neo psicodelia com o groove: paredes cobertas de sintetizadores, batidas dançantes e um tom mais expansivo marcam as nove faixas.

Alguns flertes são marcantes no álbum: o som misterioso do norte-americano Adrian Younge, o clima do Khruangbin e, em especial, as possibilidades do boogie nacional oitentista, que surgem no soul cósmico de Dia de sol, no clima praiano da faixa-título (um reggae leve, que lembra igualmente de leve os momentos mais calmos do Red Hot Chili Peppers) e na dance musica discreta de Let it go.

Até aí, você já percebeu que em Raio, Felipe investe também em vocais que soam quase como mantras – mesmo que sejam em português, não são fáceis de entender de cara, funcionam como um instrumento a mais, e ajudam na vibe hipnótica.

Esse clima magnético bate fundo no boogie progressivo de Artificial, com baixo lembrando Chic e clima de voo raso. Também é a tônica na pós-disco de Química, no batidão rock-disco de Come a little closer – música prestes a se transformar numa peça dance texturizada – e no pop contemplativo e dinâmico de Lado a lado, parceria com James Petralli (da banda norte-americana White Denim). No fim, o pop de violão Talvez lembra a MPB dos anos 1980, e Rito de passagem põe micropontos de introspecção no disco, com teclados cristalinos e beat seco.

Raio, por sinal, tem um certo tom carioca – ou pelo menos, de um Rio de Janeiro imaginado. Em alguns casos, dá para dizer até que é um disco que está esperando por uma nova novela de Manoel Carlos. Só que a Helena surge tomando algo mais psicodélico do que apenas cafezinho, e cancela os compromissos para curtir uma rave.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Wonderwheel Recordings
Lançamento: 16 de maio de 2025.

Continue Reading
Advertisement

Trending