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Crítica

Ouvimos: The Hausplants, “Into equilibrium” (EP)

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Ouvimos: The Hausplants, "Into equilibrium" (EP)
  • Into equilibrium é o segundo EP da banda canadense The Hausplants. O trio é formado por Amir (guitarra e produção), Sondor (bateria) e Zel (baixo e vocais).
  • O disco novo foi gravado pelo trio em uma despensa, “um espaço peculiar e aconchegante que reflete o espírito brincalhão e engenhoso da banda”.
  • A banda afirma também que o disco é “uma dedicação ao momento, encontrando espaço para viver em um tempo cada vez mais sombrio. Simultaneamente, o EP destaca nosso crescimento como banda, e o impacto que a cena de Vancouver teve em nossa música. Ao criar essas músicas, abrimos espaço para explorar sons mais experimentais, explorar nossos backgrounds sonoros e também nossas identidades individuais dentro e fora da música”.

De onde vem esse som? O trio canadense The Hausplants pega emprestado ecos de Velvet Underground, The Sundays, The Smiths e chamber pop, misturando tudo com ritmos ciganos e hispânicos em Into equilibrium. Um EP que parece um pequeno universo próprio, graças à variedade das canções, e à voz de Zel, cantora do grupo: o timbre lembra, e muito, Mariska Veres, a enigmática vocalista do Shocking Blue (aquela banda do hit psicodélico Love buzz, regravado até pelo Nirvana, e de outro hit de enormes proporções, Venus).

Com seis faixas gravadas em uma despensa, o grupo abre o EP com October, canção com tom sonhador, como se esperaria de uma faixa calma do Velvet Underground – tem clima de música de girl group, com pandeirola e tudo. Dreams of falling tem certo ar de Motown, com guitarra simples, vocal quase jazz e baixo costurando a faixa. Hypocrite (faixa que, conta a banda, “explora a dissonância cognitiva da nossa geração”) é o pós-punk mais prototípico do disco, mas ainda assim os vocais e os metais funcionam em clima cigano-hispânico.

Normalcy e Too close to the sun exploram um lado solar do EP, com timbres lembrando Pretenders e as já citadas The Sundays e The Smiths. Duas músicas que ajudam a tomar fôlego para a beleza arábica da faixa-título, com escalas peculiares nos vocais e na guitarra, e ótimo arranjo de metais. Uma banda para adotar e dar o play repetidas vezes.

Nota: 10
Gravadora:  Independente.
Lançamento: 7 de fevereiro de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Cicero – “Uma onda em pedaços”

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Cícero retorna com Uma onda em pedaços, indie pop brasileiro que mistura acolhimento, introspecção e arranjos inventivos.

RESENHA: Cícero retorna com Uma onda em pedaços, indie pop brasileiro que mistura acolhimento, introspecção e arranjos inventivos.

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O novo disco de Cicero tem várias origens: a pandemia, a desfragmentação que abateu todo mundo com ela, a passagem do tempo (desde 2020 ele não lançava um novo álbum de inéditas – por sinal, Cosmo, lançado naquele ano, foi seguido pelo isolamento pandêmico). Uma onda em pedaços, de certa forma, é um retrato do tempo desfragmentado, em que muita coisa acontece e cabe a todo mundo fazer a coleta dos sentimentos, do que ficou, do que trouxe vitórias, do que trouxe dificuldades.

Boa parte do material do disco remete a esse tipo de experiência, abrindo com Cícero se apresentando aos antigos fãs e a quem ainda não o conhece (Pássaro nave), dando espaço à busca por acolhimento (Mente voa) e falando sobre a difícil tarefa de dominar os pensamentos ruins (Tranquilo). Muitas letras de Uma onda em pedaços soam como frases que dizemos para nós mesmos quando precisamos ficar mais calmos, criando imagens que trazem paz.

  • Ouvimos: Dora Morelenbaum – Pique
  • Ouvimos: Pablo Lanzoni – Aviso de não lugar

Musicalmente, Cicero, auxiliado pelos arranjos de cordas, parece buscar fazer um indie pop brasileiro com pegada. Em faixas como Pássaro nave, as cordas têm funcionamento rítmico – algo que remete a Lincoln Olivetti, por exemplo, mas sem o clima disco dos arranjos desse último. Mente voa literamente voa, com clima lo-fi, som de música gravada no quarto, e um rap na letra. Sem dormir, gravada ao lado de Duda Beat (e feita para ela cantar) une nordeste e synthpop. Ela disse chega a lembrar Abilio Manoel, pela união de folk e brasilidade, e pelo clima visionário da letra – tudo acrescido de sopros, e de micropontos de jazz.

Cícero adota também um clima de pop adulto, ainda que mais experimental e minimalista, em Dia vai – que chega a lembrar Paralamas do Sucesso – e no clima bossa-pop de Ausência e Lucille. Já Meu amigo Harvey, inspirada no filme de mesmo nome (Henry Koster, 1950) e em histórias sobre desconexão total provocada pelo excesso de tecnologias, tem algo de rock psicodélico atual, com melodia circular e batida dançante. Uma onda em pedaços é marcado pelo tom introvertido de Cícero, mas busca novas criações de design musical.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 6 de agosto de 2025

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Crítica

Ouvimos: The Dirty Nil – “The lash”

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Punk + metal afiado, o novo The Dirty Nil equilibra energia e surpresas melódicas, com letras diretas e sem meias-palavras.

RESENHA: Punk + metal afiado, o novo The Dirty Nil equilibra energia e surpresas melódicas, com letras diretas e sem meias-palavras.

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A capa do disco novo do The Dirty Nil é daquelas que você gosta de cara: parece uma demo velha em K7, com tudo feito à mão. Nem sempre, vale dizer, o som dessa banda canadense é uma grande surpresa: a proporção é de três, quatro músicas ótimas e várias apenas razoáveis, nos discos anteriores deles. The lash, quinto disco, organiza e equilibra um pouco a balança.

Apostando num punk + metal que nem sempre prima pela originalidade, eles enchem de garra canções como Gallop of the hounds, a sombria Fail in time e a galopada Do you want me?, além de They wont beat us, punk melódico com narrativa heróica. O que vale a pena no Dirty Nil são as surpresas que volta e meia aparecem, como a melódica That don’t mean it won’t sting e a nostálgica e 60’s Spider dream.

Também merece destaque o fato do grupo não ficar em cima do muro, nem em atitude, nem em letras. I was a henchman aponta para falsos deuses. A ótima Rock and roll band avisa sobre as trapaças do mercado da música e sobre a pobreza generalizada do circuito roqueiro: “quer estar numa banda de rock / com sua foto no Instagram? (…) / tem alguém ficando rico / e não é você”. This is me warning ya, só com voz, guitarra e cordas, fala sobre depressão. Um punk rock fiel a si próprio e que sente a passagem do tempo.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Dine Alone Records
Lançamento: 25 de julho de 2025

  • Ouvimos: Amyl and The Sniffers – Cartoon darkness
  • Ouvimos: Wet Leg – Moisturizer

 

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Ouvimos: Cesar Roversi – “Re verso”

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Cesar Roversi mistura jazz e MPB em Re verso, com samba, valsa, soul e frevo-jazz em arranjos orgânicos.

RESENHA: Cesar Roversi mistura jazz e MPB em Re verso, com samba, valsa, soul e frevo-jazz em arranjos orgânicos.

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Acompanhado por músicos como André Marques no piano, Rodrigo Digão Braz (bateria); Alberto Luccas (baixo), Carolina Cohen (congas), o saxofonista Cesar Roversi exibe sua visão da mistura entre jazz e MPB no disco Re verso, formado por temas extensos – alguns deles já gravados por ele em outros lançamentos.

Cesar trabalhou em projetos como Hermeto Pascoal Big Band, Banda Mantiqueira e Nelson Ayres Big Band, e seu currículo inclui trabalhos com Leny Andrade, Toninho Horta, Leila Pinheiro, Francis Hime, e outros. O repertório viaja entre samba, jazz e valsa em Quarteto ternário, e os voos instrumentais põem as melodias para correr em faixas como Lá na gafieira e o samba-forró-jazz Jabutunga. Portal do Sabiá tem ares de soul e samba, e No fio da navalha guia a sonoridade para o frevo-jazz. Um disco sem truques de produção, em que a música orgânica é que manda.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 18 de julho de 2025.

  • Ouvimos: Antonio Neves – De Las Nieves
  • Ouvimos: Sergio Reze Falando Música Quarteto – Um olhar interior

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