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Crítica

Ouvimos: Stephie James, “As night fades”

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Ouvimos: Stephie James, "As night fades"
  • As night fades é o primeiro álbum de Stephie James, cantora de Detroit, Estados Unidos. O álbum tem colaborações de músicos como o guitarrista Matt Menold, o baixista Jack Lawrence e o arranjador Billy Contreras, que cuidou dos violinos com tom country. A produção e a mixagem são de Andrija Tokic (Alabama Shakes).
  • Um dos primeiros projetos musicais de Stephie, ainda na adolescência, foi montar um café com seu irmão, para que ele pudesse se apresentar todas as noites e ajudar a fomentar uma cena local. Por causa disso, ela acabou fazendo uma turnê (ainda na adolescência!) com Anita Baker. Recentemente, trabalhou também com Dan Auerbach (Black Keys).
  • Silent film, uma das músicas de As night fades, entrou na trilha de um documentário dirigido por Michael Bolton (o próprio), American dream: Detroit.

Retrô, sim, mas sem isolamento num tempo e espaço de trinta, quarenta anos atrás. As night fades, estreia de Stephie James, surpreende pela união de pop sessentista, country e… um ou outro toque da turma de 1977-1978 que era fanática por girl groups e compactos antigos dos quais ninguém mais se recordava. Bandas como Pretenders e Blondie estão entre as referências mais acháveis no disco, além do pop produzido e composto por Phil Spector. Mas vale citar o site Grateful Web que decidiu chamar Stephie de “Iggy Pop encontra Judy Garland”, mostrando dois lados distintos e classudos de seu som. E é por aí.

O disco de Stephie começa com ruídos ultrapassadíssmos de programação eletrônica – e parece que vai abrir com um bolerinho. Mas abre mesmo é com a balada country (abolerada, enfim) Company, uma canção de bar de beira de estrada. É só o começo do álbum, porque As night fades, álbum repleto de canções que (de fato) vão dando uma sensação de solidão e tristeza ao cair da tarde, segue no ska pop de Party doll, e no rock sessentista de Steve McQueen, com introdução lembrando Heroes, de David Bowie – só que numa onda mais orgânica e menos robótica. Já Surf é isso mesmo: um tema surfístico e instrumental, composto e tocado por ela na guitarra, com inspiração direta no som de Dick Dale.

Certos momentos de As night fades lembram o lado revisionista do pop do começo do século 21, como o neo soul Hard place, o tom Ronettes de Silent film, ou Losing side, influenciada simultaneamente pelos Rolling Stones sessentistas e pelo Velvet Underground – e sim, se você pensou em Amy Winehouse, Stephie faz lembrar a cantora em vários momentos, como no pop-bossa-sixties de Will you be. Um diferencial também é dado por Five & dimer, um rock meio beatle, como se Lennon & McCartney fossem cantados pelas Shirelles. No fim da (segunda ou terceira) audição, o álbum de Stephie James soa como um disco de cantora e atriz, com interpretação a perder de vista, e faixas autorais feitas como se fossem trilhas de filmes.

Nota: 8
Gravadora: Independente.

Foto: B

Crítica

Ouvimos: Gabriel Ventura – “Pra me lembrar de insistir”

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Ouvimos: Gabriel Ventura - "Pra me lembrar de insistir"

RESENHA: Gabriel Ventura mistura MPB, vibes grunge e climas experimentais em Pra me lembrar de insistir, disco ruidoso e inventivo feito pra ouvir com atenção.

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Músico fluminense, um dos fundadores da banda Ventre – que revelou também Larissa Conforto, do projeto musical Aiye, e Hugo Noguchi – Gabriel Ventura faz MPB com uma cara bem diversa em seu segundo disco solo, Pra me lembrar de insistir. Por mais que você consiga ver emanações de Milton Nascimento e até de Geraldo Azevedo no som de Gabriel, o principal ali é que se trata de um disco ruidoso, onde percussões e violões parecem ranger, e sons fantasmagóricos surgem por todo o lado.

Essa busca por um design sonoro menos formal acontece em todo o álbum – como em Lamber os dentes, no jazz silencioso de Acalento, na ambientação musical selvagem de Trovejar e no curioso drum’n bass orgânico de O que quiser de mim, que vai tendo modificações no ritmo e destaca justamente o som da bateria. O enfeite do não e do sim traz som percussivo e quase concretista, Toda canção soa quase esculpida em torno do violão – e muita coisa no álbum parece emanar uma MPB grunge, ou uma música brasileira que foi ouvir Caetano e Gil, mas não deixou de ouvir Velvet Underground e PJ Harvey.

Viagens sombrias aparecem também entre os rangidos de Cor de laranja, na estileira grunge-jazz-MPB de Fogos e na guitarra estilingada de Brusco. Pra me lembrar de insistir surge numa época em que fones são pequenos e plataformas achatam o som – mas soa como um disco da era do CD, em que havia aquela vontade de fotografar musicalmente o estúdio.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Balaclava
Lançamento: 6 de maio de 2025

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Crítica

Ouvimos: Matthew Nowhere – “Crystal heights”

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Ouvimos: Matthew Nowhere - "Crystal heights"

RESENHA: Matthew Nowhere homenageia os anos 1980 no álbum Crystal heights, com ecos de David Sylvian, Japan e Ultravox.

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Músico de San Francisco (CA), Matthew Nowhere não está muito preocupado em parecer inovador. Seu primeiro álbum, Crystal heights, é uma homenagem sincera à música dos anos 1980 e aos teclados da época. Também brinca com uma chuva de referências eletrônicas dos anos 1980, como o clima Jean Michel Jarre da vinheta Transmission, a evocação da fase tecnopop do Ultravox em Love is only what we are e da faixa-título, o clima sombrio e kraftwerkiano de Have you ever known, e a vibe de trilha de série do interlúdio Stellar enfoldment.

Crystal heights une várias vertentes tecladeiras da época, do mais pop ao mais experimental, passando pelo rock eletrônico. A elegância e o estilo de Transforming lembram David Sylvian e o Japan, enquanto Echoes still remain une climas tecnopop e ambient. Ruby shards tem violão e guitarra limpa, solar – remetendo ao disco Technique, do New Order (1989) – enquanto Everything’s true, mesmo com ritmo eletrônico demarcado, traz lembranças de Echo and The Bunnymen. Já Silver glass é uma curiosidade: uma espécie de tecnobrega cool, cuja melodia e arranjo lembram Peter Gabriel.

Persist3nce, no final do disco, é música eletrônica com pegada forte, mais próxima do hi-NRG, e clima de sonho darkwave dado pela participação da dupla de shoegaze voador Lunar Twin. Um momento em Crystal heights que traz memória e reinvenção misturadas.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Nowhere Sound
Lançamento: 23 de maio de 2025.

  • Relembrando: Ultravox – Systems of romance (1978)
  • A fase inicial do Ultravox no podcast do Pop Fantasma
  • Ouvimos: Billy Nomates – Metalhorse

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Ouvimos: Krustáceos – “Bicho bruto” (EP)

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Ouvimos: Krustáceos - "Bicho bruto" (EP)

RESENHA: Krustáceos estreia com o EP Bicho bruto, que mistura pós-punk, tecnopop e zoeira à la anos 1980 e 1990.

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Krustáceos é o codinome do produtor musical e trilheiro de cinema Pedro Sodré, e Bicho bruto é a estreia em EP do projeto. Um disco de seis faixas que faz um retorno bastante sincero não apenas na musicalidade dos anos 1980 como também no clima de vale-tudo musical e lírico da época. Boa parte do repertório, em letra e música, lembra direto Talking Heads e U2 – só que aí o U2 provocador do começo dos anos 1990, do disco Zooropa (1993). A faixa-título, que abre o disco, tem guitarra em tom funk e letra que inicia lembrando Numb, de Bono & cia.

Na sequência, o pós-punk e os teclados em vibe tecnopop de Kunk, a zoação com a onda de influencers na fantasmagórica Devora-me ou te decifro (“investe tempo em produção sem produzir o conhecimento”, diz a letra) e o tecnopop na cola da Orchestral Manoeuvres In The Dark – com ótima intervenção de metais no final – de E então as luzes…Amor aos litros tem algo de synthpop e algo de R.E.M,. e Não vai ser com medo tem jeito de hino pós-punk, mas com clima zoeiro.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Nous Music
Lançamento: 8 de maio de 2025

  • Ouvimos: Varanda – Beirada
  • Ouvimos: Godofredo – Tutorial
  • Ouvimos: Echo Upstairs – Estranhos lugares para os olhos

 

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