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Crítica

Ouvimos: Pond, “Stung!”

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Ouvimos: Pond, "Stung!"
  • Stung! é o décimo disco da banda australiana Pond, hoje formada por Nick Allbrook, “Shiny” Joe Ryan, Jay “Gum” Watson, Jamie Terry e James “Gin” Ireland, todos divididos em vários instrumentos.
  • Os integrantes do grupo se dividem em mil outros trabalhos. Stung! foi realizado em sessões semanais durante um ano. “Mas acho que uma semana entre as sessões é tempo suficiente para esquecer para onde você está indo com o álbum”, disse Allbrook à Far Out. Antes que o trabalho se perdesse por falta de organização, o grupo se trancou no estúdio de um amigo em Dunsborough, na costa sudoeste da Austrália.
  • Nomes como Scott Walker, Blur e Talk Talk são citados por Allbrook como influências do disco. Quanto às letras… “Boa parte da vibração das letras do álbum é que você tem todos os motivos para odiar e temer o mundo, mas você só precisa continuar amando o mundo, e amando as pessoas”, diz.

A definição de “rock psicodélico” é pouca areia para o caminhão do Pong, mas faz sentido. Em quase todo o tempo de Stung!, eles soam balizados pelos tons viajantes, mas o principal que fica da audição do disco é a variedade musical. Que às vezes põe o grupo australiano próximo até das bandas nacionais que referenciam-se numa mescla de pós-punk, vanguardismo e Mutantes.

A discografia extensa da banda (dez discos lançados com relativamente pouco tempo de distância entre cada um, desde 2014) revela um grupo moderno, ruidoso, por vezes eletrônico e dançante, mas que usa o som dos anos 1960/1970 como uma espécie de senha musical – mais ou menos como seus confrades do Tame Impala, ou como outras formações, como Flaming Lips, ou até mesmo Beck.

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Com o sucesso do Tame Impala, o Pond (que no começo dividia integrantes com eles e tinha ares de “projeto colaborativo”, no estilo casa-de-noca em que entra e sai quem quer) ficou com a posição de primo mais estranho ainda da banda de Kevin Parker, que por sinal é ex-integrante do Pond. Houve momentos em que soaram mais pop, menos pop, mais eletrônicos. Stung!, décimo álbum, soa como uma mistura de todas essas fases, abrindo com o dream pop de Constant picnic, e seguindo com o jangle rock de (I’m) Stung, e o folk psicodélico, agridoce e misterioso de Neon river. Mas caindo logo na sequência no groove BEM pop de So lo, numa onda mais próxima do Chic e de Prince do que do Pink Floyd. E no instrumental progressivo-stoner-setentista Black lung, lembrando um King Crimson com levada.

Stung! segue com uma bela valsinha psicodélica referenciada em Beach Boys (Sunrise for the lonely), um instrumental eletrônico e dançante que soa como coisa do A wizard, a true star, clássico de Todd Rundgren (Elf bar blues), além dos oito minutos de Edge of the world pt. 3, dream pop distorcido que mais parece um Bee Gees virado do avesso. Invetem também no power pop na bela e pesada Boys don’t crash e em Last Elvis, e num r&b estranho em Elephant gun.

Nota: 9
Gravadora: Spinning Top

 

Crítica

Ouvimos: Optic Sink – “Lucky number”

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Pós-punk afiado: no novo álbum, o Optic Sink mistura baixo frontal, bateria robótica e synths em faixas tensas, frias e cheias de energia.

RESENHA: Pós-punk afiado: no novo álbum, o Optic Sink mistura baixo frontal, bateria robótica e synths em faixas tensas, frias e cheias de energia.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Feel It Records
Lançamento: 31 de outubro de 2025

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Tem pós-punk estranho lá em Memphis. O Optic Sink parece com aquelas bandas que você descobre em coletâneas antigas da Factory – grupos para os quais o Joy Division chegou a abrir shows mas que ficaram no passado, ou que chegaram a ser considerados mais promissores que o New Order por alguns minutos. Claro que nada disso significa que o Optic Sink vai ficar para trás: no terceiro disco, Lucky number, eles vêm com músicas pontiagudas e altas habilidades no uso dos melhores truques dos estilos da “família” pós-punk.

  • Ouvimos: Anika, Jim Jarmusch – Father, mother, sister, brother (trilha sonora do filme)

Natalie Hoffmann, Ben Bauermeister e Keith Cooper usam e abusam de baixo na frente, batera robótica, riff de guitarra combinados com riffs de synth, heranças do krautrock, vibes repetitivas e bacanas, vocais que dão certos sustos no/na ouvinte – tudo isso surge em faixas como Laughing backwards, Lucky number, Don’t look down. Já Construction abre com algo que (opa) pode se parecer com a fase tecnopop do Queen, mas também pode não parecer – e que logo se torna algo mais próximo de bandas como Magazine e Stranglers.

O lado mais frio e ritmado do grupo continua dando as cartas em músicas como How can I help you? e Kinetic world, duas canções que constroem atmosferas urbanas e musicais na frente de quem ouve o disco. Já Golden hour, um duelo entre baixo e guitarras funciona como se pusesse Joy Division e New Order lado a lado. Luxury of honesty, encerrando o álbum, tem curiosamente algo de raggamuffin na batida, e chega a lembrar a mania do Public Image Ltd pela exploração de ritmos em meio ao instrumental frio.

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Ouvimos: Alan James – “Solar/Sonhar”

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Solar/Sonhar, novo álbum de Alan James, junta Beatles, sunshine pop e Clube da Esquina em faixas psicodélicas e sessentistas, com toques de Skank, Guilherme Arantes e Elton John.

RESENHA: Solar/Sonhar, novo álbum de Alan James, junta Beatles, sunshine pop e Clube da Esquina em faixas psicodélicas e sessentistas, com toques de Skank, Guilherme Arantes e Elton John.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 7 de novembro de 2025

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Fã de Beatles, de Roberto Carlos, do já saudoso Lô Borges, de Todd Rundgren e de nomes do chamado sunshine pop (estilo musical mais ou menos popular na Califórnia no fim dos anos 1960, gerado por fãs de Beach Boys e The Mamas and The Papas como a banda The Millennium), o carioca radicado em SP Alan James faz a junção de tudo isso em seu segundo álbum solo, Solar/Sonhar.

  • Ouvimos: Julian Lennon – Because… (EP)

Solar/Sonhar começa juntando Todd Rundgren e The Who na psicodélica Não precisa mais – que ganha duas partes no disco, a segunda encerrando o álbum numa onda meio britpop, meio Guilherme Arantes. Luz da manhã, na sequência, tem toques herdado tanto do Clube da Esquina quanto de sensações pop sessentistas como The Cowsills. A onda sunshine pop toma conta de faixas puramente sessentistas como Não se prenda ao medo, Pra ver o sol e Olha, enquanto a vinheta Por que isso aconteceu comigo? (cuja letra é apenas o seu título) tem muito de bandas como High Llamas.

Perto do final, Solar/Sonhar ganha uma cara parecida com a fase Maquinarama / Cosmotron do Skank, em Sobrevivo e Graciosa ilusão, e junta Guilherme Arantes, Elton John e Carpenters na bela Aquela que brilha.

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Ouvimos: Scarlet Rae – “No heavy goodbyes” (EP)

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Scarlet Rae estreia com No heavy goodbyes, EP indie/alt-rock noventista, intimista e ruidoso, que mistura Smashing Pumpkins, shoegaze e folk para tratar de luto e confissão.

RESENHA: Scarlet Rae estreia com No heavy goodbyes, EP indie/alt-rock noventista, intimista e ruidoso, que mistura Smashing Pumpkins, shoegaze e folk para tratar de luto e confissão.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Bayonet Records
Lançamento: 19 de setembro de 2025

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Scarlet Rae é uma cantora de Los Angeles que hoje vive em Nova York, e que após trabalhar em vários projetos na adolescência, começou a lançar faixas solo em 2020. Seu meio de origem é o indie folk – ela chegou a cantar numa banda do estilo, a Rose Dorn, que gravou pelo selo Bar None Records.

No heavy goodbyes é o EP solo de estreia, e é mais uma prova audível de que os Smashing Pumpkins (que há poucos meses atrás não pareciam ser uma banda tão “seguida” por artistas novos) virou referência maníaca. Músicas como The reason I could sleep forever são tão reverentes ao grupo de Billy Corgan quanto o disco de estreia do Rocket, R is for rocket. Não apenas isso: A world where she left me out vai na onda shoegaze, e tem mais do que apenas uma ou outra referência dos SP e também do Joy Division. É um rock barulhento com o pé no radiofônico – coisa que tem se tornado comum nos dias de hoje, aliás. Não por acaso, volta e meia você vai lembrar dos Cardigans e do Placebo ouvindo o EP, o que já insere Scarlet num corredor noventista.

Apesar das influências de Smashing Pumpkins e da vocação para fazer barulho, o som de Scarlet – vale dizer – é bem baixos teores nesse sentido. O foco de No heavy goodbyes é na demonstração dos talentos de uma ótima cantora e compositora ligada a climas mais introspectivos e a letras confessionais – o idioma do soft rock traduzido para sons “alternativos”. Bleu, primeiro single de Scarlet, vem na sequência com ruídos eletrônicos, vocais gravados “lá atrás” e clima hipnótico. No fim do disco, Light dose e Call of the day são as canções mais aprochegadas do “indie folk” – trazendo violões com senso rítmico e melódico, e um certo ardidinho grunge.

As letras de Scarlet, por sua vez, trazem bem mais do que tristeza e pé na bunda. O material de No heavy goodbyes foi fortemente influenciado pela morte de irmã da cantora – e além do luto, a própria pulsão de morte do ser humano entra em discussão nas letras (daí o EP ter uma faixa chamada The reason I could sleep forever). Um disco que pede imersão, ainda que por um curto tempo.

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