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Crítica

Ouvimos: Paris Hilton, “Infinite icon”

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Ouvimos: Paris Hilton, “Infinite icon”
  • Infinite icon é o segundo disco de Paris Hilton, lançado 18 anos após sua estreia Paris. A cantora Sia atua como produtora executiva, e o álbum tem mais de uma dezena de nomes cuidando da produção, entre eles Greg Kurstin (Adèle, Paul McCartney, Halsey, Kelly Clarkson e outros).
  • Paris vem gravando singles independentes há alguns anos e em 2022, participou de um especial de fim de ano de Miley Cyrus ao lado dela e de Sia – que a encorajou a voltar a gravar. “Ela literalmente trouxe à tona algo em mim que eu nem sabia que tinha. Antes eu usava baby voice, era mais ofegante e soava numa vibe de Marilyn Monroe. E então com este álbum, eu me senti como uma mulher”, contou.

“Ué, mas eu nem sabia que a Paris Hilton ainda cantava! Como assim disco novo?”, você pode estar se perguntando. Pois é: imagine se uma pessoa que era influencer antes da popularização do termo não iria voltar a atacar, musicalmente falando, numa época em que eles (os influencers) dominam a mídia, são convidados para participar de novelas, apresentar programas e até para cobrir festivais de cinema e de música. O que resta é saber se existe, hoje em dia, tanto interesse assim por um disco de Paris. No caso de Infinite icon, seja lá o que aconteça com o disco, não será nada que vá abalar muito a credibilidade e a conta bancária de Paris. Mas também nada que vá acrescentar muitas novidades à carreira musical dela.

Infinite icon, como acontece com os discos mais recentes de Charlie XCX e Sabrina Carpenter, parte da recordação e das memórias musicais para construir um disco novo. O problema é que as recordações musicais aqui são daquelas dance music rastaqueras que rolavam nas rádios pop entre 1990 e 2000, e que geralmente apareciam só em coletâneas. Ou sons que lembram demais coisas que Beyoncé e Rihanna já fizeram há vários anos. Isso tudo aí é o que você vai ouvir em faixas como Welcome back, I’m free, BBA (com Megan Thee Stalion) e várias outras.

No caso de uma artista como Paris Hilton, não poderia ser diferente: uma boa parte do disco lida com temas como autopromoção e fugacidade da fama, assuntos sobre os quais ela poderia dar aula para quem está começando a se acostumar com os holofotes. É onde Infinite icon se dá melhor, em faixas como Fame won’t love you e Stay young – nesta, ela admite que “só queria ficar jovem para sempre/não queria ter que crescer”, versos que entregam que se a vida adulta está difícil para a ricaça Paris, imagina para quem realmente precisa se preocupar com os boletos. Mas no geral, Infinite icon é recomendável apenas para fãs.

Nota: 5
Gravadora: 11:11 Media

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Crítica

Ouvimos: Davido – “5ive”

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Com clima de verão, 5ive mostra Davido misturando tendências do afropop em um disco ambicioso e cheio de possíveis hits - mas precisava mesmo fazer um feat com Chris Brown?

RESENHA: Com clima de verão, 5ive mostra Davido misturando tendências do afropop em um disco ambicioso e cheio de possíveis hits – mas precisava mesmo fazer um feat com Chris Brown?

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Aquele clima de praia, azaração (ainda se diz isso?), gente bonita e você, portando um drinque com guarda-chuvinha e usando uma camisa de botão no estilo do Magnum. Provavelmente é o que vai ficar na sua mente enquanto você ouve 5ive, quinto disco do popstar norte-americano de ascendência nigeriana David Adedeji Adeleke, ou simplesmente Davido.

Com um número enorme de convidados e um passeio por uma gama de estilos que pode ser definida como afropop (mas abarca reggaeton, trap, kuduro, pop latino, o africano highlife, etc), Davido é um cara cascudo e autoconfiante – a ponto de abrir seu álbum novo com uma vinheta orquestrada e narrada na qual se compara ao Davi da batalha bíblica com o gigante Golias. O repertório de 5ive mistura gastação de onda típica do trap, vibes afrolatinas e, volta e meia, temas de amor, sexo e territórios dominados.

É o que rola em faixas como Anything, Offa me (com Victoria Monet), R&B (que une o estilo ao trap) e Awuke – essa última, uma parceria com YG Marley, o filho de Lauryn Hill e Rohan Marley, e neto de Bob Marley, e uma das músicas em que Davido mostra influências do amapiano, um combinado de estilos e misturas musicais vindo da África do Sul. Essas mesclas dominam também faixas como Lover boy (com os franceses Tayc e Dadju) e With you (com Omah Lay), duas músicas que surgem no finalzinho do disco, e que dariam bons hits no Brasil.

Isso porque algumas coisas de 5ive são, digamos, análogas a muita coisa já testada e aprovada por aqui – só que vêm com uma cara bem diferente. A ótima Lately poderia ser gravada pela Shakira, e Tek (com Becky G), ganha um ar de lambada, e é aberta por um riff de sax que parece um corte feito a gilete no saxofone de Careless whispers, de George Michael. Indica que Davido, provavelmente, em algum momento, pode acabar estourando por aqui. E esse número enorme de convidados, claro, já é um esforço para chegar nos fandoms mais variados, o que também indica que, em algum momento, pode rolar um feat com algum nome brasileiro (Ivete Sangalo, não, pelo amor de deus).

A vontade de variar os feats acabou fazendo alguém da produção de 5ive, talvez o próprio Davido, viajar feio na maionese. O canceladaço Chris Brown surge soltando (mal) a voz em Titanium, uma música nota 2 do disco, e faz vir à mente a pergunta: “quem pediu isso?”. Em compensação, no animado afropop Funds, Davido dá espaço a dois nomes do pop nigeriano, Odumodublvck e Chike, e ele mesmo acaba servindo de ponte para que o afropop surja no mercado norte-americano diretíssimo da fonte. Mesmo com a irregularidade típica dos enormes discos pop de hoje em dia, 5ive vem com cara de território dominado.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: DMW/Columbia
Lançamento: 18 de abril de 2025.

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Crítica

Ouvimos: 43duo – “Sã verdade” (EP)

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O 43duo mistura pós-punk e psicodelia com naturalidade no EP Sã verdade, unindo grooves, ecos 60s/80s e letras poéticas e instintivas.

RESENHA: O 43duo mistura pós-punk e psicodelia com naturalidade no EP Sã verdade, unindo grooves, ecos 60s/80s e letras poéticas e instintivas.

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O 43duo é uma dupla-banda de Paranavaí (PR) que toca de maneira bem peculiar: enquanto Hugo Ubaldo faz guitarras circulares, assemelhadas a loops de fita, Luana Santana toca teclados – inclusive synth bass – e bateria ao mesmo tempo (haja coordenação motora!). E os dois dividem os vocais. Com influências assumidas de Tame Impala, Boogarins, The White Stripes e Pink Floyd, mostram no EP Sã verdade uma mescla quase natural de pós-punk e psicodelia, buscando climas e timbres que aludam tanto a The Who, Kinks e Beatles quanto a Echo and The Bunnymen.

A faixa-título abre com um ataque de guitarra e bateria bastante sessentista, mas que logo vai buscando lugar no lado mais garageiro e profundo do rock britânico oitentista – com psicodelia vaporosa e delicada, algum peso, uma guitarra meio The Edge, meio blues-rock e final viajante. Sal e sina tem base forte, som que ocupa espaços e união de sons cavalares e brasilidades. Navio de sonhos une mod rock e vibrações sombrias num espaço repleto de eco e trevas – muito embora as letras do 43duo sejam poéticas e até naturalistas.

Essa sonoridade ganha contornos mágicos na voadora Guabiruba pt. II, um dream pop sobre as mutações do mundo e a força da natureza, unindo punk garageiro e ritmos nacionais. A balançada Cabeça vazia (Chuva cinza) lembra uma versão groovada dos Mutantes e do Som Imaginário. Concreto, aberta por clima desértico, soa quase stoner, lascada, lisérgica no arranjo, punk na execução, enquanto Lispector é um pós-punk com discreta cara beatle.

Uma das principais características do 43duo é que o som deles não parece vir de uma enorme esquentação de mufa. A sonoridade e o clima das letras parecem vir de uma mistura natural, e de uma voz pessoal como compositores e músicos adquirida em ensaios e reuniões de criação. Sã verdade – uma brincadeira poética com a “pós-verdade”, como se fosse o oposto dela – consegue parecer confortável e desafiador ao mesmo tempo, e conquista os ouvidos por causa disso.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 12 de junho de 2025

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Crítica

Ouvimos: Beto – “Matriz infinita do sonho”

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Ouvimos: Beto - "Matriz infinita do sonho"

RESENHA: Em Matriz infinita do sonho, Beto cria uma MPB psicodélica e cinematográfica, misturando rock, ritmos afro-brasileiros e espiritualidade vivida.

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Beto, músico e cantor pernambucano, impressiona pelas texturas e pelo clima quase cinematográfico que imprime às faixas de Matriz infinita do sonho – sempre apontando para os lados da negritude, da espiritualidade e dos conhecimentos que só aparecem com a vivência pessoal. Coração preto, na abertura, é um rock abolerado com metais, guitarra com várias distorções no solo, e melodia com certo ar beatle – uma MPB com clima de rock que evoca Lanny Gordin. Pedra verde traz cordas rangendo, dando um som mágico e forte a uma música cujo violão tem emanações de Gilberto Gil.

Beto também apresenta em Matriz canções marítimas (Never die, Yara do mar), pequenos ritos musicados (Peixa), um tema jazzístico, experimental e percussivo (Marx Mellow, com Vitor Araújo no piano) e um reggae com células rítmicas alteradas pelo piano, que vai se aproximando de um dub (Brinquedo). Dandara é som com cara de Gal Costa e João Donato, e Valsinha, surpresa no disco, é uma valsa selvagem, com bastante percussão no começo e psicodelia injetada pela guitarra.

Texto: Ricardo Schott.

Nota: 8
Gravadora: YB Music
Lançamento: 6 de junho de 2025.

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