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Lançamentos

Ouvimos antes: Bel Medula, “Giro” (EP)

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Ouvimos antes: Bel Medula, “Giro” (EP)

Com exclusividade para o Pop Fantasma, o duo gaúcho Bel Medula – formado por Isabel Nogueira e Luciano Zanatta (LucZan) – adianta as músicas de seu novo EP, Giro, que chega às plataformas nesta quinta (12 de setembro). Um material que a dupla acredita ser um pequeno interlúdio no que eles vinham fazendo, e na história que levou a discos como A dança do caos (2023). No texto de lançamento, o duo faz questão de explicar que está convidando seu público para “uma nova dança” (e de fato, é um disco bem dançante e variado).

O material do EP traz canções feitas há um tempinho. A mais recente, Quebrada do tempo, foi feita há dois anos. A mais antiga, Teus olhos, foi composta há duas décadas. “Este ano nos dedicamos a dar forma a energias criativas que estavam fluindo há um tempo, em paralelo ao fluxo dos shows dos álbuns anteriores. Giro é substantivo e verbo, é passagem. E continua de onde o álbum anterior parou”, conta Isabel, explicando como o conceito de Giro foi criado.

Mario Arruda assina a produção musical do disco, gravado entre novembro de 2023 e janeiro de 2024, e cujo trabalho foi marcado, segundo o próprio produtor, por muita experimentação no estúdio. Ouvindo Giro, fica claro: Não vem de garfo que hoje é sopa, a faixa de abertura, inspirada na frase da música Nem vem que não tem (imortalizada por Wilson Simonal) traz uma cara mais samba-rock para o som da dupla. De repente senti-me tão besta, na sequência, combina batida funkeada, um baixo que é a cara do Roxy Music, e senso melódico herdado da jovem guarda – a dupla enfatiza que as guitarras têm uma cara meio Beach Boys.

O lado B do disco traz Quebrada do tempo, quase um synth pop nortista – a inspiração, diz a dupla, veio das canções de Dona Onete – aberto por uma vinheta com o mesmo nome da faixa, de teor quase psicodélico. Teus olhos, dos versos “eu não esqueço não/foram teus olhos que me deixaram na solidão”, fecha o disco unindo indie rock e o lado Norte-Nordeste da jovem guarda (Reginaldo Rossi é citado como influência na música, surgida de uma ideia de LucZan, imaginando um personagem compondo uma música sobre coração partido).

Você pode conferir o disco antes de todo mundo aí embaixo. A capa de Giro, que você viu lá em cima, tem foto de Lau Baldo e arte de Vinicius Angeli.

  • Mais Bel Medula no Pop Fantasma aqui.

Crítica

Ouvimos: Janine Mathias – “O rap do meu samba”

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Janine Mathias une samba, soul e rap em O rap do meu samba, disco moderno que celebra resistência, ancestralidade e groove.

RESENHA: Janine Mathias une samba, soul e rap em O rap do meu samba, disco moderno que celebra resistência, ancestralidade e groove.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: YB Music
Lançamento: 7 de outubro de 2025

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Cantora brasiliense produzida pelo paulistano Rodrigo Campos, Janine Mathias faz os anos 1960 e 1970 se encontrarem com 2025 em O rap do meu samba. É basicamente um álbum de samba com clima soul, e que em vários momentos, soa como um disco arranjado por João Donato, com participação do Som Imaginário, como acontece no piano Rhodes sinuoso do single Um minuto, na guitarra distorcida de Enredo de Angola e Me enfeita, e na bateria forte, abafada, que surge em introduções e viradas de várias canções.

  • Ouvimos: Pero Manzé – Ave, êxodo!

O ar moderno do disco surge nos vocais com fraseado de rap, nas texturas que parecem quase sólidas, e na vibe de empoderamento pessoal, existencial e político de músicas como Deixa pra lá (hino de resistência que lembra as canções gravadas por Sonia Santos), o soul-funk-samba Me ilumina, e na onda vintage, marcada por uso de órgão, de Quando o couro bate na mão – esta, um canto de reação e de briga, que fala em “silenciar o senhor / a verdadeira abolição”.

Devoção, com melodia belíssima, une samba, reggae, soul e umbanda, e A Bahia virá rende um clima de afrobeat jazzístico. Na releitura de Barracão é seu, de João da Gente, imortalizada por Clementina de Jesus, prato, faca e samba de roda combinam-se com raps feito por Janine e pelo convidado Criolo.

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Crítica

Ouvimos: Lucas Grill – “Grill – O rei do Deprê Chic”

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Estreia solo de Lucas Grill mistura blues, folk, pós-punk e MPB em um disco de sofrência existencial e melancolia pensante, que ele classifica como "deprê chic".

RESENHA: Estreia solo de Lucas Grill mistura blues, folk, pós-punk e MPB em um disco de sofrência existencial e melancolia pensante, que ele classifica como “deprê chic”.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente/Tratore
Lançamento: 2 de outubro de 2025

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Cantor e compositor de Niterói, Lucas Grill estreia solo com O rei do Deprê Chic, disco que, na real, traz mais uma ordenação sonora do que a inauguração de um estilo. Lucas abriu uma gaveta musical e, dentro dela, inseriu elementos de blues, folk, vibes góticas, um ou outro elemento do pós-punk e do dream pop, além de referências de Zeca Baleiro e Belchior, e do som popularíssimo de José Augusto e Fernando Mendes.

Isso tudo junto, em doses nem sempre iguais, forma o som do álbum de Lucas, que se apresenta ao público na vinheta O terror de tudo. E em seguida, se joga na melancolia e na redenção de O preço das luas, balada com ar blues que prega que “a vida não é evitar de cair / é sobre levantar”, e na filosofia pessoal do folk Loser, música de versos como “tem um lado meu que nunca quer acordar / e se diverte jogando no breu / o meu medo é descobrir que esse lado venceu”.

  • Ouvimos: Eduardo Pereira – Canções de amor ao vento

Lucas não fala apenas de amor. Na verdade O rei do Deprê Chic mexe mais em temas existenciais, e mesmo quando fala de romantismo, busca falar de vida, existência e trens que partem independentemente da nossa vontade. Nessa ontem, tem o amor que vai pros cacetes em A gnt n é assim (balada deprê lembrando um misto de Cranberries e Echo and The Bunnymen) e Moldura quebrada, a dor de cotovelo de Estrago (com Barbara Savie) e a mescla de Sullivan, Massadas e pop funkeado de Poesia na chuva, música que fala sobre fingir normalidade após o fim de um relacionamento. Valsinha, com Clara Coral dividindo as vozes, leva a O rei do Deprê Chic um clima de sonho acordado que quase não surge no disco.

No fim, Grill surge cantando ao vivo Não é nostalgia, canção de voz-e-guitarra com clima bem humorado (“essa não fala de coração partido, mas fala um pouquinho”, avisa ele) e unindo Cazuza, Zeca Baleiro e Raul Seixas em versos como “eu ando achando tudo um saco, mas acho que o saco sou eu”. No geral, um disco de sofrência pensante.

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Lançamentos

Radar: VIAL, Arkells, Melody’s Echo Chamber, U.S. Girls, The Sophs, Foo Fighters, Forgotten Garden

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VIAL

O Radar internacional de hoje demorou, mas chegou – e abre com uma porrada tanto em áudio quanto em vídeo, que é o clipe pinga-sangue do VIAL, trio punk de Minneapolis. Tem mais novidades, além de alguns sons que saíram ao longo da semana e que se destacaram bastante na nossa trilha sonora. Ouça e repasse!

Texto: Ricardo Schott – Foto (VIAL): Katy Kelly/Divulgação

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VIAL, “IDLE HANDS”. Olha o Halloween aí – e olha a sangueira de terror que jorra do novo clipe dessa banda punk feminina de Minneapolis. O VIAL, que lançou o álbum Burnout no ano passado, e há alguns meses soltou o single Creep smoothie, lança agora Idle hands, uma canção entre o punk e o grunge – entre Ramones e Nirvana, passando pelo Hole.

A letra pede a sorte de um amor que de tranquilo não tem nada: “por que você não me ama mais? / estou implorando, deitada no seu chão / por que você não consegue me ver como eu sou? / por favor, ocupe estas mãos ociosas”. Já no bendito clipe, as três integrantes da banda se transformam em bruxas e arrasam com um engraçadinho que resolve aparecer no exato momento em que elas estão fazendo uma mistura bem louca no caldeirão. Pior pra ele, como vemos no vídeo.

ARKELLS, “WHAT GOOD?”. Que ideia ótima esse clipe do Arkells – aliás uma ideia simples que deve ter dado uma baita trabalheira. A banda aparece tocando, vista de cima num lugar espaçoso, mas são as sombras dos músicos que chamam a atenção. O próprio grupo dirigiu o vídeo. Já a canção é outra atração: um som meio 60’s, meio new wave fanfarrona, daqueles que levantam plateias de todas as idades. A letra de What good? faz alguns questionamentos importantes sobre a dureza dos tempos atuais: “Qual a utilidade da seção de comentários? Qual a utilidade de incitar a raiva disfarçada de debate? Qual a utilidade da cultura da exploração se ela só recompensa vigaristas e golpistas?”, diz o texto de lançamento.

“A música não pretende ter respostas definitivas, mas aponta para onde o significado ainda pode ser encontrado”, diz o vocalista Max Kerman. “O sol, a lua, o brilho neon do bar do seu bairro. Coisas que podemos compartilhar, coisas que parecem reais”. Falou e disse!

MELODY’S ECHO CHAMBER, “EYES CLOSED”. Em 5 de dezembro, a Domino lança Unclouded, o próximo disco do projeto musical criado pela artista francesa Melody Prochet, que já foi adiantado pelos singles In the stars e Daisy (esta, com El Michels Affair). A mágica Eyes closed é psych-pop dos melhores: a voz de Melody, linhas sinuosas de baixo e uma batida funkeada, feita pelo baterista Malcolm Catto – aquele mesmo, dos Heliocentrics, e dos discos gravados ao lado do Little Barrie, como Electric war. Se você esperava pela viagem sonora do ano, ela talvez esteja aqui.

U.S. GIRLS, “RUNNING ERRANDS” (YESTERDAY) E “RUNNING ERRANDS” (TODAY)”. Meg Remy, criadora do projeto U.S. Girls, abraçou desde o começo várias vertentes com sua banda, indo do electropop ao som do disco mais recente, Scratch it (lançado em junho), que passeia por country, soul, bubblegum, soft rock. Agora, ela comemora os dez anos de Half free, seu quinto disco, voltado para o art pop – e a comemoração é com um single duplo, com duas versões da mesma nova faixa, Running errands (a primeira é “yesterday” e a segunda, “today”).

Ela afirma que a música nova “consome sua própria cauda, ​​nunca totalmente livre, nunca totalmente presa, sempre mudando conforme se repete” – é verdade, já que Running errands é baseada num riff circular, que vai ganhando algumas alterações. As duas músicas são baseadas numa interpolação do soul Footprints on my mind, sucesso de Annette Snell, cantora morta em 4 de abril de 1977 num acidente aéreo histórico (o voo 242 da empresa Southern Airways Flight, que executou um pouso forçado e causou a morte de 63 pessoas, entre elas Annette e os dois pilotos).

A diferença é que a versão “ontem” é feita em cima de samples usados no disco Half free, e a contrapartida “hoje” é orgânica, gravada com os mesmos músicos do álbum Scratch it. No clipe da primeira, Meg faz compras e pega um metrô. Na segunda, tudo roda ao contrário.

THE SOPHS, “I’M YOUR FIEND”. Punk melódico como o mundo precisa, a nova faixa desse sexteto de Los Angeles contratado pelo selo britânico Rough Trade, é ágil e emocionante, lembrando uma estranha mescla de The Jam e Dead Kennedys, só pelo peso e pelo ataque. A letra, diz o vocalista Ethan Ramon, é constituída de “declarações frenéticas de amor e desejo sob um manto de estática tão espesso que parece que sua antena da DirecTV acabou de ser atingida por um raio bem no meio do seu programa favorito”.

É justamente Ethan quem protagoniza o clipe de I’m your fiend. Numa praia deserta, o vocalista namora com uma boneca de areia, dança, sapateia e se joga no chão com um entrega digna do Tonho da Lua (da novela Mulheres de areia, lembra?).

FOO FIGHTERS, “ASKING FOR A FRIEND”. Um vislumbre de como vai ficar o próximo álbum dos FF já surgiu com Today’s song, lançada em julho, e com o single mais recente, Asking for a friend – esta última música, a primeira com o baterista Ilan Rubin, que parece ter se fixado no cargo. O líder Dave Grohl aproveitou o single para anunciar uma turnê por estádios da América do Norte, marcada entre 4 de agosto e 26 de setembro de 2026, com shows de abertura do Queens of the Stone Age, banda de seu velho chapa Josh Homme. Divulgou também, junto com a nova faixa, uma carta em que fala de uma experiência de fé que teve ao avistar pela primeira vez na vida o Monte Fuji, no Japão.

“Tendo tocado inúmeras vezes no lendário festival Fuji Rock ao longo dos últimos 28 anos com o Foo Fighters, Queens of the Stone Age e Them Crooked Vultures, eu já conhecia bem sua lenda. Só não conseguia vê-lo fisicamente”, contou o músico, definindo Asking for a friend como “uma canção para aqueles que esperaram pacientemente no frio, confiando apenas na esperança e na fé para ver o horizonte surgir. Que buscaram ‘provas’ enquanto se agarravam a um desejo – até o sol voltar a brilhar”. Ele também conta na carta que Asking – basicamente um blues grunge típico de Grohl – é uma das músicas entre as muitas que virão.

FORGOTTEN GARDEN, “JAMES”. Essa dupla funciona à distância: a vocalista Inês Rebelo vive em Portugal, e o guitarrista/tecladista Danny Elliott é da Escócia. Os dois constroem as canções e cuidam da produção delas. O som é definido por eles de brincadeira como “Lana Del Rey encontra The Cure” – e é como se a magia de cantoras performáticas como Lana e Florence Welch encontrasse o clima denso e mágico de The Cure, Joy Division e Cocteau Twins. Dando mais dramaticidade ainda, o Forgotten Garden inclui em suas canções uma harpa híbrida – de fato, uma mescla de harpa e piano – que rouba a cena no single James.

 

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