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Crítica

Ouvimos: A Shoreline Dream, “Whitelined”

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Ouvimos: A Shoreline Dream, "Whitelined"
  • Whitelined é o oitavo disco da banda norte-americana de shoegaze A Shoreline Dream, formada pelo duo Ryan Policky e Erik Jeffries. É o primeiro álbum da banda a sair em vinil, com supervisão de Mark Kramer (Urge Overkill, Bongwater, Shimmy Records).
  • Três faixas do disco têm participação de Mark Gardener, da banda Ride – os dois conheceram o músico justamente num show do Ride em Denver. Mark recebeu o material do grupo e trabalhou nas faixas em seu próprio estúdio, o OX4 Sound.
  • “Ryan não teria a mínima ideia do que aconteceria até eu receber as músicas dele. Esse foi o ponto de partida e Ryan me enviou algumas músicas e instrumentais diferentes que ele estava juntando. Dessas, havia duas ou três que eu simplesmente me apeguei de repente e, obviamente, a primeira que realmente impulsionou e liderou o caminho foi Everything turns“, diz o músico.

O som do A Shoreline Dream é uma experiência, antes de tudo. O grupo norte-americano pode ser considerado uma formação de shoegaze. Mas envolve seu som com toques de pós-punk e psicodelia, e soa como uma banda de 1987/1988 que passou vários anos escondida num estúdio, fazendo experimentações com ácido e alterando a velocidade de gravações de instrumentos e vozes.

Em Whitelined, que a essa altura já é o oitavo disco do grupo, o multi-instrumentista/vocalista Ryan Policky e o guitarrista Erik Jeffries unem-se a Mark Gardener (Ride), que participa de três faixas do álbum, e torna o som do ASD um pouco menos viajante em Everything turns, Written in dust e Hollow crown. São músicas que formam uma parcela meio oitentista, meio psicodélica do álbum.

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Nesses momentos, o A Shoreline Dream fica mais próximo do college rock dos anos 1980/1990, ou até do rock de Manchester de três décadas atrás, com toques eletrônicos e musicalidade entre o pós-punk e o synth pop sombrio. Isso porque, no geral, trata-se de uma banda que explora as camadas mais aterrorizantes do shoegaze, entre efeitos de gravação e vozes enterradas na mixagem – que é o que se ouve em Whitelined, Fear, Falling back to reality e outros momentos.

Indo para a parte final do disco, o clima de pesadelo melódico espalha-se para faixas como A simple path of destruction, os ritmos quebrados de The dream, e um instrumental suingado e quase progressivo, Lost of the words, com linha de baixo lembrando Killing Joke.

Nota: 7,5
Gravadora: Latenight Weeknight

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Ouvimos: Home Is Where – “Hunting season”

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Ouvimos: Home Is Where - "Hunting season"

RESENHA: No segundo disco, Hunting season, o Home Is Where troca o emo por um alt-country estranho e criativo, misturando Dylan, screamo e folk-punk em faixas imprevisíveis.

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O Home Is Where é uma banda emo – mas no segundo disco, Hunting season, eles decidiram que estava na hora de mudar tudo, ou quase tudo. O grupo volta fazendo um alt-country pra lá de esquisito, com referências que vão de Bob Dylan a Flying Burrito Brothers. Sendo que a ideia de Bea McDonald (voz, guitarra) parece inusitada demais para ser explicada em poucas palavras (“um disco que dá para ouvir num churrasco, mas que também dá para chorar”, disse).

Com essa migração sonora pouco usual, o Home Is Where se tornou algo entre Pixies, Sonic Youth, Neil Young e Cameron Winter, com vocal empostado lembrando um som entre Black Francis e Redson (Cólera). Reptile house é pós-punk folk, Migration patterns é blues-noise-rock, Artificial grass tem vibe ligeiramente funkeada e é o tipo de música que uma banda como Arctic Monkeys transformaria num hit – mas é mais esparsa, mais indie, e os vocais chegam perto do screamo.

Hunting season tem poucas coisas que são confusas demais para serem consideradas apenas inovadoras ou experimentais – Bike week, por exemplo, parece uma demo dos Smashing Pumpkins da época de Siamese dream (1993). Funcionando em perfeta união, tem o slacker rock country de Black metal mormon, o folk punk de Stand up special e uma balada country nostálgica com vibe ruidosa, a ótima Mechanical bull. Os melhores vocais do álbum estão na balada desolada Everyone won the lotto, enquanto Roll tide, mesmo assustando pela duração enorme (dez minutos!), vale bastante a ouvida.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: Wax Bodega
Lançamento: 23 de maio de 2025.

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Ouvimos: Satanique Samba Trio – “Cursed brazilian beats Vol. 1” (EP)

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Ouvimos: Satanique Samba Trio - "Cursed brazilian beats Vol. 1" (EP)

RESENHA: Satanique Samba Trio mistura guitarrada, lambada, carimbó e jazz experimental em Cursed brazilian beats Vol. 1

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Como o Brasil insiste em não ouvir o Satanique Samba Trio, vale dizer que a banda brasiliense não é um trio e o som vai bem além do samba – é puramente jazz unido a ritmos brasileiros variados, com ambientação experimental e (só às vezes) sombria. O novo disco é Cursed brazilian beats vol. 1 – que apesar do nome, é o segundo lançamento de uma trilogia (em português: Batidas brasileiras amaldiçoadas).

Dessa vez, a banda caiu para cima de ritmos do Norte, como guitarrada, lambada e carimbó, transformando tudo em música instrumental brasileira ruidosa. O grupo faz lambada de videogame em Lambaphomet, faz som regional punk em Brazilian modulok e Sacrificial lambada, e um carimbó que parece ter sido feito pelos Residents em Azucrins. Já Tainted tropicana, ágil como um tema de telejornal, responde pelo lado “normal” do disco.

A surpresa é a presença, pela primeira vez, de uma música cantada num disco do SST: Aracnotobias tem letra e voz de Negro Leo – talvez por isso, é a faixa do grupo que mais soa próxima dos experimentalismos do selo carioca QTV.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Rebel Up Records
Lançamento: 21 de março de 2025.

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Ouvimos: Mugune – “Lua menor” (EP)

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Ouvimos: Mugune - "Lua menor" (EP)

RESENHA: O Mugune faz psicodelia experimental e introspectiva no EP Lua menor, entre Mutantes e King Gizzard.

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Trio introspectivo musicalmente vindo da cidade de Torres (RS), o Mugune é uma banda experimental, psicodélica, com design musical esparso e “derretido”. O EP Lua menor abre com a balada psicodélica Capim limão, faixa de silêncios e sons, como se a música viesse lá de longe – teclados vão surgindo quase como um efeito, circulando sobre a música. Duna maior é uma espécie de valsa chill out, com clima fluido sobre o qual aparecem guitarras, baixo e bateria.

A segunda metade do EP surge em clima sessentista, lembrando Mutantes em Lua, e partindo para uma MPB experimental, com algo de dissonante na melodia, em Coração martelo – música em que guitarras e efeitos parecem surgir para confundir o ouvinte, com emanações também de bandas retrô-modernas como King Gizzard & The Lizard Wizard.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 17 de abril de 2025.

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