Connect with us

Cultura Pop

“LSD”, o disco – sim, isso existe

Published

on

LSD, o disco

Em 1966 não haviam podcasts nem canais do YouTube (duh). Mas a produção de arquivos de áudio andava de vento em popa, no que dependia das grandes gravadoras. Algumas delas bancavam a produção de discos inteiramente falados, mas que não eram LPs de humor ou de discursos (eram muito comuns na época). Eram álbuns-reportagem, verdadeiros documentários em LP ou fita cassette. Quem resolveu ousar em 1966 foi a turma da gravadora Capitol, que bancou a produção de um LP-reportagem sobre… a droga da moda, o LSD. Olha aí.

Sim, como é possível achar tudo na internet, alguém jogou essa pérola no YouTube. Em quatro partes.

https://www.youtube.com/watch?v=2jYLdfmwTpA

https://www.youtube.com/watch?v=wexbKfF6VC0

https://www.youtube.com/watch?v=LOTcY-W1K2Q

 

https://www.youtube.com/watch?v=ilJ32Q6zmck

LSD, o disco, é uma boa curiosidade da época. E mesmo com um desvario ou outro, é um produto jornalístico até que bem equilibrado. O LP é dividido em duas partes, The scene (lado A) e The trip (lado B). O lado A narra uma série de questões comportamentais ligadas ao uso do ácido, com direito a entrevistas com usuários, médicos (o psiquiatra Sidney Cohen, de Los Angeles, que deu consultoria para a equipe, narra toda a história do ácido, das pesquisas científicas ao uso recreativo) e figuras ligadas à cultura do LSD, como Timothy Leary, que na época tentava escapar de uma pena de 30 anos por porte de maconha.

Leary, pausadamente, tenta explicar que a droga é uma nova religião, “e que os religiosos do ácido sabem que o grande templo é o corpo humano. O santuário não se localiza num lugar público, mas na privacidade de sua casa”, diz, defendendo que os garotos e garotas que usavam maconha e ácido eram “os mais estudiosos, educados, corajosos e criativos jovens da época”. A má qualidade do ácido disponível, as dosagens usuais do LSD (e seus efeitos) e os temores de usar algo fora da lei também são assuntos do disco. Um chefe de polícia de Los Angeles afirma (tá no segundo vídeo) que existia no mercado uma versão “pirata” do LSD similar à heroína.

O disco inteiro é acompanhado por uma trilha sonora pretensamente “psicodélica”. No lado B, termina a parte das considerações científicas e começa a fritação. Microfones são instalados num apartamento para “acompanhar” (só com áudio) a 34º experiência psicodélica de um sujeito – uma baita bad trip, por sinal. No final, quem aparece para dar seu depoimento a respeito da substância é ninguém menos que o poeta Allen Ginsberg. Entre uma e outra viagem, aconselha o usuário de LSD a tomar cuidado com sua própria vida (“se vir uma coisa bonita, não a escale”). Ken Kesey, papa dos acid tests, surge também com um trechinho de uma de suas festas, em áudio. E quem se apresenta na tal festinha de Kesey é o poeta beat Neal Cassady, acompanhado de um grupo chamado The Warlocks – que logo depois mudaria seu nome para Grateful Dead.

Nesse link do Discogs, você confere todas as imagens do disco, em sua edição inicial. Uma curiosidade, na contracapa, é uma foto de um usuário de LSD arrastando-se pelo chão.

LSD, o disco

A cena da foto lembra muito os minutos iniciais de um dos clássicos cinematográficos da piração, Chappaqua, de Conrad Rooks, também lançado em 1966 – e que também tinha um cameo de Allen Ginsberg, além de uma aparição, no palco, da banda The Fugs, que consumia LSD como se fosse Mentos. Confere aí lá pelos 4:20 (ih rapaz) se não é a mesma coisa.

Se você ficou bastante curioso e quer ter um desses em casa, resolvemos seu problema: LSD saiu em CD em 2015 por um selo chamado Aurora Records. É só comprar.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Published

on

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Published

on

Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

4 discos

4 discos: Ace Frehley

Published

on

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

Continue Reading
Advertisement

Trending