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João Loroza: agora solo

Filho do cantor, ator e apresentador Sergio Loroza, João Loroza começou a tocar violão e guitarra aos 11 anos. Lembra que seus aniversários, na infância, eram grandes festivais de arte. “Sempre montava um palco onde os convidados pudessem se expressar artisticamente”, recorda. “Meu pai foi quem me ensinou os primeiros passos no violão, sobre como trabalhar no mundo da música pode ser complexo, sobre a postura que precisamos ter em algumas situações de trabalho. Isso tudo com certeza me fez entrar com muito mais maturidade no meio”, conta ele, que após alguns anos dedicado a uma banda (Os Caras & Carol, com a qual se apresentou no Rock In Rio e na qual ingressou aos 15 anos), estreia solo com o single/clipe 31 de agosto.
A letra da canção, repleta de desencontros, João revela que surgiu de uma situação real. “Eu caí naquele conto do ‘depois da vacina a gente se vê'”, brinca. “A pessoa me disse que se vacinaria no dia 31 de agosto e que depois de estar imunizada se sentiria mais confortável para nos encontrarmos pessoalmente, ainda com os cuidados necessário. Mas depois disso ela me deu um vácuo de semanas”, diz, rindo. O toco gerou pelo menos um canção, já que João disse que decidiu, no meio do vácuo, dar uma resposta para si próprio sobre o que não teve na hora do desencontro.
A banda Os Caras & Carol deu um tempo por período indeterminado logo no começo da pandemia, e os integrantes estão se dedicando a 0utros projetos – como é o caso de João. Além do single solo, ele também estreia como produtor, cuidando do single da irmã Luiza Loroza. A música se chama Areia e, por sinal, também é uma composição dele.
Só que o trabalho na produção começou totalmente por acaso: ele inicialmente foi ao estúdio achando que ia apenas tocar o violão da faixa. “Quando vi, todos esperavam que eu fosse o produtor da canção”, conta. “Resolvi usar tudo o que eu tenho estudado para realizar a produção da melhor forma. Acho que no final a música ficou da maneira que nós imaginávamos ou melhor do que a gente poderia pensar, sinto que consegui passar a ideia que estava na minha cabeça quando compus a canção”.
João tem as melhores recordações do Rock In Rio e do show com sua banda. Aliás, dos shows: a banda tocou todos os dias no Highway Stage na edição 2019. “Foi uma aula de público. Poder testar nosso repertório com a galera que foi assistir Anitta tanto como quem foi assistir Foo Fighters ou Ivete Sangalo. Tinha tudo no mesmo evento e conseguimos analisar como cada público de cada dia reagia ao nosso show. Uma experiência única, faria de novo sem pensar duas vezes”, conta João, que tem o objetivo de lançar um álbum em breve. “Sou compositor também, estudando produção musical, além de cantar e tocar sou apaixonado por dança”.
Foto: Frederick Assis/Divulgação
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Lançamentos
Radar: Biloba, Σtella, a nova do Japanese Breakfast e mais 5 sons lá de fora

Não se limite à música da Inglaterra e dos EUA! No Pop Fantasma, a gente sempre faz questão de apresentar bandas da Itália, da França e, claro, do Brasil. No Radar Internacional desta semana, nosso foco também foi para uma banda de Portugal e uma cantora grega contratada pela Sub Pop, que está lançando singles no idioma do seu país. Em um momento em que o poderoso mercado norte-americano parece cada vez mais voltado para si mesmo, fazer música em outras línguas — e ouvir sons de diferentes partes do mundo — é, mais do que nunca, um ato político. E bora começar com o Biloba, de Portugal, puxando uma lista que traz as novas de grupos como Japanese Breakfast e Night Tapes, além da estreia de outro ex-integrante do Black Midi após o fim da banda.
(Foto Biloba: Divulgação)
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BILOBA, “QUANDO FOR PRA IR”. Se você nunca ouviu rock feito em Portugal – e cantado no português de lá –, Biloba é um ótimo ponto de partida. A banda mistura jazz, psicodelia e pitadas de hip hop e trip hop, criando uma sonoridade rica e atmosférica. Quando for pra ir fala sobre um dilema universal: partir em busca do novo ou permanecer no conhecido? O primeiro álbum do Biloba, Sala de espera, chega em março.
ΣTELLA, “OMORFO MOU”. Stella Chronopoulou, a primeira cantora grega a assinar com a Sub Pop, prepara o lançamento de seu quinto álbum, Adagio, em 4 de abril, pela gravadora. Novidade: o disco mescla faixas em inglês com canções em sua língua natal. Entre elas, Omorfo mou (algo como “minha linda” em grego), um synth pop hipnótico de letra concisa. Pelas pistas já reveladas, Adagio promete uma fusão única de pop grego, sintetizadores, yé-yé francês e até um toque de tropicalismo—não à toa, uma das faixas se chama Baby Brazil. Ah, sim, o nome dela se escreve dessa forma mesmo – com uma letra sigma no lugar do “s”.
JAPANESE BREAKFAST, “MEGA CIRCUIT”. For melancholy brunettes (& sad women), o novo álbum do Japanese Breakfast, chega em 21 de março. A cantora e compositora Michelle Zauner, mente por trás do projeto, revelou que a ideia inicial era criar um disco “mais assustador e guiado pela guitarra”. Já Mega circuit, o single mais recente, é um indie pop adulto, refinado e atemporal, conduzido pelo vocal sereno de Michelle. A letra aborda uma geração de homens que, “na ausência de modelos positivos, encontrou refúgio na violência e na intolerância”. O clipe já está no ar—vale conferir.
NIGHT TAPES, “TELEVISION”. O trio londrino cria um dream pop etéreo, com vocais angelicais de Iiris Vesik e uma sonoridade que remete ao lado mais introspectivo do pós-punk oitentista. Television nasceu de uma observação curiosa: ao checar o celular em um parque, Iiris percebeu que todos ao seu redor faziam o mesmo, imersos no mundo digital em vez de aproveitar o momento. A música reflete essa desconexão moderna com um clima hipnótico e envolvente.
MY NEW BAND BELIEVE, “LECTURE 25”. Além de Geordie Greep, tem outro ex-integrante do Black Midi com trabalho próprio. O guitarrista, baixista e tecladista Cameron Picton iniciou essa banda fazendo canções “com o microfone do meu laptop e um Zoom H6, sem mixagem, sem masterização”, como ele conta. A ideia inicial era lançar tudo assim mesmo, mas o multi-instrumentista Seth Evans, que já tocava com o Black Midi, ouviu a faixa Lecture 25—um mergulho no pós-punk experimental e no jazz—e se ofereceu para mixar. Mais que isso: também gravou piano na música, que traz Picton na guitarra e vocais, Josh Finerty no baixo e King David Ike-Elechi na bateria. O resultado já ganhou um clipe.
COURTING, “AFTER YOU”. Essa banda é de Liverpool, mas poderia muito bem ter vindo de outro lugar. Seu som carrega ecos do rock de Manchester dos anos 1980 e do indie rock norte-americano dos anos 2000, além do pós-punk londrino. Agora, o grupo se prepara para lançar seu terceiro álbum, Lust for life, or How to thread the needle and come out the other side to tell the story (“Sede de viver, ou como enfiar a agulha e sair do outro lado para contar a história”, em tradução literal). O single mais recente, After you, exala urgência musical e ainda vem acompanhado de um clipe excelente.
PRIMA QUEEN, “THE PRIZE”. O duo formado por Louise Macphail e Kristin McFadden (ambas nos vocais e guitarras) traz à tona aquela estética indie que ganhou força na segunda metade dos anos 2000, evocando nomes como Whitney, Band of Horses, Rilo Kiley e Beach House—bandas que misturavam influências sessentistas, country e até trilhas de cinema. Com um toque sutil de ABBA na sonoridade, The prize vem acompanhada de um clipe excelente, filmado em uma pista de patinação. Mas além da melodia envolvente, a faixa se destaca pela letra forte e aconselhativa, voltada a mulheres que enfrentam violência psicológica e abusos em algum relacionamento: “Querida, enxugue seus olhos/você esqueceu que é um diamante?”
EEL MEN, “SORE EYES”. Algo me diz que, se estivéssemos lá por 2001, ou 2002, os Eel Men já estariam contratados por uma gravadora grande – a estética punk dessa banda londrina, que parece o tempo todo homenagear bandas como Buzzcocks e Gang Of Four, tem tudo a ver com uma certa confluência entre anos 1970 e 2000 que se abriu nessa época. O primeiro LP, Stop it!, sai no dia 7 de março e a ágil Sore eyes é o último single antes do lançamento.
Lançamentos
Radar: Colibri, Jovens Ateus, Gheersh e mais 5 novidades nacionais

As oito músicas nacionais do nosso Radar desta semana têm algo em comum: a vontade de explorar novos caminhos e se arriscar artisticamente. Algumas, aliás, tocam em um tema bem atual: e na vida, será que também estamos dispostos a correr riscos? A sair do lugar e experimentar o novo? Pelo menos três das faixas que chegaram até nós nas últimas semanas trazem essa reflexão diretamente nas letras. Uma mensagem inspiradora para este ano que, com sol, calor e um Carnaval tardio, parece ainda nem ter começado — mas já tá ai correndo bem rápido. Então, bora ouvir coisas novas? (na foto: Colibri – Pedro Ommã/Divulgação).
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COLIBRI, “CUBAN COFFEE”. Com nova formação—agora como quinteto, com as adições de Paulo Tiano (bateria) e Paulo Pitta (saxofone)—a banda baiana Colibri segue sua trajetória de experimentação. No novo single, eles combinam pós-punk, afrobeat e jazz experimental, com uma letra cantada em inglês. Em breve, chega 3R – Parte 2, a continuação da trilogia que o grupo vem desenvolvendo desde o ano passado. Para quem já conhece a banda, nenhuma surpresa: o Colibri é daqueles projetos inquietos, sempre em busca de novos caminhos sonoros.
JOVENS ATEUS, “PASSOS LENTOS”. Em abril, sai o primeiro álbum desse grupo paranaense, Vol. 1, pela Balaclava Records. Com um pós-punk denso, tingido de nuances góticas e ecos de Joy Division e The Cure, a banda mostra sua identidade em Passos lentos. A faixa ganhou um clipe que combina cenas de shows, um passeio no metrô São Paulo e … momentos de pura comilança (o quinteto vai a um restaurante japonês e, em seguida, devora um bolo decorado com o nome da banda – para esta última tarefa, dispensam pratinhos e guardanapos).
GUEERSH, “MARRA”. Não contente em apenas fazer um clipe para uma das melhores faixas do disco Interferências na fazendinha, o Gueersh transformou Marra em um curta-metragem surreal, repleto de cenas psicodélicas. No universo do vídeo, até gestos banais – como ir ao mercado ou observar manequins em uma vitrine – ganham um tom perturbador. Dirigido por Francis Frank, com participação ativa da banda em todas as etapas (do roteiro à cenografia), a produção acompanha um dia (e uma noite) na vida da artista Peko. Mas será tudo real ou apenas um sonho?
NO BASS NO LOVE, “AUTÔMATO”. A qualquer momento, a dupla de Hortolândia (SP) lança seu novo álbum. Enquanto isso, alguns singles pavimentam o caminho. O mais recente, Autômato, traz um synth pop com alma roqueira e uma letra que, segundo Grazi Correa e Fernando Anastácio (os dois do No Bass No Love), “questiona o ‘certo’ ou o ‘errado’ na hora de curar ou crescer, (e fala) sobre ter coragem para explorar o novo, mesmo que pareça desafiador”. Ou seja: o “autômato” do título é alguém tão preso a padrões, que já nem questiona mais nada.
CELACANTO, “CEDO”. A banda paulista estreia com um indie rock melódico, guiado por synths e guitarras que, ao longo da música, soam quase como sintetizadores. O refrão explosivo e vibrante evoca o pop adulto brasileiro dos anos 80, aproximando-se de nomes como Guilherme Arantes e Caetano Veloso. Para quem gosta de melodias sofisticadas e envolventes, Cedo é um prato cheio.
SOBRE A NOITE DE ONTEM, “PENSEI QUE ÉRAMOS INABALÁVEIS”. Com apenas um single lançado, essa banda do Guarujá (SP) aposta em um shoegaze etéreo, mas com pegada de pós-grunge. As bandas brasileiras Fresno, Menores Atos e Terraplana estão entre as referências sonoras. Gravado de forma caseira em um estúdio improvisado num apartamento, o single carrega um clima íntimo, sem deixar de ter uma produção surpreendentemente encorpada.
ORQUESTRA DE FREVO DO BABÁ feat MARCIA LIMA, “BAIRRO NOVO CASA CAIADA”. As guitarras e as diferentes partes dessa música, composta por Fabio Trummer e gravada por sua banda Eddie no álbum Carnaval no inferno (2008), foram condensadas em frevo puro por essa turma, que acaba de lançar o disco Frevoessência. Um álbum que bota para pular vários hinos do Carnaval (além de algumas músicas não tão conhecidas, ou de outros estilos).
O ESPELHO DO ZÉ, “PARA AQUILO QUE SONHEI”. Sabe aquele momento em que é preciso parar de adiar decisões e finalmente encarar os desafios de frente? É disso que trata o novo single do Espelho do Zé, uma pedrada entre o hard rock e o punk. A música traz solos enérgicos que remetem à surf music e ao rock dos anos 60, reforçando a sensação de urgência e ação.
Lançamentos
Radar: Big Fish, Love Ghost, Wills Tevs e outros sons que chegaram pelo Groover

O Pop Fantasma agora também tá no Groover! Por lá, artistas independentes mandam seus sons pra uma rede de curadores – e a gente faz parte desse time. O que tem chegado até nós? De tudo um pouco, mas, curiosamente (ou nem tanto), uma leva forte de bandas e projetos mergulhados no pós-punk, darkwave, eletrônico, punk, experimental, no wave e afins.
Aqui embaixo, separamos cinco nomes que já passaram pelo nosso filtro e ganharam espaço no site. Dá o play, adiciona na sua playlist e vem descobrir coisa nova! (na foto, o Big Fish).
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BIG FISH, “VAD BLIR KVAR”. Essa banda sueca, ativa desde 1988, mantém sua formação original após cinco álbuns lançados. Vad blir kvar (em português, “o que permanecerá”) é uma faixa percussiva, sombria e espiritualizada, inspirada em uma experiência real: o vocalista David Giese teve que esvaziar a casa onde cresceu após sua mãe ser diagnosticada com demência. A percussão da música foi criada batendo garrafas pet em um tambor de óleo — um experimento sonoro que surgiu na gravação demo e foi mantido na versão final.
LOVE GHOST, feat KATSU ENERGY, “DECOY”. Um grupo norte-americano que mistura as guitarras pesadas do emo e a fala sinuosa do trap, com influências de bandas como Smashing Pumpkins. Em Decoy, o novo single, o Love Ghost traz o trap latino de Katsu Energy e chega com um som que tangencia até o shoegaze, mas com marcação rítmica suingada e diferente. A música vai entrar no álbum Memento mori, o próximo do Love Ghost, que sai em breve.
WILLS TEVS, feat. SIDE, “EU GOSTO DE ARRISCAR”. “Essa música é uma exaltação à impermanência”, conta Wills Tevs, que vem de São Paulo e promove uniões entre MPB e groove rock em Eu gosto de arriscar. “A música funcionaria em diferentes gêneros, como samba ou pop, mas pelo sangue que corre nas minhas veias, ela se inclina naturalmente para o rock”, diz ele, que convidou a banda Side para tocar na canção.
SINPLUS, “A TEAR GOING LONELY”. “É uma música sobre amor, perda e o lado agridoce do deixar ir”, conta essa banda ligada ao pós-punk e aos climas góticos sobre a faixa A tear going lonely. A canção tem uma atmosfera ambient dada pelos teclados, e vocais que lembram um Iggy Pop mais certinho.
DESU TAEM, “JUSTIFY YOURSELF”. Resenhamos o álbum Used meat 4 sale, dessa imprevisível banda norte-americana formada por pai e filho roqueiros, mas vale destacar essa mescla de punk e hard rock que eles lançaram no álbum. Manual deles para escutar a faixa: “Faça um acordo com alguém que esteja disposto a deixar você dar uns tapas nele continuamente durante a música. Então toque de novo e aproveite sua vez de levar um tapa! Coloque a música no repeat, agora você tem planos para o dia! Você pode fazer isso de novo amanhã também!”. Eita.
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