Connect with us

Cultura Pop

Deep Purple e AC/DC saindo na porrada

Published

on

Mais que conflito de gerações, uma porrada feia: o Deep Purple, fragmentado e quase encerrando atividades, saiu no tapa com o iniciante AC/DC, nos bastidores do festival de Sunbury, na Austrália, em 1975.

O Sunbury Rock Festival – conforme lembra o Ultimate Classic Rock – já enfrentava problemas o suficiente: tempo péssimo, vendas baixas de ingressos, etc. O Deep Purple, meio em baixa, não cobrou barato. Foram US$ 60 mil, o que corroeu bastante o caixa do evento, e comprometeu o pagamento de outras bandas.

Já o AC/DC apareceu lá quase por acaso: a banda estava fazendo um show num pub e receberam o convite para ir ao festival de Sunbury no dia seguinte. Só que, segundo o guitarrista Angus Young, rolou uma falha na comunicação que fez toda a diferença. “O cara que estava promovendo estava um pouco preocupado e disse: ‘Deep Purple parece que nem vai subir no palco'”, contou o músico.

>>> Veja também no POP FANTASMA: O “Deep Purple” falso de 1980

Na época, George Young, irmão mais velho de Angus e Malcolm e produtor do grupo, fazia as vezes de baixista e foi ao show. Tanto ele quanto Angus relatam terem ficado meio horrorizados com as condições do local, cheio de lama. Mas o mais complicado foi ver uma frota de Rolls Royces chegando: era o Deep Purple que, ao contrário do que o tal empresário tinha falado, ia tocar.

O AC/DC estava escalado pra tocar mesmo assim e já estava no camarim quando… “Alguém disse que alguém deu um soco no nosso empresário – um dos caras da turnê do Deep Purple. Estávamos todos amontoados, trocando de roupa. Lembro que todos nós saímos correndo”, lembrou Angus. Deu mais merda: uma galera animada lá mesmo da Austrália deixou cair equipamentos nos seguranças do Deep Purple, e Bon Scott, vocal do AC/DC, apareceu para meter uma chave de braço em alguém.

O público ficou impaciente e começou a pular o cercado que separava o palco. A equipe do evento entrou pra botar todo mundo calmo e resolveu: Deep Purple tocava e o AC/DC vinha depois. Segundo Angus, nem tanto, porque o Deep Purple ainda teria cortado o set no meio e começado a tirar o equipamento, e o AC/DC não tocou. Já David Coverdale, que estava nos vocais do DP, contou certa vez que o local realmente estava um lixo: cheio de lama, frio e todo mundo embrulhado em folhas de plástico para se aquecer.

>>> POP FANTASMA PRA OUVIR: Mixtape Pop Fantasma e Pop Fantasma Documento

“Parecia uma imensa convenção de preservativos”, contou David, que, de acordo com sua memória, tocou e, imediatamente, viu “uma jovem banda australiana” mexendo em seu equipamento. “Bem, o inferno desabou, pelo que me contaram. Nossos roadies lutaram com a jovem banda para tirá-los do nosso equipamento e do palco”, escreveu. “De qualquer forma, vejam só, esses rapazes corajosos eram nada mais mais nada menos que uma nova banda chamada AC/DC. Eu ri quando soube. Achei ótimo! E é assim que me lembro daquele episódio”.

Angus insiste que nunca tocou no show. E Coverdale lembra que o Deep Purple acabou tendo que criar um fundo fiduciário para cobrir a grana que iria para pagar os outros artistas do festival. Aliás, Sunbury não tinha sido montado pra fazer número. A ideia era que o evento fosse o Woodstock da Austrália, com direito a shows monumentais de bandas como o Queen (que levou uma tremenda vaia em 1974).

Mas o festival encerrou sua história em 1975 mesmo. Marcou época a ponto de uma banda bem satírica da Austrália chamada The Fauvez ter homengeado o evento com uma música, Sunbury 97, lançada em 1998. “Tem uma árvore onde mamãe e papai me conceberam/Você acredita que sou filho de Sunbury 73?”, diz a letra. Eita…

>>> Saiba como apoiar o POP FANTASMA aqui. O site é independente e financiado pelos leitores, e dá acesso gratuito a todos os textos e podcasts. Você define a quantia, mas sugerimos R$ 10 por mês.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Published

on

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Published

on

Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

4 discos

4 discos: Ace Frehley

Published

on

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

Continue Reading
Advertisement

Trending