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Cultura Pop

O que teve em 2001 na música além dos Strokes: descubra agora!

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O que teve em 2001 na música além dos Strokes: descubra agora!

2001 foi (acima de qualquer coisa) o ano de Is this it, dos Strokes, disco que completou 20 aninhos no dia 30 de julho. e que já ganhou análises excelentes em vários sites – recomendamos os textos de Daniel Setti no Popload, site do jornalista Lucio Ribeiro. Uma coisa que virou quase consenso entre vários fãs e não-fãs dos Strokes, no entanto, é falar que Is this it é o único disco realmente bom dos Strokes. E que a banda não produziu mais nada de tão relevante. Não concordamos, tanto que Room on fire, segundo disco da banda (2003) deve figurar num “várias coisas que você já sabia sobre” em breve aqui no POP FANTASMA.

O ano de 2001 foi também o ano de inúmeras outras coisas na música – algumas delas a gente nem se dá conta de que já rolaram há vinte anos, ou nem sequer pensamos que acontecerem justamente neste ano. Como a gente já viu muita coisa legal sendo falada por aí sobre a estreia dos Strokes, decidimos lembrar outras coisas legais que rolaram naquele ano. Pega aí.

FESTA DO NAPSTER NO ROCK IN RIO 3. O serviço de compartilhamento de arquivos já existia desde 1998, tinha virado assunto de mesa de bar em 2000 quando o Metallica descobriu que uma demo sua estava rolando por lá (e processou o serviço), mas virou festa (do caqui) na terceira edição do festival. Uma reportagem da Folha de S. Paulo assinada por Lucio Ribeiro mostrava que o Napster – que dentro em pouco estaria legalizado e ostentando um belo link da loja CDNow – já estava recebendo os shows internacionais do Rock In Rio rapidíssimo, logo depois deles terem sido apresentados.

ROCK IN RIO 3. Parece que foi há 200 anos (e analisando bem, foi mesmo), mas a terceira edição do festival, realizada entre 12 e 21 de janeiro de 2001, mesmo não tendo o apelo da primeira, é guardada no coração de muita gente com carinho extremado. Afinal, quem esteve lá viu Cássia Eller em seu último ano de vida, Foo Fighters na ponta dos cascos, Beck, R.E.M. tocando músicas que estariam no disco Reveal (lançado em maio), Neil Young…  E o regresso do Guns N Roses, claro.

SOM DA MAÇÃ. Em janeiro de 2001, após anos de desenvolvimento, a Apple apresentou o iTunes e a vida da firma mudaria bastante: da fábrica de computadores à empresa “multimídia”,  que ajudou a criar a ideia do consumidor hipster de música pop, rock indie e até MPB. O reprodutor de música tinha sua história ligada à do SoundJamMP, software com a mesma função, criado por ex-funcionários da Apple, que havia sido comprado pela empresa. E em outubro do mesmo ano, nova reviravolta com o lançamento do eficiente e intuitivo iPod, que virou referência e ganhou quase o mesmo peso, nos anos 2000, que um bom “aparelho de som” tinha para o fã esnobe de música nos anos 1970 e 1980.

>>> POP FANTASMA PRA OUVIR: Mixtape Pop Fantasma e Pop Fantasma Documento

ADEUS, METALLICA. Jason Newsted, baixista do Metallica desde 1986, anunciou seu desligamento da banda em 17 de janeiro de 2001. O músico nunca tinha feito parte de verdade do grupo: compôs pouco, teve seu instrumento apagado da mixagem final de … And justice for all (1989, seu álbum de estreia na banda) e era tão bullynizado e maltratado por seus colegas que, sendo bastante franco, sua saída demorou para acontecer. A razão apresentada por ele foi que Jason queria férias da banda (que usaria para trabalhar em projetos pessoais) e os outros três não quiseram. Logo após sua saída, James Hetfield iria para a clínica de reabilitação e o Metallica ameaçou ir para o saco.

ROCK DO FIDEL. A Folha informava em 19 de fevereiro que o presidente cubano Fidel Castro tinha ido a seu primeiro show de rock: aliás a banda Manic Street Preachers se tornava a primeira banda de rock ocidental a tocar lá. O comandante foi ao show, visitou o camarim e convidou os integrantes para almoçar. Na noite, a banda tocou Baby Elian, música em homenagem a Elián Gonzáles, garoto cubano (oito anos na época) que tinha virado objeto de disputa entre Cuba e EUA.

KISS SEM IMAGINAÇÃO. Uma volta na banda mascarada: o solícito Eric Singer pegou o lugar que era de Peter Criss, dez anos depois de ter entrado no Kiss para ocupar o lugar do recém falecido Eric Carr. Em 1991, quando esteve na batera do grupo, o Kiss estava na fase sem-máscara, e Singer não precisou cobrir o rosto. Dessa vez foi diferente: o novo-velho batera acabou até herdando a maquiagem de “homem gato” de Criss, desonrando a tradição da banda de criar maquiagens diferentes para novos integrantes.

RAIMUNDOS SEM RODOLFO. Sim, também rolou nesse ano – foi em junho de 2001, quando a banda estava comemorando o do DVD Ao vivo MTV. O ex-vocalista deu a notícia de que deixaria o grupo justamente na festa de lançamento, na sede da gravadora Warner. “Enquanto Rodolfo passava férias em Camboriú (SC), especulações apontavam sua conversão para uma igreja evangélica como o fator responsável pela saída do vocalista”, afirmava a IstoÉ Gente. Para muita gente, representou o fim de uma era no rock nacional – e o começo de um período que se arrasta até hoje, com bandas menos voltadas para letras engraçadinhas e artistas com menor sede de sucesso.

MORTES DE MARCELO FROMER E CÁSSIA ELLER. A partida do guitarrista dos Titãs (vítima de um atropelamento em 11 de junho) arrasou o grupo e fez com que perdessem seu principal interlocutor junto a empresários e notáveis do mundo musical – e foi embora também um guitarrista e compositor bastante criativo e atuante. Cássia, morta de infarto dois dias antes da apresentação que faria no réveillon de Copacabana, deixou várias perguntas na cabeça dos fãs, já que seu último trabalho havia sido um vitorioso Acústico MTV e um novo disco de inéditas estava sendo ansiosamente esperado. Sua partida entristeceu fãs antigos e admiradores recém-conquistados.

MICHAEL JACKSON VOLTOU. Comemorando 30 anos de carreira, o cantor relançou seus discos da Sony, ganhou concertos-tributo no Madison Square Garden e pôs finalmente nas lojas o disco que vinha gravando desde 1997, Invincible. O disco custou caro demais para todos os padrões da indústria até então (30 milhões de dólares) e não rendeu turnê. No fim, a Sony abortou a promoção do disco e Michael brigou feio com Tommy Mottola, presidente da gravadora, chamando-o de racista.

GENTE SUJA. Se você achava que Led Zeppelin, Black Sabbath e The Who eram farristas contumazes e gente com estilo vida loka brutal, bem vindo à realidade: The dirt, autobiografia coletiva do Mötley Crüe, saiu em 22 de maio de 2001 e carrega em histórias de tietes, goró, drogas, casamentos desfeitos (a história do enlace de Tommy Lee e Pamela Anderson está lá) e nojeiras. Arrebanhou mais fãs para o grupo e virou filme (tá na Netflix) anos depois.

ESTREIA DO GORILLAZ. A banda de pop-rock mais moderna dos anos 2000 não era um grupo “de verdade” – era uma banda virtual, que vinha sendo gestada pelo ex-Blur Damon Albarn e pelo designer e quadrinista Jamie Hewlett desde 1998. Clint Eastwood, o primeiro hit, saiu em 5 de março de 2001, e virou hit, e clássico. O primeiro e epônimo disco, lançado em 26 de março, era punk por dentro, e eclético e variado por fora.

LOS HERMANOS VOLUME 2. Curiosamente pouca gente lembrou disso em 2021: Bloco do eu sozinho, segundo disco do Los Hermanos, saiu em 23 de julho de 2001. O disco foi devagarzinho puxando um bloco (sem trocadilho) no rock brasileiro, com bandas referenciando-se numa mescla de indie rock e MPB setentista. E também criou parâmetros até hoje vigentes não apenas de “rock nacional”, mas também de atitude diante do mercado fonográfico. Na época, causou uma briga enorme na (defunta) gravadora Abril Music, com a empresa querendo obrigar a banda a regravar o álbum e impondo uma nova mixagem – feita pelo produtor Marcelo Sussekind “sem alterar a concepção da produção”, dizia a Folha. A Playboy, analisando o disco anos depois, entregava que só faltara “um atracamento físico” entre banda e gravadora.

EXPULSOS E PRESOS. Whitney Houston e Bobby Brown tocaram o rebu no Bel Air Hotel de Hollywood em 31 de março de 2001 – a ponto de serem banidos para sempre do estabelecimento, e presos. O casal destruiu o quarto em que estava hospedado e quebrou eletrodomésticos. Era uma época bastante difícil para a cantora, com direito a abuso de drogas, problemas profissionais (ela havia sido convidada e depois desconvidada do show da cerimônia do Oscar, em 2000) e violência doméstica. Ainda assim o ano reservaria surpresas para ela – uma delas era o contrato com a Arista Records, assinado em 3 de agosto e considerado naquele momento o maior da história da música (US$ 100 milhões para seis álbuns).

ESCRAVA. O PETA (movimento em defesa do tratamento ético dos animais) enlouqueceu quando Britney Spears subiu no palco do Metropolitan Opera House em 6 de setembro de 2001, durante a premiação do Video Music Awards da MTV, para apresentar seu hit I’m a slave 4U. A cantora enrolou-se numa cobra píton e dividiu o palco com tigres enjaulados. Deu merda na época e dá até hoje, mas os fãs ficaram malucos e nunca esqueceram a apresentação – e a canção virou single de sucesso.

HERBERT VIANNA. O acidente de ultraleve que deixou o líder dos Paralamas do Sucesso sem os movimentos das pernas (e matou sua mulher Lucy) aconteceu em 4 de fevereiro de 2001. O vocalista passou 45 dias internado – vinte deles em coma. Reaprendeu a fazer tudo, inclusive cantar e tocar guitarra. E voltou não apenas aos palcos, como à extensa vida de turnê da banda, com shows em lugares variados do Brasil. Longo caminho, disco da volta do grupo (2002) trazia uma canção (Flores no deserto) dedicada a Marcelo Yuka, que levara três tiros em novembro de 2001, pouco antes do acidente de Herbert.

BEE GEES  NA RETA FINAL. Em 2001 saía também o último disco de estúdio dos Bee Gees, This is where I came, tido por muitos fãs e críticos como um retorno à sonoridade original do trio de irmãos, mas que inovava trazendo uma espécie de r&b folk na faixa-título. Em 2003 Maurice Gibb morreria e sobrariam apenas Robin (morto em 2012) e Barry.

GEORGE MORREU. No mundo pop-rock, talvez as mortes mais lamentadas tenham sido a do beatle George Harrison, de câncer, em 29 de novembro – por sinal, dez anos e cinco dias depois da morte de Freddie Mercury, do Queen – e a de Joey Ramone, dia 15 de abril, de linfoma. A lista de finados de 2001 inclui bem mais gente, como os já citados Fromer e Cássia Eller. E foram-se também o bluesman John Lee Hooker, o cantor ítalo-americano Perry Como, o músico alemão Michael Karoli (da banda Can). Morreu também Glenn Hughes – não o cantor e baixista, ex-integrante de bandas como Deep Purple e Black Sabbath, mas sim um xará ilustre dele, o “motociclista” do Village People.

QUASE CANCELADO. Quem também partiu em 2001 (em 18 de março, de insuficiência cardíaca) foi uma figurinha de proa do rock dos anos 1960: John Phillips, criador do The Mamas & The Papas, que vinha de um histórico de abusos cavalares e comportamentos mais abusivos ainda. Alguns anos após sua morte, sua filha Mackenzie Phillips acusou o pai de ter injetado drogas nela, e disse que manteve um relacionamento incestuoso com ele por vários anos – culminando numa gravidez em que ela simplesmente não sabia quem era o pai da criança e havia suspeitas de que fosse o próprio John (que pagou pelo aborto da filha).

ACABOU OU NÃO? As Spice Girls estavam inativas desde 2000, mas até 2001 ainda não se sabia direito se elas haviam encerrado atividade ou não – e elas costumavam negar que estava tudo acabado. Seja como for, Melanie Chrisholm, a Mel C, mandou avisar em 8 de março de 2001 que “não pretendia fazer mais nada” com o grupo.

E TEVE O 11 DE SETEMBRO. Pode esperar que daqui a poucas semanas essa pauta vai render capas de cadernos culturais: a destruição das torres gêmeas teve várias implicações na música. Vários shows foram cancelados, o broadcasting do Grammy Latino foi suspenso, o primeiro show pela internet de Sting (transmitido da Itália) foi resumido a uma só canção (sintomaticamente Fragile) e quem deu o azar de estar lançando disco naquela data correu riscos de passar em branco (Bob Dylan soltou Love and theft). O System Of A Down lançou Toxicity, o segundo e bem sucedido disco, e foi pro index de músicas inapropriadas das rádios com o hit Chop suey! Os Strokes tiveram New York city cops tirada da edição americana de Is this it. O melancólico e corrosivo The disintegration loops, do compositor experimental William Basisnki, foi “cria” do ataque às torres – que ele observou da janela de casa.

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Crítica

Ouvimos: Joan Armatrading, “How did this happen and what does it now mean”

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Ouvimos: Joan Armatrading, “How did this happen and what does it now mean”
  • How did this happen and what does it now mean é o vigésimo-primeiro disco de estúdio da cantora e compositora britânica Joan Armatrading. A única coisa que ela não fez no disco foi a engenharia de gravação: ela compôs, tocou, cantou, produziu e programou tudo.
  • Ao The Guardian, ela explicou o título do disco (“como isso foi acontecer e o que significa agora?”): “Acho que nos tornamos polarizados porque quando você está cara a cara com alguém, coisas como linguagem corporal e contato visual nos impedem de fazer certas coisas. Isso não acontece nas mídias sociais, então se espalha para o mundo real. Não vamos nos livrar de todas as guerras e desentendimentos, mas o título do álbum está perguntando como diabos podemos sair dessa situação em que estamos e como voltamos para um lugar melhor”.

Descobrir, sem estar esperando, que Joan Armatrading lançou um novo álbum, é uma surpresa enorme. Ver que o disco é um projeto quase inteiramente solo (ela compôs, produziu, tocou e programou tudo sozinha) não chega a ser uma surpresa para quem conhece um pouco da história dela e pelo menos alguns hits e discos clássicos.

No caso de How did this happen and what does it now mean, o estilo conhecido de pop-rock confessional dela, já a partir do título, vem com um subtexto de sobrevivência e superação. Ainda que algumas histórias contadas nas letras apontem para ressacas amorosas e falsidades do amor em geral, como no pop-rock Someone else e no r&b I gave you my keys (“eu te dei minhas chaves para tudo que eu tinha/você era minha divindade, você governou meu mundo/governou minha terra, governou meu céu/como você pôde me machucar tanto?”).

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Já o blues-rock-soul percussivo I’m not moving põe violência urbana no disco, com Joan recordando as cenas que viu durante um assalto, e levando a história para uma situação em que a minoria tem as maiores cartas na mão (“posso ser pequeno/mas sou poderoso/você pode ser muito mais velho/mas ainda assim eu governo você”). O pop com argamassa soul e musicalidade herdada do folk, especialidade dela, volta em faixas como 25 kisses, Here’s what I know e a faixa-título, que conta outra história de amor que acaba com problemas e dúvidas (“onde está aquela versão de nós mesmos/que nós amávamos, que era tão preciosa/em nosso mundo, em nossos corações?”).

Para quem tem saudades do lado baladão de AM de Joan, registre-se a presença de Irresistible e Say it tomorrow e do gospel Redemption love. No disco novo, ela fez questão de que todos os seus lados musicais convivessem sem problemas, cabendo até dois instrumentais, Now what e Back to forth, nos quais ela se mostra uma excelente guitarrista de blues e rock. Aos 74 anos e sabendo fazer de tudo num estúdio, Joan é o poder, mesmo que falte um certo empoderamento nas histórias amorosas das letras.

Nota: 7,5
Gravadora: BMG

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Crítica

Ouvimos: Os Paralamas do Sucesso, “10 remixes”

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Ouvimos: Os Paralamas do Sucesso, “10 remixes”
  • 10 remixes traz (como diz o próprio título) dez canções dos Paralamas do Sucesso remixadas. O trabalho foi orquestrado pelo DJ Marcelinho da Lua, que escolheu DJs de diferentes gerações. O trio e o empresário José Fortes também já tinham uma lista com alguns nomes.
  • “Tudo começou quando eu estava num show do Paul McCartney em 2013, quando prestei atenção nas inúmeras releituras de músicas dos Beatles feitas por DJs que tocavam antes do Paul subir ao palco. Fiquei pensando como seria legal se fizessem o mesmo com o repertório dos Paralamas”, contou João Barone, baterista da banda, em seu Instagram.

Lançar um álbum de remixes dos Paralamas do Sucesso é uma ideia tão boa que não dá pra entender como ninguém pensou nisso antes. Discos de remixes de um mesmo artista, aliás, costumam sair bem irregulares, além de cometerem verdadeiras atrocidades. Felizmente, 10 remixes saiu legal, e quase tudo pode ser dançado na pista e ouvido em casa sem (muitos) atropelos.

Em Lanterna dos afogados, Mahmundi deu um ar dançante e viajante à música, e inseriu sua voz como parte das novidades da canção – soou tão bem que ela deveria pensar em fazer outras visitas à obra da banda. Ska, com DJ Marky, virou um cruzamento de ska, reggae e drum’n bass. O beco ganhou remix conceitualmente correto (e bom) do Tropkillaz, em clima funk-reggae, com os vocais de Herbert Vianna filtrados e à frente. Selvagem, nas mãos de Daniel Ganjaman, virou reggae-dub.

No 10 remixes, vale também citar o samba-funk-reggae que surge de O amor não sabe esperar (com Paralamas e Marisa Monte), capitaneado por Pretinho da Serrinha e Bossacucanova. Além do synthpop simultaneamente experimental e cheio de balanço de Mulú em Aonde quer que eu vá, e do redesenho drum’n bossa de Marcelinho da Lua em Mensagem de amor.

Por outro lado, Lourinha bombril rendeu menos do que poderia ter rendido nas mãos do Àttooxxá. Ela disse adeus, com Papatinho, virou um batidão funk pequenininho (com pelo menos um minuto a menos que o original) e sem muitos atrativos. E não sei até que ponto a balada stoniana Saber amar tinha que ganhar um remix techno de botar fogo na pista, que foi para as mãos de Ké Fernandes (Groove Delight).

Nota: 8
Gravadora: Universal

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Crítica

Ouvimos: New Order, “Brotherhood (Definitive edition)”

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Ouvimos: New Order, “Brotherhood (Definitive edition)”

Pode ser algum problema de atenção ou de audição, mas não percebi nenhuma diferença no som dessa edição definitiva de Brotherhood em relação à remasterização “de colecionador” do disco, lançada em 2008 (e vale lembrar que o quarto álbum do New Order, de 1986, já teve seus bastidores recordados aqui mesmo no Pop Fantasma). Dois anos antes do quadragésimo aniversário do Sgt Pepper’s às avessas do grupo, no entanto, a definitive edition lançada pela Rhino é a melhor forma de comemoração, por reunir num só lançamento o antes, durante e depois do álbum.

Resumindo a história em poucas linhas: Brotherhood saiu numa época de transição para o New Order, uma banda cujas vendas ajudavam a dar sustentação ao selo indie britânico Factory, mas que não vivia uma vida de grupo do primeiro time – com direito a shows nos cafundós, camarins zoados e uma certa sombra de desprestígio. O álbum era dividido entre um lado A mais roqueiro e um lado B mais eletrônico. As duas faces eram balizadas por uma espécie de pós-punk-country (Paradise, com letra inspirada nas “canções de partida” do estilo musical) e um futuro clássico dance-pop (Bizarre love triangle).

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  • Mais New Order no Pop Fantasma aqui.
  • Episódio do nosso podcast sobre eles aqui.

Mas ainda havia no álbum rocks de pista (Broken promise, Way of life), outro pós-punk dançante (Weirdo, com abertura “falsa”), uma canção acústica pop e quase sixties (As it is when it was), dance music ambient (All day long), dance music sombria e lisérgica (Angel dust) e o encerramento com Every little counts, cantada por Bernard Sumner aos risos (ele chega a interromper a música para rir) e fechada com alguns minutos de psicodelia e ruídos.

A nova edição dá som a histórias sempre contadas a respeito do grupo, trazendo por exemplo, as músicas da demo gravada por eles no Japão em 1985, em meio a uma turnê por lá. A versão de State of the nation não é exatamente imperdível, mas a de As it is when it was vale a audição: vem mais tecnopop, sem violão, sustentada pelo baixo agudo de Peter Hook, e com certa cara de The Cure.

Evil dust, que já havia sido lançada na edição de colecionador de 2008, retorna – é uma versão “maligna” de Angel dust, com mais espaço para os vocais da cantora libanesa Dusya Yusin, sampleados de duas músicas de Brian Eno e David Byrne, The carrier e Regiment (ambas do disco My life in the bush of ghosts, de 1981). O material composto pelo New Order para o filme Salvation! (1987), de Beth B, aparece na íntegra, dos temas instrumentais (como as quase progressivas Salvation theme e Sputnik) ao single bem sucedido Touched by the hand of god.

Das inéditas lançadas na nova edição de Brotherhood, tem uma para escutar no último volume: Every little counts aparece em sua lendária versão completa, com alguns minutos a mais de psicodelia ruidosa e assustadora no final, um segundinho de silêncio e… o ruído de toca-discos pulando. Era para ser mais parecido ainda com A day in the life, fechamento do Sgt Peppers, dos Beatles, e era para dar mais sensação ainda de desnorteio. Brotherhood é uma ousadia que ainda permanece atual.

Nota: 9
Gravadora: Rhino

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