Crítica
Ouvimos: Vários, “Amor, fúria & amor – Um tributo mutante ao Bombers”

- Bolado antes da pandemia e lançado agora, Amor, fúria e amor comemora 25 anos da banda punk santista The Bombers. Surgiu de uma ideia do Rafael Chiocarello, editor do site Hits Perdidos, para Ricardo Drago, criador da webrádio Mutante Radio.
- São 19 artistas independentes no disco. Matheus Krempel, fundador e vocalista dos Bombers, deu uma ajuda a Ricardo na produção executiva, convidando bandas.
- Pelo menos uma banda, Dum Brothers, gravou sua faixa (Keep it close) no estúdio do próprio Matheus, sem que o músico soubesse. Numa das sessões, Krempel estava lá e nem percebeu que uma canção de sua banda estava sendi gravada.
Tributos a bandas, nacionais e internacionais, têm sido lançados ocasionalmente por sites de cultura pop, como o Scream & Yell e o Hits Perdidos. Dessa vez, uma rádio online bem atuante, a Mutante Radio, de São Paulo, recorda (por acaso com a ajuda do Hits Perdidos, que deu a ideia) os 25 anos de carreira de uma banda punk santista, o The Bombers, com Amor, fúria & amor. Dezenove bandas releem os diferentes lados do grupo, incluindo canções em português e inglês, e indo numa paleta que inclui do punk 90 típico (Wildrock, com O fantasma) aos flertes com ska e reggae (o Djamblê com Que pasa? e o The Stories Are True, com Come back home), e até momentos mais ligados ao folk tranquilo (Luisa Brasil relendo A culpa). Um destaque: Monique Carvalho releu A morte com baixo, voz e algumas intervenções de guitarra, num resultado mais próximo do indie rock do que do punk ou do hardcore.
Originalmente um power pop, O que passou, passou, virou indie dance sujinha, com synths e batidas eletrônicas, nas mãos e nas vozes do duo de synthpop No Bass No Love. O Sick Dogs In Trouble, originalmente uma banda de hard rock, deu energia setentista a My way my strenght. Já All about love, canção de 2014 que ficava originalmente numa onda Ramones, virou surf music sessentista com a Foot Step Surf Music Band. Já a cantora, compositora e guitarrista Letty deu um ar meio Pixies a O abismo.
Gravadora: Mutante Discos
Nota: 7
Foto: Reprodução da capa do CD Amor, fúria & amor
Crítica
Ouvimos: Home Is Where – “Hunting season”

RESENHA: No segundo disco, Hunting season, o Home Is Where troca o emo por um alt-country estranho e criativo, misturando Dylan, screamo e folk-punk em faixas imprevisíveis.
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O Home Is Where é uma banda emo – mas no segundo disco, Hunting season, eles decidiram que estava na hora de mudar tudo, ou quase tudo. O grupo volta fazendo um alt-country pra lá de esquisito, com referências que vão de Bob Dylan a Flying Burrito Brothers. Sendo que a ideia de Bea McDonald (voz, guitarra) parece inusitada demais para ser explicada em poucas palavras (“um disco que dá para ouvir num churrasco, mas que também dá para chorar”, disse).
Com essa migração sonora pouco usual, o Home Is Where se tornou algo entre Pixies, Sonic Youth, Neil Young e Cameron Winter, com vocal empostado lembrando um som entre Black Francis e Redson (Cólera). Reptile house é pós-punk folk, Migration patterns é blues-noise-rock, Artificial grass tem vibe ligeiramente funkeada e é o tipo de música que uma banda como Arctic Monkeys transformaria num hit – mas é mais esparsa, mais indie, e os vocais chegam perto do screamo.
Hunting season tem poucas coisas que são confusas demais para serem consideradas apenas inovadoras ou experimentais – Bike week, por exemplo, parece uma demo dos Smashing Pumpkins da época de Siamese dream (1993). Funcionando em perfeta união, tem o slacker rock country de Black metal mormon, o folk punk de Stand up special e uma balada country nostálgica com vibe ruidosa, a ótima Mechanical bull. Os melhores vocais do álbum estão na balada desolada Everyone won the lotto, enquanto Roll tide, mesmo assustando pela duração enorme (dez minutos!), vale bastante a ouvida.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7
Gravadora: Wax Bodega
Lançamento: 23 de maio de 2025.
Crítica
Ouvimos: Satanique Samba Trio – “Cursed brazilian beats Vol. 1” (EP)

RESENHA: Satanique Samba Trio mistura guitarrada, lambada, carimbó e jazz experimental em Cursed brazilian beats Vol. 1
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Como o Brasil insiste em não ouvir o Satanique Samba Trio, vale dizer que a banda brasiliense não é um trio e o som vai bem além do samba – é puramente jazz unido a ritmos brasileiros variados, com ambientação experimental e (só às vezes) sombria. O novo disco é Cursed brazilian beats vol. 1 – que apesar do nome, é o segundo lançamento de uma trilogia (em português: Batidas brasileiras amaldiçoadas).
Dessa vez, a banda caiu para cima de ritmos do Norte, como guitarrada, lambada e carimbó, transformando tudo em música instrumental brasileira ruidosa. O grupo faz lambada de videogame em Lambaphomet, faz som regional punk em Brazilian modulok e Sacrificial lambada, e um carimbó que parece ter sido feito pelos Residents em Azucrins. Já Tainted tropicana, ágil como um tema de telejornal, responde pelo lado “normal” do disco.
A surpresa é a presença, pela primeira vez, de uma música cantada num disco do SST: Aracnotobias tem letra e voz de Negro Leo – talvez por isso, é a faixa do grupo que mais soa próxima dos experimentalismos do selo carioca QTV.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Rebel Up Records
Lançamento: 21 de março de 2025.
Leia também:
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- Ouvimos: Negro Leo, Rela
- Ouvimos: Residents, Doctor Dark
- Relembrando: The Residents, Meet The Residents (1974)
Crítica
Ouvimos: Mugune – “Lua menor” (EP)

RESENHA: O Mugune faz psicodelia experimental e introspectiva no EP Lua menor, entre Mutantes e King Gizzard.
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Trio introspectivo musicalmente vindo da cidade de Torres (RS), o Mugune é uma banda experimental, psicodélica, com design musical esparso e “derretido”. O EP Lua menor abre com a balada psicodélica Capim limão, faixa de silêncios e sons, como se a música viesse lá de longe – teclados vão surgindo quase como um efeito, circulando sobre a música. Duna maior é uma espécie de valsa chill out, com clima fluido sobre o qual aparecem guitarras, baixo e bateria.
A segunda metade do EP surge em clima sessentista, lembrando Mutantes em Lua, e partindo para uma MPB experimental, com algo de dissonante na melodia, em Coração martelo – música em que guitarras e efeitos parecem surgir para confundir o ouvinte, com emanações também de bandas retrô-modernas como King Gizzard & The Lizard Wizard.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 17 de abril de 2025.
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