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Urgente!: Sex Noise tem sua primeira demo resgatada nas plataformas digitais

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Selo Caravela Records lança demo de 1993 do Sex Noise nas plataformas, e vai reeditar aos poucos a discografia do grupo.

RESUMO: Selo Caravela Records lança demo de 1993 do Sex Noise nas plataformas, e vai reeditar aos poucos a discografia do grupo.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Eliane Bittencourt/Divulgação

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Os anos 1990 no Brasil eram uma época muito, mas muito louca – diria que assustadora de tão louca e ousada. Está aí a existência do Sex Noise, uma das bandas mais representativas do punk carioca da época, que não deixa ninguém mentir.

Franzino costela, único hit do grupo, acabou sendo também um raro hit do punk do Rio (era aquela do “meu pai me batia / com vara de vergalhão / vara de araçá e cabo de vassoura”). E o início da história da banda chega às plataformas, com o lançamento digital da demo Pultanovinzona, gravada em outubro de 1993 e vendida originalmente apenas no formato K7. O relançamento é do selo carioca Caravela Records, que pôs a demo no ar nesta sexta (3), e resgatou até a arte original da fita. E vai disponibilizar aos poucos a discografia da banda nas plataformas.

Pultanovinzona, cujo título é exatamente isso que você está pensando (e que refletia a maneira como o grupo se via naquele universo indie carioca), foi gravada pela formação inicial do grupo: Larry Antha (voz, letras), Alex Dusky (guitarra, e também autor do desenho usado na capa da demo), Mario Jr (baixo) e Henrique Santos (bateria). O repertório, além de Franzino, inclui músicas como Sacrossanto saco, Papai não me dava papá, O porco, Vovô Hemetério e Dia sem sol – esta, incluída depois apenas na coletânea de bandas novas Paredão, lançada pela EMI em 1996.

“Essa é primeira demo oficial da Sex Noise. Antes rolou uma demo-ensaio com quatro canções, que foram regravadas na Pultanovinzona, por isso a banda considera esse registro nosso debut”, conta Larry. Numa época em que não havia CD-R e o K7 era o único suporte para banda novas que ainda não haviam sido contratadas, o cantor recorda que o Sex Noise chegou a perder o controle das vendas das fitinhas.

“Lembro-me que fizemos num primeiro momento 200 cópias. Elas esgotaram rapidamente. E depois acho que ficamos fazendo cópias em casa mesmo. Havia também uma demanda de demos para resenhas em fanzines e revistas – Rock Brigade, Bizz, Roll – pelo Brasil”, conta ele. A banda começou a receber cartas de vários lugares do país, de gente querendo comprar a fita. “Tempos depois soube pelo Duda, ex-baterista da Pitty, que ele vendeu centenas de demos da Sex Noise em sua loja em Salvador”.

O Sex Noise era uma banda mais do que distante dos grandes centros: surgiu entre 1990 e 1991 em Inhoaíba, bairro da Zona Oeste do Rio, localizado entre Cosmos e Campo Grande. Os shows eram dados em lugares como Bangu e São João de Meriti, além do mitológico Garage Art Cult – este mais pertinho, na região da Praça da Bandeira. A gravação de Pultanovinzona foi feita em Vaz Lobo, bairro da Zona Norte do Rio. As cópias iniciais da fita foram feitas numa copiadora de K7s “que, se eu não me engano, era no Campinho, em Madureira”, conta Larry.

”Fizemos tudo em dois finais de semana no estúdio Quadrante, por indicação do Ronaldo Chorão, da (banda) Gangrena Gasosa. Na época todas as bandas da cena gravaram nesse estúdio”, conta o vocalista, lembrando que o processo de composição do grupo sempre foi bastante democrático. A única quase-regra era a de que a banda faria as melodias e ele as letras – mas segundo Larry, até isso surgiu por acaso.

“Nosso lance era tirar um som o mais sujo e cru possível, mas que tivesse ritmo e potência musical. Éramos totalmente influenciados por bandas como Joy Division, Bauhaus, Alien Sex Fiend, The Cure, Sisters of Mercy, Cocteau Twins, etc. Eu trouxe para a Sex Noise minha influência de bandas nacionais como DeFalla, Vzyadoq Moe, Smack, Mercenárias, Fellini. E isto fez a Sex Noise começar a ter uma cara própria”, conta.

Pulando de buraco em buraco no Rio, o Sex Noise acabou indo parar no Circo Voador, a convite de Marcelo D2 e do falecido Skunk, ambos em plena atividade com o Planet Hemp. Detalhe: a banda foi gritar “eu apanhava todo dia!” (refrão de Franzino costela) num show em homenagem a Jim Morrison, vocalista dos Doors. “Ninguém curtia The Doors. As bandas fizeram um show de massacre a banda. Eu xingava a plateia hostil com a pérola ‘The Doors de cu é rola!’. O Planet Hemp quebrou um quadro com a imagem do Jim Morrison que estava no palco”, conta.

Larry lembra que há anos ouvia de um amigo querido (justamente BNegão, do Planet Hemp e dos Seletores de Frequência) que deveria jogar a demo na web. “Ouvi-la hoje será quase uma viagem numa cápsula do tempo”, diz. O grupo lançou um álbum pelo selo indie Tamborete, de Rafael Ramos (hoje Deck) e Leonardo Panço, Uno palmo d’lacraya (1997) e depois fez outros álbuns independentes, mas acabou se separando. Franzino costela foi regravada pela banda punk paulistana Inocentes no álbum O barulho dos Inocentes, só de covers de punk brasileiro (2001).

Dudv Oliveira, um dos sócios do selo Caravela, lembra que conheceu a fita ainda nos anos 1990. “Acho que algum amigo do Colégio Pedro II me emprestou”, diz. Disponibilizar o material do Sex Noise é mais um passo da gravadora no resgate de material raro e inédito de artistas independentes. “Fizemos parecido com a demo da minha banda Fora De Lado (Demotape ‘93) e com um LP do paraibano Naldinho Freire, Lapidar (1995)”, conta ele, adiantando que no fim de outubro sai outra demo do Sex Noise. “Vamos relançar Psychedelic congolo, lançada originalmente em 1995”, diz.

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Lançamentos

Radar: Stereolab, Retail Drugs, False Advertising, Lianne La Havas, Strawberry Alarm Clock

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Urgente!: Stereolab na bossa psicodélica, Turnstile no emo ambient, Forth Wanderers de volta (?)

Chegamos ao fim de semana e… sim, teve muita música boa nos últimos dias. Sexta é dia de novos lançamentos, então ainda tem muita coisa aí para ser ouvida. Chamamos a atenção em especial para os novos clipes do Stereolab, que transformou seu novo single em dois vídeos. E para a volta triunfal do Strawberry Alarm Clock, um clássico da psicodelia sessentista. Ouça e passe adiante.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Stereolab): Divulgação

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STEREOLAB – “FED UP YOUR JOB” / “CONSTANT AND UNIFORM MOVEMENT UNKNOWN”. Se você acha que o single lado A duplo lançado recentemente pelo Stereolab precisava de clipes… Não precisa mais, porque a banda já lançou clipes para ambas as faixas. O single duplo Fed up with your job / Constant and uniform movement unknown, que chegou às plataformas no dia 12 de setembro. A primeira faixas é uma mescla perfeita de pop elegante e krautrock, a segunda carrega mais ainda nas referências de pop francês e música dos anos 1960. Já os clipes são um primor de psicodelia, sobreposição de imagens, desenhos e… perigo para pessoas fotossensíveis (cuidado ao assistir).

RETAIL DRUGS, “ANTI-LONELY”. Projeto ruidoso criado pelo artista nova-iorquino Jake Brooks, o Retail Drugs tem um álbum novo pronto para sair, Factory reset (dia 5 de dezembro pela Angel Tapes / Fire Talk). Anti-lonely, single do álbum, ganhou também um clipe, daqueles que dão nervoso por mostrar a realidade de forma bem desorientadora. Na prática, é só Jake acordando, escovando os dentes e ficando de olho em tudo que acontece na internet, com o celular na mão. “Ele foca em como é difícil seguir as tendências online. A internet é um anjo que, no final, arranca minhas cordas vocais da garganta, levando minha voz embora”, conta Jake, que encheu a faixa de gritos e de climas perturbadores.

FALSE ADVERTISING, “THE SORRY WINDOW”. O que acontece se uma banda unir rock britânico dos anos 1980 e um certo clima grunge? No caso do False Advertising, de Manchester, o que surge é beleza e introspecção, além de muita nostalgia não apenas do passado, mas de chances que surgiram e foram perdidas com o tempo – tudo isso no single novo, The sorry window. Destaque para a voz celestial da vocalista Jen Hingley, e para o clipe da faixa, cheio de escapismo e saudade.

LIANNE LA HAVAS, “DISARRAY”. “Essa música me pareceu muito íntima, quase como um segredo só meu. Ela fala sobre vulnerabilidade, honestidade e sobre permitir que as pessoas tenham um vislumbre de um momento da minha vida”, conta Lianne sobre seu novo single, Disarray. E já que a música era uma experiência íntima, a britânica Lianne decidiu gravar tudo ao vivo, só ela e a guitarra, e nada mais, num clima de jazz e pop sofisticado. O lançamento inaugura o selo da cantora, Kalo Mina, expressão grega que significa “mês bom” e se refere a uma crença local de que a pessoa se renova no começo de cada mês.

STRAWBERRY ALARM CLOCK, “MONSTERS” / “WHITE LIGHTS”. Lenda nem sempre tão lembrada da psicodelia californiana dos anos 1960, marcada pelo hit Incense and peppermints, o Strawberry resiste até hoje, e – detalhe – com uma formação tão fiel às origens quanto possível. O grupo circula por aí com quatro integrantes que tocaram na gravação do primeiro álbum, também chamado Incense and peppemints (1967). Até mesmo Mark Weltz, principal compositor, vocalista e tecladista, ainda está à frente do grupo. E voltam agora com um single triplo, puxado pela música Monsters – um tema gotico-psicodélico que lembra uma mescla de George Harrison e Beach Boys com a fase Phantasmagoria do grupo punk The Damned.

O disquinho sai pelo selo Big Stir Records. Outro detalhe interessante: a faixa faz parte também de uma coletânea de Halloween do selo, Chilling, thrilling hooks ans haunted harmonies, cheia de temas assustadores e zoeiros. E o lado B do single, além do radio edit de Monsters, ainda tem uma espécie de progressivo stoner, a maravilhosa White lights.

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Ouvimos: Obongjayar – “Paradise now”

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Obongjayar mistura afrobeats, soul, reggae e som etéreo em Paradise now, disco diverso e luminoso que opera em nome do chamber pop.

RESENHA: Obongjayar mistura afrobeats, soul, reggae e som etéreo em Paradise now, disco diverso e luminoso que opera em nome do chamber pop.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: September
Lançamento: 30 de maio de 2025

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Alguns atrasos para ouvir certos discos são compreensíveis, outros são imperdoáveis. Steven Umoh, o popular Obongjayar, é um cantor nigeriano cujo som pode ser definido basicamente como pop de câmara, recheado com referências de reggae, r&b, afrobeats e climas etéreos. Seu trabalho inicial era lançado no Soundcloud, até que Richard Russell, dono da XL Records, o convocou para seu projeto Everything Is Recorded. Isso chamou a atenção para seu trabalho e abriu caminho para seus primeiros EPs, além do álbum de estreia Some nights I dream of doors (2022).

Paradise now, seu segundo álbum, insere mais e mais positividade na música e no ideário de Obongjayar, por intermédio de faixas como o soul alternativo de It’s time, com clima operístico e letra falando em começos e recomeços (“chega de desculpas / eu sei que consigo fazer isso”). Life ahead tem beat dado por batidas na porta, e embica num pop experimental, basicamente afrochamberpop. Peace in your heart tem ar etéreo garantido até pela percussão, além dos vocais. Holy mountain, com percussão e violão arpejado, ameaça um high life folk, enquanto Jellyfish envereda pelo reggaeton pesado.

Isso é só o começo de Paradise now, disco cuja variedade inclui o hip hop rápido e texturizado de Talking olympics (com Little Simz), os climas gospel de Prayer, Born in this body e Happy head, e também a vibe meio Lou Reed meio metal de Instant animal (quase um momento de afropsicodelia no disco), o afropoppunk de Not in surrender, a alegria de Sweet danger, que lembra um samba de Jorge Ben transformado em algo proximo do afropop. Entre um extremo e outro, há faixas como o soul erudito Moon eyes, lembrando uma música antiga de cinema, além do clima disco e minimalista de Just cool. Um “agora” que se transforma rapidamente num paraíso sonoro.

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Crítica

Ouvimos: Memórias de Ontem – “Translúcido”

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Translúcido, estreia da banda mineira Memórias de Ontem, mistura shoegaze, emo e dream pop em faixas melancólicas e luminosas.

RESENHA: Translúcido, estreia da banda mineira Memórias de Ontem, mistura shoegaze, emo e dream pop em faixas melancólicas e luminosas.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 23 de setembro de 2025

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Identificados com o chamado “rock triste” – ou com uma cena que costuma ser chamada de “emo caipira”, feito em cidades fora do eixo Rio-SP ou longe das capitais – a banda mineira Memórias de Ontem estreia impressionando. Translúcido vai na mesma onda dos conterrâneos Lupe de Lupe e adiciona camadas diferentes a canções com elementos proeminentes de shoegaze e emo.

A abertura, com Pra gente se beijar e esquecer a dor tem guitarras emparedadas, vibração power pop e algo de bossa nova não só nos vocais como também no relacionamento dele com a guitarra. A voz de Gabriel Campos (voz, guitarra), que divide a banda com as irmãs gêmeas Alice Eskinazi (bateria) e Camila Nolasco (baixo), parece pairar acima do arranjo talvez como estratégia para não ficar soterrada em meio às guitarras, como rola costumeiramente no shoegaze. Já Cortando mato inverte as polaridades, com bateria e guitarra bem pesadas e na frente, e um clima que chega a lembrar o pós-hardcore, com quebras rítmicas. Há guitarras mais ruidosas e atmosféricas, mas elas não chegam a colocar a música no corredor do noise rock.

Aliás, Translúcido, antes de tudo, é um disco mais contemplativo do que propriamente ruidoso. As nuvens de ruídos guitarrísticos dividem espaço com um certo olhar no horizonte, combustível de músicas como a balada Impulso pra tentar, a delicada Quase lá (que lembra bandas recentes como The Beths), a sonhadora faixa-título e a balada acústica Memória ruim – esta, com lembranças do drama grunge e parecendo combinar o senso melódico de Lô Borges ao de bandas como Red Hot Chili Peppers e Nirvana. Aroma, por sua vez, tem elementos de Pixies e guitarras fortes e altas.

Com participações de Marília Jonas (Jonabug), João Carvalho (El Toro Fuerte), Clara Bicho (irmã gêmea de Gabriel) e Clara Borges (Paira), Translúcido encerra com a tristeza alegre do dream pop Cores pelo ar – música de arranjo “cheio” e espaços muito bem ocupados – e Pela primeira vez, com lembranças do rock britânico dos anos 1980. Um disco com melancolia e luminosidade lado a lado.

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