Lançamentos
Urgente!: Lançamentos da semana (21 a 25 de abril de 2025)

Um sobrevoo rápido por alguns dos lançamentos que movimentaram a semana. Nada de esgotar o assunto – a ideia nessa edição semanal e especial do Urgente! é fazer um recorte, destacar o que chamou a nossa atenção. Então anota aí:
(lembrando que tem mais lançamentos e músicas recentes no nosso Radar)
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ÁLBUNS:
Provavelmente você já acordou ouvindo falar que uma das bandas mais legais dos últimos tempos, o Viagra Boys, lançou seu novo álbum nesta semana, com o curioso título de Viagr aboys. Eles avisaram num papo com a NME que o disco novo é bem menos carregado politicamente que o anterior, e que se trata de um disco “meio estúpido” – pelo que já deu para ver pelos singles, é para ouvir no último volume (mas ainda vamos conferir).
Duas sensações do rock brasileiro surgiram com álbuns nesta semana: o Jambu retoma sua essência de Manaus no álbum Manauêro, e o extremamente comentado Vera Fischer Era Clubber vem com Veras I. De lá de fora, o Sunflower Bean mostra outra face com Mortal primetime (o grupo é conhecido por ter quase um estilo diferente a cada álbum), o Tennis retorna com Face down in the garden e, como você já deve ter visto, o Ghost manda bala com o aguardado Skeletá, já anunciado com os singles Satanized e Lachrima.
O veteraníssimo Willie Nelson também está de volta e solta o belo (não ouvimos ainda mas garantimos que é) Oh what a beautiful world. E o veterano Billy Idol está de volta com Dream into it – disco que adota até o logotipo antigo dele na capa. Outro nomão experiente que lançou disco nessa semana foi ninguém menos que Femi Kuti, filho mais velho do pioneiro do afrobeat Fela Kuti: é Journey through life.
SINGLES E EPs:
Filha dos mestres Lizzie Bravo e Zé Rodrix, Marya Bravo anuncia seu novo disco para o dia 14 de maio e lançou o single novo, Avisei. Ao contrário do single anterior, Eterno talvez, a nova música é bem mais solar. Completando 30 anos de serviços muito bem prestados ao hardcore brasileiro, o Mukeka Di Rato anuncia o nono disco, Generais de fralda, para 16 de maio. Desgraça capixaba, primeiro single a anunciar o disco, já está rolando há um tempo por aí – e sai agora Engenho de sangue, inspirada no livro do Darcy Ribeiro O povo brasileiro, ao se referir ao Brasil como “um moinho de gastar gente desde o início da sua história”.
Jadsa, que vem sendo bastante comentada aqui, vai lançar em breve o disco Big buraco – e tem mais um single lançado nesta semana, o rock No pain. E quem reapareceu com novo lançamento foram os Titãs: São Paulo 1, faixa que encerra o disco de estúdio mais recente da banda, Olho furta-cor (2022) volta em clipe feito em Inteligência Artificial, dirigido por Arnaldo Belotto. O titã Branco Mello deu várias ideias. “Viajei em um visual inspirado em Metrópolis e no M, o Vampiro de Düsseldorf do Fritz Lang, misturado com cenas de São Paulo antiga, com bondes, estátuas, fontes, multidão caminhando…”, conta.
E claro que você já viu, ouviu e ouviu falar que o HAIM não apenas lançou um single novo, Don’t be wrong, como também anunciou que o nome do próximo disco é I quit – fizeram o anúncio em um show na quarta (23) na Califórnia, em frente a um telão repleto de mensagens com “eu desisto”. O álbum sai dia 20 de junho. E Lorde, após um carnaval com os fãs no Washington Square Park, lançou o single What was that, e um clipe que traz não apenas imagens da tal zoeira com a turma, como também Lorde dando um rolé de bike.
Crítica
Ouvimos: Mark Pritchard & Thom Yorke, “Tall tales”

DJ e produtor, o britânico Mark Pritchard é uma companhia perfeita para Thom Yorke mergulhar em experimentações. Além da experiência de ambos em criar atmosferas sonoras densas e sensoriais, há um espírito comum: o gosto por projetos paralelos. Pritchard coleciona codinomes e colaborações; Yorke, por sua vez, é o tipo de artista que raramente se acomoda.
Tall tales, projeto que une música e filme, nasceu de um encontro entre os dois em 2011, quando Pritchard remixou faixas do Radiohead, e começou a tomar forma em 2020, em plena pandemia. Foi justamente o isolamento que impulsionou a colaboração: Thom, entediado em casa, pediu que Mark lhe enviasse ideias para trabalhar. O que se seguiu foram cinco anos de trocas virtuais — mensagens, conversas no Zoom — sem um único encontro presencial.
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A proposta era buscar sons não convencionais. Mark cavou fundo em synths fora de linha e softwares obscuros, enquanto Thom deixou de lado guitarras e investiu em sintetizadores e distorções vocais. O resultado? Um disco sem calor, nascido da distância e da incerteza — e que reflete exatamente isso. E não entenda o “sem calor” como depreciativo: o gelo faz parte da aventura.
Mesmo para os padrões já estranhos de Yorke, Tall Tales soa dissonante, tenso e desolador. A fake in faker’s world e Ice shelf, que abrem o disco, sugerem que estamos sempre à beira de um abismo — a segunda amplifica essa sensação com uma sirene circular e hipnótica. Bugging out again até soa etérea, quase sonhadora, mas só depois de atravessarmos um corredor de vocais distorcidos e espectrais.
Do início ao fim, Tall Tales é um álbum gelado. Suas letras lembram fábulas, e suas faixas se alinham ao modelo de “não-canção” explorado pelo Radiohead em Kid A. Back in the game e Gangsters poderiam muito bem estar em trilhas de videogame — assim como a batida seca e minimalista de This conversation is missing your voice evoca o som vintage de um Tele-Jogo (lembra disso?). The white cliffs traz um blues ambient repleto de sintetizadores, com clima espectral e distante, quase como uma miragem — uma imagem potente para um mundo confuso como o de 2020. Já a faixa-título sintetiza o mundo como um deserto, em clima sombrio.
Entre tantas abstrações, The man who dances in stag’s head se destaca por lembrar uma canção de verdade — ainda que no sentido mais torto do termo. É uma balada que remete a Lou Reed, com pandeirola, vocais quase falados e atmosfera desolada que remete a Here she comes now, do Velvet Underground. Já a faixa final, Wandering genie, mistura vocais sobrepostos, cordas e sintetizadores até virar puro vento — como se tudo fosse varrido por uma força invisível.
No fim das contas, é art rock — mas bem mais art do que rock puro, como boa parte da trajetória do Radiohead.
Nota: 9
Gravadora: Warp
Lançamento: 9 de maio de 2025
Crítica
Ouvimos: Shn Shn, “Serpent’s skin”

Vinda do Canadá, a musicista, compositora e cantora Shn Shn (nome verdadeiro: Shanika Lewis-Waddell) se dedica a um experimentalismo eletrônico que lembra bastante a vibe dos anos 1980 – e daquele som que costumava ser chamado de new age. A música de seu primeiro álbum, Serpent’s skin, é um ambient relaxante, que se cruza com vários estilos, e que alterna silêncios e sons em poucos segundos. Outerlands une esse design sonoro com reggae, Divergent paths é um soul eletrônico que lembra um tema de filme (com direito a conversas ao fundo) e Home is another place cria um ambiente relaxante e caseiro, com teclados, cordas e poucas notas.
O som esparso do disco traz outras coisas na receita. Há um toque forte de jazz e afrobeats distribuídos pela sonoridade de Serpent’s skin. Um som que lembra uma steel drum coadjuva a visonária Glimmer, batidas afro criadas por baixo, teclados e cordas criam New horizons e um concretismo musical cavernoso dá as caras em Tender bodies. Anomalies e Blip in the… são temas de piano, marcados por ruídos de fundo, barulhos marítimos e por uma microfonação que revela o ruído do banquinho usado por Shn Shn. Já Flow é um ambient “voador” e percussivo. Um disco que convida à escuta atenta, e que revela novas camadas a cada audição.
Nota: 8
Gravadora: Stadik Records
Lançamento: 28 de março de 2025.
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Crítica
Ouvimos: Big|Brave, “OST”

O som do grupo canadense de metal experimental Big|Brave já está bem longe de ser um dos mais acessíveis do mundo – sonoridades como rock industrial e shoegaze são pouca areia na hora de definir a banda. Mas dessa vez o grupo foi longe demais: OST (original soundtrack, “trilha sonora original”) é uma “trilha sonora” feita sem que haja um filme para o qual ela tenha sido composta – e a banda entrou em estúdio sem ter nenhuma composição pronta, só com a disposição para improvisar em cima do que aparecesse.
Esse clima de Araçá azul do demo perpassa todas as oito faixas do disco – todas chamadas Innominate, variando apenas o número delas (de I a VIII). Quem quer conferir sons aterrorizantes, pode pular para a Innominate nº II, com notas sombrias de piano, ruídos de estática e um zumbido que parece alguém bem de longe querendo dizer algo. O disco abre com ruídos que vêm de longe (na Innominate nº I), segue com tremeliçações sonoras (na III) e com algo que se assemelha a barulho de metal vibrando (na IV) – praticamente uma enciclopédia experimenta musical, que soa mais como os ruídos de fundo de um filme do que com a música usada para um galã beijar a gatinha, ou a câmera mostrar um cenário infinito.
Se você não estiver com a menor vontade de se irritar, recomendamos pular a Innominate nº V – os barulhos soam tanto como um inseto voando, que chega a dar vontade de pegar um jornal para matar o bicho. A Innominate nº VII volta vagamente para o clima de terror da segunda faixa, com gritos que parecem vir de uma comemoração, mas ganham logo um tom de horror – em meio a sons que lembram um berimbau sendo tocado e tratado eletronicamente. Ousadia musical para poucos, e poucas.
Nota: 7,5
Gravadora: Thrill Jockey Records
Lançamento: 25 de abril de 2025
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