Lançamentos
The Mönic lança single e clipe “Atear”

Banda que já foi uma das indicadas do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, o The Mönic volta com novo single, Atear (lançamento da Deck). Uma música inspirada simultaneamente no punk rock e nos últimos anos do Brasil, como diz o baterista do grupo, Coiote.
“A inspiração veio do sentimento de esperança no meio do caos, é tipo uma seta apontada pra positividade no meio de uma situação tenebrosa. Bozo era o presidente, as pessoas destilando ódio para todos os lados, muita morte, injustiça e descaso. Em meio a tudo isso é fácil a gente entrar numa vibe negativa, e ficar doente tanto fisicamente quanto mentalmente. Então quis escrever um som que apontasse as coisas ruins que vivemos mas com uma perspectiva de quem, apesar das maldades do dia a dia, vê motivos pra ser uma pessoa boa, para continuar e fazer do mundo um lugar melhor. A letra descreve uma cidade hostil ‘pelos becos da cidade azul, os bonzinhos se estranham no bar’, mas em seguida vem a estrofe do pré refrão que diz ‘Mesmo assim vou tocar meu disco preferido aonde eu for”, conta.
“O refrão é um hino pra atear fogo em tudo que há de ruim na nossa sociedade e dentro da gente, ‘fogo no seu ódio’, sentimentos negativos, preconceitos, discriminação etc”, completa. “No clipe resolvemos queimar algumas coisas que geram ódio em cada um, como os padrões impostos sobre a mulher e o homem, os vícios, o lado tóxico da pressão do romantismo e das relações tradicionais criadas pela sociedade. Foi uma espécie de exorcismo desses males representados por objetos. E a estética anos 1950 veio como uma sátira desse universo conservador onde não nos encaixamos”, conta a guitarrista e vocalista Ale Labelle. Ela e Coiote dividem a banda com Dani Buarque (guitarra e voz) e Joan Bedin (baixo e voz).
Como tem acontecido nos clipes mais recentes do The Mönic, o de Atear começa de onde partiu o clipe anterior, Sabotagem. O álbum do grupo sai dia 1º de setembro.
Crítica
Ouvimos: Lorena Moura – “Mata-leão”

RESENHA: Estreia de Lorena Moura, Mata-leão mistura MPB 70/80, blues e psicodelia em faixas delicadas e vintage; um disco agridoce, pop e cheio de identidade.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Cavaca Records
Lançamento: 12 de novembro de 2025
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O disco de estreia da carioca Lorena Moura é mais um disco-de-pandemia – o repertório começou a ser pensado por ela junto com o letrista Luca Fustagno na época em que estava todo mundo trancado em casa. Mata-leão, afirmam os dois, tem mais a ver com a luta pela sobrevivência existencial (o “matar um leão por dia”) do que com jiu jitsu.
O repertório de Mata-leão mergulha em referências da MPB transante dos anos 1970/1980 (Angela Ro Ro, Gilberto Gil, Lincoln Olivetti, Robson Jorge). Por sinal, essa é uma das maiores influências da MPB jovem dos dias de hoje, mas Lorena impõe sua identidade com graça, musicalidade variada (evocações de Hyldon, Rita Lee, de jazz e de bittersweet setentista aparecem em vários momentos) e com uma boa noção de som vintage. Tanto que músicas como a sensível e misteriosa Perigo e o blues-rock Quis (esta, com uma onda musical ligada a Gil e a Beatles, além de um beat pós-disco que vai surgindo), caso tivessem sido lançadas lá por 1978, seriam cultuadas por DJs nos dias de hoje.
Mata-leão vai crescendo com a toada agridoce Mãe (uma bossa pop e celestial), o blues indie-rock Carinho, a melancolia celestial de Tripulação/Eu e Elise, e a balada blues Manhã – esta, com clima psicodélico, letra imagética, guitarra jazzística e teclados com uma sonoridade meio derretida, além de referências de Marina Lima do comecinho e de Angela Ro Ro.
No fim do disco, uma música chamada Titanomaquia – que nada tem a ver com o disco dos Titãs e fala mesmo é da guerra de dez anos entre os titãs (os da mitologia grega, não a banda) e os deuses olímpicos. Um samba leve, quase bossa, cuja letra conta uma história quase distópica envolvendo prédios, Carnavais e lugares do Brasil. Mata-leão, no geral é uma estreia que equilibra vocais delicados e solos de guitarra, romantismo e saudade, MPB e apelo pop.
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Crítica
Ouvimos: Fun For Freaks – “Big break”

RESENHA: No álbum Big break, o Fun For Freaks entrega punk direto, irônico e anticaretas. Entre porradas, pós-punk e humor ácido, o terceiro álbum mira moralistas e diverte.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 31 de outubro de 2025.
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Vindo da cidade de Santo Antonio de Posse (SP), o Fun For Freaks é punk sem muitas misturas sonoras, e com ironia e protesto como combustíveis. Big break, o terceiro álbum, sacaneia o conservadorismo à brasileira com faixas como Whorehouse moralist e a inacreditável God is a flat tire, desomenagem a seres humanos que, até pouco tempo atrás, rezavam para pneus e caminhões enquanto sonhavam em ajudar num golpe de estado (furado). A arrogância de gente que não é porra alguma e acha que é alguma porra surge no punk Duning-Kruger song.
- Ouvimos: High. – Come back down
No entanto, o disco começa com beleza triste: These streets traz a banda querendo entender como foi que tudo se tornou uma baita chatice, depois de todos eles terem se divertido bastante e terem sobrevivido às ruas, às drogas e a vários maus agouros. O punk + hard rock Never pray prega que “a gente nunca reza / ninguém liga se você é pecador”. O som fica mais casca-grossa ainda em Little boy, o pós-punk Sunburn e os 38 segundos de Fuck you Batman, além do quase-hardcore de Cops on blow.
O som do FFF é simples, mas vai apontando para outros lados ao longo do tempo: Balboa é um pós-punk com lembranças de Titãs, e os Pixies são devidamente louvados e faixas como Lead me astray. Claro que os Ramones também surgem como influência, em faixas como o country-punk Mandy Milkovich, Party hard e a própria God is a flat tire. Boa diversão punk.
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Crítica
Ouvimos: Shaun – “Shaun”

RESENHA: Shaun estreia unindo glam, 90s e rock BR em faixas que evocam Lou Reed, David Bowie, Rita Lee e Secos & Molhados, entre britpop, reggae, dub e psicodelia.
Nota: 8
Gravadora: Frase Records
Lançamento: 7 de novembro de 2025
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A banda gaúcha Shaun costuma ser também chamada de Projeto Shaun – o que indica um trabalho que se espalha por várias facetas e pensamentos. Foi com essa nomenclatura que indicamos certa vez o som deles para fãs de Lou Reed num episódio do nosso podcast Pop Fantasma Documento. Estreando com o primeiro álbum epônimo, e pela primeira vez funcionando como uma quase big band de rock brasileiro (são sete integrantes), o grupo conseguiu chegar numa coesão musical que passa pelas histórias do glam rock, do som dos anos 1990 e do rock brasileiro – os três servindo de modelo para as faixas do disco.
- Ouvimos: Fogu – Tudo de novo
O Shaun começa citando Lou Reed e David Bowie na setentista Sr. Terno Cinza, uma gozação com os padrões do mundo corporativo que logo faz lembrar o Dr. Paxeco, de Raul Seixas – e segue com Ave rara, rock com cara quase MPB, tocado no violão, com uma sensação de perigo que vem tanto de Lou e Bowie quanto de Secos & Molhados e Rita Lee. O punk delicado e provocativo de Salada de prédios, sobre a vida de forasteiros em São Paulo, remete a Rita e Velvet Underground. Mas a partir daí o disco vai ganhando um tom mais noventista, com o quase britpop de Anjos & demônios (música sobre o mês passando, a falta de grana e os boletos que não cessam), o dub indie rock de Diálogo e o curioso suíngue de Gostinho de flor, que consegue lembrar tanto Skank quanto Suede.
O Shaun mergulha também numa curiosa união de britpop e reagge, Vivienne Westwood, que cita Gilberto Gil e Rita Lee, além de falar de gentrificação e arranha-céus em tom de metal + punk na básica Derrubaram a nossa história. Pontinha de amor encerra Shaun combinando psicodelia, MPB e britpop, três aparentes obsessões do álbum.
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