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Tavinho Leoni: pagode mineiro no álbum de estreia “Surreal”

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Tavinho Leoni: pagode mineiro no álbum de estreia "Surreal"

Mineiro de Belo Horizonte, nascido e criado em uma família de músicos, Tavinho Leoni chega ao primeiro álbum, Surreal. O disco é ligado ao samba, ao pagode e chega perto de estilos próximos do funk e do trap em vários momentos – como na faixa Gostoso pesadelo. Arlindinho participa da faixa Meu amor, e Aline Calixto (tambémd diretora artística do projeto) está em Felicidade não é sorte. O disco teve produção de Thiago Delegado.

“O disco é uma forma da gente se conectar com o coração das pessoas, independente do momento pelo qual estejam passando. Se tem uma coisa que o público pode esperar com esse disco é emoção”, diz Tavinho. “Minha ideia é realmente trazer o sentimento das relações amorosas, desde os amores passageiros, até os que duram para sempre. Nossa vida é feita de altos e baixos e Surreal busca abranger esses momentos, trazendo lembranças e abrindo oportunidades para novos enredos”.

Boa parte das mudanças da carreira de Tavinho, diz ele, vieram do isolamento na pandemia. “Acredito que foi um período de reflexão para muita gente e para mim não foi diferente. Ali, percebi que precisava me encontrar de verdade, dar um outro rumo para minha música e foi no pagode novo que reconheci meu lugar”, comenta (Foto: Flávio Charchar/Divulgação).

Crítica

Ouvimos: Guided By Voices – “Thick rich and delicious”

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Guided By Voices revisita demos antigas e aposta em algo próximo do power pop em Thick rich and delicious, disco de 15 faixas que destaca o talento melódico de Robert Pollard.

RESENHA: Guided By Voices revisita demos antigas e aposta em algo próximo do power pop em Thick rich and delicious, disco de 15 faixas que destaca o talento melódico de Robert Pollard.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Guided By Voices Inc
Lançamento: 31 de outubro de 2025

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O que você mais vai achar na internet, provavelmente, são definições para o som do Guided By Voices, grupo criado há heroicos 42 anos pelo músico norte-americano Robert Pollard. A Wikipedia arrisca quatro: lo-fi, indie rock, slacker rock e garage rock, e todas fazem sentido. Power pop, heartland rock e até grunge e guitar rock também já foram citadas por aí – algumas dessas definições foram usadas até mesmo por este crítico musical que vos fala.

Pode ser que – e isso por culpa da própria crítica musical e do mercado fonográfico – muita gente tenha desaprendido a ouvir rock sem rotular o que está ouvindo. Aquela coisa de “isso é rock” sem que imediamente a música tenha que fazer parte de algum nicho ou ramificação, tipo shoegaze, guitar rock, punk, pós-hardcore, pós-punk ou coisas do tipo. Isso porque, no geral, o Guided By Voices, mesmo sendo na prática uma banda punk, indie-rock, independentaça, talvez seja um raro caso de grupo que segue cada vez mais próximo da nomenclatura “rock”, puramente falando.

  • Ouvimos: White Lies – Night light
  • Mais Guided By Voices no Pop Fantasma aqui.

No geral, o GBV faz som de guitarras, bastante referenciado em The Who, e com a mesma noção pé-fincado-na-terra, de heroi do rock, que dá sentido à existência de Bruce Springsteen. Com uma média de três discos lançados por ano, e basicamente centrados na figura de Pollard como compositor, tinham tudo para ser uma banda repetitiva – o diabo é que até quando eles se repetem, conseguem fazer discos excelentes, porque é uma repetição que você vai querer ouvir de novo.

Thick rich and delicious, que já é o 42º (!) álbum do grupo – e o segundo lançado em 2025 – explora o passado do Guided By Voices, com músicas novas misturando-se a canções que estavam perdidas em demos havia vários anos. Por acaso, é um dos discos recentes mais associáveis com os momentos mais power pop do grupo, como na fase em que gravaram dois discos pelo selo TVT (e deram uma estourada na maconhística Glad girls).

Babies and gentlemen, (You can’t go back to) Oxford Talawanda, Our man Syracuse, A. Glum Swoboda (canção de clima mod e sixties) e Phantasmagoric upstarts unem melodias bacanas com peso e agilidade que lembra bandas como The Who, The Cars e Replacements. Robert ainda impõe clima mágico ao punk de ataque Lucy’s world e à tristeza selvagem de Mother John – esta, soando como alguém tentando recobrar a sanidade sozinho no quarto. Há também um lado beatle em A tribute to beatle Bob e na punk e épica Captain Kangaroo won the war.

Com 15 músicas, algumas delas bem curtas, Thick rich and delicious pode parecer um disco esquisito e até pouco comercial. O irônico é que, dos álbuns mais recentes do GBV, é o disco em que mais dá para enxergar Pollard como um grande criador de melodias.

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Crítica

Ouvimos: Lorena Moura – “Mata-leão”

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Estreia de Lorena Moura, Mata-leão mistura MPB 70/80, blues e psicodelia em faixas delicadas e vintage; um disco agridoce, pop e cheio de identidade.

RESENHA: Estreia de Lorena Moura, Mata-leão mistura MPB 70/80, blues e psicodelia em faixas delicadas e vintage; um disco agridoce, pop e cheio de identidade.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Cavaca Records
Lançamento: 12 de novembro de 2025

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O disco de estreia da carioca Lorena Moura é mais um disco-de-pandemia – o repertório começou a ser pensado por ela junto com o letrista Luca Fustagno na época em que estava todo mundo trancado em casa. Mata-leão, afirmam os dois, tem mais a ver com a luta pela sobrevivência existencial (o “matar um leão por dia”) do que com jiu jitsu.

O repertório de Mata-leão mergulha em referências da MPB transante dos anos 1970/1980 (Angela Ro Ro, Gilberto Gil, Lincoln Olivetti, Robson Jorge). Por sinal, essa é uma das maiores influências da MPB jovem dos dias de hoje, mas Lorena impõe sua identidade com graça, musicalidade variada (evocações de Hyldon, Rita Lee, de jazz e de bittersweet setentista aparecem em vários momentos) e com uma boa noção de som vintage. Tanto que músicas como a sensível e misteriosa Perigo e o blues-rock Quis (esta, com uma onda musical ligada a Gil e a Beatles, além de um beat pós-disco que vai surgindo), caso tivessem sido lançadas lá por 1978, seriam cultuadas por DJs nos dias de hoje.

Mata-leão vai crescendo com a toada agridoce Mãe (uma bossa pop e celestial), o blues indie-rock Carinho, a melancolia celestial de Tripulação/Eu e Elise, e a balada blues Manhã – esta, com clima psicodélico, letra imagética, guitarra jazzística e teclados com uma sonoridade meio derretida, além de referências de Marina Lima do comecinho e de Angela Ro Ro.

No fim do disco, uma música chamada Titanomaquia – que nada tem a ver com o disco dos Titãs e fala mesmo é da guerra de dez anos entre os titãs (os da mitologia grega, não a banda) e os deuses olímpicos. Um samba leve, quase bossa, cuja letra conta uma história quase distópica envolvendo prédios, Carnavais e lugares do Brasil. Mata-leão, no geral é uma estreia que equilibra vocais delicados e solos de guitarra, romantismo e saudade, MPB e apelo pop.

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Crítica

Ouvimos: Fun For Freaks – “Big break”

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No álbum Big break, o Fun For Freaks entrega punk direto, irônico e anticaretas. Entre porradas, pós-punk e humor ácido, o terceiro álbum mira moralistas e diverte.

RESENHA: No álbum Big break, o Fun For Freaks entrega punk direto, irônico e anticaretas. Entre porradas, pós-punk e humor ácido, o terceiro álbum mira moralistas e diverte.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 31 de outubro de 2025.

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Vindo da cidade de Santo Antonio de Posse (SP), o Fun For Freaks é punk sem muitas misturas sonoras, e com ironia e protesto como combustíveis. Big break, o terceiro álbum, sacaneia o conservadorismo à brasileira com faixas como Whorehouse moralist e a inacreditável God is a flat tire, desomenagem a seres humanos que, até pouco tempo atrás, rezavam para pneus e caminhões enquanto sonhavam em ajudar num golpe de estado (furado). A arrogância de gente que não é porra alguma e acha que é alguma porra surge no punk Duning-Kruger song.

No entanto, o disco começa com beleza triste: These streets traz a banda querendo entender como foi que tudo se tornou uma baita chatice, depois de todos eles terem se divertido bastante e terem sobrevivido às ruas, às drogas e a vários maus agouros. O punk + hard rock Never pray prega que “a gente nunca reza / ninguém liga se você é pecador”. O som fica mais casca-grossa ainda em Little boy, o pós-punk Sunburn e os 38 segundos de Fuck you Batman, além do quase-hardcore de Cops on blow.

O som do FFF é simples, mas vai apontando para outros lados ao longo do tempo: Balboa é um pós-punk com lembranças de Titãs, e os Pixies são devidamente louvados e faixas como Lead me astray. Claro que os Ramones também surgem como influência, em faixas como o country-punk Mandy Milkovich, Party hard e a própria God is a flat tire. Boa diversão punk.

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