Connect with us

Lançamentos

Radar: Zoee, Endless, Yumi Zouma, Stretching, Helado Negro, Led Zeppelin, Bad Bunny

Published

on

Harriet Zoe Pittard, uma artista londrina, criou o projeto Zoee com a ideia de fazer art pop - na real, um som atmosférico, tão eletrônico e bem fincado no chão quanto viajante.

Os nomes mais clássicos do rock estão por aí rendendo novos lançamentos – inclusive gente que nem está mais na ativa, visto que em breve sai um EP ao vivo de nada menos que o Led Zeppelin (!). O lançamento do Live EP do Led é um dos nossos assuntos de hoje, mas no Radar internacional você vai conhecer também os sons novos de uma turma bem nova (Zoee, Endless, etc), saber mais de uma sensação indie que vem ao Brasil (Helado Negro) e conferir a última surpresa do popstar Bad Bunny, também aguardado por aqui. Último volume já!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Zoee):  Reprodução Bandcamp

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
  • E assine a newsletter do Pop Fantasma para receber todos os nossos posts por e-mail e não perder nada.
  • Mais Radar aqui.

ZOEE, “THE WAVE”. Harriet Zoe Pittard, uma artista londrina, criou o projeto Zoee com a ideia de fazer art pop – na real, um som atmosférico, tão eletrônico e bem fincado no chão quanto viajante. Grandiose love, o segundo álbum de Zoee, sai dia 10 de outubro, e já surge puxado pelo belo single The wave, um synthpop solar, cuja letra fala sobre mudanças que vem e vão de repente, e sobre as sensações de deslizamento que vêm junto. Mesmo lidando com temas sensíveis e com a própria vulnerabilidade na letra, Harriet afirma que o novo disco vem para trabalhar cada vez mais sua autoexpressão – até porque, no começo, ela tinha muito bloqueios na hora de escrever. “Tem que ser o oposto de me minimizar”, diz ela.

ENDLESS, “SE DESVANECE”. A barulheira do Endless vem do México: é de lá que sai o shoegaze quase psicodélico feito por eles, com camadas de ruído espalhadas pelos vários canais, e com vocais em espanhol. A banda tem contrato com um selo inglês do estilo, o Shore Dive, e soltou recentemente o excelente single Se desvanece. A letra é sofrência pura em meio às esferas de ruído: “talvez o sentimento / seja difícil de expressar / ainda que eu tenha dito ‘sinto muito’ / você me lançou no esquecimento abismal / e apesar de eu tentar / mais uma vez eu voltei a falhar”.

YUMI ZOUMA, “CROSS MY HEART AND HOPE TO DIE”. Banda da Nova Zelândia, o Yumi Zouma revive a época, no começo dos ano 2010, em que havia uma busca séria por texturas que unissem psicodelia e pós-punk – algo que abarcava até grupos como Tame Impala e Flaming Lips. Não é só isso, claro: a banda invade a área do eletrorock em vários momentos. O novo single, Cross my heart and hope to die, mistura essas vertentes com um charme pop típico do som do grupo. Vai dar vontade de ouvir de novo, e você ainda pode continuar a audição com os lados B Blister e Bashville on the sugar. Esse single grande com cara de EP ainda não é o anúncio de um lançamento maior – só esperando pra ver.

STRETCHING, “CHEF”/”PENCIL ME IN”. Projeto musical de Los Angeles, criado pelo músico Jordan Baldridge, o Stretching une psicodelia e despojamento punk, abarcando até mesmo estilos como shoegaze. Chef é uma baladinha punk que trata de estresses pessoais e prazer pelo poder no trabalho – tomando a figura temida e zoada do chef de cozinha como exemplo. Já Pencil me in, lado B do compactinho, soa como se os Ramones fossem um irmão gêmeo de grupos como 13th Floor Elevators – com direito a conversas de estúdio perdidas no fim da faixa, a la Mutantes.

HELADO NEGRO, “JURAME”. Cantor, compositor e produtor norte-americano, filho de pais imigrantes equatorianos, Helado Negro tem uma vinda ao Brasil na agenda. Roberto Carlos Lange, seu nome verdadeiro, vai fazer uma apresentação única no dia 7 de novembro, sexta-feira, na Casa Rockambole (São Paulo), dentro da programação de aquecimento do Balaclava Fest. Seu disco mais recente, o excelente Phasor, foi resenhado pela gente aqui.

Você provavelmente deve estar se perguntando: qual a relação do Roberto Carlos Lange com o seu xará mais ilustre? Bom, possivelmente o nome dele foi inspirado no do cantor de Detalhes. Mas vale citar que em 2010 Helado Negro lançou o EP Pasajero (concebido inicialmente como um presente de Natal para seus pais, e depois lançado publicamente), que trazia duas covers do Rei: Jurame (no original, Jura-me, de Jovenil Santos) e Rosita. Ambas foram gravadas por Lange nas mesmas versões em espanhol do álbum de Roberto Canta a la juventud, de 1964 – sendo que a primeira virou, pelas mãos de Helado Negro, um dream pop violento de tão psicodélico, cheio de teclados, ecos e efeitos. Confira ele e seu xará de Cachoeiro do Itapemirim (ES) abaixo.

LED ZEPPELIN, “TRAMPLED UNDER FOOT”. Essa faixa histórica é a chupada nada discreta que o Led Zeppelin deu na levada de Superstition, de Stevie Wonder – acelerando um pouco o ritmo, com direito a vocais cantados-falados de Robert Plant que mais lembravam a novidade (na época) Aerosmith do que o Zep. Trampled under foot é uma das mais brilhantes músicas do duplo Physical graffiti, que comemora 50 anos neste ano. Em homenagem a ele, sai dia 15 de setembro o Live EP, com quatro gravações ao vivo (de 1975 e 1979) de faixas do disco. Uma delas é essa aqui.

BAD BUNNY, “ALAMBRE PÚA”. Ih, Bad Bunny, com show marcado no Brasil, lançou single novo e nem comentamos. Mas tudo bem, caiu no nosso radar: Alambre púa é o primeiro lançamento desde o álbum Debí tirar más fotos (resenhado pela gente aqui). A faixa abre ameaçando um synthpop, mas vai ganhando ares de reggaeton, e vira quase um funk latino. A letra é pura sacanagem romântica, vale dizer.

Aliás, vale dizer também que Bad Bunny virou assunto até mesmo na Universidade de Yale, nos Estados Unidos – um professor da instituição decidiu iniciar um curso sobre a obra dele por lá, dizendo que a música de Bad Bunny é importante para entender temas como desigualdade e imigração, além da história de Porto Rico e sua diáspora. Cultura global e afronta aos neofascistas e xenófobos – nada melhor que isso.

 

Lançamentos

Radar: Feralkat, CPM 22, Los Otros, Carvel, Brsk Gene

Published

on

Feralkat (Foto: Erica Ignácio / Divulgação)

Semana complicadinha por aqui: resfriado brabo (já falei disso no Radar anterior) e mal funcionamos ontem. Mas estamos aqui com o Radar nacional de hoje, destacando a novidade do single novo do Feralkat, do single comemorativo do CPM 22, do primeiro clipe de Los Otros, e de sons de Carvel e Brsk Geene. Ouça e repasse!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Feralkat): Érica Ignácio / Divulgação

  • Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
  • Mais Radar aqui.

FERALKAT, “TSUNAMI”. Karukasy, próximo disco do projeto da musicista e cantora Natasha Durski, sai em 2026. E é aberto pelo single Tsunami, uma canção que une estilos que primam pelo escapismo musical e pela vibe imagética (dreampop e post rock). A ideia de Natasha foi falar do término difícil de um relacionamento, recorrendo a sons e imagens que evocam emoções de maneira densa.

“O ‘tsunami’ é tanto o mar turbulento interno quanto o pranto – as lágrimas dessa dor. O sample de Space song, do Beach House, reforça essa sensação, com o verso ‘who will dry your eyes when it falls apart’ ecoando na solidão desse fim”, conta Natasha, que gravou todo o material do disco em seu próprio estúdio. Ela recomenda inclusive o uso de bons fones de ouvidos para sentir o som do álbum por inteiro. “Trabalhei muito o paneamento (sons passando de um canal para o outro) e o estéreo”, avisa.

CPM 22, “30 ANOS DEPOIS”. A banda punk paulistana dá continuidade à comemoração pelas suas três décadas de história lançando um single que resume a sua trajetória até aqui. 30 anos depois surgiu de um texto escrito pelo vocalista Badaui, que foi transformado em letra pelo guitarrista Luciano Garcia – e sai no meio da turnê comemorativa do grupo.

“A ideia de fazer uma música em comemoração aos 30 anos da banda existia desde o ano passado, mas o processo de desenvolvimento começou há uns três ou quatro meses”, conta Luciano. Badauí completa: “No fim, essa música é uma homenagem à nossa trajetória e também um agradecimento a quem sempre esteve com a banda”.

LOS OTROS, “ROTINA”. A abertura dessa música tem conexões com Roll with me, do Oasis – mas é só começar a ouvir, que dá para perceber relações sérias com Beatles, rock de garagem, glam rock e outros estilos próximos. Rotina, single novo da banda paulistana Los Otros (Isabella Menin, baixo e voz; Tom Motta, guitarra e voz; Vinicius Czaplinski, bateria) já havia sido comentado e elogiado por aqui, lembra? E agora virou clipe, mostrando a banda em ação, tocando e fazendo de tudo para evitar ela própria, a tal da rotina.

CARVEL, “NÓS DOIS SABEMOS”. Vindos de Vinhedo (SP),  Guilherme Avelino (voz e guitarra), Lucas Argenton (guitarra), Victor Gonzales (baixo) e João Gabriel Diamantino (bateria) definem seu som pela união do indie rock com o ritmo de nomes como Jamiroquai. A faixa Nós dois sabemos antecipa o lançamento de Ainda é tempo, álbum previsto para 2026, e fala sobre o término de um relacionamento, só que comentando também sobre mudanças e fases novas – justamente num momento de mudanças para o grupo. O clipe, dirigido pelo guitarrista Lucas Argenton, mostra a banda tocando em estúdio, sempre em preto e branco – e só se torna colorido no final, representando a mudança na história do grupo.

BRSK GENE feat. KOUTH, “F.a.L.a // c.o.m.i.g.o.”. Com nome de música e de banda estilizados (Brsk Gene é a abreviatura de “berserk gene”, algo como “gene furioso”), esse projeto musical veio de Massaranduba, município de Santa Catarina que é conhecido como a capital local do arroz. Jus/i, que criou o Brsk Gene, garante que a natureza de sua música é a intensidade, e fala nas letras de temas como ansiedade, TDAH, relacionamentos complexos e a luta para existir de maneira autêntica no mundo.

O som traz referências de metalcore, trap metal, eletrônica e peso em geral. O single F.a.L.a // c.o.m.i.g.o. fala sobre “esse limiar perigoso entre o real e o surreal, mas também sobre aquela sensação de ser estranho, inadequado, e a relação desesperadora disso com a necessidade de conexão social. E tem o acréscimo dos vocais da trapper paulistana Kouth.

  • Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
  • E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Gaby Amarantos – “Rock doido”

Published

on

Disco-filme com 22 faixas em 36 minutos, Rock doido mostra Gaby Amarantos unindo tecnobrega, pop e festa em uma obra inventiva e multimídia.

RESENHA: Disco-filme com 22 faixas em 36 minutos, Rock doido mostra Gaby Amarantos unindo tecnobrega, pop e festa em uma obra inventiva e multimídia.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Deck
Lançamento: 29 de agosto de 2025

  • Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.

Rock doido, o disco novo de Gaby Amarantos, tem um formato que lembra o de discos de bandas casca-grossa como D.R.I.: são 22 faixas curtíssimas em 36 minutos (!). Não é apenas um disco: tem ainda Rock doido, o filme, que traz todas as músicas do álbum filmadas com Gaby, convidados e sua turma, tudo em plano sequência, com o pessoal se movimentando em vários cenários subsequentes.

O disco funciona na medida que você esteja disponível para aprender uma nova forma de ouvir música: Rock doido é totalmente montado como se fosse uma festa, um DJ set, ou um passeio curto pelas festas de aparelhagem do Pará. Junto com a recente volta da Gang do Eletro (resenhada pela gente aqui), é quase um relato de como várias tendências musicais se uniram em momentos diferentes para gerar o tecnobrega e estilos afins.

Não é um disco feito para “tocar no rádio” e está mais para um suposto antecipador de tendências que, provavelmente, vão dar canal no rádio ou na TV em algum momento – a graça de Rock doido é justamente o lado multimídia dele, de ser um álbum que vira filme (está no YouTube na íntegra e pode, quem sabe, ser exibido na TV). A mistura de referências também chega à capa, que lembra tanto Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, quanto Dangerous, de Michael Jackson.

  • Ouvimos: Lambada da Serpente – Lambada da Serpente (EP)

Com tanta rotatividade, eleger uma música preferida fica até complicado – inclusive porque os beats e refrãos vão se seguindo bem rápido. Essa noite eu vou pro rock introduz a/o ouvinte no clima festeiro. Short beira cu, Te amo fudido (com Viviane Batidão), Tumbalatum (terror fake com a já citada Gang do Eletro), Dá-lhe sal e Viciada em seduzir apresentam expressões locais e o clima da noite paraense a quem ouve o disco bem distante do Pará. Bonito feio é uma das faixas que separam um pouco o “tecno” do brega no álbum.

No final, tem Deixa, um samba-reggae que parece meio deslocado no álbum – é a música menos “rock doido” da fornada, mas talvez seja a tal “música de rádio” do disco. Sem crise: Rock doido é um disco-filme que confirma Gaby Amarantos como uma das artistas mais inventivas do pop brasileiro.

  • Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
  • E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Big Special – “National average”

Published

on

Dance-punk ácido e sarcástico, National average faz o Big Special rir da miséria britânica com ironia, fúria e riffs venenosos.

RESENHA: Dance-punk ácido e sarcástico, National average faz o Big Special rir da miséria com ironia, fúria e riffs venenosos.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: SO Recordings / Silva Screen Records Ltd
Lançamento: 4 de julho de 2025

  • Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.

Chega a escorrer veneno de National average, segundo álbum do Big Special, dupla britânica cujo clima basicamente é o da dança punk – às vezes soando como um EMF (lembra deles?) que entrou em órbita, ou como um desdobramento da receita doidona do selo Food, na virada dos anos 1980 para os 1990. Em vibe funky, Joe Hicklin e Callum Moloney falam dos problemas mais bizarros vividos pela população britânica nos dias de hoje.

Na real, nada que seja estranho até mesmo aqui no Brasil. A faixa God save the pony, tributo pago a Talking Heads e à turma de Madchester, inclui no mesmo saco hambúrgueres superfaturados, gentrificação, gente instagramável (“mal ganho o salário mínimo / e sou um clichê do rock and roll / e, para ser honesto / não consigo acreditar em quanto tempo isso já durou”) e um estado de letargia total, como se todo mundo já estivesse acostumado com isso – à Rolling Stone, a banda disse que se trata de um “boa noite e boa sorte para o peso que todos carregamos. Somos os cavalos cansados ​​arrastando uma carga pessoal e, muitas vezes, o peso de outra pessoa”.

Outras canções falam também da merdificação geral que todo mundo vai levando adiante na vida, como The mess (que soa como um Tom Waits alt-metal) e Hug a bastard – esta, um reggae preguiçoso transformado em indie rock, com cara de Beastie Boys, Beck e até de Gorillaz, iniciado com os versos “encontrar deus? / cara, não consigo achar minhas chaves”. Nada se comparado a Shop music, synth pop stoner que equivale a um soco na boca do estômago de quem acredita em virtudes no mundo fonográfico, em versos como “vamos vender suas merdas / (…) e depois de vender suas merdas, vamos vender outras merdas” e “não consigo identificar o monstro quando ele está bem vestido / é o seguinte: dinheiro fala, mas não canta”.

Esse clima de desesperança e ironia é a cara de National average, disco que também fala sobre merdas passadas de geração a geração em família (o blues zoeiro Pigs puddin), de choque com o mercado fonográfico “profissional” (Professionals, uma mescla de The Who e Viagra Boys, se é que é possível), e de como todo e qualquer emprego ou chefe é uma merda (Yesboss, rap-punk sem o menor cacoete de rapper, com voz praticamente falada).

O disco novo do Big Special chega a ser um projeto multimídia – no sentido de que você tem que prestar atenção nas letras, ler as entrevistas, saber qual é a da banda e acompanhar o que eles andam falando para ter uma fruição total do disco. Em letra e música, tudo em National average soa como uma sequência de porradas bem dadas. O Big Special revisita-parodia o blues a la Eric Clapton em Domestic bliss, uma espécie de canção sophisti-punk que revira ao contrário o mito de Sísifo para falar sobre depressão e máscaras do dia a dia. Tem ainda Judas song, dance-punk sobre traição e rancor, com guitarras pesadas e um clima “eletrônico” que faz lembrar o Ultravox – mas com bastante sujeira.

Em resumo: National average é daqueles discos que fazem você rir, pensar e se envenenar ao mesmo tempo — e ainda sair dançando no final.

  • Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
  • E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.

Continue Reading
Advertisement

Trending