Lançamentos
Radar: seis nomes nacionais que chegaram até a gente pelo Groover (#6)

O Pop Fantasma já tem perfil na plataforma Groover, em que artistas independentes podem mandar suas músicas para vários curadores – nós, inclusive. O time de artistas que vem procurando a gente é bem variado, mas por acaso (ou talvez não tão por acaso assim) tem uma turma enorme ligada a estilos como pós-punk, darkwave, eletrônico, punk, experimental, no wave e sons afins.
Abaixo, você fica conhecendo seis nomes nacionais do Groover que já passaram na nossa peneira e foram divulgados pela gente no site. Ponha tudo na sua playlist e conheça (na foto: Luan Sabino).
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LUAN SABINO. Ousado e criativo, esse cantor e compositor fez de seu EP Alguém que me ensine a respirar um trabalho audiovisual, que pode até ser encarado como um filme – o álbum visual, por acaso, foi o TCC dele na faculdade de Cinema e Audiovisual. O objetivo das músicas que Luan vem fazendo é falar sobre os desafios de crescer e entender o amor sendo um jovem LGBT, e “fazer com que as pessoas se sintam mais confortáveis com os seus próprios sentimentos e menos sozinhas”. O som é pop tranquilo com tendências ao eletrônico, como design musical.
CODAMA. Banda que começou como duo e virou quarteto, o Codama já foi mais indie rock, e hoje explora as paredes de guitarra do shoegaze, mas com vocação pós-punk (lembra da época em que várias bandas dos anos 1980 eram chamadas de “neo-psicodélicas”? – é por aí). Cronoscopia traz ” uma reflexão sobre a nossa maneira de lidar com o tempo”, e divide-se em várias partes. A banda diz que a ideia foi contar uma história com a melodia. O primeiro álbum sai em breve.
ILYUSHIN. Projeto solo de Florianópolis, capitaneado pelo músico Henrique Caramuru, e que está planejando um segundo álbum. O novo single, Sway, revela uma sonoridade surpreendentemente metalgaze (metal + shoegaze), com ritmo e paredes de barulho. “Os temas líricos do projeto descrevem um sentimento geral de alienação, dissociação e desconexão com o real e a estética sonora da música reflete essas sensações”, avisa Henrique.
MÁQUINA VOADORA. MPB, jazz, rock, soul, psicodelia e muita coisa da música instrumental tradicional brasileira: isso aí é parte da receita da dupla formada por Marcelo Garcia (guitarra, baixo e programações) e Enrico Bagnato (bateria e percussão acústica e eletrônica). A grande boca de mil dentes, primeiro álbum do duo, sai ainda neste ano, e tem todas as suas faixas (instrumentais) inspiradas no livro Pauliceia desvairada, de Mário de Andrade. “Cada faixa é uma conversa livre com o genial autor paulistano, uma reação aos versos do livro e sua transposição para a vida contemporânea na capital”, dizem. Uma das novidades da turma é o single Rebanho.
PAULINE. Vinda de Indaiatuba (SP), Pauline Barbosa une MPB-folk, teatro e psicanálise no single Amor antigo, que já ganhou um clipe “que explora o tempo e a memória, e tem a ampulheta como símbolo central”, com participação de atores como Bruno Fernandez e Paola Barbosa. Ela faz música desde os 12 anos e, além de cantar, tocou bateria em várias bandas de São Paulo. “Acredito que a arte pode salvar e curar, já que somos livres”, conta ela, influenciada por nomes brasileiros como Céu, Baleia e Carne Doce.
AMPHÈRES. Trio de Santos (SP) formado por Jota Amaral, Paula Martins e Thiago Santos, o Amphères vai do rock alternativo atual à psicodelia – em seu álbum Todos os lagos, às vezes, chegam a lembrar um Mutantes pós-punk, com toda a carga da neopsicodelia dos anos 1980, e vocais melódicos como os de Rita, Arnaldo e Sergio. Temas profundos como “ver tudo perder a cor”, o encontro da beleza e do desejo, o fim do mundo e o ciclo de renovação surgem, segundo a banda, nas faixas do disco.
Lançamentos
Radar: Memórias de Ontem, Applegate, 43duo, Almério, Pedro Bienemann, Dani Vallejo, Black Pantera

Antes do feriadão, tá aí uma lista para você fazer sua próxima playlist e conhecer o que uma turma nova anda fazendo – começando com o pós-punk do Memórias de Ontem, passando pelo som novo e hipnótico do Applegate, pela psicodelia do 43duo… Ponha no som do carro para os amigos ouvirem.
Texto: Ricardo Schott – Foto Memórias de Ontem: Divulgação.
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MEMÓRIAS DE ONTEM, “QUASE LÁ”. Essa banda mineira é rock triste feito em família – ou melhor, em famílias. O vocalista e guitarrista Gabriel Campos é irmão gêmeo da cantora e compositora Clara Bicho, que recentemente lançou o EP Cores da TV (resenhado pela gente aqui). No Memórias de Ontem, ele tem a companhia das irmãs gêmeas Camila Nolasco (baixo) e Alice Eskinazi (bateria).
O Memórias de Ontem que prepara um álbum de estreia para este ano, lançou recentemente o clipe da faixa Quase lá, uma canção que tem muito do indie rock britânico dos anos 1980 – mas que aponta levemente para estilos como grunge e metal em algumas passagens. Já a letra fala sobre aquela vibe de tentativa-e-erro que faz parte da idade adulta (“a gente ate tentou, mas / hoje não vai dar / enquanto eu não parar / a gente chega quase lá”, diz a letra).
APPLEGATE feat MARIA CLARA, “DESTEMPERADA”. A vibe da nova música da banda paulistana é um pouco diferente. O Applegate já tangenciou estilos como post rock em gravações anteriores, mas dessa vez tem uma onda bem trip hop no som do grupo – que pela primeira vez fez um feat, com a cantora Maria Clara Melchioretto, autora da letra de Destemperada.
A faixa nova do Applegate com Maria Clara surge a partir do projeto Atalhos Sonoros, uma iniciativa da Tratore que estabelece vínculos entre artistas de seu catálogo, artistas locais em ascensão e as Fábricas de Cultura do estado de São Paulo. A gravação de Destemperada rolou entre 20 e 22 de agosto de 2024 no estúdio da Fábrica de Cultura de Diadema (SP).
43DUO, “SAL E SINA”. Com clima marcial herdado do pós-punk, guitarra de surf music e um toque de ritmos brasileiros nos vocais e arranjos, Sal e sina é uma das faixas de Sã verdade, disco do 43duo, que já está nas plataformas. Composta como um indie rock psicodélico de código aberto, a faixa cresce em camadas, com efeitos e variações rítmicas que ecoam shows onde a música já era destaque antes mesmo de ser gravada. A letra, por sua vez, reflete aquela eterna busca humana pelo inalcançável – um assunto que todo mundo vive diariamente, e que foi colocado em forma de música e psicodelia por Luana Santana (bateria, teclados e voz) e Hugo Ubaldo (guitarra e voz), os dois do 43duo.
ALMÉRIO, “TUDO QUE É MAIS LINDO”. É MPB, com delicadeza e romantismo, mas tem emanações de Wild horses, clássico setentista dos Rolling Stones, marcado pelo clima de blues estradeiro, e por violões ligados ao country. Tudo que é mais lindo, faixa nova de Almério, tem cordas arranjadas pelo maestro Isaias Alexandre, convidado para unir “delicadeza e impacto, leveza e emoção”, conta Almério.
E de fato, o arranjo de orquestra ajudou a gerar uma canção de tirar o fôlego. “Cantar a simplicidade do amor é algo que me emociona, dizer que no meio desse caos, dessas cidades imensamente desordenadas, tem alguém pensando em você com carinho”, completa Almério.
PEDRO BIENEMANN, “NÃO TE FALTA NADA”. “É uma canção que brinca com a MPB clássica, o pop, o rock e a psicodelia, gêneros que eu exploro bastante neste novo trabalho”, diz Pedro, explicando ele próprio o som de seu novo single, Não te falta nada. E nós completamos: se você é fã de Luiz Melodia, Gal Costa, Sergio Sampaio… pode ouvir no volume máximo.
Trabalhando na junção de blues, rock, música brasileira e arranque existencial, Pedro faz a trilha sonora desses tempos de algoritmos, estímulos em excesso e positividade tóxica. O cantor e compositor, integrante do duo 131 (Lumanzin, parceira de dupla, faz os arranjos de cordas) lança em breve o álbum Ondas de choque e calor.
DANI VALLEJO, “ACABOU O CARISMA”. Sabe aquele momento em que a gente percebe que uma relação não vale o esforço que a gente deposita nela? Acontece com namoros, casamentos, amizades, e até com empregos. E é disso que fala a nova faixa de Dani Vallejo, que traz emanações de funk, rock e até da onda hyperpop.
“Muitas vezes me vi me doando e sendo tudo que a pessoa queria que eu fosse, só para mantê-la por perto, aceitando obrigações e exigências apenas para agradar. Um sentimento de que se eu não fizesse iria perder aquela pessoa, que eu considerava muito”, conta Dani. “Mas se te exige e te obriga, deixa ir. Na maioria das vezes é livramento”.
BLACK PANTERA, “UNFUCK THIS”. Em meio a shows internacionais, o Black Pantera, sempre com uma surpresa na manga para os fãs, solta Unfuck this, novo single com peso e urgência. A faixa, em inglês, cai dentro da onda punk + hardcore (que já é um som conhecido do grupo) e bate de frente com o apagamento das raízes negras do rock. É grito, denúncia e resistência em forma de riff. A música chega com cara de hino de turnê — e de recado direto ao mundo.
Detalhe: o grupo toca hoje (hoje!) e amanhã na França – a primeira noite no Leoff, “esquenta” gratuito do Hellfest, e a última no próprio Hellfest. Depois, fazem as malas e partem pro Rock Al Parque, em Bogotá, na Colômbia, onde tocam no sábado (21). “Para nós é um sonho estar nesses festivais, um passo muito importante para a banda. Fizemos um contato com eles oito anos atrás, quando estivemos na França pela primeira vez, e agora vamos tocar no mesmo dia do Korn, uma das nossas grandes referências”, comenta o baixista e vocalista Chaene da Gama.
Crítica
Ouvimos: The Ting Tings – “Home”

RESENHA: Em Home, os Ting Tings trocam a pista de dança pelo soft rock, yacht rock e blues leve, num disco nostálgico, suave e surpreendentemente bem resolvido.
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“Não sei se há tempo / de mudarmos de nome”, questionam os Ting Tings em Dreaming, segunda faixa deste Home, novo álbum. Não é apenas uma história contada ao acaso: a mudança empreendida pela dupla em seu quinto álbum é tão grande que eles realmente chegaram a achar que uma mudança de nome poderia ser o ideal.
Se você lembra da pós-new wave que Katie White e Jules de Martino faziam em hits de pista como That’s not my name, pode crer que você não vai encontrar rigorosamente nada parecido com isso por aqui. Em Home, os dois decidiram prestar uma homenagem aos reis de estilos como soft rock, yacht rock, country rock e qualquer coisa leve que tenha um “rock” no fim.
O Fleetwood Mac é bastante louvado ao longo do disco, cabendo referências diretas à fase Rumours em Good people do bad things, Winning e na vibração blues de Down – e algo parecido com o período de Future days na mágica Mind thunder, que ainda por cima tem uma guitarra que lembra demais a de Cor de rosa choque, de Rita Lee e Roberto de Carvalho. Tem ainda soft rock no estilo sambinha-de-gringo em Dreaming, além de pop com cara gospel e emanações de Phil Collins em Home.
- O músico que saiu do Fleetwood Mac para entrar num culto religioso.
- A fase casa-da-sogra do Fleetwood Mac (1969-1974) em nove músicas.
- Ouvimos: Pharrell Williams – Black Yacht Rock, Vol. 1: City of limitless access
Em In my hand – um folk com certo clima beatle nos vocais – a introdução confunde: parece que vai começar uma canção do Lady Antebellum. Danced on the wire e Song for meadow têm um lado smooth jazz associável ao Steely Dan, ou até a Djavan, em alguns momentos. Goodbye song, um blues-rock-country estradeiro, com letra baseada num diálogo, evoca Lynyrd Skynyrd, Dire Straits e Eric Clapton. Katie e Jules dizem que o novo disco é bom para ouvir no carro, e não há dúvida nenhuma disso.
Home veio de uma conexão nova na vida do casal – os dois tiveram uma filha em 2020 – e também de uma reconexão com os hits de rádio com os quais eles cresceram na Inglaterra. No fim das contas, uma volta ao passado que pode assustar e até decepcionar antigos fãs (até porque, vamos combinar, qualquer artista, do pop ao metal, já percebeu que o público fiel das rádios “light FM” é algo que não pode ser desprezado de maneira alguma). Quem se dispuser a manter os ouvidos abertos, vai descobrir uma boa metamorfose.
Texto: Ricardo Schott.
Nota: 8,5
Gravadora: Wonderful Records
Lançamento: 6 de junho de 2025.
Crítica
Ouvimos: Leoni – “Baladas sortidas” (EP)

RESENHA: Leoni lança EP com parcerias e lados B, em clima acústico e variado, com ecos do Heróis da Resistência.
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O EP novo de Leoni é sinal de que ele deveria investir num álbum de encontros no estúdio – mais ou menos como rolou há alguns anos com seu CD acústico Áudio retrato, só que agora com inéditas ou lados B de seu repertório. É mais ou menos o que acontece em Baladas sortidas.
No EP, ele abre a seleção com justamente um B-side – Incapacidade de amar, parceria com Cazuza e balada jazz-blues que estava no primeiro álbum do Heróis da Resistência, sua banda pós-Kid Abelha (1986). A leveza radiofônica dos sucessos de Leoni surge em Quem nos dera, gravada ao lado de Zélia Duncan, e Tenta, um som adulto em parceria com Henrique Portugal (ex-Skank) que faz lembrar justamente o Heróis. Também surge no inventário de tropeços de Te entendo cem por cento, parceria com George Israel e Roberto Frejat, gravada ao lado de Zeca Baleiro.
Leoni, um sujeito que em seu primeiro álbum solo (epônimo, 1993), fez marchinha tropicalista e forró-rock (em Nada como eu e você e O fim de tudo, respectivamente) ao lado do pop de Garotos II – O outro lado, volta a investir bastante na variedade musical, no curto espaço do EP. Fazia sentido no papel leva o músico paulistano Romulo Froes (que compõe e canta a música com Leoni) para um universo mais pop e tranquilo. E uma faceta eletrônica e levemente psicodélica – cortesia das programações de Antonio Leoni – surge em Nuvem vermelha, regravação da música de Ana Frango Elétrico (do álbum Me chama de gato que eu sou sua).
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Outro Futuro
Lançamento: 6 de junho de 2025
- Ouvimos: Ana Frango Elétrico – Me chama de gato que eu sou sua
- Ouvimos: Zeca Baleiro – Piano
- Ouvimos: Wado e Zeca Baleiro – Coração sangrento
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