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Radar: Jeen, Magdalena Bay, Cristian Dujmovic, Madanes, Catcase

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Jeen (Foto: Divulgação)

E aí, será que tem álbum novo do Magdalena Bay neste ano? Ou eles vão dar uma de Hayley Williams, separar tudo em singles e depois juntar tudo com outras faixas? Há alguns dias saiu mais um single de duas faixas dessa dupla art pop – e trouxemos as duas faixas para o Radar internacional de hoje, complementando com novidades do Canadá (Jeen), da Espanha(Cristian Dujmovic) e outros cantos do mundo. Ouça e repasse!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Jeen): Divulgação

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JEEN, “FOR THE ROMANCE”. Vinda do Canadá, Jeen acaba de lançar o EP For the romance, definido pelo texto de lançamento como sendo um disco que “captura tanto o esgotamento quanto a euforia da perseverança”, em cinco curtas faixas. O som une synth pop e pop moderno – cabendo a exuberância e o clima dramático de cantoras como Lana Del Rey em alguns momentos. A ótima faixa-título, um rock com heranças do pós-punk, do som exuberante do The Killers e até do ska pop do No Doubt, soa como uma resposta ao E você vai continuar fazendo música?, do Rogério Skylab – trata-se de um hino pessoal no qual ela explica porque é mesmo que ela continua compondo, tocando e gravando.

“É um lembrete para não desistir até encontrar o que se procura. Eu a escrevi no meu limite, tentando me convencer de que ainda havia algo pelo qual valia a pena lutar”, conta ela, explicando que o título da música resume o motivo pelo qual ela começou a fazer música. “Trata-se da esperança incessante de que existe algo mais lá fora, se você continuar procurando”. Tá certa!

MAGDALENA BAY, “UNORIGINAL” / “BLACK-EYED SUSAN CLIMB”. Sabe-se lá se vem outro álbum da dupla art pop Magdalena Bay tão cedo. Até porque num papo com o site Stereogum, os dois chegaram a falar que a melhor maneira de dar sequência a Imaginal disk (2024, resenhado por nós aqui), o excelente último disco do grupo, seria não lançar outro álbum.

O fato é que, em vez de um disco cheio, Mica Tenenbaum e Matthew Lewin têm preferido lançar músicas novas aos pares. Já sairam Second sleep / Star eyes,  e depois o single com Human happens e Paint me a picture. Agora é a vez de Unoriginal e Black-eyed Susan Climb. A primeira é um rock curto (menos de três minutos), psicodélico e mágico, que depois vai ganhando peso e ambiência. A segunda tem muito de bandas como Smiths e R.E.M, e segue uma onda meio indie rock, meio anos 1960 – faz lembrar tanto uma linha do tempo indie que vai dos anos 1980 aos 2000, quanto cantoras pop clássicas dos Estados Unidos e Inglaterra. Ficou bem bonito.

CRISTIAN DUJMOVIC, “INDÓMITO” / “HAY POR QUÉ”. Dividido entre Espanha e Argentina, esse cantor e compositor que já passou outras vezes aqui pelo Pop Fantasma lançou recentemente o single duplo Inexorable, ótima mescla de pós-punk, rock clássico (às vezes lembrando The Who) e a musicalidade sensível do rock latino. As duas faixas do single falam do embate entre impulsos pessoais e pressões sociais que a vida nos impõe. Indómito, música cheia de dissonâncias e linhas vocais criativas, fala do “pulso interior que insiste — o instinto, o desejo, o amor como energia vital”. Hay por que, por sua vez, fala da nossa voz que vai resistindo a todas as pressões e opressões.

MADANES, “YOUR DOG”. “Eu estava apaixonado por ela. Ela não estava apaixonada por mim, mas, nesse meio-tempo, desenvolvi uma forte relação com o cachorro dela. Se ao menos ela pudesse me amar como o cachorro dela me ama…”. Esse projeto musical britânico já foi definido por aí como uma linha que une Elton John, Frank Zappa e Ian Dury. Faz todo sentido, ainda mais quando se ouve Your dog, o single mais recente – um som meio Talking Heads meio Gorillaz sobre um sujeito apaixonadíssimo por uma ficante, mas que parece despertar mais paixões no cão dela. O clipe, que une o cão, a amada e um boneco de ventríloquo (representando Madanes), é tão grudento quanto a música.

CATCASE, “TECHNICOLORED EYES”. Essa banda da Dinamarca considera que faz doom pop: é um som bastante influenciado pelos anos 1980, que pode ser confundido com o pop adulto que rolava no rádio na época, mas cuja sonoridade é bastante densa, quase gótica em alguns momentos. Primeiro single do álbum As it reels, lançado pelo grupo em fevereiro, Technicolored eyes é referenciada em Smashing Pumpkins, The Cure, New Order, The Church (o disco Priest=Aura, de 1992), Underworld e no som do compositor japonês de trilhas de terror Akira Yamaoka. A faixa fala sobre como é caminhar pra casa ao nascer do sol “dominado, tomado pelas experiências da noite… em um fluxo de consciência, em que as provações da noite parecem uma massa vibrante de impressões”, contam.

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Ouvimos: Katy da Voz e As Abusadas – “A visita”

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Álbum novo de Katy da Voz e As Abusadas, A visita mistura funk, punk, metal e synthpop em faixas violentas, sexuais e empoderadas, homenageando Claudia Wonder com energia feroz.

RESENHA: Álbum novo de Katy da Voz e As Abusadas, A visita mistura funk, punk, metal e synthpop em faixas violentas, sexuais e empoderadas, homenageando Claudia Wonder com energia feroz.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Independente
Lançamento: 22 de outubro de 2025

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Travesti ativista do underground paulistano oitentista, Claudia Wonder era chegada em doideiras como cantar banhada de sangue, ou numa banheira de groselha – numa ocasião, a groselha foi parar no olho de João Gordo, segundo o próprio contou em entrevistas. Também esteve à frente de bandas de rock como o Jardim Das Delícias, grupo com sonoridade pós-punk (a música-título Jardim das delícias, que está no YouTube, lembra o Teardrop Explodes) que contava com integrantes do grupo paulistano Kafka na formação.

  • Ouvimos: Mia Badgyal – Mucho sexy

Daí que Claudia é bastante lembrada como inspiração em A visita, novo álbum do trio Katy da Voz e as Abusadas – basicamente uma união azeitada de funk, house music, punk e metal, indo além de nomenclauras como electroclash e outras coisas. O disco começa com Santo, synthpop com bateria de escola de samba, spoken word, participação de Lynn da Quebrada, guitarra pós-punk e uma anti-oração na letra (“me traga saúde, saudade, dinheiro / você está me escutando, santo?”). Navalha une metal, funk e batidão dance, numa porrada existencial e musical. Na força do ódio mantém um clima unindo batida forte, sexo e zoeira.

Existencialmente, A visita não é putaria pura e simples – como rola no disco de Mia Badgyal, Mucho sexy, é afirmação, empoderamento, sexo e uma estranha vontade de devolver os maus-tratos do mundo numa moeda bem mais violenta e sexualizada. Daí tem a dance music derretida e pesada de Sufocunty e o metal dance de Salto (com MC Taya, que ajuda a música a quase se transformar em algo parecido com um Ministry Miami-bass).

Tem também a zoação de rolar de rir de QRcude – esta, um funk violento que lembra Cabaret Voltaire e Alien Sex Fiend, e que pede que você escaneie “seu cu na porra do Qrcude / cria um código / põe um foto / para ver sua nude (…) / e já podemos foder ele / a partir de hoje”. No final, Disco inferno, um synthpop vingativo e cheio de altas energias, que preconiza: “eu vou pro inferno / e quando eu achar essa vagabunda no inferno / eu vou matar ela de novo”.

Pode ser que não aconteça com Katy da Voz, Palladino Proibida e Degoncé Rabetão o que elas pedem no funk pesado Famosa (“famosa eu quero ser / acordar às 8h / e aparecer no Mais você”, gritado entre samples do “top de 5 segundos” da Rede Globo). Quem perde é a televisão matinal brasileira, por não programar essa afronta musical e underground.

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Crítica

Ouvimos: Soulfly – “Chama”

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Soulfly acerta com Chama, 32 minutos de peso, ambiência e rituais sonoros: thrash, hardcore, doom e groove se misturam num disco curto, intenso e surpreendente.

RESENHA: Soulfly acerta com Chama, 32 minutos de peso, ambiência e rituais sonoros: thrash, hardcore, doom e groove se misturam num disco curto, intenso e surpreendente.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Nuclear Blast
Lançamento: 24 de outubro de 2025

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Enquanto o Sepultura vira discussão de bar (“vai acabar ou não?”, “vai ter reunião com os irmãos Cavalera ou não?”, “poxa, mais uma troca de baterista?”) tem quem não perceba no que o Soulfly, banda criada por Max Cavalera ao sair do grupo, se transformou com o passar dos anos. Boa parte das antigas experimentações do Sepultura foram parar na conta de Max – que, com o grupo “novo”, experimentou grooves, fez thrasheira como no comecinho de sua ex-banda, muita coisa.

Chama, décimo-terceiro álbum do Soulfly, é um álbum tão imersivo e tão pesado que fica difícil colocá-lo em alguma categoria comum do heavy metal. Com o filho Zyon Cavalera na produção, o grupo passa a contar com uma mescla de peso e ambiência em que vozes se misturam à música (a rápida Indigenous inquisition, que abre o disco) e instrumentos como guitarra e bateria se transforma em verdadeiros tanques de guerra (Storm the gates, uma porrada funkeada e quase industrial, em que Max destaca-se pelo vocal desesperado e cheio de invocações).

  • Ouvimos: Trivium – Struck dead (EP)

Essa tensão de climas permite que Ghenna, iniciando como hardcore, se torne um verdadeiro ritual sonoro e guitarrístico. E cria uma linha do tempo entre o Metallica da primeira fase e o doom metal em Nihilist, além de ir do quase pós-hardcore ao thrash metal nas apocalípticas Black hole scum e Favela / Dystopia. Já No pain = no power, com percussão de samba e guitarras que soam como buzinas ou lâminas, apela para a resistência de cada um ao seu próprio dominador: “Busque o destruidor interior, veja o mundo queimar / para morrer com minha espada / sem dor, não há poder”.

Talvez para dar uma cara diferente ao trabalho de Max – cuja carreira costuma ser marcada por discos de longa duração – Chama é curto e direto: dez faixas, 32 minutos, recado dado. Como já rolou em vários discos do Soulfly e do Sepultura (neste caso, com e sem Max), há surpresas no final. A devoção a Oxóssi e a recordação do extermínio indígena são os temas da quase psicodélica Always was, always will be, que abre com efeitos de gutarra, drones e percussões, e emenda numa citação de Refuse + resist, do Sepultura, num clima sonoro que se eleva ao céu. Soulfly XIII é um instrumental belo e ritualístico. Na faixa-título, que encerra o disco, o peso retorna em forma de rap-groove-metal, mas a música se torna quase um dub-metal das matas. Ficou bonito.

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Crítica

Ouvimos: Sha Ru – “Vibra vibra”

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Duo Sha Ru mistura dubstep, drum’n bass e ruído em Vibra vibra, EP cheio de voz tratada, batidas sujas e clima experimental hipnótico.

RESENHA: Duo Sha Ru mistura dubstep, drum’n bass e ruído em Vibra vibra, EP cheio de voz tratada, batidas sujas e clima experimental hipnótico.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 23 de outubro de 2025

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O Sha Ru é um duo nômade, que funciona entre Nova York e Berlim, e que se localiza entre estilos como dubstep e drum’n bass, mas sempre acrescentando experimentalismos diversos. Tanto que o EP Vibra vibra é basicamente uma viagem de ruídos, que começa parecendo algo feito para assombrar (em HZ bath), ganhando depois uma batida meio industrial, meio eletrônica. Vibrasun, na sequência, é mais ritmo do que melodia: o beat se aproxima de algo quase reggae, associado ao vocal com efeitos.

  • Ouvimos: Stealing Sheep – GLO (Girl Life Online)

Uma experimentação que é marca de Vibra vibra (cujo lançamento abre uma nova série da dupla) é o uso da palavra falada como algo que pode ser transformado e recriado como melodia ou ritmo. Above, below, around é cheia de ruídos que se assemelham a gritos ou cantos, em loop – é um drum’n bass que depois ganha uma aparência de raggamuffin sujo. To know repete o título por toda a faixa, abrindo como um Miami bass apodrecido e herdado diretamente do Kraftwerk do disco Computer world (1981), transformando-se numa dance music psicodélica e hipnótica. Press thirteen (VIP) tem som vindo lá de longe, e vai ganhando mais densidade e mais peso.

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