Lançamentos
Radar: dez sons que chegaram até a gente pelo Groover (#7)

O Pop Fantasma já tem perfil na plataforma Groover, em que artistas independentes podem mandar suas músicas para vários curadores – nós, inclusive. O time de artistas que vem procurando a gente é bem variado, mas por acaso (ou talvez não tão por acaso assim) tem uma turma enorme ligada a estilos como pós-punk, darkwave, eletrônico, punk, experimental, no wave e sons afins.
Abaixo, você fica conhecendo mais dez nomes do Groover que já passaram na nossa peneira e foram divulgados pela gente no site. Ponha tudo na sua playlist e conheça (na foto, o Deep Cricket Night).
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DEEP CRICKET NIGHT, “SUDDEN SUMMER”. Esse grupo, que já deu as caras no Pop Fantasma, segue firme na missão de misturar a psicodelia do Pink Floyd versão Syd Barrett com o peso sombrio do pós-punk setentista/oitentista – lembando às vezes, a banda paulistana Violeta de Outono. No ano passado, eles soltaram o EP Minds get flayed, e essa faixa vem de lá. Baixo pulsante que flerta tanto com Let there be more light (música do Floyd de 1968) quanto com Peter Hook no Joy Division. Na produção, aquele clima Martin Hannett, de frio na espinha.
CRIS 88 KEYS, “HOT AIR BALLOON”. Autodefinida como “cantora independente e sonhadora”, a italiana Cris fez uma releitura acústica de uma simples e viajante canção pop que já havia lançado há um tempo. Tem um pezinho no britpop, naquele momento em que o pop mainstream flertava com guitarras e melodias melancólicas. A letra? “Uma mensagem positiva sobre apoiar quem a gente ama nos desafios da vida”, explica ela.
DESU TAEM, “HULK ON HEROINE”/”BATMAN ON ACID”. Pai e filho destruindo tudo naquilo que chamam de savage retro rock. A dupla americana, que já apareceu no Pop Fantasma, segue despejando discos nas plataformas sem dó nem piedade, sempre na vibe metal-punk-caótico. E pelo visto, eles têm uma quedinha por super-heróis em versões alucinadas: tanto o Hulk quanto o Batman ganham suas versões doidonas nesse som que mistura peso e um humor meio insano.
ZIRCON SKYEBAND fear MIA BORTOLUSSI, “CANDY”. Direto dos EUA, mas com integrantes de várias partes do mapa (Califórnia, Oklahoma, Wisconsin, Flórida e Nicarágua), o Zircon Skyeband faz um som que é um passeio divertido por rock, country, soul e blues. O lema da galera? “Se divertir, fazer música incrível, conectar com amigos pelo mundo e espalhar positividade”. Boa filosofia, vale acrescentar. No meio de inéditas e covers, lançaram Candy, single autoral que cairia como uma luva na voz de Amy Winehouse.
61 OHMS, “KILLERS”. O que rola quando uma banda de Orange County junta amizade antiga e um rock que flerta com o punk, o metal e uma vibe meio sombria? O 61 Ohms responde com Killers, uma pedrada com guitarras afiadas e um clima ameaçador. Tem cara de anos 90? Tem, e bastante. Se sua playlist ainda é cheia de clássicos dessa década, aperte o play.
MAXSWELL, “HEROIN CHIC”. Descobrir qualquer coisa sobre esse projeto de uma pessoa só é como procurar agulha no palheiro: nada de release, frases soltas nas plataformas digitais, uma foto de divulgação BEM caseira na qual aparece aquele que parece ser o único integrante (Maxwell Mahar, ao que consta). O curtinho single Heroin chic, por sua vez, impressiona: é gothic rock no qual bate um coração oitentista, com abertura lembrando as viradas de bateria do The Cure, e morte súbita no final. O som parece que veio de uma fita velha dos anos 1980 – de repente gravada de alguma transmissão radiofônica esquecida.
HEY GORGEOUS, “DROPPING DIRECT”. “Essa canção é uma reflexão sobre a indústria musical atual e o desejo dos artistas da contracultura indie de criar – dentro de uma estrutura comercial e política que não é realmente adequada para isso, ou é?”, pergunta-se o artista visual Peet Massé, o cara por trás desse grupo canadense (cantou, compôs e tocou tudo, exceto a bateria). O som pode bater fundo lá na emoção de quem curte Hüsker Du/Sugar/Bob Mould solo e Buzzcocks. Se é seu caso, mete bronca.
SIMON SHACKLETON, “DYING OF THE LIGHT”. Chegando no dia 7 de fevereiro, The shadowmaker, novo álbum de Simon Shackleton, vem carregado de atmosferas sombrias e um pezinho no gótico. Imagine um mix de Massive Attack, Portishead e Nine Inch Nails e você chega perto do som. Dying of the light já saiu com clipe, montado quase artesanalmente pelo próprio Simon. “Mais do que um videoclipe, é uma extensão da história que estou contando com esse projeto”, diz ele, que já esteve aqui no Pop Fantasma.
HAGA 187, “A SONG FOR EDEN”. O som dessa one man band francesa é bem estranho: Peter dos Santos, único integrante do grupo, compõe tudo a partir de linhas de baixo intermitentes, e vai inserindo ruídos, alguns barulhos de guitarra e vocais sempre em tons graves. O projeto grava bastante também, e recentemente soltou um novo álbum, Spiced rum and blunts, que por enquanto só está no Bandcamp. Esse tema instrumental pós-punk e sombrio faz parte do álbum.
DUNKIRK RIOTS, “SPIRIT OF NORFOLK”. Um projeto musical repleto de raízes celtas, mas tudo combinado com sons pesados e design musical (e atitude) punk. O grupo veio de Virginia, nos Estados Unidos, mas faz música como se viesse de algum canto da Irlanda – bom, até aí sem problema algum, visto que o Flogging Molly, influência assumidíssima deles, veio também dos Estados Unidos. Eles divulgaram pelo Groover a faixa Digging for gold, que ainda permanece inédita e sairá no primeiro single de 7 polegadas do grupo. Nas plataformas, já existe o single Spirit of Norfolk. Literalmente de bater o caneco (de cerveja).
Lançamentos
Radar: Melody’s Echo Chamber, Dry Cleaning, Jay Feelbender, Dust, Tortoise

Tem muitas bandas e artistas que deixam uma cordilheira de fãs saudosos – seja porque deram um tempinho, seja porque seus discos se parecem com aquelas novelas que todo mundo quer acompanhar, com evoluções, mistérios e plot twists. O Dry Cleaning é uma dessas bandas, o Melody’s Echo Chamber é outra, e o Tortoise, mais uma delas. E olha só que máximo, todas estão no Radar internacional de hoje com sons novos. Ouça e aproveite.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Melody’s Echo Chamber): Diane Sagnier/Divulgação
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MELODY’S ECHO CHAMBER, “IN THE STARS”. Seus problemas acabaram: a francesa Melody Prochet, criadora do projeto musical Melody’s Echo Chamber, vai lançar um álbum novo sob o codinome. Unclouded está previsto para sair dia 5 de dezembro pelo selo Domino. Mais pop etéreo e influenciado pelos anos 1960 a caminho, então – ainda mais se levarmos em conta o single In the stars, que acaba de sair e já ganhou clipe, dirigido por Diane Sagnier e repleto de cenas enevoadas.
O disco que vem aí tem coprodução de Sven Wunder (Danny Brown) e participações de Reine Fiske (Dungen), além de Daniel Ögen e Love Orsa (Dina Ögon). Melody, falando sobre o disco, conta que sua música “habita, de forma incomum, a zona liminar entre o realismo e as fábulas. Mas quanto mais experiência de vida tenho, mais profundamente amo a vida e menos preciso escapar”, filosofa.
DRY CLEANING, “HIT MY HEAD ALL DAY”. Pelo jeito, a banda londrina vem disposta a mudar muita coisa em seu som no terceiro disco, Secret love, previsto para dia 9 de janeiro de 2026, com produção de Cate Le Bon. Florence Shaw (vocal), Tom Dowse (guitarra), Nick Buxton (bateria) e Lewis Maynard (baixo) voltam num clima que mistura Talking Heads e Rolling Stones no novo single, Hit my head all day. Sly & The Family Stone e seu sucesso There’s a riot going on também foram grandes inspirações para a faixa, como diz Florence.
“A música fala sobre a manipulação do corpo e da mente. A letra foi inicialmente inspirada pelo uso de desinformação nas redes sociais pela extrema direita. Existem pessoas poderosas que buscam influenciar nosso comportamento em benefício próprio: para comprar certas coisas, para votar de determinada forma. Tenho dificuldade em ler as intenções das pessoas e decidir em quem confiar, até no dia a dia. É fácil cair sob a influência de um estranho sinistro que parece um amigo”, conta ela.
JAY FEELBENDER, “BENNY’S SLEEPOVER”. Voltado para uma mescla de power pop, folk e sons ruidosos que aparecem de repente, o músico canadense Jacob Switzer montou o projeto musical Jay Feelbender e acaba de lançar o EP Benny’s sleepover – um daqueles lançamentos que basicamente tratam de temas agridoces em meio a sons melódicos e barulhentos. A faixa-título fala de uma situação estilo Garotinha Ruiva do Charlie Brown: aquele momento em que a garota que você ama vai parar no radar sentimental do seu melhor amigo. O som é formado por três minutos de catarse emocional.
DUST, “RESTLESS”. “Uma figura proeminente vagueia vagarosamente como um espectador das atrocidades de um mundo pós-capitalista”, afirma o release desse single novo do grupo pós-punk australiano Dust – e que adianta o lançamento da estreia Sky is falling, prevista para o dia 10 de outubro. Restless é uma faixa tensa, depressiva, cheia de saxofones que operam na mesma atmosfera maníaca das primeiras canções dos Psychedelic Furs – mas que vão sendo trilhados num corredor melódico bacana. Os vocais são o mais puro desespero controlado, com versos como “preciso do seu ombro / só quero ser livre”, e diálogos poéticos que parecem confortar o/a ouvinte lá pelas tantas.
TORTOISE, “WORKS AND DAYS”. Lá vem de volta um dos maiores nomes do post-rock: o Tortoise lança Touch, seu primeiro álbum em nove anos, no dia 24 de outubro. Oganesson e Layered presence já sairam em single, e agora é a vez de Works and days sair em single e também em clipe. Uma música de psicodelia leve e estileira fina, em que rock, ambient e climas eletrônicos vão se alternando – já o vídeo mostra várias cenas urbanas por um viés bem louco e despersonalizado, em que pessoas caminham pelas ruas à procura de seus próprios destinos, mas os rostos delas não são mostrados.
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Crítica
Ouvimos: Nova Twins – “Parasites & butterflies”

RESENHA: No terceiro álbum Parasites & butterflies, Nova Twins misturam rap-metal, r&b e peso noventista em faixas cheias de atitude.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Marshall Records
Lançamento: 29 de agosto de 2025.
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Tem quem já tenha falado que Nova Twins é a mistura perfeita de Spice Girls e Rage Against The Machine – até faz sentido, mas o lance ali é mais assustador que essa combinação, em termos de norte atitudinal e peso musical. No terceiro álbum, Parasites & butterflies, há uma combinação de beleza e susto no título, e uma receita sonora própria do metalcore em faixas como Glory, Piranha e Parallel universe, além do jungle de Drip.
- Ouvimos: The New Eves – The New Eve is rising
Aliás, quase todo o disco é baseado numa receita certeira de rap-metal para rodas de pogo. Que rende também proximidades com o r&b nas ótimas Soprano (pop do mal, pesado e distorcido, que lembra o peso dos anos 1990), Monster e Sandman. Ou em Hide & seek, um dos raros momentos não tão interessantes do álbum, marcada pelo empoderamento e pelos versos espertos na letra (“você não pode me pegar / eu corro, você me segue”).
Das experimentações realizadas por Amy Love e Georgia South, as que mais chamam a atenção são a vibe Body Count de N.O.V.A., o metal-gospel de Hummingbird (a melhor do disco) e a auto-homenagem do funk-house-metal Black roses. Tudo é feito com tanta personalidade que em vários momentos de Parasites & butterflies, as duas poderiam descambar para o nu-metal ou algo parecido. Acaba não rolando porque, no rolé das Nova Twins, só vale peso quando tem memória e balanço. Felizmente.
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Crítica
Ouvimos: David Byrne – “Who is the sky?”

RESENHA: David Byrne lança Who is the sky?, disco irregular mas envolvente, entre boas histórias, ecos de XTC e Beatles e momentos de otimismo.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7,5
Gravadora: Matador
Lançamento: 5 de setembro de 2025
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Falando em primeira pessoa: tive sentimentos conflitantes ouvindo este Who is the sky?, novo disco de David Byrne gravado ao lado da Ghost Train Orchestra. Vi isso consultando minhas anotações (sim, eu ouço discos anotando, à mão). Por exemplo: não pude deixar de exclamar um animado “caralho, que foda isso!” ao lado de I met the Buddah at a downtown party, uma canção bonitinha que Byrne fez contando a história de um sujeito que viu Buda cometendo excessos numa festa.
David Byrne sempre foi bom contando histórias, desde o comecinho dos Talking Heads – e sempre foi bom em achar o melhor caminho para fazer com que elas chegassem ao público. Só que lá pelas tantas bateu um certo ranço: será que Who is the the sky? é tudo isso aí mesmo? E o “pensa bem” veio acompanhado de algumas constatações. Uma delas é a de que mesmo o que há de bom em Who is the sky? soa meio repetido: Byrne parece ter se inspirado MUITO em Day in, day out, do XTC, para fazer When we are singing, e juntou elementos de She’s leaving home, dos Beatles, em A door called no. O tipo de coisa que você talvez desculparia no Oasis, mas aqui não rola.
Tem as letras: Who is the sky?, na real, varia entre o otimismo e o papo de coach. Isso rola quando Byrne fala sobre as portas fechadas da vida (A door called no), sobre como a criatividade das pessoas vai sendo podada (Don’t be like that) e até sobre como as paredes de um apartamento podem contar histórias (My apartment is my friend). Na real, fica até a expectativa de que Byrne aprofunde o discurso de boa parte dessas letras em algum outro canto – numa entrevista, numa newsletter, ou sei lá o quê – porque são histórias que, ao jogarem a bola para o/a ouvinte concluir, soam incompletas. Aliás, essa incompletude é comum a vários discos de Byrne, com boas ideias que atiram para vários lados.
- Ouvimos: The Who – Live at The Oval 1971
Como artista solo, Byrne nunca perdeu a vibe maníaca que ele desenvolveu na época dos Talking Heads – uma coisa de brincar com os próprios sentimentos, sensações e constrangimentos, e jogar tudo nas músicas. É o que surge na vibe comemorativa de Everybody laughs, e também nas lembranças de Beatles e Wings de When we are singing e The avant garde. O ragga The truth mexe numa ferida aberta universal (“a verdade é a última coisa que um homem quer ouvir”, diz a letra) e acaba deixando o otimismo de lado para bater forte. Tem ainda o folk beatle-beachboy She explain things to me e a latinesca What’s the reason for it? (com Hayley Williams), que mantêm o astral do disco – e funcionam bem.
Byrne é sempre um bom encantador de serpentes: você passa até por cima das falhas de Who is the sky?, e de um certo ranço pessoal com a figura proeminente-àààà-beça dele, porque fica bem difícil resistir a um disco que, em 2025, tem evocações do XTC. Ou porque o clima pastoril de algumas músicas acaba ganhando. E isso tudo, ainda que você estivesse esperando ver alguma estrutura sendo abalada com um disco novo dele – aliás, vale citar que o próprio Byrne, no release de lançamento, explica que o principal assunto de Who is the sky?, é ele próprio, suas circunstâncias e trabalhos colaborativos.
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