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Cultura Pop

15 clássicos punk-new wave do rock progressivo

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15 clássicos punk-new wave do rock progressivo

1977, você sabe, foi um ano cheio de lançamentos importantes do punk, incluindo discos do Damned, Sex Pistols, Ultravox, Clash – todos comemorando 40 anos em 2017. A efeméride é uma ótima oportunidade não apenas para relembrar grandes discos do estilo, como também uma boa desculpa para desconstruir (palavra da moda…) de vez essa groselha de que punk e progressivo são estilos musicais inimigos. Nada disso – no máximo, no máximo, um anda bonito, o outro elegante. Vários artistas dedicados aos sintetizadores e aos intrincados solos de guitarra (ou a nomenclaturas associadas, como a psicodelia, o space rock e o krautrock) tiveram namoros duradouros com os quatro acordes, ou com gêneros musicais abrigados sob o mesmo guarda-chuva: pós-punk, proto-punk, glam rock, new wave. Confira só a lista abaixo, e ouça tudo.

Hawkwind – “Silver machine” (1972). Definido por Mick Jones, do Clash, como “uma banda de rock progressivo da qual os punks podiam gostar”, o Hawkwind era rock espacial com poucos acordes, vocal berrado e letras doidaralhaças e críticas – e trazia entre as atrações o baixo e o vocal do futuro Motörhead Lemmy Kilmister (que se definia não como um baixista, mas como “um guitarrista com um som mais profundo”) e os happenings de palco promovidos pela dançarina, artista visual e nudista Stacia. “Silver machine” é um dos maiores hits do grupo. E o clipe merece a sua atenção.

https://www.youtube.com/watch?v=yao_T2adl14

Faust – “The sad skinhead” (1973). Classicão do kraut rock (o experimental rock alemão dos anos 1970, que muitos têm na conta de um “progressivo” local), o grupo satirizava o lado mais violento e extremista da cultura skinhead em seu quarto disco, “Faust IV”.

Gong – “Pothead pixies” (1973). Presença marcante na lista de 40 melhores discos de “rock cósmico” de todos os tempos da revista Mojo, o terceiro disco do Gong levava a banda a figurar na lista dos pais do punk por causa da historinha surreal dos duendes maconheiros – crua, mas sem largar a psicodelia de lado.

Robert Calvert – “The widow maker” (1974). Poeta, escritor, letrista e espécie de guia espiritual do Hawkwind (sobre os quais você leu lá em cima), Robert foi responsável por um dos mais genuínos crossovers entre o punk e o progressivo, lançando uma espécie de ópera-proto-punk em 1974 sobre os acidentes provocados pelo avião Lockheed F-104 Starfighter após sua aquisição pelo ministério da aviação alemão – era o estranho “Captain Lockheed and the Starfighters”. Tocando com Robert, havia um combinado de proto-punks ilustres, incluindo gente do Hawkwind (Lemmy no baixo), Pink Fairies e até Arthur Brown. Brian Eno toca sintetizador e Jim Capaldi (Traffic) é um dos atores das partes faladas do disco.

Neu – “After eight” (1975). Surgidos de uma dissidência do Kraftwerk, os reis do krautrock (Klaus Dinger e Michael Rother) vinham de discos experimentais que podiam ser colocados tranquilamente na gavetinha do progressivo. “After eight”, menor música do disco “Neu! 75”, foi um de seus mergulhos na crueza do punk.

Peter Hammill – “Nadir’s big chance” (1975). O ex-vocalista do monolito prog Van Der Graaf Generator tinha resolvido reformar seu ex-grupo e gravou o álbum “Nadir’s big chance” com o novo line-up da banda. E fez o que pode ser considerado o maior mergulho no punk e no glam rock já feito por um artista tão profundamente ligado ao som progressivo. John Lydon (Sex Pistols/PiL) é fã. Confira a faixa-título.

Roxy Music – “Love is the drug” (1975). Sem Roxy Music, não haveria nada do que viria depois. Nada mesmo: Prince, Duran Duran, fase norte-americana de David Bowie, Arctic Monkeys, Franz Ferdinand. Para quem prefere o rock nacional, não haveria nem RPM, Camisa de Vênus (que chupou até um título de disco ao vivo do grupo, “Viva”) e Zero. O grupo liderado por Bryan Ferry foi um guarda-chuva de músicos progressivos – John Wetton (Asia), Phil Manzanera e Eddie Jobson (UK, Jethro Tull) passaram por lá – e por causa do som meio viajante dos primeiros discos, costuma ganhar a mesma definição em algumas enciclopédias de rock. Mas já estava bem próximo da new-wave e até do pós-punk nos anos 1970.

Brian Eno – “King’s lead hat” (1977). Em 1977, em seu disco “Before and after science”, Brian Eno (integrante do Roxy Music em sua fase mais experimental) recrutou músicos como Phil Collins (Genesis, bateria), Robert Fripp (King Crimson, guitarra) e Phil Manzanera (Roxy Music, guitarra) e soltou pérolas da crueza punk-new-wave como “King’s lead hat”, homenagem a seus amigos do Talking Heads (“King’s…” é um anagrama do nome da banda).

Pink Floyd – “Pigs (Three different ones)” (1977). Achar características de punk rock no som do velho grupo progressivo não é uma tarefa tão complexa quanto achar agulha no palheiro. “The wall”, de 1979, com sua crítica ao jogo do showbusiness, ao rastro de destruição psicológica provocado pelas guerras e ao sistema educacional britânico, pula na frente, claro. “Animals”, disco de 1977, foi definido pelo baixista Nick Mason como “reação subconsciente” à chegada do punk, e já incluía letras cáusticas e músicas mais simples e pesadas.


The Only Ones – “Another girl, another planet” (1978).
Banda punk com notável influência da psicodelia, tinha como baterista o saudoso Mike Kellie, que tocou de 1967 a 1970 com o Spooky Tooth, grupo psicodélico que costumava ser chamado de “progressivo”, até por falta de definição melhor.

Yes – “Does it really happen” (1980). Imaginar o Yes tornando-se uma banda mais moderninha no fim dos anos 1970 nem é das tarefas mais árduas – o rock progressivo já vinha trilhando esse caminho e havia até críticos musicais tentando dar ao pós-punk nomenclaturas como art-punk, punk-progressivo (nada disso pegou, graças a Deus). Em 1980, sem Jon Anderson, que deixara o grupo por uns tempos, o chefão Chris Squire ousou chamar os dois integrantes da dupla new wave Buggles (de “Video killer the radio star”) para entrar para o grupo. “Drama”, disco que saiu nesse período, é bem interessante – mas os fãs radicais costumam dizer que o título do LP reflete o conteúdo. Decida ouvindo a música abaixo.

Can – “Butterfly” (1981, mas gravado em 1968). Muito do que se entende como darkwave e no-wave (aquele som do disco “No New York”) vem da sonoridade dessa banda de krautrock, liderada pelo malucão Holger Czukay, um sujeito que passou a vida ouvindo e trabalhando com música clássica e experimental – e só foi dar valor ao rock aos 30 anos, quando ouviu “I am the walrus”, dos Beatles. Na dúvida, ouça essa música que ficou 13 anos guardada e só saiu num disco de outtakes, “Delay 1968”. Lembra muito o Television também.

The League Of Gentlemen – “H.G.WELLS” (1981). Em carreira solo, longe do King Crimson e fanático por punk e new wave no fim dos anos 1970, o guitarrista Robert Fripp reuniu músicos como Sara Lee (baixo, Gang Of Four), o tecladista Barry Andrews (XTC) e o baterista Kevin Wilkinson (China Crisis e Squeeze) e montou um estranhíssimo grupo de pós-punk, a League Of Gentlemen. O primeiro disco tinha todas os títulos das músicas escritos em caixa alta, nada de virtuosismo, guitarra-baixo-vocais lembrando Joy Division, teclados podrérrimos e músicas que soavam como afronta aos fãs radicais do progressivo. “H.G. WELLS” trazia tudo isso e ainda acrescentava o áudio de gemidos gravados até o orgasmo (não-creditados, igualzinho ao que Prince faria anos depois com “Orgasm).

King Crimson – “Heartbeat” (1982). A animação de Robert Fripp com a simplicidade do punk e da new wave gerou reforma geral no King Crimson quando a banda voltou nos anos 1980. “Heartbeat”, um dos sons mais significativos do grupo nesse período, saiu em “Beat”, disco influenciado tanto pelos sons da época quanto pela literatura beat (daí o título). Até o clipe da música, que você vê abaixo, era bem moderninho.

Rush – “Vital signs” (1982). Teve gente que, quando bateu o ouvido nessa música do clássico disco “Moving pictures”, do Rush, achou tudo parecido com o Police. O grupo meio hard rock meio progressivo do Canadá deu uma crescida de olho para a new wave nesse hit single e ainda incluiu características do reggae “de branco” do trio liderado por Sting. Ninguém reclamou – e pra quê, não é mesmo?

 

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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