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Cultura Pop

Porrada no show do PiL

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Porrada no show do PiL

Parece um pouco com a história que o POP FANTASMA contou outro dia, das vaias e da chuva de lixo (e de garrafas, e de tudo o que estivesse à mão) que o Blondie recebeu quando foi escalado em cima do laço para abrir para o Rush, em 1979. O Public Image Ltd (PiL, enfim) foi escalado às pressas para substituir os new-wavers do Bow Wow Wow (!) num show no The Ritz, em Nova York, em 15 de maio de 1981.

Só que a coisa desandou por um motivo meio básico: a banda decidiu, em vez de fazer um show simples, substituir a apresentação por uma “performance de vídeo”. Isso deixou os compradores dos ingressos bem putos da vida. Foi o que muita gente chama até hoje de “rebelião do Ritz”.

Olha aí como ficou tudo depois, que beleza.

Porrada no show do PiL

>>> Veja também no POP FANTASMA: John Lydon detonando todo mundo no Juke Box Jury, da BBC

A história do PiL decidindo fazer uma apresentação de vídeo onde poderia tranquilamente rolar um show, vá lá, não é das mais imbecis. Numa época em que nem todo mundo tinha videocassete em casa e uma fita de show era artigo raro (e muitas vezes passado de mão em mão), The Ritz foi um dos primeiros a investir num telão enorme, onde eram apresentados vídeos de bandas.

Ed Caraballo, amigo de Keith Levene, guitarrista da banda, organizou o show e contou toda a história nesse artigo. Para começar, ele foi o responsável por colocar todo o equipamento da banda no local e organizou a edição do filme que foi apresentado na noite. “O filme trazia fotos de PiL fazendo passeios de helicóptero e John Lydon (vocalista) em um quarto de hotel ficando obcecado por TV a cabo (ele praticamente nunca saiu do hotel quando eu o conheci)”, contou.

“Eu criei esse conceito para a banda, onde eles tocariam ao vivo atrás de uma tela enorme. Você nunca veria a banda diretamente. O que fizemos foi usar toda essa fileira de luzes de alta intensidade, muito baixas. Então, essas luzes iluminariam a silhueta da banda contra a tela do vídeo. Poderíamos alternar isso com uma câmera ao vivo que estava filmando a banda atrás do palco e projetaríamos essa imagem na tela”, contou o produtor.

>>> Veja também no POP FANTASMA: O pensamento vivo de John Lydon sobre música

Ele lembrou que a banda exigiu 12 mil dólares pelo pacote – que ainda envolveu a entrada de um grupo de abertura, recrutado num bar, e que parecia uma banda folk (e foi vaiado). O PiL chegou atrasado, estava chovendo, o público estava irritado e, recorda Caraballo, os fãs do grupo novo de Lydon eram egressos da manada de admiradores da ex-banda do cantor, Sex Pistols. O que já garantia a porrada.

Pra você ouvir tudo o que aconteceu naquela noite nada memorável, tá aí um áudio que foi tirado de um LP pirata (sim, um pirata!) com todo o conteúdo. O que deixou o público mais irritado foi que por exigência da equipe, a apresentadora de TV Lisa Yipp, amiga de Joe e Levene, foi lá entrevistar a banda. Lisa havia feito uma entrevista com Keith Levene um tempo antes, e em seu programa, usava uma lata de lixo (!) como apoio para fazer as reportagens. E ela foi lá com a maldita lata de lixo, cuja tampa virou escudo quando o público jogou garrafas de cerveja no palco.

A banda começou a tocar músicas do disco Flowers of romance e isso deu uma acalmada na plateia, mesmo com todo mundo por trás do telão. Só que Lydon começou a provocar todo mundo com frases como “audiência silenciosa, foda-se” e “por que diabos vocês pagaram 12 dólares pra ver isso?”.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Never mind the bollocks, segundo John Lydon e Glen Matlock

O público começou a pedir para que a tela fosse aumentada. Lydon disse que “não, não vamos aumentar a porra da tela!”. Mais garrafas voaram e a galera começou a puxar a lona do palco. Só que com a lona todos os equipamentos começaram a “andar” como se fosse cair do palco (!!). O Ritz deu o show por encerrado, mandou tirar John e Keith do palco e ficou tudo bem.

Tudo bem? Nada. Joe tinha sido o responsável pela ideia e saiu do palco tascado e morrendo de medo – curiosamente, ouviu elogios de um produtor que tinha convidado para o show, na base do “é a melhor coisa que eu já vi!”. Levene e Lydon começaram a brigar feio e a banda quase acabou aí. Depois, Levene saiu e foi fazer outras coisas. “Mas olhando para todo aquele evento, é uma das experiências da minha vida. Mesmo naquela noite, eu pensei: ‘eu poderia morrer esta noite e vendo o que vi, poderia dizer que vivi uma vida completa”, contou.

Curiosamente o Bow Wow Wow era criação do ex-empresário dos Pistols, Malcolm McLaren, detestado e atacado publicamente por Lydon. Vai que ele se sentiu vingado… Enquanto você pensa sobre o assunto, pega o PiL em uma situação bem mais segura naquele mesmo ano.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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