Connect with us

Crítica

Ouvimos: Prism Shores, “Out from underneath”

Published

on

Ouvimos: Prism Shores, “Out from underneath”
  • Our from underneath é o segundo álbum da banda canadense Prism Shores, formada por Jack MacKenzie (guitarras, baixo, voz, synths), Ben Goss (baixo, guitarra, vocal, synth), Luke Pound (bateria, percussão, programações), guitarra, vocais), Finn Dalbeth (guitarra, voz).
  • Eles são “janglers de Montreal com um pé plantado no pop indie decadente do C86 e o ​​outro no brilho do shoegaze inglês antigo”, diz o release da banda.
  • “Luke, Ben e eu tocamos juntos com esse nome desde que éramos bem jovens em Charlottetown. Começamos a levar isso um pouco mais a sério depois que todos nós fomos para Montreal em 2021 e terminamos nosso primeiro disco (a maior parte foi gravada logo antes da pandemia)”, conta Jack sobre a origem do grupo.
  • Por que a foto de divulgação do grupo tem como decoração uma foto dos irmãos Noel e Liam Gallagher? Jack estaria animado para o retorno do Oasis? “Não estou animado o suficiente para sequer tentar comprar ingressos, aparentemente, mas estou feliz que os irmãos conseguiram parar de se casar. Eu definitivamente tenho uma queda pelos discos do Oasis dos anos 90, Be here now incluído. Ben encontrou essa foto em um brechó, eu acho”, disse.

Lembra daquelas bandas que eram chamadas de jangle pop? Da galera da fita C86, lançada pelo New Musical Express? Do noise pop que depois ganhou mais e mais paredes de distorção e passou a ser chamado de shoegaze? Esse é o idioma do Prism Shores, uma banda canadense que já está no segundo disco, Out from underneath, e faz uma união tão legal de sons de época que nem parece ser uma banda dos dias de hoje.

O amor dessa turma por essa época é tão grande que numa entrevista recente à newsletter First Revival, rolou papo até sobre os C86ers preferidos deles (bandas como The Wedding Presente e o Primal Scream inicial foram citadas) e sobre qual selo seria o ideal para lançar os discos deles, caso o Prism Shores fosse uma banda dos anos 1980 (“Sarah, Creation, Flying Nun ou 4AD?”, perguntou Cam Lindsey, que faz a newsletter).

Como a turma é de 2025, vale escutar o álbum sem incorrer no saudosismo e tentar ver Out from underneath como uma boa releitura atual de um tempo que não volta mais. Músicas como Overplayed my hand e Southpaw revelam disposição para o ruído, mas não da mesma forma como acontecia com as bandas tidas e havidas como shoegaze. Tourniquet é um Jesus and Mary Chain mais solar, e Holding pattern lembra um Smiths mais selvagem. Já Drawing conclusions e Fault lines respondem pelo lado mais 60’s do grupo, num estilo que nos anos 1980 seria chamado de neopsicodelia pelos críticos mais espertinhos.

No decorrer de Out from underneath, o grupo sai pouco do foco. Mas tem ainda Killing frost, um som suingado, com guitarra batida, lembrando o rock britanico entre os anos 1980 e 1990. E Unravel, que encerra o disco, é um shoegaze certinho, com cinco minutos, parede de guitarras à frente, e vocais enterrados na guitarras – além de um segmento instrumental circular, que toma os últimos minutos da canção. Tem que ouvir.

Nota: 8,5
Gravadora: Meritorio Records
Lançamento: 10 de janeiro de 2025.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Crítica

Ouvimos: Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs, “Death hilarious”

Published

on

Ouvimos: Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs, “Death hilarious”

Vindo de Newcastle, Inglaterra, o Pigs x7 (melhor reduzir o nome ao longo do texto, ou vai complicar até pro SEO) é tido e havido como uma banda de doom metal. Em seu quinto disco, o simultaneamente irônico e sério Death hilarious, eles caem para cima de bandas como Helmet e Tool em vários momentos, e também mostram que passaram pela escola de metal do Sepultura.

Esse som surge em faixas como Detroit, Carousel (que tem a adição de um synth sujo e podre) e Glib tongued. Esta última segue a linha do metal rangedor dos anos 1990, com a cadência de quem alternava discos de hip hop e som pesado no CD player – e ainda tem El-P, do Run The Jewels, fazendo rap. Mas vá lá, o forte deles é abusar de referências metal-clássicas. O disco já abre com Blockage, metal cavalar lembrando até mais Judas Priest do que Black Sabbath. Collider mantém o olho nos anos 1970 e 1990 simultaneamente: é um stoner blues rock referenciado em Soundgarden e Black Sabbath. No final, tem o stoner lento de Toecurler, música de oito minutos que evoca o comecinho do Motörhead – ou a esquina que uniu o pré-punk ao metal.

No mais, a própria já citada Detroit ganha uma cara de blues demoníaco, lá pelas tantas, que é a cara dos anos 1990. E tem Stitches, com tecladeira podre e sonoridade localizada entre Black Sabbath e Deep Purple. Isso tudo já garante espaço para o grupo no coração de quem ouve metal há anos, mas prossegue ligada/ligado em novidades. Já as letras, em vários momentos, apontam para o fim de tudo – seja esse “tudo” a sociedade doente, o totalitarismo, ou alguém muito estranho e problemático que manda recados direto da própria tumba. Blockage, por exemplo, traz versos como: “na minha estupidez cega / voltei ao pó (…) / agora estou residindo / nas profundezas da Terra / o que eu teria dado por uma segunda chance?”.

Nota: 8
Gravadora: Missing Piece Records
Lançamento: 4 de abril de 2025

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Renegades Of Punk, “Gravidade”

Published

on

Ouvimos: Renegades Of Punk, “Gravidade”

Um supergrupo punk formado em Aracaju em 2007, o Renegades Of Punk lança seu segundo álbum, Gravidade. Em 16 curtas faixas, Daniela Rodrigues (guitarra, vocal), Ivo Delmondes (bateria, vocal) e João Mário (baixo, voz, synth) dedicam-se a uma música ágil, pesada, sombria e quase gótica, conduzida quase sempre pelo baixo – que soa como se tivesse sido gravado em uma igreja, ou qualquer lugar cheio de ambiência.

Os vocais de Daniela saem igualmente na frente, cuspindo uma poesia anárquica, que sempre elege o capitalismo e a exploração do trabalhador como alvos – sem sombra de panfletarismo. Gravidade abre com o punk motorik e gritado da ruidosa Apenas isso, segue com os efeitos psicológicos do capitalismo na cavernosa Bruxismo (que lembra The Damned), evoca Buzzcocks em faixas como Invisível, Cortaram meus olhos e Feitiço, e fala do dia a dia de muita gente na irônica e triste Sempre angústia: “eu sou a máquina que deu errado / não consigo homogeneizar (…)/ achei que era de carne e osso / mas era apenas aparelho com defeito / acreditando que podia ser diferente”.

Temas como o machismo da ciência e da medicina surgem em Ciseaux, e uma energia punk-hardcore lembrando Mercenárias e Ratos de Porão ganha a frente em Máquina e Depressa. Misoginia (dos versos “eles ocupando os cargos / nós em casa parindo / uma piada de mau gosto / falta lógica, falta empatia”), por sua vez, vai para o lado de bandas como Gang Of Four e Television Personalities. Se nunca ouviu, adote essa banda agora mesmo.

Nota: 9
Gravadora: El Rocha Records
Lançamento: 8 de março de 2025

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: The Driver Era, “Obsession”

Published

on

Ouvindo: The Driver Era, “Obsession”

A obsessão (eta trocadilho imbecil) da dupla norte-americana de alt-pop The Driver Era parece ser a sonoridade do Spandau Ballet. You keep me up at night, primeira faixa de Obsession, quarto disco dos dois, inicia com riff de teclado, tem as indefectíveis lembranças de The Cure e New Order (comuns hoje hoje em dia), mas tem uma guitarra dançante e surfística que é a cara de um dos maiores hits do Spandau, Only when you leave. Everybodys’s love, lá para o final do disco, faz vir à memória outro hit do grupo britânico, True. Same old story também parece ter sido inspirada por audições do SB.

Outros detalhes musicais do Spandau são devidamente louvados ao longo da meia hora de duração de Obsession, mas vale dizer que está tudo misturado no eletrorock moderninho da dupla, que também cai para cima de Earth, Wind & Fire e Michael Jackson em Don’t walk away (com certo clima trap nos vocais), une trip hop e neo-soul em I’d rather die, e joga o/a ouvinte num vórtice de referências oitentistas em Don’t take the night, um dos singles do disco. The weekend, o mais próximo de um “rock típico” do disco, lembra o hit único do Wax (Right between the eyes, de 1986, lembra?) e, em determinados momentos, soa quase como um power pop.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Essa soma de referências dá a ideia de um disco construído e montado, mais até do que composto – o Driver Era, não custa dizer, está bem longe de ser uma banda sem personalidade ou cara própria. Às vezes a coisa não engrena, como na dance music genérica de Touch. Um lado do Driver Era que, por sua vez, é um dos melhores da banda, passa pelo pop adulto: Nothing left to loose tem clima jazz dado pela bateria e pelo piano Rhodes, e um andamento análogo ao de Everybody wants to rule the world, do Tears For Fears. Better, no final, vai na mesma linha, unindo rock e algo próximo ao trip hop.

Em termos de letras, vale dizer que o Driver Era investe em versos de identificação fácil, como na louvação da liberdade de Weekend, o amorzinho de Touch e Don’t walk away e o sexo noturno de You keep me up at night. Fica aí claro que o objetivo dos irmãos Ross e Rocky Lynch (os dois do The Driver Era) é fazer pop extremamente fácil e extremamente descompromissado – nem as encucações de matrizes já citadas como The Cure e New Order brotam por aqui. Em alguns momentos, isso funciona, e bem – em outros, vira um calcanhar de Aquiles a ser resolvido.

Nota: 7
Gravadora: Too Records
Lançamento: 11 de abril de 2025

 

Continue Reading
Advertisement

Trending