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Crítica

Ouvimos: Piglet, “For Frank forever” (EP)

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Ouvimos: Piglet, "For Frank forever"
  • For Frank forever é o novo EP de Piglet, músico e produtor irlandês radicado em Londres. O disco gira em torno da morte de seu amigo Frank (ou Trib). “Terminei de escrever essas músicas pouco antes de ele falecer, e a maioria das letras do EP se desenvolveu a partir de experiências que compartilhamos ao nos organizarmos juntos como parte de um grupo de ajuda mútua”, contou Piglet no texto de lançamento.
  • “A organização de ajuda mútua me ensinou muito sobre mim mesmo e sobre as pessoas ao meu redor. Ele expôs as muitas maneiras pelas quais o capitalismo falha com todos nós e me aproximou do amor que nos sustenta por meio desse fracasso e constrói em nós a força e a motivação para lutar por algo melhor”, contou.
  • Piglet, além de seus próprios lançamentos, fez também trabalhos colaborativos – um deles é um single feito com a banda Porridge Radio (Let’s not fight/Strong enough) lançado em 2021.

Com apenas um álbum lançado em 2022, o curto Seven songs, o irlandês Charlie Loane – popularmente conhecido como Piglet – une tons eletrônicos e orgânicos, criando uma sonoridade pouco presa a rótulos, mas que tangencia rock, trap, emo, hip hop, folk e até pop de câmara.

Esses estilos musicais surgem em vários momentos de For Frank forever. Já nas letras, o novo EP de Piglet explora faces diferentes do sentimento de perda, tendo como base uma vibe próxima da de artistas como Master Peace e Paris Texas – os assuntos, mesmo os mais melancólicos, surgem num cozidão de discussões, crueldade urbana, algum sexo e algumas drogas.

A faixa-título, num curioso esquema folk-noise-trap, une existencialismo, tristeza e política em versos como “me disseram que são sintomas de um problema interno/mas mais de uma coisa pode ser verdade ao mesmo tempo/e os planos do estado pesam na mente de todos (…)/todo suicídio trans é um assassinato quando você pensa sobre isso”. O emocore eletrônico de White knuckles detalha o fim de um relacionamento marcado pela falsidade (“não sei porque coloquei minha confiança em você/você nunca me deu motivos para isso”).

O EP encerra com o sete doloridos minutos de The square, eletrorock com lembranças musicais que vão de Smashing Pumpkins a Pretenders, contando uma história sobre violência doméstica, que acaba em morte (“por favor, não vá ainda/há pessoas que vão te amar, mas você nem as conheceu”). Um tom mais leve surge no emo de Dancing with Ayesha, cuja letra fala sobre ciúmes e desentendimentos entre amigos, e no folk contemplativo de Scoop, dividido com Caitlin Power. O disco de Piglet mostra que há outros caminhos para o rock na mistura musical e no flerte com os sons eletrônicos.

Nota: 8,5
Gravadora: Blue Flowers Music

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Crítica

Ouvimos: Jovens Ateus, “Vol. 1”

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Ouvimos: Jovens Ateus, “Vol. 1”

Aguardado com certa expectativa, o álbum da banda paranaense Jovens Ateus é sombrio, opera entre o pós-punk e a darkwave, e pode ser resumido por uma referência: o The Cure de discos sorumbáticos como Seventeen seconds (1980) e Disintegration (1989). O baixo de Bruno Deffune dá a argamassa de boa parte do repertório, e ele caminha, em várias faixas, para algo próximo dos hits mais deprês do grupo britânico, como A forest e Lovesong.

Você encontra essa sonoridade em faixas de Vol. 1 como Espelhos, Cedo demais, Homem em ruínas e Passos lentos, e também na fantasmagórica Introspectro, algo entre The Cure, Joy Division e My Bloody Valentine. Em Mágoas, um riff de guitarra costura aquele que é o pós-punk mais ensolarado do álbum – por sinal num álbum no qual a palavra “ensolarado” não pode ser encaixada com facilidade. Baixo e synth dão a cara de Flores mortas, vibrações eletrônicas marcam a vinheta tamanho-família Twinturbo mixtape e um insuspeito lado metalcore (!) da banda dá as caras em Saboteur got me bloody, que lembra Ministry.

Nota: 8
Gravadora: Balaclava Records
Lançamentos: 10 de abril de 2025.

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Ouvimos: Funeral Macaco, “Idade do pássaro” (EP)

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Ouvimos: Funeral Macaco, “Idade do pássaro” (EP)

Com origens na “cacofonia da favela de Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio” (frase tirada do próprio Instagram do grupo), o som do Funeral Macaco une pós-punk e brasilidades, num resultado que lembra tanto o rock pernambucano dos anos 1990 quanto bandas como Black Future e Paulo Bagunça e a Tropa Maldita. A capa do disco, por sua vez, dá uns traços com a de Exuma I, a estreia do Exuma (do hit Exuma, The Obeah Man).

Canicule, a faixa-título, resume tudo: baixo pesado, batuque de umbanda, vocal parecendo um dialeto, guitarra econômica, bateria soando como uma porrada rápida, entre rock e jazz – basicamente uma só nota entendida e transformada em algo pesado e sombrio. Congo e Angola é um samba fantasmagórico, com letra que lembra algo de Luiz Melodia. Frevo é um frevo de vocal furioso e bateria igualmente tensa, uma energia que passa pelo entendimento pós-punk do estilo.

General Candongueiro traz vocal cantado num ponto de umbanda, letra soando como homenagem a uma entidade – algo que ressoa na percussão-e-voz de Morangueira, e no ritmo quase cardíaco, que vai crescendo aos poucos em letra e peso musical, de O tempo do maquinário não é o mesmo e Exu Elégbará. Ao vivo, o Funeral Macaco deve ser uma enorme surpresa – e vale esperar pelos próximos shows.

Nota: 10
Gravadora: Independente
Lançamento: 13 de março de 2025

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Ouvimos: Morcegula, “Caravana dos desajustados”

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Ouvimos: Morcegula, “Caravana dos desajustados”

Com formação pouco usual – um duo de guitarra e bateria, sendo que a bateria é tocada em pé e sem uso de pratos – o Morcegula, formado por Badke (Carbona) e Rebeca Li (Pulmão Negro) faz rock de garagem e punk com referências de Ramones, Blondie, B-52s, Cramps e até Rita Lee e Mutantes.

Algo que remete ao grupo paulistano pode ser encontrado nas letras de faixas como Formiga (uma espécie de apologia às formigas, e uma das melhores letras do disco) e Ratazanagem, enquanto um cruzamento com The Hives surge em Jupiter falou. Tomo 13 é punk melódico com lembranças de Strenght to endure (Ramones) e um clima próximo das músicas de Chuck Berry aparece na abertura de R de rei.

O lado Cramps do Morcegula surge não apenas em referências musicais, como também na opção por um rock “de terror” – sempre apontando para o lado das criaturas marginais, como na faixa-título, e em músicas como Noiva cadáver e Causa mortis. Basicamente rock simples e com ganchos que remetem ao punk noturno e rueiro, destinado ao último volume.

Nota: 8,5
Gravadora: Goma Base
Lançamento: 10 de abril de 2025

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