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Crítica

Ouvimos: Fat Dog, “Woof”

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Ouvimos: Fat Dog, “Woof”
  • O Fat Dog é uma banda britânica formada por Joe Love (voz, guitarra), Johnny ‘Doghead’ Hutch (bateria e percussão), Chris Hughes (teclados), Morgan Wallace (sax, teclados) e Jacqui Wheeler (baixo). Woof é seu primeiro álbum.
  • Antes mesmo de gravar seu primeiro álbum, a banda se tornou popular pela sua mistura de música eletrônica e som pesado, e pelos shows barulhentos. “Temos um apelo pequeno e de nicho. Acho que é melhor ter 300 fãs felizes do que 10.000 fãs comuns. A última vez que tocamos no Workmans (bar de Dublin, Irlanda), havia cerca de quatro pessoas na multidão, e essa era a outra banda”, diz Joe.
  • Chris, por sua vez, afirma que o ideal da banda é não parecer séria e depressiva, como vários grupos de Londres. “Algumas bandas tentam criar essa aura em torno de si mesmas, como se tivessem algo a provar. Não somos nós. É tudo ‘a vida é tão dolorosa e difícil, temos que refletir sobre isso’. Eu sou mais do ‘eu moro com meus pais, você mora com os seus pais, apenas saia e divirta-se, não é o fim do mundo para você agora’.”

O Fat Dog talvez seja dessas bandas mais explicáveis pelo que elas não são. O som está mais próximo em alguns momentos do que há alguns anos era conhecido como indie sleaze – uma mistura de disco music, música eletrônica, emo e sons pesados e dançantes de modo geral. No caso dessa banda, sons mais voltados ao punk tomam conta da linha de frente mesmo nos momentos mais eletrônicos de Woof, seu disco de estreia.

É o que rola em faixas como a épica Vigilante (que abre com um discurso falado e chega numa sonoridade pesada e marcial), o quase nu metal- quase dream pop Clowns (com vocais autotunizados, como na onda trap) e a pseudo progressiva Closer to god. Já faixas como King of the slugs e Wither vão impressionar quem já anda lá pelos 50 anos, por causa das suas proximidades com bandas como Sigue Sigue Sputnik, Laibach e até Alien Sex Fiend (no caso dessa, o som é pouca coisa menos antipop).

Woof, vale informar, deve acabar animando festas góticas por aí afora com as levanta-pistas All the same e Running, que são daquelas músicas que você ouve e já consegue sentir o clima esfumaçado e observar a escuridão. Em meio a isso, I am the king trilha o grupo num corredor musical mais climático, de bandas influenciadas por uma mescla de trilhas sonoras e metal progressivo.

A estreia do Fat Dog se parece mais com um EP bem fornido do que com um álbum muito bem conceituado. Mas justamente pela pouca duração e pelo caráter curto e direto (nove faixas, pouco mais de meia hora), chega nos ouvidos de assalto. E pelo menos parte do disco gruda neles.

Nota: 7,5
Gravadora: Domino.

Crítica

Ouvimos: Peter Doherty – “Felt better alive”

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Ouvimos: Peter Doherty - "Felt better alive"

RESENHA: Peter Doherty renasce no country rock em Felt better alive, disco de histórias rurais, faroeste psicodélico e gratidão pós-caos.

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Peter Doherty, o líder dos Libertines, é o sobrevivente mais jovem do rock. Enganou a morte por uma gota – e estamos falando de uma pessoa que costumava se divertir com ninguém menos que Amy Winehouse, e que no meio de uma rebordosa de drogas, simplesmente resolveu assaltar o apartamento de seu colega de banda Carl Barat.

Felt better alive, seu quinto disco solo, traz o som de alguém que se sente grato e feliz por ter conseguido escapar do pior – mas que se divertiu muito enquanto curtia os frutos proibidos da vida. Peter escolheu o country, estilo musical eternamente associado a contadores errantes de histórias, para balizar o disco – e o repertório associa-se também a seu atual estado de morador da área rural da Normandia, pai de três filhos (Billie Mae, a mais nova, é homenageada na doce e suingada Pot of gold, com emanações tanto de Bob Dylan quanto de Red Hot Chili Peppers), socialista, limpo e livre de vícios ilegais desde 2019.

  • Fizemos resenha do disco mais recente dos Libertines, All quiet on the eastern esplanade.

Felt better alive é um disco, na real, de country rock, com cordas que dão um ar bonito e triste a faixas como Calvados, Out of tune balloon (na cola tanto de Bob Dylan quanto de Tom Waits) e a música-título (que tem uma baita cara de música de faroeste). A nata da malandragem ganha homenagem em Poca Mahoney’s, uma curiosa mistura de canção francesa com tema punk – que vira um curioso hardcore no fim.

Por sinal, sons do país onde Doherty está atualmente morando dão as caras também em Stade océan, quase um blend de Serge Gainsbourg e os álbuns solo de John Frusciante, e o faroeste não-estadunidense de Prêtre de la mer. E até David Bowie é convocado como referência em Fingee, som estiloso, acústico, blueseiro, com cara sonhadora e levemente psicodélica. Um disco de música e histórias, onde Peter arrisca-se a se tornar um menestrel punk-country, a seu estilo.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Strap
Lançamento: 16 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: TVOD – “Party time”

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Ouvimos: TVOD - "Party time"

RESENHA: TVOD mistura punk e pós-punk em Party time, disco barulhento e introspectivo sobre solidão, abuso e amores fracassados.

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O título Party time pode parecer convite para uma festa insana, mas o terceiro disco da banda nova-iorquina TVOD (“television overdose”) vai além do porre coletivo. Punk e pós-punk de boas guitarras, com clima espacial e um synth apitando para avisar que a festa ali é para quem dança na pista, mas também viaja sozinho pelos cantos.

Os temas abordados nas letras também estão bem longe do clima “festeiro”: quase sempre, Party time fala de abusos, acidentes, amores cagados, morte, solidão – embora a faixa-título fale de uma festa bêbada e nudista que vai até altas horas. De modo geral, Party time é um disco introspectivo com coração barulhento – como se a Gang of Four encontrasse os Buzzcocks numa pista meio vazia, cheia de luzes piscando.

Uniform abre os trabalhos com um riff bêbado de sintetizador. Já Car wreck surfa em guitarras com wah-wah e clima voador, com algo de Syd Barrett. Pool house cruza The Cars e Pixies no meio do caminho entre o punk e o pop sombrio. Em Empty boy, o som cresce em camadas psicodélicas, enquanto Super spy chega a lembrar o U2 em começo de carreira – só que ganhando vocais falados na cola do Sonic Youth. A viagem continua com Mud, que parece o B-52’s em órbita. Wells fargo mistura o cima ríspido e nervoso do The Fall com viradas sessentistas, sons rangendo e clima de garagem. Alcohol desacelera num clima sombrio que remete à fase atual dos Pixies.

No mais, Take it all away traz guitarra econômica e eficaz. Bend ganha batida quase cigana no início, e conclui levando a argamassa sonora dos Pixies para o espaço. E no final, tem a faixa-título, com clima herdado de The Cars, um theremin possuído, guitarras ruidosas e vocais falados lembrando Talking Heads. Um disco coeso, sujo e sentimental.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Mothland
Lançamento: 9 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Cristian Dujmović, “Atisbo” (EP)

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Ouvimos: Cristian Dujmović, "Atisbo" (EP)

RESENHA: Cristian Dujmović mistura pós-punk, bossa e MPB setentista no inventivo EP Atisbo.

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Cantor e compositor formado entre os sons da Argentina e da Espanha, Cristian Dujmović herdou muito da magia do rock argentino na construção de melodias e arranjos, voltando-se para um som ligado ao pós-punk e para algumas doses de experimentalismo musical.

Segundo lançamento após o álbum Desde acá (resenhado aqui), o EP Atisbo abre com as inseguranças e ansiedades de Shock, repleta de riffs simples e bem bolados, de climas entre o luminoso e o sombrio, e apresentando algo de bossa nova na melodia. A mesma vibe, por sinal, surge no jogo de acordes da sinuosa Sin cuerpo.

Já a bela Animal tem algo de rock gaúcho (Nenhum de Nós, Cidadão Quem), e simultaneamente, uma musicalidade que une anos 1990 e 1980. No final, a abolerada Destello ganha uma cara musical próxima da MPB setentista (Beto Guedes, Flávio Venturini), e Quemar tem tom ambient na abertura, emendando com um pós-punk vigoroso e levado adiante por baixo e bateria bem marcados.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 8 de maio de 2025.

 

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