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Cultura Pop

Os planos infalíveis de Brian Eno em 1973

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Os planos infalíveis de Brian Eno em 1973

Sabe aquele seu amigo que de uma hora pra outra aparece cheio de planos e de novos projetos, anuncia que vai fazer e acontecer, mas na hora do vamos ver, acaba nem fazendo muita coisa? Pois pare de julgar seu amigo. Era exatamente nesse pé que se encontrava, entre 1973 e 1974, um dos maiores nomes da história da música: ninguém menos que Brian Eno.

O produtor, compositor e, a partir daquele momento, cantor saíra recentemente do Roxy Music – meio puto com o fato de Bryan Ferry bancar o senhor todo-poderoso do grupo, e com o pouco espaço criativo do qual desfrutava. Foi contratado imediatamente pela Island como artista solo, e lançou Here come the warm jets em janeiro de 1974.

Pouco antes disso, em 28 de julho de 1973, um recém-solo Brian Eno chegava às páginas do New Musical Express, em uma conversa com Nick Kent. O jornalista recordava a saída de Eno, em meio à turnê americana do Roxy e a ameaças do tipo “nunca mais subirei num palco com você” (da parte de Ferry). O que interessava era que Eno havia virado uma máquina de cuspir planos, como a criação de uma banda chamada Luana and the Lizard Girls. Ou Loane and The Little Girls. Uma espécie de grupo glam-erótico-fantasioso que “surgiu como uma jogada ousada para transformar lavanderias e casas de massagem em locais de rock ‘n’ roll”, diz Kent.

>>> Mais Brian Eno no Pop Fantasma aqui

Era um grupo que nem chegou a acontecer de verdade, masque chamou bastante a atenção de críticos como Tony Tyler, do NME, que chegou a prever o sucesso de Luana e o fim do Roxy Music (não rolou, claro). “Minha ideia principal é juntar um bando de pessoas bizarras, que provavelmente vão se odiar, dar a eles algum instrumento estranho para tocar e fazer com que as pessoas paguem para vê-los fazer papel de bobos”. O grupo teria uma baixista chamada Peggy Lee La Neir Soiree, “a correspondente feminina de Eno”. “Ela canta linhas de baixo para mim quando nos abraçamos. Ela faz ‘Dum-dum-dah dah-dum-dum’. Incrível. Ela nunca tocou baixo em sua vida, mas eu sei que ela seria incrível nisso”, tirou onda Eno.

>>> Mais Roxy Music no Pop Fantasma aqui

“Há outra garota chamada Phyllis que é incrivelmente sexy e uma ótima dançarina. Estou pensando em ter uma baterista, por acaso”, explicou Eno, dizendo que até mesmo Robert Fripp estava bastante interessado nesse conceito safadinho de glam rock.  Eno também disse que mesmo com a praga de madrinha lançada por Bryan, poderia se juntar a ele numa banda chamada Singing Brians. Disse que gravaria um disco chamado The magic Wurlitzer synthesizer of Brian Eno plays Winchester Cathedral and 14 other evergreens, e que já tinha montado havia algum tempo um projeto chamado Plastic Eno Band. “Ela existe há alguns anos. Nos últimos seis anos, acumulei mais de 14 instrumentos musicais de plástico com uma gama muito ampla de sons. Descobri que ao acelerá-los ou desacelerá-los na fita, posso imitar qualquer som elétrico”, explicou.

Bom, no tal papo com Nick Kent, Eno revelou só um plano que verdadeiramente foi pra frente. Foi o disco No pussyfooting, gravado com Fripp e lançado naquele mesmo ano – e que acabou sendo o primeiro álnum pós-Roxy Music do tecladista. De trabalhos com orquestra, teve o trabalho dele com a Portsmouth Sinfonia. O lançamento de Here come the warm jets ainda traria outros projetos que sumiriam da vida de Brian, além de outros que começariam. Mas um dia a gente fala disso.

Via More Dark Than Shark

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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