Cultura Pop
Os novos Monkees: sim, teve isso

Lá pelo fim dos anos 1980, havia dois Monkees à solta. Em 1986 a MTV tinha resolvido reexibir os episódios da antiga série da banda, e três integrantes do grupo original resolveram voltar aos palcos com uma turnê comemorativa de 20 anos, com direito à gravação do primeiro single do grupo desde 1971, That was then, this is now. Só que no fim do ano, a LBS Communications, em colaboração com a Coca-Cola Telecommunications (empresa de vida curta mantida pela Coca) e a Straybert Productions (empresa liderada por Steve Blauner, por acaso um ex-parceiro dos produtores originais dos Monkees, Robert Rafelson e Bert Schneider), decidiu sair à cata de jovens aspirantes a superstar. E montou os… New Monkees.
A elaboração da série, dizem reportagens publicadas na época, passou por várias etapas, e a escolha dos garotos incluía mais testes de aptidão musical do que na série original – o que, claro, não era garantia de nenhum sucesso. Àquela altura, fim de 1986, a série estava programada para ir ao ar em setembro do ano seguinte, tinha um álbum na jogada (a ser gravado pela Warner) e os Monkees originais, que não haviam participado de nada daquilo, aparentemente não estavam curtindo a ideia.
“O sonho de um Novo Monkee, no entanto, pode ser o pesadelo de um velho Monkee. Os membros originais da banda, Micky Dolenz, Davy Jones e Peter Tork – que se reuniram para uma turnê de reencontro bem recebida – estão descontentes por terem que competir com os novatos. Seu empresário, David Fishof, e a Columbia, que reivindica os direitos sobre o nome dos Monkees, estão tentando chegar a um acordo no qual os dois grupos possam coexistir pacificamente”, afirmou a People. Os Monkees novos e os originais acabaram entrando num acordo. Vale citar que durante um tempo rolou a lorota de que os novos deveriam ser filhos (!) dos antigos. Não foi para a frente.
“Rolaram mesmo testes para novo Monkee? Tanta gente assim se interessou?”, você pode perguntar. Mas e como. Olha aí uma reportagem sobre os testes.
Bom, mesmo com a ciumeira (justificada, claro) dos Monkees originais, essa série existiu mesmo, o disco saiu e os tais New Monkees tinham na formação Jared Chandler (guitarra e vocal), Dino Kovas (bateria e vocal), Marty Ross (baixo e vocal) e Larry Saltis (guitarra e vocal).
O mais experiente da turma era Ross, que fizera serviços de vocalista de estúdio e havia chegado a ser aposta de gravadora – sua banda The Wigs, que fazia um power pop meio monkee, tinha gravado um disco independente em 1981 e chegou a assinar com a CBS por uns tempos. O disco dos Novos Monkees era era synthpopeira hard aí.
A série The New Monkees era bem diferente da original. Aparentemente nos anos 1980 ninguém queria mais saber dos dilemas de quatro jovens modernos que estavam tentando se dar bem na vida como artistas. Os novos rapazes da banda levavam uma vida mais ou menos babada numa mansão com vários quartos e pareciam ser bem mais ricos que os garotos da série sessentista.
Se você tem muita curiosidade de ver isso, todos os treze episódios da série foram comprimidos em dois vídeos de duas horas cada no YouTube. O Yahoo publicou uma história oral da parada há uns tempos e definiu tudo como “uma sitcom agressivamente detestável dos anos 1980, com os New Monkees presos dentro de um neon espalhafatoso, mansão de desenho animado tipo Pee-wee’s Playhouse com um mordomo excêntrico, um computador falante de Jogos de guerra / Sonhos elétricos chamado Helen e um garçonete alegre que trabalhava na lanchonete do térreo da mansão”. Detalhe: Micky Dolenz, um dos Monkees originais, chegou a ser convidado para dirigir o piloto. A resposta dele? “Vão se foder!”
No que dependesse do sucesso da nova empreitada, os Monkees originais, seus empresários e todos os envolvidos com a série original, poderiam respirar aliviados: The New Monkees não deu certo, durou só uma temporada e nem mesmo o disco com a nova rapaziada ajudou a puxar novos fãs. Por outro lado, os integrantes continuaram em contato e chegaram a rolar reuniões da turma, lá por 2007, para comemorar 20 anos da série.
Ah, sim, a tal parceria com a Coca-Cola gerou esse promo da série, com um “enjoy Coke” no final.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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