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Televisão

Night Walk: na madrugada, gente andando pela rua na TV

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Você ficaria acordado a madrugada inteira para ver na TV um programa que mostrava um ser humano supostamente passeando pelas ruas? Pode acreditar: no Canadá, entre os anos 1980 e 1990, muita gente ficava. Ou pelo menos deixava a TV ligada na madrugada para fazer um efeito abajur e pegar no sono.

O programa em questão era o Night walk, exibido pela emissora Global, em Ontario, de 1986 a 1993. E que depois ganhou a companhia de outros dois programas parecidos, Night ride e Night moves. Todos os programas mostravam, dependendo do nome, a visão de uma pessoa andando pelas ruas de Ontario durante a madrugada. Como a ideia era ficar repetindo tudo, só dois Night walk chegaram a ficar prontos, e eram repetidos a todo momento.

A novidade é que alguém gravou boa parte desse material da TV na época e jogou tudo no YouTube.

Por incrível que pareça, o Night walk não foi uma ideia tida ao acaso. O produtor do programa, Michael Spivak, achava um absurdo que a emissora ficasse apenas apresentando o padrão de teste durante a madrugada, e teve a ideia de criar um programa que levasse ao ar apenas imagens e música – sim, havia uma trilha sonora.

Spivak era músico além de produtor. Criou uma trilha sonora de jazz, juntou uma galera de músicos, e montou o programa exclusivamente como uma oportunidade de ouro para ganhar uma grana com a execução de músicas sem ter que gastar muito com custos de produção. Deu certo durante um tempo: a Sociedade de Compositores, Autores e Editores de Música do Canadá percebeu a malandragem e cortou parte dos lucros.

O tal programa da Global, vale citar, se inscrevia perfeitamente numa espécie de gênero maluco de televisão chamado slow TV. Era quase um tetravô dos programas de televisão em clima de ASMR de hoje em dia, com direito a imagens paradas, ou que se moviam beeeem lentamente, e praticamente sem cortes. Em 1966, por exemplo, a estação de TV novaiorquina WPIX mostrou lenha queimando durante várias horas, com música de Natal no fundo. Mas o Night walk é considerado um aperfeiçoamento da TV vagarosa.

Ah sim: no Brasil o mesmo conceito (e a mesma malandragem, vamos dizer assim) foi adaptado por (adivinha quem?) Silvio Santos nos anos 1980, nas comemorações de Natal do SBT, em que um Papai Noel ficava balançando numa cadeira. Enquanto isso acontecia, várias mensagens do elenco do SBT (“Sonia Lima deseja um feliz Natal”, “Sergio Mallandro deseja boas festas”) ficavam rodando num letreiro, na parte de baixo da tela. Um doce para quem conseguir achar essa maluquice no YouTube.

Cultura Pop

USA For Africa: descubra agora!

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E Prince ficou de fora de We Are The World

Nunca foi feitiçaria. Muito menos tecnologia. A união de mais de 40 vozes num supergrupo (o USA For Africa) para gravar o single We are the world, em 28 de janeiro de 1985, aconteceu graças à trabalheira de Lionel Richie e Michael Jackson (autores da faixa), do empresário Ken Kragen e do produtor Quincy Jones, além do conciliador Stevie Wonder. Também aconteceu por causa da existência de um evento, a cerimônia do American Music Awards, que aconteceria na mesma noite, e reuniria boa parte dos maiores nomes que foram convidados a participar da gravação. Isso já facilitaria um pouco a trabalheira, já que tanto a festa quanto a sessão de estúdio aconteceriam em Los Angeles.

O documentário A noite que mudou o pop, de Bao Nguyen, que acaba de chegar na Netflix, traz em detalhes o antes e o durante (e um pouco do depois) da gravação que deu todos os parâmetros, de verdade, para todo e qualquer projeto-multidão no mundo pop. E que, criado para arrecadar fundos para reduzir a fome na Etiópia, também deu a letra para vários outros singles e discos beneficentes.

Nem com toda boa vontade do mundo seria um projeto fácil: não houve ensaio, os arranjos vocais foram feitos praticamente na hora, a gravação durou uma madrugada inteira. O clima no estúdio ia da euforia à depressão em poucos minutos. A lista de participantes era inacreditável: Diana Ross, Paul Simon, Bruce Springsteen, Bob Dylan, Cyndi Lauper, Al Jarreau, Huey Lewis & The News, e vários que passaram despercebidos (no coral, havia de Lindsey Buckingham a Sheila E).

Alguns artistas (como Dylan, cuja desorientação no estúdio virou até meme) não estavam nem um pouco acostumados a cantar em coral, ou a adaptar seus vocais. Muitos convidados não faziam ideia da importância do projeto, nem tinham ideia de porque estavam ali – alguns provavelmente nem ligavam a mínima. No fim deu certo, e antes que você veja o filme, seguem aí oito itens sobre o que havia por trás de We are the world.

(se você odeia spoilers, não leia o texto abaixo – não tive a menor preocupação em evitar isso)

PAI É QUEM CRIA. A ideia do USA For Africa surgiu pouco depois do irlandês Bob Geldof se sensibilizar com a fome na Etiópia ao ver uma reportagem na BBC – e juntar vários roqueiros britânicos para gravar um single, Do they know it’s Christmas?, sob o nome Band Aid. O “pai” de verdade do projeto, no entanto foi o cantor Harry Belafonte, que reclamou com Quincy que deveria haver um projeto de artistas negros em prol da Etiópia. De qualquer jeito, Geldof, que havia acabado de visitar o país africano e estava inteirado da situação por lá, foi convidado para fazer um discurso na abertura dos trabalhos e puxar os mais desconectados para a realidade. Depois, você deve saber, ele seria a cabeça por trás da “próxima fase” do projeto, o Live Aid.

DIFÍCIL. Prince, indicado para dez categorias no American Music Awards naquela noite, e surfando uma onda de popularidade que, naquele momento, era maior até que a de Michael Jackson, recusou o convite para ir à gravação. Existe a hipótese de que ele não teria ido por haver uma rivalidade com Michael, ou por causa de uma desavença com Bob Geldof. Num papo no Jimmy Kimmel Live, há alguns anos, Lionel Richie contou que Prince não queria gravar ao lado de outros artistas, mas se ofereceu para fazer um solo de guitarra na faixa. A oferta foi recusada.

“Ele pediu: ‘Eu posso ter uma sala separada para gravar?’. E você conhece o Prince, né? Mas respondi que não, e ainda cometi o pior erro. Disse a ele: ‘Vou colocar você ao lado do Michael (Jackson)”, contou o cantor. Havia um microfone esperando por Prince no A&M Studios (onde rolou a gravação de We are the world) até perceberem que ele não iria mesmo. Seu lugar como solista acabou sendo ocupado por um amedrontadíssimo Huey Lewis.

QUEM É ESSA GAROTA? Madonna já estava fazendo muito sucesso na época da gravação de We are the world – o segundo álbum, Like a virgin, estava nas lojas desde novembro de 1984. E tinha feito uma apresentação no mesmo American Music Awards que serviu de esquenta para a sessão do single. Só que, para o espanto de muita gente, não foi convidada para participar da gravação.

O filme dá uma boa ignorada na situação – a culpa acaba recaindo sobre o chefão Ken Kragen, que não queria a material girl no estúdio. Mas Nile Rodgers, co-produtor de Like a virgin, recorda em sua autobiografia Le freak que a história rendeu: Madonna ficou muito ofendida com o desconvite. E diz que provavelmente o nome da cantora foi deixado de lado por causa de umas fotos antigas suas, de nu frontal, que a Playboy havia publicado. “Todo mundo na indústria estava falando sobre o assunto. Talvez os organizadores temessem que isso gerasse publicidade ruim”, contou.

TÃO INCOMUM. Uma história que já foi contada há algum tempo – e que está no filme – é a de que Cindy Lauper teve que se livrar rapidamente de suas bijuterias durante a gravação, porque elas causavam ruídos no microfone. A cantora relatou em sua autobiografia A memoir que o clima no preparo do single estava longe de ser uma maravilha, e que não curtiu alguma atitudes que viu sendo tomadas pelos artistas. “Quincy Jones falou para todo mundo deixar seus egos lá fora, mas eles não fizeram isso”, escreveu.

Cindy também não gostou de ver supercantoras como Bette Midler, Aretha Franklin e Kim Carnes relegadíssimas a um papel secundário (ou terciário) no clipe. Pior ainda: Cindy não gostou da canção e teria afirmado isso a Quincy Jones, que anos depois reclamou que ela foi um pé no saco durante as sessões. A cantora de Time after time diz que não falou nada ao produtor sobre não ter gostado da música. “Eu disse pro meu empresário, que deve ter contado para ele”, conta.

UMA TENTATIVA E UMA QUASE DESISTÊNCIA. Durante a gravação, rolaram sinais sérios de baixa na turma, em meio a discussões, sono e desentendimentos. O countryman Waylon Jennings se irritou com a proposta de Stevie Wonder de incluir vocais no idioma africano swahili (“o homem do campo não entende isso”, vociferou) e quase ralou peito do estúdio. Já o ator Eddie Murphy, que estava na época tentando carreira na música, recusou o convite porque estava ocupado com a gravação de sua própria estreia como cantor, o hoje esquecido álbum How could it be (1985) – e se arrependeria amargamente depois.

TEVE BRASILEIRO NA PARADA. Nome presente na ficha técnica de dez entre dez discos pop dos anos 1980 (um deles foi Thriller, de Michael Jackson), o percussionista carioca Paulinho da Costa participou da gravação da faixa. Como a parte instrumental foi gravada com antecedência no estúdio de Kenny Rogers, o Lion Share, os músicos acompanhantes não têm seu trabalho mostrado no documentário.

Era uma turma boa: além de Paulinho, estiveram por lá o trilheiro Michael Boddicker, o rei do teclado Greg Phillinganes e dois integrantes do Toto (os tecladistas David Paich e Steve Porcaro) entre outros. Em 2015, num papo com o jornal O Globo, Paulinho lembrou ter sido chamado pelo próprio Lionel Richie para tocar na faixa. “Toquei algumas madeiras, fazendo som de palmas, e um pandeiro de rock. Foi tudo bem rápido”, contou.

INDIGNADOS. Na época chegou aos ouvidos de Quincy Jones que os participantes roqueiros do USA For Africa não haviam gostado da música. Jones procurou um por um, perguntou a eles e todos negaram, mas acusa o golpe. “Não foram os roqueiros. Foi Cyndi Lauper. Ele pediu pro empresário dela me dizer que o roqueiros não tinham gostado da música”, contou. De qualquer jeito, rolou uma onda de indignação quando a música saiu. Houve quem reclamasse que a letra não era totalmente sincera, ou não dava a medida do quanto a Etiópia vinha sofrendo na época.

Muita gente reclamou do “poderio americano” evidente no nome USA For Africa, como se o país liderado por Ronald Reagan não tivesse culpa no cartório – para todos os efeitos, na concepção de Belafonte, a sigla significava na verdade United Support of Artists for Africa (“apoio unido de artistas para a África”), o que na prática nem muda tanto as coisas assim… O crítico Greil Marcus, por sua vez, desconfiou do verso “estamos fazendo uma escolha”, que aparece no refrão. Lembrando que Michael Jackson era garoto-propaganda da Pepsi, achou tudo muito parecido com o slogan da empresa, “a escolha de uma nova geração” e acusou todos os artistas de estarem cantando um jingle disfarçado de música beneficente.

UM LP INTEIRO. Além do single We are the world, lançado em 7 de março de 1985, houve também o álbum, que saiu em 23 de abril. O LP do USA For Africa passa bem longe de ser um souvenir boboca: traz mais nove faixas inéditas além do compacto, e reúne curiosidades. Prince não quis socializar, mas cedeu uma inédita, 4 the tears in your eyes. O Chicago aproveitou o disco para lançar sua última faixa com os vocais de Peter Cetera (Good for nothing). Destaque para Bruce Springsteen fazendo cover de ninguém menos que Jimmy Cliff (Trapped, gravada ao vivo).

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Cultura Pop

Miles Davis, Frank Zappa e Leonard Cohen em “Miami vice”

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Miles Davis, Frank Zappa e Leonard Cohen em "Miami vice"

Sucesso no Brasil ao ser exibida pelo SBT e pela Globo, a série Miami vice mostrava o dia a dia de dois policiais combatendo os cartéis do crime em Miami. Aquele tipo de atração televisiva que sempre vai dar certo e encontrar fãs. Isso porque, seja você a favor de qualquer tipo de guerra contra as drogas ou não, quase ninguém resiste a dar uma olhada nesse tipo de programa.

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O elenco normal de Miami Vice já tinha nomes ligados à música ou à cultura pop mais ampla, como o protagonista Don Johnson (o policial e veterano do Vietnã James ‘Sonny’ Crockett), a rainha do cinema black Pam Grier (interpretou a detetive Valerie Gordon) e a cantora Sheena Easton (que fez a esposa de Don, Caitlin Davies-Crockett, assassinada na quarta temporada da série). Mas uma olhada rápida na lista de convidados da série assusta bastante: Phil Collins, Kiss, David Johansen (New York Dolls) e Ted Nugent estiveram em alguns episódios do programa.

Uma das aparições mais memoráveis foi a de ninguém menos que Miles Davis. Em alta em 1985 por causa do LP jazz-pop You’re under arrest (que trazia até releituras de Time after time, de Cindy Lauper, e Human nature, de Michael Jackson), ele surgiu no episódio Junk love, de 8 de novembro, interpretando um cafetão chamado Ivory Jones, conhecido por tocar um negócio bem louco (um hotel repleto de prostitutas viciadas em drogas) e colaborar com a polícia quando dá vontade. O papel de Miles foi pequeno e, digamos, bem marcante.

Em 14 de março de 1986, era a vez de ninguém menos que Frank Zappa aparecer por lá para interpretar um traficante chamado Mario Fuentes – aconteceu no episódio Payback, com direito a Frank de cabelos tosados (foi seu visual em boa parte dos anos 1980), envergando um terno num barco em alto-mar e encarando a câmera enquanto recebe James ‘Sonny’ Crockett e Ricardo Tubbs (Phillip Michael Thomas, o outro policial principal da série).

E olha aí ninguém menos que Leonard Cohen dando o ar de sua graça no episódio French twist, levado ao ar em 16 de fevereiro de 1986. O autor de Hallelujah interpreta um homem do serviço secreto francês, François Zolan, que ordena maldades por telefone – ele aparece o tempo todo usando o aparelho e adquire um ar bem mais malvado do que em sua carreira musical, claro. Leonard disse certa vez que topou participar porque seus filhos eram fãs da série, e que descobriu depois que boa parte das cenas que fez, foram cortadas e reescritas para outros atores.

Aproveite e pegue aí nada menos que VINTE popstars que apareceram na série.

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Lançamentos

Nação Zumbi lança nova versão de “Da lama ao caos” para a trilha da série “Cangaço novo”

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A Nação Zumbi disponibiliza uma nova versão do seu hit Da lama ao caos, gravado e composto ainda sob a liderança de Chico Science. A nova gravação foi produzida exclusivamente para Cangaço novo, nova série original Amazon, que ganhou trilha sonora composta por artistas da cena musical contemporânea assinada por Beto Villares, Érico Theobaldo & Submarino Fantástico (coletivo formado pelos músicos Otavio Carvalho, Kezo Nogueira, Ingo André e Cauê Gas), com participação de Siba e Allen Alencar. Todas as 16 faixas são originais da série e foram compostas, ou tem novas versões gravadas exclusivamente para Cangaço Novo.

A música sai através do Manguefonia, um dos projetos da Nação Zumbi que celebram o movimento Manguebeat. Participaram da gravação realizada este ano no Fábrica Estúdios, em Recife/PE, Jorge Du Peixe (vocal), Dengue (baixo), Toca Ogan (percussão), Marcos Matias e Da Lua (alfaias), Vicente Machado (bateria) e Neilton Carvalho (guitarra).

O projeto Manguefonia conta com vários expoentes da cena Mangue, como Siba Veloso (Mestre Ambrósio), Fred 04 (Mundo Livre), Cannibal (Devotos do Ódio) e Fábio Trummer (Eddie), além de Louise (filha de Chico Science), e tem a finalidade de executar os clássicos que marcaram a história de seus grupos e apresentar novas canções de seus últimos trabalhos.

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