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Evening Of Light: Nico e Iggy Pop num clipe de terror gótico

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O relacionamento de Nico com ninguém menos que Iggy Pop andava tão forte lá por 1969 – ano em que Iggy lançava com os Stooges o primeiro disco da banda, The Stooges – que ela exigiu, para seu único clipe do disco The marble index (1968), que o promo fosse filmado na terra de Iggy (Ann Arbor, Michigan). E que ele e os Stooges aparecessem no filme. Se você nunca viu, pega aí Evening of light, pecinha de terror musical dirigida pelo colecionador de arte François de Menil para a música.

A ideia original de De Menil era fazer um curta com Nico, que acabou se tornando esse clipe, feito em 16 mm. As filmagens ocorreram no famoso milharal nos fundos da Fun House, quartel general do grupo. A Elektra, gravadora tanto de Nico quanto dos Stooges, achou o clipe uma ideia de jerico, não o financiou e rejeitou todas as ideias que Menil teve para essa turma.

Evening Of Light: Nico e Iggy Pop num clipe de terror

O clipe termina até com uma propagandinha do disco da Nico

Evening of light deu tão certo quanto a pegação de Nico com Iggy – esta durou duas semanas, embora tenha deixado marcas suficientes no cantor dos Stooges e em seus colegas. Nico cozinhava (mal) para os rapazes, deixou Iggy interessado em vinhos e história mundial, e impressionou todo mundo da banda por saber falar vários idiomas e já ter viajado para montes de lugares. Na época, a Elektra já tinha chamado John Cale (ex-Velvet) para produzir os Stooges e a gravadora apostava bastante no grupo.

Via Reprobate Magazine

Notícias

Urgente!: E a volta do Sugar, hein?

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Na foto, o Sugar

Os anos 1990 foram uma época de redescoberta para Bob Mould. O ex-vocalista do Hüsker Dü já vinha tendo o som de sua ex-banda redescoberto por causa de grupos como Pixies e Nirvana – até que em 1992, após dois discos solo, decidiu apostar na criação de uma banda nova. O Sugar – que, você deve ter visto, voltou com uma música nova, House of dead memories, após 30 anos de separação – foi criado ao lado de dois músicos que ele inicialmente havia convidado para trabalhar em futuros projetos solo: David Barbe (baixo, ex-Mercyland) e Malcolm Travis (bateria, ex-Human Sexual Response).

Na época, os ensaios deram liga, o Sugar começou a fazer shows e logo gravou o primeiro álbum, Copper blue (1992) – aquele mesmo, de hits como Helpless e If I can’t change your mind. Sempre tinha havido bastante interesse pelos passos de Bob, que é o herói de muitos músicos norte-americanos e britânicos, mas agora o Sugar estava na MTV, no New Musical Express (que considerou Copper blue o álbum do ano) e os fãs de vários grupos novos podiam comprovar na prática as referências que, por exemplo, os Pixies tinham do som de Mould (muito embora ele próprio tenha citado inconscientemente um padrão tipicamente pixie de composição em A good idea).

Mesmo com o sucesso, foi uma época complicada para Bob. Em 1993, o músico foi processado por seus ex-colegas de Hüsker Dü, Grant Hart e Greg Norton, que se sentiam passados para trás nos royalties do grupo – foi por causa disso que, no ano seguinte, saiu o disco ao vivo The living end, que traz inclusive Doug Myren, então o advogado de Hart, como “coordenador de projeto” na ficha técnica.

Antes disso, Hart, com quem Mould tinha uma relação difícil, já havia tentado diversas vezes se reaproximar dele, ou até mesmo de sua banda nova. Segundo Mould, Hart, que já havia dado uma de mosca de padaria com um ex-namorado seu, estava fazendo o mesmo com o baixista do Sugar, David Barbe (“não tenho nenhum problema com isso, mas disse ‘não’ pra ele, e ele não parava!”, disse Barbe a Mould, puto da vida).

No geral, o Sugar acabou encerrando atividades justamente por causa desse período complicado. A banda gravou ainda um EP (o ótimo Beaster) e um álbum (o bacaninha File under: Easy listening, de 1994), mas Mould frustrava-se com as expectativas altas das gravadoras envolvidas – Rykodisc nos EUA, Creation na Inglaterra. File under, o tal segundo álbum, só saiu depois de algumas tentativas em que a banda não engrenava e não conseguia gravar nada.

O Sugar retorna hoje com o mesmo trio, e em clima de quentinho no coração tanto para os músicos quanto para os fãs. A nova música é o punk rock House of dead memories, uma canção de desamor tão fria quanto Love will tear us apart, do Joy Division, um tema típico de Mould como compositor – e ela veio acompanhado de um clipe com várias imagens de shows antigos do grupo. Mais: a banda já tem shows marcados para maio em Nova York (dois, no Webster Hall) e Londres (mais dois, no 02 Arena). Sei lá se ainda há ingressos, mas começaram a ser vendidos hoje.

E se você não viu, tá aí House of dead memories.

***
Vale encerrar esse texto com uma agenda muito especial para o fim de semana: no sábado (18) vai rolar na Casa de Cultura Marielle Franco (Rua Dona Amália Sestini, 85, Franco da Rocha, São Paulo), em SP, o festival Queers & Queens, dedicado a visibilizar estilos e artistas que costumam ser marginalizados, inclusive dentro do próprio universo LGBTQIAPN+ (dica: existe um documentário sobre o festival – assista para saber mais).

O evento rola desde 2012, já deu espaço a nomes como nomes como Linn da Quebrada, Jup do Bairro, Dominatrix, Mercenárias e Adriano Cintra. Dessa vez, a atração principal e o Dance Of Days, histórica banda punk liderada pela artista trans Nene Altro, mas também rolam o queercore do Disforia, o metal do Neural Wreck (com Renata Petrelli), o power trio punk Submersa e outras atrações. O Queers & Queens começa às 14h e a entrada é gratuita.

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Lançamentos

Radar: Ain’t, Phantom Wave, Haim, Magdalena Bay, Sonora

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O Ain’t acaba de unir noise rock e climas herdados tanto do rock novaiorquino quanto do Midwest emo em seu novo single, Long short round. São seis minutos de vocais entre o blasé e o dramático, guitarras ruidosas, desacelerações rítmicas

Atrasamos um pouco com o Radar internacional de hoje, mas chegou a tempo de avisar que o Magdalena Bay não para e já lançou outro single duplo. Que o Ain’t acaba de lançar um single de seis minutos de ruído. Que saiu versão deluxe de I quit, do Haim. E também apresentamos o som do Phantom Wave e do Sonora. Ouça e passe adiante!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Ain’t): Marieke Macklon/Divulgação

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AIN’T, “LONG SHORT ROUND”. Banda indie vinda do Sul de Londres, o Ain’t acaba de unir noise rock e climas herdados tanto do rock novaiorquino quanto do Midwest emo em seu novo single, Long short round. São seis minutos de vocais entre o blasé e o dramático, guitarras ruidosas, desacelerações rítmicas, e de uma letra sobre “fazer pequenos rituais que parecem fazer algo bom, mas são completamente inúteis quando se trata de conseguir o que você espera. Apertar um hematoma, por exemplo, é uma sensação maravilhosa, mas não acelera a recuperação”, como diz a banda. Ali Chant (Dry Cleaning, Yard Act, Sorry) cuidou da produção e da engenharia de som. Tem clipe – veja abaixo.

PHANTOM WAVE, “ECHOES UNKNOWN”. Banda guitar rock do Brooklyn, Nova York, o Phantom Wave acaba de lançar seu terceiro álbum pelo selo Shore Dive, Echoes unknown. O som deles é bastante demarcado por referências britânicas dos anos 1980 e 1990, incluindo vocais mais melódicos e em tom mais alto, sobressaindo no meio das guitarras – o que torna o som deles bem mais próximo do pré-britpop e da música de Manchester e arredores. É uma banda que “vive na diferença entre impulso propulsivo e fluidez radiante”, como eles próprios afirmam.

HAIM, “TIE YOU DOWN” / “THE STORY OF US” / “EVEN THE BAD TIMES”. E aí, já viu que as Haim lançaram uma versão deluxe do seu aguardadíssimo álbum I quit (resenhado pela gente aqui)? Saiu hoje, com mais três faixas. Uma delas, Tie you down, uma balada soft-rock anos 80 gravada ao lado de Bon Iver, já estava rolando há alguns dias. Dessa vez saem The story of us (nada a ver com a música de Taylor Swift) e Even the bad times. A primeira tem um ar inegavelmente Strokes, a segunda é indie rock gostosinho ultratexturizado.

MAGDALENA BAY, “HUMAN HAPPENS” / “PAINT ME A PICTURE”. Lançando uma série de singles novos enquanto o disco novo não chega, essa banda de artpop volta com o duplão Human happens / Paint me a picture, duas músicas de beleza ímpar, e clima celestial. “Aqui está mais uma dupla de músicas que se complementam — diferente da anterior, diferente da próxima”, contam os dois, dando a entender que vem mais por aí. Imaginal disk, o álbum mais recente deles, foi resenhado pela gente aqui.

SONORA feat OM, “SOL OSCURO”. Sonora é um projeto musical experimental, eletrônico e provocador vindo do Brooklyn (Nova York), cujas bases ideológicas merecem toda a sua atenção: “Meu trabalho parte de uma visão enraizada na libertação queer, no pensamento anticolonial e na justiça climática”, afirma. Sol oscuro, single novo, trabalha com o passado e o futuro do projeto, que já usou o nome artístico de OM, e é a anunciação sonora de um a partir do eco deixado pelo outro.

A nova faixa dura sete minutos e inicia com uma concepção sonora meditativa, para em seguida ganhar teclados hi-NRG e clima de pista. “A música é o ponto onde a semente do começo cede e inicia seu caminho para a forma, onde o estranho se reconhece ao sentir a pele passada como outra”, filosofa.

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Crítica

Ouvimos: Jup do Bairro – “Juízo final”

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Jup do Bairro estreia com Juízo final, disco apocalíptico que mistura rap, funk e rock para falar de fé, dor, amor e sobrevivência urbana.

RESENHA: Jup do Bairro estreia com Juízo final, disco apocalíptico que mistura rap, funk e rock para falar de fé, dor, amor e sobrevivência urbana.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Meia-Noite FM
Lançamento: 17 de outubro de 2025

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Álbum de estreia de Jup do Bairro – após EPs, faixas soltas e feats – Juízo final mete medo. O disco é tão apocalíptico quanto seu título, voando em meio a uma roda viva de meio ambiente, drogas, preconceito, baixa auto-estima, luta diária pelo pão, poucas oportunidades, lições duras da vida, necessidade de amor e sexo aqui, agora, já. Uma nuvem de tags que circula pelas letras do disco e, somada com a musicalidade de Juízo final, ajuda a criar um ambiente quase cyberpunk, em que vulnerabilidades e limites são descobertos e testados em meio à dureza da cidade grande.

Logo na abertura do disco, Jup pega em fios de altíssima tensão falando sobre deus, genocídios divinos, religiões como controle de massa e pilhas erradas propagadas pela própria Bíblia Sagrada – é o que rola em Intro, que mais do que apenas uma introdução, é uma declaração de guerra. O funk confessional E se não fosse o sonho fala das coisas imateriais que realmente sustentaram seu trabalho nos últimos anos. Brilhos falsos e verdadeiros surgem em Brilho no breu, rap com vocal grave, vibe quase ambient na abertura, e ritmo entre raggamuffin e reggae. tem ares de pagode sombrio, e é seguido pelo quase electroclash de Dói demais, além da dureza sonora e existencial de Vaso ruim, uma crônica escrita por alguém que precisou aprender na marra a lidar com as próprias vulnerabilidades.

  • Ouvimos: Cida Moreira e Rodrigo Vellozo – Com o coração na boca

Entre luzes e sombras sonoras, Juízo final tem rock sombrio (Medo, narrada por Jup de forma grave e esperançosa: “eu quero acreditar na felicidade, acreditar que podemos vencer, mesmo com toda contradição e medo”), rock explosivo (o punk-metal Rockstar, com o Black Pantera), som paraense (Tremedeira), dance-punk (God is my DJ) e tamborzão – em Te amar (Ama, ama). Os batidões reaparecem em A última vez que você f* comigo (com Negro Léo dividindo os vocais com ela) e na provocação de Escolha uma vida, que narra um reencontro cheio de lembranças de sonhos feitos e desfeitos.

Juízo final une rap, rock, spoken word e emoções pra lá de fortes em A gente vive menos que uma sacola plástica, peça vanguardista e sombria que chega a lembrar um Queen demoníaco – e que avisa que “a Inteligência Artificial está bebendo muito mais água que nós”. Um clima mais tenso e denso rola em Fim, aberta com teclados cintilantes e seguida com voz alta, distorções e pressão na música e na letra, que fala em “coragem no passo à frente”. Som para assustar, e acordar.

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