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Crítica

Ouvimos: Motorhead – “The Manticore tapes”

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Gravação de 1976 do Motörhead mostra Lemmy, Clarke e Taylor juntos pela 1ª vez. Cru e reverberado, The Manticore tapes foi feito no começo da formação clássica do grupo.

RESENHA: Gravação de 1976 do Motörhead mostra Lemmy, Clarke e Taylor juntos pela 1ª vez. Cru e reverberado, The Manticore tapes foi feito no começo da formação clássica do grupo.

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O valor histórico desse lançamento é grande. A gravação contida em The Manticore tapes, feita em 1976, marca a consolidação da formação clássica do Motörhead – Lemmy Kilmister (baixo, vocal), “Fast” Eddie Clarke (guitarra) e Phil “Philthy Animal” Taylor (bateria). Na época, o Motörhead era um grupo inédito: tinha gravado um disco com outra formação, On parole, mas o álbum ficou engavetado e só sairia em 1979.

A necessidade de ensaiar a nova formação – e acostumar todo mundo com o repertório o mais rápido possível – levou o trio ao estúdio britânico Manticore, que pertencia ao grupo progressivo Emerson, Lake & Palmer. Ao que consta, foi a primeira vez que Lemmy, Clarke e Taylor gravaram juntos, e o repertório engavetado de On parole (e que surgiria tinindo em Motörhead, primeiro verdadeiro disco do grupo, de 1977) aparece em The Manticore tapes em versões demo, bastante ágeis e – ponto negativo – cheias de reverb.

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  • Ouvimos: Motörhead – Snake bite love (relançamento)
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Vibrator e Leavin’ here – esta, um clássico da Motown gravado por gente como The Who e Isley Brothers – surgem ágeis e rascunhadas. A misteriosa The watcher é rock pauleira com estrutura punk, o mais próximo que alguém chegou de amalgamar Sex Pistols e Deep Purple. Motörhead, hino do grupo (e originalmente uma canção do repertório do Hawkwind, ex-banda de Lemmy), soa distante na reverberação.

Uma curiosidade é Help keep us on the road, versão inicial de Keep us on the road. Um vapor pós-punk chega perto do Motörhead nessa faixa, em que Lemmy sola no baixo e chama mais atenção do que a guitarra. É algo que só o New Order faria e que nem o The Who havia conseguido fazer com My generation: lembrar que o baixo (bass guitar) é uma guitarra.

The Manticore Tapes encerra com versões alternativas e mais comprimidas de Leavin’ here, Vibrator e The watcher. Antes, surgem Witch doctor (de John Mayall) e Iron horse/Born to lose, em versões creditadas como “instrumentais” – na verdade, a voz de Lemmy aparece, mas sem microfonação alguma, como numa jam informal. Um registro cru e cheio de falhas, mas essencial para entender o nascimento de uma das formações mais lendárias do rock pesado.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Sanctuary / BMG
Lançamento: 27 de junho de 2025.

Crítica

Ouvimos: The Stargazer Lilies – “Love pedals”

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Shoegaze lisérgico e groovy: em Love pedals, o The Stargazer Lilies entrega guitarras densas, psicodelia e experimentos brilhantes.

RESENHA: Shoegaze lisérgico e groovy: em Love pedals, o The Stargazer Lilies entrega guitarras densas, psicodelia e experimentos brilhantes.

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Provavelmente nenhum site vai escolher Love pedals, sexto disco da banda novaiorquina The Stargazer Lilies, como disco do ano. Azar de quem não ouvir e de quem não reconhecer neles uma banda mais do que excepcional. Criada pelo casal John Cep e Kim Field, essa banda – que surgiu de um quinteto de dream pop chamado Soundpool – faz um som que parece vir de dentro do/da ouvinte, tamanha a intensidade das guitarras e dos baixos. Tudo gravado como paredões de som e, mais do que isso, como vendavais sonoros que carregam os sentidos de quem ouve o disco para todos os lados.

The Stargazer Lilies costuma ser definido como shoegaze, por aí. Não exatamente: trata-se de uma banda que faz psicodelia e som groovy na base das guitarras altas e distorcidas. Em Love pedals, eles unem peso, lisergia e distorções na guitarra e no baixo em Ambient light, quase um nevoeiro sonoro. A faixa-título é soul + psicodelia + shoegaze, num efeito fantástico. Parece realmente um hit de rádio AM jogado num triturador junto com guitarras, pedais de distorção e pastilhas de LSD.

  • Ouvimos: Pobre Orfeu – Galeria das recordações
  • Ouvimos: Humour – Learning greek

O grupo vai dosando sabedoria musical e experimentações em faixas como Perfect world, um tema de girl group, com violão, eco, distorções e obnubilações. By your side é uma balada com um paredão de ruídos que afina e desafina à medida que a música segue – chega a parecer uma transmissão sonora. Shining yellow é uma balada que até poderia ser uma canção do Swing Out Sister – mas é uma porradaria psicodélica e dissonante, aquele tipo de beleza no qual se vê algo estranho e talvez, tenebroso. Heaven knows poderia ter saído nos anos 1970 caso não fosse uma barulheira groovy.

O Stargazer Lilies deixou os momentos mais declaradamente rocker do disco para o final. Trans med é blues psicodélico, o som mais eminentemente sixties do álbum. Hold tight soa como um shoegaze hendrixiano – tem a dramaticidade de uma canção de Jimi Hendrix, mas tem a cabeça ligada em outras esferas. Um caleidoscópio sonoro de primeira.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Shore Dive Records
Lançamento: 22 de agosto de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Goo Goo Dolls – “Summer anthem” (EP)

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EP Summer anthem mostra Goo Goo Dolls entre boas faixas power pop e tropeços bregas, mas sem apagar a nostalgia dos álbuns antigos.

RESENHA: EP Summer anthem mostra Goo Goo Dolls entre boas faixas power pop e tropeços bregas, mas sem apagar a nostalgia dos álbuns antigos.

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Aquele velho papo (chato, admitimos) de “ah, como a banda tal era boa nos anos 1980 e 1990” faz todo sentido quando a banda em questão é o Goo Goo Dolls. Compreensível que um grupo que começou se dizendo “uma banda punk para a geração do skate” e que já foi comparado aos Replacements – no excelente disco A boy named Goo (1995) – tenha resolvido embarcar num caminho mais comercial assim que a porta se abriu. Fazer música não é fácil, ganhar grana com ela é complicado e vai por aí. Mas que depois do álbum Dizzy up the girl (1998) e do hit Iris a paciência de muitos fãs vem sendo testada… Ah, isso vem rolando sim.

O EP Summer anthem, na verdade, é pouco mais do que um souvenir para os fãs – recentemente o Goo Goo Dolls teve seu hit Iris incluído na trilha de Deadpool & Volverine e a música não apenas voltou a ficar falada, como tem sido bastante aplaudida e esperada nos shows. Como estão estreando uma turnê chamada Summer anthem, aproveitaram o nome para o disquinho, que beira uma espécie de emo-soul em Ocean e dá aquele susto nos fãs quando lembra um Maroon 5 indie em Nothing lasts forever.

No geral, o número de momentos bacanas de Summer anthem não apagam a vontade de parar o disco no meio e ouvir os álbuns antigos dos Goo Goo Dolls. A energia power pop do grupo ressurge em Slightly broken, Misery e Such a mystery. Já Run all night dá uma crescida no ouvido mas é um som meio brega – no pior dos sentidos em que a palavra “brega” pode ser usada. Not goodbye (Close my eyes) encerra o disco com uma nota triste – e não que isso tenha a ver com o funéreo “feche meus olhos” do título. É que o Goo Goo Dolls, nesta faixa, surge fazendo aquele mesmo rock arenístico-gratiluz do Coldplay. Caraca…

Texto: Ricardo Schott

Nota: 6
Gravadora: Warner Music
Lançamento: 22 de agosto de 2025.

  • Relembrando: Goo Goo Dolls – A boy named Goo (1995)
  • Ouvimos: Replacements – Tim (Let it bleed edition)

 

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Crítica

Ouvimos: Desu Taem – “Molasses fighter jet”

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Desu Taem volta com Molasses fighter jet, mergulhando no metal caótico, cheio de clichês, zoeira e boas ideias entre punk e metal.

RESENHA: Desu Taem volta com Molasses fighter jet, mergulhando no metal caótico, cheio de clichês, zoeira e boas ideias entre punk e metal.

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Rapaz, mas não é que lá vem o Desu Taem de novo? Essa banda norte-americana lança vários discos por ano – sabe-se lá se recorrem a IA, ou se têm um vasto acervo de composições, mas o resultado sempre tem a tendência de sair interessante e bem louco.

Molasses fighter jet é o (já nem me atrevo a contar)º disco do grupo – e um grande índice de que o universo do metal, ou pelo menos a brincadeira com os clichês dele, tomam conta da musicalidade da banda, agora. Molasses abre com Forgotten chaos, metal cromado e palhetado que envolve mundo acabando, memórias chegando ao fim – e prossegue com as guitarradas oitentistas de Insufficient salt, a vibe Ministry de Why?!, e um namoro com o som de bandas como Testament e Sepultura na bizarra Alarm clock masturbator – que ainda por coma ganha uns uivos vocais que parecem coisa do Charlie Brown Jr.

  • Ouvimos: Ming City Rockers – Clementine
  • Ouvimos: Babymetal – Metal forth

Boa parte do material de Molasses foi gravado com som de demo, com um cozidão de guitarras, baixo e bateria – que surge em I will not be assimilated (soando como uma demo do Judas Priest gravada em 1991), no blues-funk-metal de I will not break e de Cyanide Soul Sister, e na onda meio punk pop de Victimized, but content e It hurts to be cool. Caindo numa mescla de punk e metal em You’re a dick e Yet toboggan run, o Desu Taem ainda prega a teologia da brutalidade em Mosh pit theology e manda bala na mordacidade em Crucifix vendors fair e You can’t unseen that.

Aparentemente a zona dessa turma não tem fim (se bobear já estão gravando o próximo disco de 2025). Mas quando o Desu Taem faz mais zoeira e menos pastiche musical, se torna bem mais interessante.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 6 de agosto de 2025.

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