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Crítica

Ouvimos: Marina – “Princess of power”

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RESENHA: Em Princess of power, Marina mistura estilos como disco music e synthpop com letras que equilibram amadurecimento, nostalgia digital e humor adolescente.

RESENHA: Em Princess of power, Marina mistura estilos como disco music e synthpop com letras que equilibram amadurecimento, nostalgia digital e humor adolescente.

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Princess of power é o sexto disco da galesa Marina – e o terceiro em que ela assina sem usar a continuação “… and the Diamonds” ao lado do nome. De modo geral, a segunda fase tem sido um período de redescobertas e autodescobertas para Marina, que dessa vez volta unindo pop de câmara e vibes herdadas da disco music, estilos que acabam valorizando seus vocais fortes. A faixa-título, que inicia o álbum, é pop com cara de anos 2000, mas herdado de ABBA e Patrick Hernandez (Born to be alive parece ter sido ouvida um trilhão de vezes na hora de arranjar e gravar essa música).

Boa parte das letras de Princess of power fala de amadurecimento – só que do ponto de vista de alguém que ainda se sente mais próxima da adolescência que do mundo adulto. Marina, que faz 40 anos em outubro. Cuntissimo, hi-NRG forte com vocais lembrando Mariska Veras, saudosa vocalista do Shocking Blue, consegue ser meio camerística mesmo lembrando histórias de zorra total pelas ruas, sexo, drogas, bebida e mensagens no estilo “oi sumida” de ex-namorados e ex-maridos. Butterfly, que traz algo da house music dos anos 1990, tem a mesma disposição para dizer “agora chega!” de boa parte das letras de I quit, disco novo das Haim – mas leva esse clima para algo mais próximo do pop atual.

Essa dicotomia entre seriedade cult e desencanação é bem a cara de Marina – e mais ainda a cara de Princess of power. O disco invade a área dos Sparks no tecnopop Cupid’s girl, une disco music e pop feminino sessentista em Metallic stallion, junta pop francês e disco music em Je ne sais quoi. E dá balanço latino à dance music setentista em Digital fantasy – uma música inspirada em aplicativos de relacionamentos, mas que acaba se tornando uma discurseira pop sobre imagens e projeções.

Em alguns momentos parece que a própria Marina, consciente dessa dicotomia adulto/adolescente, não sabe direito para onde vai correr. Mas talvez aí esteja até a graça de Princess of power, já que ele é voltado para quem tem nostalgia de ICQ, mIRC, Bate-papo UOL e Orkut. o disco tem uma baladinha eletropop chamada Hello Kitty (que, diz ela, fala sobre homens que gostam de gatos) e em Cuntissimo, ela chega a se perguntar: “as pessoas ainda dizem YOLO?” (o “you only live once” que virou mania nos chats há alguns anos e volta e meia é ressucitado).

Musicalmente falando, nem tudo em Princess of power é uma surpresa de verdade. Na real, muita coisa ali é apenas bacana, e algumas (poucas) faixas dão sensação de preguiça. Uma delas é a balada tristinha Adult girl, que fala sobre a adolescência que escapou pelos dedos (“e agora sou apenas uma garota adulta”). De memorável, tem a evocação a American boy, de Estelle, na sacudida I <3 you – cuja letra propõe uma ida aos anos 70 e ao clima mais glam da disco music. O synthpop de Final boss, cheio de referências a videogames, leva Princess of power para um ótimo lado antes do fim. Entre erros e acertos, Princess of power pode até tropeçar, mas ainda entrega boas faíscas do brilho pop de Marina.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Queenie/BMG
Lançamento: 6 de junho de 2025.

Crítica

Ouvimos: Babymetal – “Metal forth”

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Em Metal forth, o Babymetal mistura peso e pop: nu-metal, j-pop, rap e até soul, provando maturidade após 15 anos de carreira.

RESENHA: Em Metal forth, o Babymetal mistura peso e pop: nu-metal, j-pop, rap e até soul, provando maturidade após 15 anos de carreira.

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Babymetal é heavy metal para não-metaleiros, você poderia dizer. Nem tanto, né? É um banda que vem da cultura asiática de criação de ídolos, é formada por meninas (que já são mulheres) e gerenciada por uma agência poderosa – a Amuse, que tem até escola de música. Mas dá pra dizer, sem medo de errar, que muita gente foi apresentada ao universo do som pesado por causa delas. Até porque o Babymetal é esperto o suficiente para agregar mumunhas pop, e estilos como r&b e rap, a um universo conhecido pelo radicalismo.

Você piscou o olho e o Babymetal já tem quinze anos, várias turnês e, curiosamente, um número de discos bem pequeno. Metal forth é o quarto álbum e funciona bem para metaleiros de ouvidos abertos e sem preconceitos. Dando um passeio pelas faixas: Ratatata tem ar de j-pop e k-pop, e une som pesado, rap e dance music. Song 3 é uma porrada que une vocais guturais (da parte dos convidados do Slaughter To Prevail) e vozes meio Alvin e os Esquilos. From me to you, na abertura, herda sonoridades do metal alternativo e da música pop – é som rápido, pesado, eletronificado.

  • Ouvimos: Gelli Haha – Switcheroo
  • Ouvimos: Ming City Rockers – Clementine

Entre as surpresas de Metal forth, tem Sunset kiss, que deixa o Babymetal com uma cara de Spice Girls trabalhadas no couro e no preto. E My kiss, um nu-metal cuja introdução ameça uma chupada em Ratamahatta (hit do Sepultura com participação de Carlinhos Brown). Tom Morello põe energia em Metal!!!, que também traz emanações de Sepultura, mas une som pesado e soul. Já White flame, no final, aponta para vários lados: j-pop, emo, punk… encerrando com um solo de guitarra final que lembra Queen.

Quem ouvir Metal forth de mente aberta, vai descobrir que, com o tempo, o Babymetal foi se tornando um projeto bastante equilibrado – as integrantes cresceram e o mundo ao redor delas mudou bastante.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Capitol
Lançamento: 8 de agosto de 2025

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Crítica

Ouvimos: Deb and The Mentals – “Old news” (EP)

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Deb and The Mentals volta às raízes em Old news: punk, grunge e new wave com peso, energia e nostalgia.

RESENHA: Deb and The Mentals volta às raízes em Old news: punk, grunge e new wave com peso, energia e nostalgia.

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Com uma formação nova que traz Fi (NX Zero), na guitarra, Deb and The Mentals decidiu voltar ao começo num EP de nome sintomático, Old news. Deb Babilônia adota novamente as letras em inglês nas cinco faixas do disco – e a banda corresponde com um som voltado para uma confluência entre punk, grunge e new wave. A faixa de abertura Together again une anos 1980 e 1990, soando como Ramones na fase Mondo bizarro (1992). Suck me in, com um pouco mais de peso, tem muito de bandas como Generation X. A noventista To erase vai para a pequena área do punk + metal, com peso e intensidade.

O “lado B” de Old news tem um hardcore rápido, cavalar e acelerado, Burn it down, fechado com microfonias. Tem também a música mais bonita do disco, Runaway, união de punk e rock britânico oitentista, chegando a lembrar Smiths. Dying spark, por sua vez, chama atenção pela boa marcação de baixo e bateria, e pela linha do tempo sonora que vai dos anos 1970 aos 1990.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Algohits
Lançamento: 13 de agosto de 2025

  • Ouvimos: Paira – EP01 (EP)
  • Ouvimos: A Terra Vai Se Tornar Um Planeta Inabitável – Ident II dades (EP)
  • Ouvimos: akaStefani e Elvi – Acabou a humanidade

 

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Crítica

Ouvimos: Klisman – “CHTC”

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Em CHTC, Klisman transforma o Centro Histórico de Salvador em rap visceral, misturando trap, afropop e relatos de vida dura.

RESENHA: Em CHTC, Klisman transforma o Centro Histórico de Salvador em rap visceral, misturando trap, afropop e relatos de vida dura.

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CHTC, título do disco de estreia do rapper baiano Klisman, é uma sigla para “Centro Histórico tá como?” – e uma lembrança do coração de Salvador, um conjunto de pontos turísticos que explicam a história da capital baiana (Pelourinho, Elevador Lacerda, Mercado Modelo), além de um entorno de dez bairros. Klisman cresceu por lá e levou tudo para seu som, que une mumunhas do trap, e um certo elemento de perigo vindo do rap, além de erros e acertos pessoais. O som une beats de trap, afropop e vibes latinas.

Klisman fala da vida como ela se apresentou não apenas para ele, mas para vários amigos seus. Reparação histórica entra na mente dos que são tidos como vilões, em versos como “se eu roubo esse gringo é reparação histórica / visão de cria não pega na ótica” e “poucos sabem o dilema que eu vivo / do tipo: como vender drogas e ser um bom filho? / como tirar vidas e criar meu filho?”. Caminho certo cria imagens musicais para retratar um dia a dia que exige posicionamento rápido (“são escolhas que mudam o caminho de casa”), o mesmo rolando na ameaça sonora de 25kg e na sagacidade de Proibido branco. O próximo é rap lento e climático que une ódio e tiração de onda.

Para quem for ouvir CHTC, o conselho é tentar entender tudo como um filme e não sair julgando: Klisman entrega todas as contradições de quem cresceu numa realidade bem distante do que a classe média enxerga como normal – e o normal ali são leis bem estranhas. Em Praia da Preguiça, aberta com sample de violão e flautas, e Pixadão de guerra, sonhos misturam-se com alfinetadas em trappers famosos e realidades de trincheira (“a emoção de ver o alemão sangrar / é a mesma de ver o irmão prosperar”). Ainda sou o mesmo vai para vários lados da violência urbana: “quantas mãe vai ter que chorar? / ele poderia ter um Grammy / mas ele tá na boca portando uma Glock”.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Nadamal
Lançamento: 22 de maio de 2025.

  • Ouvimos: Snoop Dogg – Iz it a crime?
  • Ouvimos: Djonga – Quanto mais eu como, mais fome eu sinto!

 

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