Cultura Pop
Klaatu: aquele grupo que todo mundo achou que eram os Beatles

Sabe aquela vez em que você ouviu Greta Van Fleet e acreditou se tratar do Led Zeppelin? Bom, da mesma forma que hoje em dia muita gente cai na primeira notícia falsa de WhatsApp, nos anos 1970 um monte de gente ouviu a banda canadense Klaatu no rádio e achou que se tratava dos Beatles.
Com nome tirado do extraterrestre do filme O dia em que a Terra parou, o Klaatu surgiu em 1973, numa espécie de vácuo do rock. Era uma época em que o rock progressivo era uma mania que arriscava perder terreno, mas ainda era uma herança forte.
Bandas como Queen, Led Zeppelin e Black Sabbath, mesmo seguindo na contramão disso, embeveciam seus públicos com músicas extensas, letras épicas, temas que não fariam feio se ganhassem arranjos sinfônicos, etc. Até mesmo o Abba, sensação pop desprezada por roqueiros, era tão “bolo de noiva” quanto a época pedia. E vale citar que o papa do punk, Lou Reed, fazia discos acompanhado de músicos “progressivos” (como Steve Winwood e Tony Levin), e lançou um disco conceitual em 1973, Berlin. Ou seja: pelo menos até 1977, manter certo nível de seriedade e rebuscamento era o que se esperava de uma “nova grande coisa” do rock que se prezasse.
O Klaatu, que inicialmente era uma dupla formada pelos músicos John Woloschuk e Dee Long (o baterista Terry Draper entraria depois), foi envolvido em boatos assim que lançou o primeiro disco, 3:47 EST (1976). Um jornalista do periódico americano Providence Island achou que o single Sub-rosa subway parecia demais com o som dos Beatles e lançou o boato que marcaria a carreira da banda para sempre.
Olha aí outra canção do Klaatu que, aos ouvidos dos fãs, tornava a banda bastante parecida com os Beatles: Calling occupants of interplanetary craft. Foi o principal hit da banda.
Para deixar tudo mais desesperador ainda, o Klaatu se comportava como um projeto de estúdio. Não dava shows nem aparecia na TV. A gravadora da banda (que era justamente a EMI canadense) não fornecia informações biográficas sobre o grupo, que assinava as canções apenas como “Klaatu”. As poucas fotos de divulgação da banda traziam apenas imagens distorcidas ou bem estranhas dos rostos deles. Em 1977, uma produtora fez um clipe oficial para a canção A routine day, mas com os integrantes transformados em desenho animado na onda de Yellow submarine. Essa boataria ajudou 3:47 EST, que se arrastava nas lojas, a conquistar mais fãs.
O trelelê do Klaatu com os beatlemaníacos ferrenhos durou até que um DJ de rádio resolvesse fuçar os registros de direitos autorais do grupo. Acabou descobrindo os nomes verdadeiros dos integrantes. A banda (que existe até hoje!) viu que a brincadeira já estava indo longe demais e passou a colocar os nomes dos integrantes na contracapa dos álbuns a partir de 1980. Quanto aos rumores, o Klaatu costuma dizer que não sabia de nada, e que só ouviu falar que havia desconfiança quando estavam no estúdio gravando o segundo disco, Hope (1977), que trazia a participação da Sinfônica de Londres.
E esse texto todo aí é só para explicar que tem um vídeo no YouTube em que o batera Terry Draper conta toda a história do principal single da banda, Calling occupants of interplanetary craft
Calling conta a história de uma certa Bureau Internacional dos Discos Voadores, que em 1953 teria conclamado extraterrestres a visitar a Terra – por intermédio de um tal Dia Internacional do Contato. A música acabou nas mãos de ninguém menos que os Carpenters, que fizeram da canção seu compacto mais caro e megalômano. Foram mais de 160 músicos no estúdio, para completar uma canção que duraria mais de sete minutos (André Barcinski conta toda a história da gravação aqui).
Olha aí os Carpenters cantando a música, um primor de pós-psicodelia.
E talvez você goste de saber que existe uma banda cover chamada More Popular Than Klaatu (“mais populares que o Klaatu”, gozação com aquela frase do John Lennon sobre os Beatles serem mais conhecidos que Jesus). Olha aí um show deles em 2016 cantando o repertório dos quatro de Liverpool.
Aliás, pra não dizer que o Klaatu é 100% cópia dos Beatles, pega aí um dos primeiros hits da banda, Anus of Uranus, que mais parece o Pink Floyd de The wall (mas saiu em 1976).
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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