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Cultura Pop

Olê, olá, Hanatarash tá botando pra quebrar!

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Olê, Olá, Hanatarash tá botando pra quebrar!

Se você acha que GG Allin, agredindo os fãs e jogando fezes na plateia, é o mais agressivo e extremo que um artista poderia chegar, então você precisa mudar seus conceitos e conhecer a banda japonesa Hanatarash.

Na verdade, o nome da banda nos primórdios era “Hanatarashi”, com um I no final, e que em japonês significa “Nariz com catarro” – porém, devido a um erro de impressão na capa do primeiro álbum, passou a ser grafado dessa maneira. Acreditem em mim, nada conseguia ser mais caótico que um show deles. NADA!

Tudo começou em 1984, quando Yamantaka Eye e Mitsuru Tabata se conheceram ao trabalharem juntos como ajudantes de palco numa turnê do Einstürzende Neubauten, pelo Japão. Yamantaka, que também era artista plástico nas horas vagas, se apaixonou pelo conceito dos alemães, utilizando correntes, galões e ferramentas como instrumentos e convidou Mitsuru para fazerem algo nessa mesma linha. A princípio o som era um punk- hardcore com toques industriais numa pegada um pouco mais agressiva, mas rapidamente a coisa foi perdendo a linha e se tornando uma bizarrice incontrolável.

Logo num dos primeiros shows, Yamantaka deu mostras que não batia bem das ideias. A caminho do local onde ocorreria a apresentação, encontrou um gato morto. Ele resolveu levar o cadáver do pobre animal e, durante a performance, abriu o bicho a machadadas, jogando as vísceras na plateia. Algum tempo depois, começou a levar placas de vidro e arremessá-las no público, que atirava os cacos de volta nos integrantes da banda, tornando a experiência de vê-los ao vivo quase que uma roleta russa onde invariavelmente alguém saía ferido.

No ano seguinte, a coisa degringolou de vez. Primeiro Yamantaka quase perdeu a perna durante uma apresentação, pois estava com uma serra elétrica ligada amarrada nas suas costas (!!!). E ela se desprendeu, atingindo-o e causando uma ferida profunda (mas mesmo sangrando baldes, ele continuou inabalável até o fim! Isso sim é um artista íntegro!).

Outro show foi abortado antes de começar porque ele entrou no palco com um coquetel molotov (!!!) pronto para incendiar o recinto. Mas foi “gentilmente” convencido pelos seguranças a não fazê-lo.

E se você acha que isso não foi louco o bastante, então prepare-se para a cereja no bolo: ainda no mesmo ano, numa casa de shows de Tóquio chamada Tokyo Superloft, Yamantaka simplesmente iniciou a apresentação DESTRUINDO UMA PAREDE DO LOCAL COM UMA ESCAVADEIRA (como ninguém morreu atingido por destroços é um mistério pra mim até hoje), o que quase fez a casa ir abaixo. A polícia foi chamada para evitar uma tragédia e Yamantaka saiu de lá algemado, sendo condenado a passar alguns meses na cadeia e também a pagar os consertos (o que na época ficou algo em torno de US$ 9.000).

Temos imagens:

Depois que cumpriu sua pena, ainda lançaram alguns discos até 1988, porém tocar ao vivo se tornou uma missão quase impossível. A (má) reputação do Hanatarash já havia corrido o Japão e quase ninguém ousava abrir espaço para se apresentarem.

Yamantaka então montou outra banda, o Boredoms (que apesar de também ser totalmente fora da casinha, está na ativa até hoje e conseguiu um relativo sucesso, chegando a assinar com a Warner e a tocar em festivais grandes como o Lollapalooza), enquanto seu fiel escudeiro Mitsuru montou o Zeni Geva, que teve vários álbuns lançados pela Alternative Tentacles.

https://www.youtube.com/watch?v=jJl3v_v4z3I

O Hanatarash voltou a fazer shows esporádicos a partir dos anos 1990, quando Yamantaka amansou e prometeu não fazer mais tumultos e depredações. Em entrevistas posteriores, justificou a postura dizendo que parou pra pensar e viu que, se continuassem nesse ritmo, alguém poderia morrer e ele não queria carregar essa culpa.

Para começar a “apreciar” o Hanatarash, nada “melhor” que seu inaudível álbum epônimo de estreia, que traz referências a pênis em todos os títulos das…. ahn…. “canções”! Ouça alto, seus vizinhos irão agradecer!

LUCIANO CIRNE é jornalista, flamenguista, casado, ama cachorros e aceita doações de CDs, DVDs, videogames e carrinhos!

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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